O Diário - Capítulo 5

Um conto erótico de Dr. X
Categoria: Gay
Contém 5648 palavras
Data: 04/04/2020 18:30:33

Atenção: TW - estupro

O Diário

Capítulo cinco - Golpes do destino

Atualmente:

"Nossa, ainda me espanto com como me sinto bem ao lado das pessoas desta casa, Dona Laura cozinha como minha mãe e Seu Tino (como todos o chamam) conta piadas muito engraçadas. Eles são pessoas que considero como parentes mesmo. Agora a pouco, eu estava com o Tino no pomar, fomos buscar uvas. As uvas daqui são deliciosas (e olha lá que eu não sou muito fã de uvas). Em alguns momentos até me esqueço de porque vim parar aqui, melhor assim... Quer uma dica? Esfrie a cabeça antes de tomar alguma decisão. Eu sei que só é fácil na teoria, mas sempre funciona...

Já faz um dia que cheguei aqui e acho que engordei uns 2 kg de tanto comer haha. Caramba, para um esfomeado como eu, é o melhor lugar onde se ficar (ou o pior).

Mas agora vamos ao que interessa, o motivo pelo qual estou aqui: ainda não consigo escrever sem me doer por dentro... Sinto um vulto, um fantasma, refletindo a grande dor que passei aos meus 16. Logo vocês vão saber um pouco mais de minha história... Enfim, digamos que eu tentei encarar meu passado, trauma por trauma, e um deles, o pior deles na verdade, é a razão de eu ter viajado para cá e eu pretendo ficar aqui alguns dias. Talvez quem me lê não entenda nada agora, mas acredito que tudo fará sentido. Agora a Sofia está me chamando, disse que quer conversar comigo.

...

Acabei de falar com a Sofia, damos uma volta pelo jardim (adoro jardins). Estávamos conversando sobre destino... Ah, o destino... Ele nos prepara cada surpresa! Eu não acreditava nessas coisas, mas um velha cigana( isso mesmo) acabou por me incentivar a crer, por um momento parece que tudo está normal, mas o DESTINO vira nosso mundo pelo avesso. No meu caso, ele me apunhalou, me golpeou profundamente, daí a grande dor, mas cada golpe do destino (ou do acaso) me revelaram um Felipe que eu ainda não conhecia. A lagarta finalmente pôde entrar em seu casulo e iniciar sua metamorfose.”

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Passado:

Léo decidiu que viajaria com o mais novo, o levaria a uma pousada em uma cidade turística da região. Lá eles poderiam desfrutar de um dia perfeito juntos.

Leonardo pegou o carro do seu pai e se dirigiu para casa de Felipe, que já havia sido avisado e já o esperava.

Partiram cedo e após uma hora já haviam chegado ao seu destino. O mais velho já tinha preparado tudo, então quando eles chegaram lá, Felipe ficou na recepção e ligou para seu pai lhe informando que estava tudo bem (omitiu o detalhe da pousada, é claro), enquanto Leonardo subiu para o quarto apressadamente. Depois ele veio buscar o mais novo e o guiou para onde estivera há pouco.

Chegando lá, Felipe não se conteve com o que viu: o quarto estava com as cortinas fechadas e várias velas pequeninas estavam acesas por todo o lugar. Léo olhou para ele com uma cara de cachorro pidão, meio envergonhado. Lágrimas caiam do rosto do mais novo, tudo estava muito espontâneo, mas incrivelmente perfeito. Eles se abraçaram e Léo colocou uma música pra tocar, do The Cranberries, que era a banda preferida do mais novo. Ambos dançavam, em passinhos curtos, para um lado e paro outro, de um jeito tão calmo quanto o ninar de um bebê. Léo abraçava Felipe com sua cabeça recostada no ombro do outro, o mais novo podia sentir a respiração calma e quente em seu pescoço... Como aquilo era bom! Então eles se beijaram, no princípio um beijo calmo e protetor, como o balançar da dança, para lá e para cá... Gradativamente, os beijos se intensificaram, cada vez mais fortes, mais ferozes, ambos já ofegavam. No intervalo entre os beijos, palavras carinhosas eram ditas, juras de amor eram feitas. Por fim, a lista de músicas acabou e como que por instinto, eles se direcionaram para cama. O mais velho deitou sobre Felipe, o beijando, agora com beijos cheios de desejo e excitação.

