Somente os fracos são cruéis. A gentileza só pode ser esperada dos fortes.
"NÃO HÁ PERDEDORES. SEGUNDA DIFERENTE; PRESIDENTE NOVO; PESSOAS FELIZES, OUTRAS TRISTES, MAS NÃO PERDEDORAS. QUEM MUDA O BRASIL É VOCÊ, NÃO ELES. TODA PESSOA VALE MAIS QUE UMA DISPUTA ELEITORAL."
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Segunda-feira.
29 de outubro de:22 PMPelo retrovisor do Honda City 2018, o adolescente de 15 anos, Aleph Nathan, está a ver a garotada passando pelo portão de entrada do Colégio Príncipe Da Paz.
A mesma tristeza brotou e, por pouco, seus olhos não lacrimejaram. É que por incontáveis vezes seu amigo de infância - e namorado - esperava por ele na frente do colégio. Através do reflexo do espelho do retrovisor, ele via o seu Ruan em pé e tranquilo ao vê-lo chegar para mais uma tarde de aula.
Ainda com o olhar fito no reflexo dos alunos passando de uniforme branco e amarelo, Aleph voltou a ouvir em sua mente a música que adormeceu ouvindo na noite anterior...
"Vem, que nos seus braços esse amor é uma canção. Eu não consigo te esquecer. Cada minuto é muito tempo sem você, sem você..."
"Eu não vou saber me acostumar sem sua mão pra me acalmar; Sem seu olhar pra me entender, sem seu carinho, amor, sem você. Vem me tirar da solidão, fazer feliz meu coração. Já não importa o que passou. O que passou, passou, então vem...".
O som de sua mãe novamente tampando o batom fê-lo virar-se para ela e soltar-se do cinto de segurança. Letícia devolveu o batom à bolsa, ao mesmo tempo em que pressionava um lábio no outro, exibindo uma boca cor cereja.
- Hoje eu demito aquela ingrata. Eu quis ajudar, e agora essa sujeita quer tirar onda na minha empresa?! Tsc, tsc. Ela agora vá ser caixa no inferno; ou na cadeia, se eu quisesse ir à polícia... Mas não quero problemas, vou demitir, pagar e adeus.
Vendo-a desfazer seu longo rabo de cavalo, artificialmente aloirado, ele falou calmamente:
- Eu te apoio, mãe. Vai dar pra a senhora vir me buscar? Bom, vou correndo pra continuar decorando aquele assunto de Sociologia que te mostrei mais cedo... - e foi retirando as pernas ainda no assento do carona.
Quando ele ia saindo, ela segurou-lhe no pulso esquerdo e deu-lhe um beijo na bochecha, breve e carinhoso.
- Tente ficar calmo, querido, pense em coisas boas na hora de falar. Funcionava comigo, sabe... - ela viu a hora em seu relógio de pulso. - Boa aula, filho! - Letícia falou voltando a pegar no volante.
- Valeu - deu um meio sorriso para ela. - Eu já vou.
- Ah Aleph, vá direto pra casa quando largar, vou fazer uma reunião hoje com os funcionários. Chame um Uber ou um Táxi, ok?
- Uhum. Tá - ele respondeu saindo.
O filho único pisou fora do carro, fechou a porta atrás de si e andou até o portão de entrada. A mãe foi embora rumo a sua lanchonete - ela é dona de uma franquia da Subway, e que não fica longe dali.
Instantes depois, o garoto estava sentado na sua carteira individual na sala de aula, na companhia de quase todos os alunos e da professora de Sociologia. Faltando dois minutos para a professora fechar a porta, um aluno, chamado Ruan, surgiu e apressou-se para seu lugar no centro da classe em uma das fileiras de bancas. Tendo esse último aluno chegado, a professora fechou a porta e voltou para sua mesa.
Mesmo com a vitória de Bolsonaro, Aleph não estava alegre; não com esse clima entre ele e esse garoto brigão e atacado, o que fora o último a adentrar. É que, de repente, e não sem motivo, a forte e boa relação entre esses dois foi quebrada quando outubro começou com uma infernal eleição. Aleph mal via a hora do resultado sair na noite anterior. "Será que em 2019 os mesmos eleitores continuarão brigando? Espero que não." pensara ele algumas vezes.
Disfarçadamente, ele olhou para o Ruan. O perturbado ex-namorado de Aleph estava sério e olhando para um ponto na lousa branca. "Antes ele se sentava atrás da minha banca, mas há três semanas pediu para trocar de lugar. Hum, deve tá com raiva porque Bolsonaro ganhou ontem. Esse nerd convencido." pensou Aleph.
- Boa tarde mais uma vez, garotada! - falou a professora. - Bem, antes de começarmos as apresentações que lhes pedi, que tal comentarmos um pouco sobre o resultado eleitoral de ontem? - propôs ficando de pé e parando ao lado do birô.