A respiração acelerou-se e Felipe pode sentir o pau do outro vibrar por cima do seu, e que cassete! O pau do mais velho era enorme e muito bonito. Olho no olho, corpo sobre corpo, o desejo aumentava a galopes e sem que percebessem suas camisas já voavam pelos ares, logo depois suas calças. Felipe usava uma boxer vermelha e Léo estava apenas com uma cueca azul marinho. Ele ficou admirando a bunda avantajada do mais novo, que era deliciosa! Nesse momento seu pau quase rasgou sua cueca, Felipe notou e comentou a situação ironicamente.

Os sorrisos estavam carregados de malícia, Léo roçava seu pau, ainda dentro da cueca, no do mais novo, também coberto. Nessa altura, os beijos estavam intensos, mas muito apaixonados. Léo tomou a iniciativa e desceu para o pescoço do mais novo dando mordidinhas. Em seguida, desceu para seus mamilos e os beijou com volúpia, lambendo-os e dando mordidas alucinantes. Continuou a descer beijando a barriga branquinha de Felipe, até que chegou ao cós da cueca dele. Sentiu o calor que o pau do mais novo emanava e deu beijinhos e lambidas nele, ainda por cima da cueca. Nesse momento Felipe arfava de prazer, Léo tinha uma boca deliciosa. O mais velho subiu e beijou o outro com violência, mordendo os lábios carnudos de Felipe e enfiando sua língua a procura da dele. Leonardo voltou novamente para a cueca de Felipe e dessa vez a retirou fazendo o membro do mais novo saltar já babando muito naquela cabecinha rosada, era tanta baba que descia por todo aquele cassete branquinho e de pentelhos loiros.

Leonardo começou beijando a cabecinha babada e de uma só vez abocanhou aquele pedaço de carne delicioso, enfiando-o até sua garganta. Felipe urrou de prazer! Como Léo já havia pensado em tudo, o quarto deles era o mais afastado da pousada, que naquela época estava praticamente vazia. Não haveria problemas com outros hóspedes, eles podiam ficar à vontade. Leonardo iniciou uma sequência incrível de investidas com a boca. Felipe delirava de tanto tesão, sentiu que iria gozar e avisou o mais velho, segundos depois gozou na boca e em parte do rosto do mais velho, foram vários jatos fartos de gala grossa e branquinha. Leonardo se levantou e beijou o mais novo com um beijo sem pudor, como nunca haviam se beijado. A porra do mais novo se misturava com suas línguas e lábios. Léo deitou-se por cima do outro e iniciou uma sequência de investidas, roçando seus cacetes enquanto continuava a beijá-lo. Bem abraçados, ambos rebolavam num excitante contato de corpos, tamanha foi a excitação com isso, que o pau de Léo pulsou e ele gozou muito, melando os abdomes do casal. Felipe lambeu a barriga tanquinho do mais velho, que estava melada de gozo, e engoliu todo o sêmen que reteve em sua boca. Para adolescentes recém-iniciados no sexo, eles estavam indo muito bem e por serem adolescentes recém-iniciados no sexo, eles ainda tinham muito fogo.

Os beijos continuaram, cada vez mais “calientes”. O cheiro se sexo emanava por todo o quarto. Eles já estavam suados, muito suados e Felipe podia ver a fúria nos olhos do outro. Realmente, Léo o devorava com os olhos. Felipe jogou seu parceiro na cama e começou a beijá-lo energicamente, o pau de Léo já estava duro feito pedra outra vez. Felipe desceu rapidamente para aquele delicioso pedaço de carne de 20 cm de pura gostosura, engoliu-o lentamente e Léo se contorcia de prazer. O mais novo ainda não era experiente, mas fazia um boquete como ninguém. Chupava a cabeça e descia por toda a extensão daquele mastro, massageando-o com sua língua. Léo urrava de tanto gemer. Cara, como Felipe chupava! Era muito bom! Felipe desejava enlouquecidamente ser penetrado por aquele mastro, mas se continha. Já se sentia satisfeito o suficiente dando prazer à Léo, que fazia caras e bocas de tanto prazer enquanto pressionava a cabeça do mais novo contra seu pênis. Ele literalmente fodia a boca do mais novo. Dava pra sentir cada um de seus músculos se contraírem, tamanho era a prazer passado.

Léo puxou Felipe e o beijou, sentindo o sabor de seu próprio cassete, em seguida posicionou Felipe de quatro e empinou a bunda dele, abrindo suas nádegas e iniciando um incrível cunete. Sua língua quente penetrava aquele anelzinho rosado e lisinho do mais novo, fazendo-o gritar de tão excitado. Léo empurrou o primeiro dedo buraquinho adentro, Felipe lacrimejou de dor, mas não deixou o mais velho perceber. Com o passar do tempo, a dor foi cedendo e, sentindo o mais novo já mais folgado, Léo introduziu outro dedo. Minutos depois, o terceiro dedo entrava em Felipe. Por fim, Léo meteu a língua no anelzinho rosado o mais fundo que pôde, o que fez Felipe estremecer de prazer. Depois Léo pincelou a cabeça babada na portinha do buraquinho do mais novo e forçou seu pau tentando penetrá-lo. Não conseguindo, untou seu pau com saliva e também a desejada entrada e forçou contra o esfíncter do namorado outra vez. Dessa vez, força foi tamanha que o pau deslizou, enterrando boa parte dele no mais novo. Felipe não segurou as lágrimas e chorou tamanha a dor que sentiu. Nesse momento, a feição de Léo que era de puro tesão, se transformou numa misto de preocupação e carinho.

— Me desculpa, amor, me empolguei! Quer que eu tire? — Disse Léo

— Não, só não se mexe. Tá doendo muito! — Respondeu Felipe, mais calmo.

— Foi mal, amor, me perdoa! — Disse Léo dando pequenos beijinhos na nuca do outro, carinho esse que se repetiu por alguns minutos.

Ficaram nisso por algum tempo até que Felipe empurrou sua bunda para trás, enterrando o mastro de seu macho em seu reto até conseguir sentir os pentelhos dele tocarem sua bunda. Feito isso, começou a rebolar deliciosamente, levando o mais velho à loucura. Léo, gemendo feito um louco, começou uma série de estocadas no mais novo. Seu coração estava a mil e seu pau maior do que nunca. Ele girou Felipe, ainda dentro dele, e o penetrou na posição de frango assado olhando em seus olhos. Felipe não suportou tamanho tesão e iniciou uma punheta violenta até gozar. Léo foi à loucura sentindo as piscadas do cu de Felipe comprimindo seu cassete e aumentou o ritmo do vai- e- vem. Ele metia com toda a força e sentiu o atrito esquentar seu pau. Felipe gemia num misto de êxtase e satisfação, ele sorria amorosamente para o outro. Léo não conseguia parar de socar, metia como se dependesse daquilo para continuar vivo e enquanto isso murmurava palavras de amor e de elogios ao parceiro. Em determinados momentos, tirava todo seu mastro e enterrava aquela tora no outro novamente. Logo, os gemidos se tornaram gritos e ele quase não conseguia respirar. Ele metia feito um touro, até que seu pau cresceu e começou a pulsar dentro do mais novo. Abraçou-o com todas as forças que tinha, o beijando violentamente e meteu fundo seu mastro (até o ponto de doer um pouco) e gozou, gozou muito mesmo, como nunca antes na vida! Vários jatos de porra inundaram Felipe.

O mais velho caiu por cima do outro ainda o abraçando fortemente. Ele repetia que amava Felipe e que ele era tudo em sua vida. Felipe também o elogiava, destacando sua perfeição e carinho. Ambos caíram no sono da maneira que estavam.

Felipe acordou sentindo estocadas em seu ânus, Léo já bombava nele, com o pau duríssimo outra vez. Dessa vez o sexo foi menos violento, mais apaixonado. Em todo momento, Léo acariciava Felipe, com muito cuidado para com ele. Gozaram juntos e foram banhar-se para almoçar, Felipe sentiu um grande ardor assim que a água o tocou e Léo olhando disse:

— É, Fê, eu te arrebentei, hein! Haha — Disse um pouco desolado, mas de uma maneira sarcástica.

— É verdade, mas eu adorei. Obrigado, foi um ótimo presente!

— Acho que quem ganhou presente fui eu, e olha que o aniversariante é você...

Riram juntos e Léo praticamente deu banho no mais novo, o tratando como um bebê. Excitaram-se e gozaram juntos no banheiro outra vez. Almoçaram e passaram o restante da tarde passeando em meio a muitos beijos e carícias. Voltaram para o quarto e fizeram um 69, tendo o seu quinto orgasmo naquele dia! (Adolescentes...)