Aleph inspirou fundo, prevendo o desconforto que sentiria. Exceto por ele, dona Vilma e os demais alunos detestam o Jair Bolsonaro.
Alguns alunos começaram a lamentar para ela, que ouviu balançando o rosto em acordo. Finalmente a professora também lamentou, e depois concluiu dizendo-lhes:
- Mas a luta continua, juntos somos mais fortes que qualquer fascista - disse ela olhando para a classe. - Seremos resistência!
Aleph continuou calado, procurou focar no texto que ficou relendo minutos antes dos alunos e a professora chegarem.
A garotada continuou falando com indignação, dizendo de tudo em desaprovação pela vitória do Jair Messias Bolsonaro, o presidente eleito.
- Professora, posso ir ao banheiro, rapidinho? - perguntou Aleph ensaiando sair da cadeira.
Ruan o olhou e virou o rosto - mas Aleph viu.
- Não. Você não pode. Vamos começar agora as apresentações - ela lhe respondeu contornando o birô e voltando para sua cadeira.
Todos eles mudaram para com Aleph depois que ele colaborou com a campanha do Bolsonaro, via redes sociais.
Aleph ainda não vota, tem 15 anos. Já o Ruan vota, fizera 17 anos em setembro passado e votou pela primeira vez ontem, 28 de outubro.
Aleph fará 16 anos em janeiro do próximo ano, 2019. Ele não conseguia acreditar em como Ruan pode ter votado no Fernando Haddad.
A professora Vilma foi chamando um por um. Quando chegou a vez de Aleph, ele tremeu, ficou nervoso, gaguejou, no entanto falou o que tinha para falar. "O convencido deu um show, parecia um professor falando na vez dele. Esse metido." Aleph amargou por dentro.
Então, ainda em seu lugar e mais calmo, notou sua professora olhar para todos eles e jogar uma granada em sua direção.
- Repetindo, será em dupla - frisou após ter explicado bastante. - Um fala e o outro vem caracterizado. Formem duplas. É para amanhã. Tentem parecer o máximo com um indivíduo de uma das tribos urbanas que escolherem.
Rapidamente, todos eles formaram suas duplas de sempre, restando apenas Aleph perto da parede, e Ruan afastado dele.
- Dona Vilma, não pode ser em trio ou em grupo? - Aleph procurou escapar. - Pra variar, né, é que sempre é só em dupla...
Ela fez que não com o rosto. Só isso.
Tenso, Aleph viu que Ruan também estava desconfortável. Aí esperou um pouco e não conseguiu falar nada.
Para sua surpresa, Ruan pegou a cadeira e foi se sentar à direita de Aleph.
- Sai daqui, eu não faço mais trabalho nenhum com você - disse Aleph cruzando os braços e sem olhá-lo.
Ruan recostou-se e esticou suas pernas compridas, em seguida retrucou:
- Quem sempre fez fui eu, você só ficava assistindo desenho ou ouvindo música. Ela só tem que achar que fizemos juntos.
- Eu não fazia porque você não deixava. Mas eu ficava sendo seu empregado lá na tua casa, e até quando a gente estudava na minha - devolveu falando rapidamente.
- Primeiro, você tem uma caligrafia horrível, erra demais o português. Eu escrevo melhor, nem formatar um texto você sabe.
- Eu sei um pouco. Tem gente que sabe muito, outros sabem pouco - Aleph tentou se justificar.
- Tem gente bolsominio filhote de deputado inútil e nazista - falou sério.
- Vai começar? O cara já ganhou. Aceita que dói menos. Parece louco você, Ruan.
- Ele não ganhou, apenas o PT perdeu - disse altivamente.
A conversa seguiu com os dois falando entre si.
- Então você vai fazer o trabalho sozinho? Beleza. Então faz - o bolsominion deu de ombros.
- Não pense que não vai fazer nada: Você vai me dar água, preparar lanche, as mesmas coisas de sempre - avisou o petista.
- Olha, você vinha me evitando há três semanas, inventava desculpas, sexta-feira me pediu pra eu nunca mais falar com você depois da nossa briga no pátio. Não vejo por que ir a sua casa outra vez.
- Mas você vai.
- Eu parei de deixar você mandar em mim, e me dar um cascudo toda vez que eu te irrite. Seu controlador.
Eles se calaram por alguns segundos.
- Você sempre foi por mim, até que surtou e me fez vergonha apoiando um nazista pela internet! - despejou com uma ponta de rancor na voz. - Ei, sua outra bochecha tá suja de batom.