Limparam a bagunça, pagaram as despesas e voltaram para casa. Já havia anoitecido quando chegaram. Beijaram-se dentro do carro e Felipe saiu em direção ao portão se sua casa. De repente, Léo o grita e sai do carro em sua direção. Ele beijou o menor, abraçando-o tão forte ao ponto de levantá-lo do chão. Felipe retribuiu o beijo e se conteve, pois ainda estavam no meio da rua, da sua rua, que era movimentada. Por sorte, não havia ninguém passando por ali. Despediram-se e Felipe entrou.

Naquela noite, apesar de cair rapidamente no sono, Felipe teve um pesadelo com a cigana que ele encontrou semanas atrás. Ela lhe repetia as mesmas palavras “Alegria demais não é um bom sinal”, ele acordou assustado, ainda era 3h37. Ele dormiu mal o restante da noite. Durante o dia, Felipe ficou muito inquieto lembrando-se do sonho. À tarde viajou com o gerente da loja, Lucas, para entregar algumas mercadorias. Lucas era o melhor funcionário da empresa do João, o pai de Felipe, que confiava nele de olhos fechados. Felipe chegou em casa já a noite, ligou para Lívia contando do dia anterior e agradecendo pelo presente que ela deixara em sua casa: uma pequena caixinha de música de porcelana. Léo já havia dado alguns detalhes do dia anterior para ela. Felipe e Lívia conversaram durante alguns minutos. Mais tarde, Felipe ligou para o namorado e eles conversaram até tarde da noite.

A semana passou rapidamente, depois a outra. Nesse intervalo de tempo, eles transaram algumas vezes, estavam viciados. Mais alguns dias passaram-se e a segunda prova de Felipe chegou, ele foi para a capital com o pai, fez a prova e voltou alguns dias depois. Léo já subia as paredes de saudades. Assim que se viram, já foram imediatamente transando. Seus corpos se encaixavam como se fossem moldados um para o outro. Ali o amor reinava soberano! Cada vez que acontecia, eles se saíam melhores um com outro. Inclusive aprenderam novas posições, mas nada no nível de kama sutra, apenas as mais comuns mesmo.

O restante do mês de novembro passou rapidamente e a primeira semana de dezembro e última semana de aulas chegou. O baile de formatura era o assunto da vez, Felipe estava muito ansioso. Já era Terça-Feira e o baile seria na noite de Quinta pra Sexta. As últimas provas foram feitas e o dia da festa chegou. A formatura em si só aconteceria duas semanas depois, pois alguns ainda não haviam feito as provas de recuperação.

Felipe teve que viajar com Lucas de novo e só chegou meia hora depois do início da festa, arrumou-se apressadamente e foi para o local, onde Leonardo já o esperava. Felipe chegou lá e demorou a encontrar o namorado. Quando o avistou espantou-se, pois ele estava com uma feição um tanto diferente, parecia desconsertado. Todavia, Felipe tentou ignorar tal impressão, pensando que fosse coisa de sua cabeça. Dançaram juntos, disfarçando é claro, durante toda a festa. Leonardo embriagou-se e abraçava o mais novo de vez em quando. Em certa altura, a música parou e um dos alunos, uma garota, subiu no palco para anunciar os melhores da festa. Ela foi falando cada quesito até que chegou ao de melhor beijo, o silêncio de apreensão reinou sobre o lugar e a voz da garota disse alegremente:

— O melhor beijo da noite não precisa nem de votação. Ele foi, é claro, do nosso garanhão do terceiro ano (risos), Leonardo Ferreira! Com a sortuda da Manuela!

Felipe olhou para Léo em choque, aquilo caiu sobre sua cabeça como uma bomba. Ele simplesmente se virou e correu salão afora, não conseguia exprimir nada: nem chorava e nem conseguia gritar, nada mesmo. Leonardo tentou segui-lo mais a algazarra formada dificultou a perseguição.

Felipe apenas corria, corria e corria mais ainda enquanto ouvia seus pés baterem secos contra o chão duro. Sentia o seu coração bater aceleradamente e num tropeço, ele caiu de cara na calçada. Por incrível que pareça isso não doeu, talvez por causa do nó que ele tinha na garganta, que o machucava mais do que qualquer outra coisa.

Ele se levantou, mas foi impedido de continuar a correr porque Léo que o alcançou, ofegante.

— Lipe, eu posso explicar — Disse já chorando.

Felipe só gesticulou que não com a cabeça, não conseguia falar.

— Por favor... — Léo implorou e em seguida segurou o braço do outro, sem medir a força.

— Solta meu braço agora e nunca mais toque ou fale comigo. — Disse Felipe friamente, a dor era tamanha que chorar não resolveria. Ele não teria mais forças para dizer mais do que aquilo.

Léo lhe abraçou e o beijou a força, O mais novo o empurrou e juntando toda a dor que sentia deu um soco na cara do outro, que caiu no chão.

Felipe virou-se e fugiu correndo, abandonando o mais velho ali.

Naquela noite ele não dormiu e sequer uma lágrima caiu de seu rosto. Talvez a dor fosse tão grande que seu corpo não conseguira acompanhar. Quando o céu clareava amanhecendo, ele jurou que nunca mais choraria. Levantou com uma cara péssima, vestiu qualquer roupa que encontrara jogada e foi para a escola. De longe, viu Leonardo falando com Yan, ele estava com o olho roxo, parecia não ter dormido também. Ao percebê-lo, Léo se espantou a ver o olhar de fúria que o mais novo o mandou. Em todos aqueles anos que se conheciam, nunca vira Felipe daquele jeito.

Felipe pegou seu boletim e seu histórico na secretaria. Ouviu que Leonardo pegara recuperação em Português e Química. Decidiu visitar Lívia na volta para casa e lhe contou todo o ocorrido, pedindo para que ela não interferisse nas decisões dele e que encerrasse o caso. A garota se assustou com a frieza do amigo. Ela ainda tentou fazê-lo perceber que talvez fosse mal entendido, mas ele era teimoso demais. Conversaram por mais algum tempo tentando fugir do assunto, mas Felipe se sentia mal e achou que seria melhor voltar pra casa.

Enquanto voltava pra casa, compenetrado e angustiado com tudo o que estava sentindo, foi surpreendido pelo pai de Leonardo, que coincidentemente passava de carro pela rua.

— Felipe, Faça favor! — Gritou de dentro do carro.

— O que você fez com meu filho? — Perguntou

— N-nada... — Respondeu assustado

— Olha aqui, se você pensa que eu não tô sabendo dessa palhaçada de vocês dois, está enganado. O Léo chegou chorando em casa essa madrugada e eu e a mãe dele ficamos sabendo de tudo, de vocês dois e essa merda que aprontaram. Eu quero que você se afaste do meu filho, pois ele é um menino direito, criado para ser macho e pai de família.

— Se foi por isso que me parou aqui, não se preocupe, eu já o fiz. — Disse Felipe afastando-se do carro sem se despedir e ignorando os chamados do homem.

Continuou seguindo para casa, como se nada tivesse acontecido, estava triste, mas estranhamente calmo. Entrou em casa e teve uma surpresa: seu pai e mãe o esperavam na sala. Ele sabia que a coisa era muito séria.

O semblante de seus pais era de tensão, raiva e preocupação.

— Meu filho, senta aqui — Disse a mãe de Felipe.

— Tá!

— Por que você não nos contou que você é via... Gay, me filho? Justo quando estávamos tão orgulhosos de você! — Disse João, num misto de raiva e lamento.

— Com... pe...pai...ma...e...eu...não...sei... Medo eu ac... Acho — Gaguejou Felipe, nervoso e correu para seu quarto, trancando a porta atrás de si. Ouviu os passos pesados de seu pai no corredor.

— Venha para sala agora, moleque! Que não terminamos nossa conversa ainda! Eu nunca te bati, mas não me desafie! — Gritou João, saindo de lá.

Felipe hesitou. Queria não precisar lidar com aquilo agora, seria melhor se ele desaparecesse. De repente, ouviu uma grande gritaria na sala e sua mãe o chamando assustada. Meio assustado, o garoto correu para sala e seu pai estava se contorcendo no chão.

-Ele está tendo um infarto! Liga pra ambulância, rápido! — Disse a mãe do garoto.

A ambulância chegou rapidamente, sorte de cidade pequena. O pai do garoto foi levado para o hospital e Felipe não suportou a barra! Finalmente caiu no choro, chorava feito uma criança, como se todas as lágrimas que jurou não derramar viessem de uma só vez. Sua mãe só sabia de parte da história então pensava que o garoto chorava pelo pai.

Ambos, Felipe e a mãe, foram para o hospital e ao chegarem no local foram em direção ao pronto socorro, onde um médico os atendeu.

-O senhor João teve um AVC e por sorte não morreu. Acredito que por terem o socorrido logo. Neste momento o estado dele é estável, porém vocês só poderão vê-lo amanhã — Disse isso chamando a mãe de Felipe num canto e lhe segredando alguma coisa que o garoto não conseguiu entender.

Já havia escurecido e ele decidiu voltar para casa sozinho, pois sua mãe passaria a noite ali como acompanhante de seu pai. Felipe decidiu ir andando, precisava espairecer. Todavia, no meio do caminho uma chuva forte, dessas torrenciais, começou a cair. Trovões estouravam e relâmpagos clareavam o céu nublado. Esse tipo de chuva sempre chega sem avisar!

Já próximo de casa, há duas ruas de onde ele morava, Felipe se deparou com Yan e sua trupe, eles vinham em sua direção. Ele não hesitou e continuou a andar, mas ao passar por Yan um soco o atingiu e Felipe caiu de cara na lama, sem perceber como aquilo tinha acontecido. A única coisa que ele conseguia distinguir eram risadas abafadas e os trovões, aquilo pareceu durar por séculos. Doía tanto que ele não conseguia se levantar. As risadas pareciam cada vez mais altas, como se uma plateia acompanhasse aquilo enquanto afundava seus dedos famintos na manteiga da pipoca.

— Tá na hora, moçada. Vamos leva-lo para aquela construção ali. — A voz de Yan se sobrepôs.

O destino estava dando seu golpe de misericórdia.

[TW]

Dois garotos pegaram Felipe pelo braço e o arrastaram até um beco entre um muro que dava num terreno baldio e um ponto comercial em construção, que ainda estava vazio. Em seguida Felipe sentiu a mão grossa de Yan apertar sua cabeça contra a parede, o cheiro de tinta entrou nas narinas do mais novo enquanto sua cara era aranhada contra a parede. Felipe não gritava, mas lágrimas caiam espontaneamente, mesmo que ele não estivesse chorando. Sentiu sua calça ser abaixada e um som de velcro se rompendo. Em seguida, um garoto agarrou suas nádegas afastando-as e uma escarrada de cuspe foi lançada no seu rego. Logo depois, sentiu a cabeça quente e grande do pau de Yan pincelar a portinha do seu ânus. Felipe reagiu com todas suas forças para se livrar daquilo, mas o marginal empurrou sua jeba, que entrou rasgando-o violentamente. O menino gritou com todas suas forças e quase desmaiou tamanho era o sofrimento. Por um momento, cambaleou devido a dor que sentia. Yan dava estocadas violentas contra o pequeno, sem se preocupar com seus gritos e pedidos para parar. Enquanto isso, os outros rapazes riam assistindo a cena e a chuva agia como cúmplice abafando os pedidos de socorro cada vez mais fracos e desesperados. Sua cabeça começou a girar e a respiração ficou pesada, como se um carro estivesse passando por cima de seus pulmões.

— Nossa! Que cuzinho gostoso! Tem razão de Léo ter dado um fora na gostosa da Manu ontem, hein! — disse Yan.

Os relâmpagos continuavam a clarear a noite. A chuva e o vento açoitavam os rapazes.

O cheiro de tinta, a dor, as risadas, o trovão, a lama, a chuva, o vento... tudo vinha na mente de Felipe. Yan bombou violentamente durante vários minutos até gozar dentro do menino.

Retirou seu cacete de dentro, melado de porra e de sangue e lhe deu uma pesada.

O garoto caiu no barro, se arrastava inutilmente na lama como se tentando fugir daquele horror.

— Aonde você vai? — Sentiu sua camisa sendo rasgada — NÓS QUEREMOS TAMBÉM! — Um rapaz falou em meio a risadas.

Em seguida, o mais novo foi empurrado no chão lamacento e os rapazes o violentaram um após o outro. A dor era descomunal, o nojo maior ainda. Os relâmpagos clareavam a ação e o menino já não gritava mais. Felipe já não compreendia aquela situação, como se seu cérebro tivesse livrando-o de tamanha monstruosidade. Ele alternava entre desmaios e momentos em que acordava estonteado até que, de repente, tudo se apagou de vez. O pouco de consciência que lhe sobrava implorava para que aquilo fosse a morte. Acordou com um tapa na cara e ouviu Yan dizer:

— Se tu contar pra alguém, nós faz isso com todos que você gosta, até com seu namoradinho.

Sua barriga doía. Tudo se apagou novamente.

Felipe acordou, mas não conseguia levantar. Continuava estirado, nu, em meio à lama. O cheiro de sêmen, sangue e tinta preenchiam todo o ar. Ainda chovia. Após algum tempo, Felipe sentiu seu corpo, ele tremia de dor e frio, sua bunda ardia. Levantou-se com dificuldade e foi mancando rumo a sua casa, nu em pelo, com o que sobrou das roupas na mão. No meio da rua, seus óculos reluziam sobre a água. Felipe abaixou-se com dificuldade e colocou no rosto. Enquanto estava de cócoras, nu, as gotas gélidas e pesadas acertavam as suas costas e por um momento ele desejou que fossem balas de fuzil. Por sorte ninguém o percebeu naquele momento de completo desamparo, ajoelhado nos asfalto rezando pra deus nenhum. Levantou-se com o pouco de forças que lhe restavam e foi para casa. Tomou um banho demorado, talvez o mais longo de sua vida, de seu corpo escorria sangue e terra e tudo doía, principalmente seu rosto, sua barriga e seu ânus que ardia muito.

Jogou-se na cama e adormeceu tremendo, dormiu o sono mais pesado de que se lembrava. Acordou sentindo mais dor do que quando foi dormir, notou arranhões por todo corpo e que um rastro de lama atravessava o seu quarto (e provavelmente a casa inteira). Sua mente estava tão confusa que ele ignorava o telefone tocando. Quando percebeu, atendeu e era sua mãe. Ela lhe pedia pare que ele fosse ao hospital depois do almoço, pois a visita seria liberada. Ela notou certa confusão na voz do rapaz, mas pensou que ele estivesse preocupado com o pai.

Felipe levantou-se, tomou alguns analgésicos e anti-inflamatórios que encontrou. Com muito esforço, limpou o rastro de lama deixado no dia anterior, jogou as roupas rasgadas num saco de lixo e o colocou pra fora da casa. Tomou outro banho demorado, onde pode perceber com mais clareza a quantidade de machucados em seu corpo. Os eventos do dia anterior apareciam com flashes na sua mente, mas ele os evitava ao máximo, principalmente os momentos de terror daquela noite. Pensou que seria melhor não pensar naquilo, não naquele momento. Leonardo surgia na sua mente constantemente e ele queria não acreditar que tudo aquilo seria culpa dele. Ele teria sido tão cruel a ponto de arquitetar aquilo tudo? A sua cabeça tornou a girar. Tentou comer alguma coisa, mas tudo lhe causava ânsia, então ele voltou a dormir com esperança de que o remédio aliviasse suas dores. Ao acordar, as dores ainda incomodavam, mas já era hora da visita e ele precisava se apressar. Tomou um terceiro banho desesperado para limpar de si qualquer vestígio dos terrores vividos e foi de taxi ao encontro dos pais. Chegando lá, o pai já havia sido transferido para a UTI e as enfermeiras o levaram para onde seu pai estava.

Ao ver o estado do Felipe, sua mãe logo percebeu que alguma coisa havia acontecido na noite anterior. Muito assustada, perguntou ao garoto o que havia acontecido e ele respondeu automaticamente que havia corrido para livrar-se da chuva e que escorregou na calçada molhada e ralou-se no chão. Disse aquilo de forma tão convincente e com tanto esforço em esconder a verdade da mãe que ele mesmo ficou surpreso com o resultado final. Mesmo desconfiada, a mãe decidiu acreditar no rapaz e juntos eles entraram para visitar João.

Muito comovidos, pai e filhos se abraçaram e os dois desabaram no choro, ficaram assim por alguns minutos até João falar:

— Meu filho, o derrame me sequelou! Eu perdi a sensibilidade e a força de parte de meu corpo e de minha face.

— Não acredito! Isso tudo é culpa minha! — Disse Felipe, inconformado.

— Calma, meu filho! Eu não me importo como que você escolheu para si, você me dá muito orgulho.

— Não pai, olha o que eu fiz com o senhor...

— Filho, olha pra mim! A culpa é minha! Eu me esqueço do remédio da pressão toda hora, ai ontem também esqueci e tive um dia muito corrido! Estava com uns problemas lá na loja, quando Marcos (pai de Léo) me contou que seu filho chegou chorando em casa com a cara machucada e na hora eu fiquei muito nervoso. Só que eu sei que a culpa não é sua, meu filho. De ontem pra cá, depois desse susto, eu percebi que isso já não importa, viu?

— Ah pai, mas se eu tivesse escolhido...

— Poxa, meu filho! Chega de “e se”s! Você mesmo disse, lembra?

Depois daquilo os dois conversaram por algum tempo e Felipe teve que repetir a mesma mentira que contara a mãe.

João recebeu alta da UTI naquele mesmo dia, foi transferido para a enfermaria e Felipe passava a maior parte do tempo com o pai. Dessa forma, o rapaz não teve muito tempo para pensar no abuso que sofrera, ou pelo menos não queria pensar naquilo na frente do seu pai. Não via Leonardo desde aquele dia na escola, talvez por isso ele passasse tanto tempo no hospital com o pai. Sonhava com Léo todas as noites e era comum ter crises de insônia durante esse período. As dores físicas já cessavam, mas o coração de Felipe estava despedaçado.

Enquanto isso, Léo passou por um período de muito sofrimento em casa devido ao preconceito de sua família. Foi obrigado a ir na igreja e perdeu várias liberdades que tinha. Estranhou não ter visto o Felipe na colação de grau, era a maior de suas expectativas.

Já em casa, algumas semanas depois, João acordou Felipe aos gritos e ele corre assustado para sala.

¬— Tenho uma notícia para você! Recebi um telefonema da universidade! Você foi aprovado no vestibular! E eu quero que você corra atrás de seu sonho, já tinha até mandado acertarem a compra de teu apartamento, um amigo tá resolvendo isso.

-S-sério? Eu não sei nem o que dizer! ... Só eu preciso ficar aqui com o senhor pai, você precisa de minha ajuda!

— Mas eu quero que você vá! Pense bem! Eu dou um jeito aqui, tem bastante gente pra ajudar.

Naquela tarde, a mão do garoto veio visita-los ao saber da notícia.

— Felipe, eu sei que esse é seu sonho, mas você está preparado para cuidar da loja de seu pai? Porque ele está proibido de trabalhar!

Felipe ficou abismado com a situação, estava muito confuso!

— Sabe, filho, você pode trancar o curso ou tentar o vestibular daqui a alguns anos. Você ainda é muito novo.

— Eu não sei, mãe. Preciso pensar melhor nisso tudo. Eu estou bem perdido, pra ser sincero.

— Eu tenho notado que você está estranho depois disso que aconteceu? Como você está se sentindo?

¬— E-eu, eu tô bem. — Felipe disse, corando — Tinha medo do poder de análise da mãe. No momento sentia um misto de nojo e vergonha daquela noite.

— Eu vou acreditar em você, então, mas que tem coisa aí eu sei que tem. Por acaso é por causa do Léo? — Disse preocupada ¬— Ei, calma, não chora, meu filho. A gente só espera receber do amor a única coisa que ele não pode nos dar, a felicidade. Essa daí tem que vir da gente, viu? Você é novo, um dia vai entender. Isso que você está sentindo vai passar.

Tempo depois, sua mãe voltou para casa e Felipe passou o dia pensando naquela conversa. Já à noite, quando foi dormir, ele tomou uma decisão: Ele iria sim, cursar medicina, e se fosse o caso, cuidaria dos negócios do pai lá da capital mesmo, via E-mail, era só ele abrir uma conta e outra para Lucas, o gerente da loja.

Nesse momento, por necessidade, no momento em que o destino mais exigia dele, o menino frágil, franzino e ingênuo, decidiu que enfrentaria a vida com toda sua força e que ela não o derrubaria. Ao acordar ele fez suas malas pois queria ir embora o quanto antes daquele lugar. Foi se despedir de Lívia, de seus pais e de outros conhecidos, inclusive da irmã de Léo, a qual encontrou por acidente. Quando chegou em casa, encontrou sobre a janela de seu quarto um pequeno embrulho branco e dentro um caderninho, ou melhor, era um diário, que estava em branco. De dentro dele caiu um papel com os dizeres:

“QUE SEJA ETERNO...”

A primeira coisa que escreveria naquilo que a partir de então seria seu confidente foi:

“Eu juro, por meu ser e por minha existência, que nunca mais amarei outra vez.”

E finalmente, o garoto partiu em busca de seus sonhos. Deixando para trás um passado sombrio. Agora ele entendia as palavras da velha cigana, agora ele entendia qual era seu propósito. Ele percebeu que era apenas uma lagarta, amorfa e medíocre, mas que dali em diante iria entregar-se ao doloroso processo de se tornar casulo. A metamorfose finamente havia iniciado...

Continua...

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