Aleph se pôs a limpar com a palma da mão, logo olhou para o outro e lhe falou:
- Vou repetir, Ruan... Se não tem emprego, ninguém compra na lanchonete da minha mãe, ela não pode pagar os empregados nem as contas, a nossa Subway fecha, vendemos o carro, a casa, depois vamos pra debaixo da ponte, aí vamos matar cachorro e vamos emagrecer onze quilos, e nosso país vira uma Venezuela. Tá ok?
- Essa conversinha não cola comigo. Então por que não apoiou qualquer outro candidato?
- Eles não tinham chances de ganhar do Maldade.
- Quem votou ou ao menos apoiou esse nazista, no mínimo, não é uma boa pessoa. Deve ter tendências psicopatas.
- Tem hora que eu acho que não foi só por isso que você acabou nosso namoro e amizade... É porque você não conseguiu me controlar, foi a primeira vez que eu discordei de você desde que tínhamos menos de dez anos.
- É, também foi por isso. Você foi um puta ingrato. É, você foi.
A professora olhou para eles, por cima dos óculos de grau. As outras duplas conversam sobre seus respectivos assuntos.
- Aleph e Ruan, falem mais baixo - pediu a professora. - E então? Escolheram qual tribo urbana?
Ruan logo respondeu por eles.
- Aleph e eu falaremos sobre os skinheads, professora.
- Certo - disse ela e voltou a corrigir exercícios de outras turmas.
Aleph virou-se para ele.
- Vai vir de skinhead amanhã?
- Claro que não. Você é quem vai - responde Ruan.
- Oi? Você tem o porte, eu não.
- Também existem skinheads gordinhos, baixinhos e... burrinhos.
- Ah é? Também existem skinheads girafas, ratos de academia e metidos a merda.
- Quem quis que um nazista ganhasse? Vai vir parecido com um skinhead e ponto final. Vou voltar pra meu lugar. Quando acabar a última aula, você vai pra minha casa. Fim de papo.
- Vou pensar. Cada pessoa tem uma cabeça própria pra pensar, sabia?
- Não é o seu caso, só chegou aqui porque eu te ajudei a passar de ano desde sempre. Seu cérebro é abaixo do normal.
- Então por que foi meu amigo e depois quis me comer e me pediu em namoro?
- Costume, sei lá. E você tem essa bunda de abelha-rainha, de saúva...
- Até você agora vai me zoar de bunda de Tanajura?
- Vou, e daí?
- Eu nunca mais quero que seja meu namorado ou me toque, Ruan.
- Então vai ser nunca mais mesmo. Quem vai querer um gordinho sem graça, e por cima bolsominion descerebrado?
- Teu rosto tem sardas, Ruan, seu cabelo parece encardido de tão vermelho, você é um pálido rosado... Seu pinto é um pouco torto, seu nariz é fino, você só não é o mesmo magrelo porque deve tá tomando bomba.
- Eu já tive garotas antes de você. Já você, só teve a mim. E é normal o pau ser um pouco torto. Ser ruivo é genética. Eu sou lindo, é o que todos dizem. E ainda canto!... Olha pros meus olhos, eles não parecem joias azuis?... Os seus olhos são mortos e escuros como a própria feiúra.
Aleph sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Então as conteve e disse:
- Sai daqui. Eu te odeio.
- Não fica feliz, não. O teu presidente não vai durar. Ouviu, seu bolsominion?
- Problema de quem votou nele. Eu não voto. Ainda.
- Mas torceu.
- O ódio desse povo te enlouqueceu. Me deixa em paz.
- Até daqui a pouco... Bolsominion.
- O choro é livre, aceita que o capitão ganhou ontem.
- Até logo, gordinho - o ruivo saiu de perto, levando a cadeira suspensa por sua mão direita.
Aleph sentiu-se péssimo e duas lágrimas caíram de seus olhos.
"Como alguém pode ficar pior? Ele agora é só ódio e tudo é política." lamentou em pensamento.
Narrado por Aleph.
***
A gente se conheceu no primário. O pai dele é viúvo e médico, faz alguns meses que o doutor começou a se encontrar com a minha mãe. O pai do Ruan também se chama Ruan, uma versão mais velha do filho. Minha mãe foi mãe solteira, eu como de graça na Subway dela, e que um dia vai ser toda minha junto com todos aqueles sanduíches e tudo.
Acabou a mamata do Ruan comer de graça na lanchonete da minha mãe. Foi até bom não ter mais esse petista enchendo meu saco...
O Ruan virou um chato.
Agora eu sinto medo dele. Esse vegano afrescalhado... Eu tava quase virando um cogumelo ou uma alga por causa dele. Só comia o que ele come. Eu perto dele me sentia inteligente, ficava de boca fechada porque não consigo falar tão bem e saber tanto. Ele gritava comigo e me dava cascudos. Era pior do que como o Seu Madruga faz com o Chaves.
Eu não perdi meu tempo brigando com ninguém, gosto de assistir desenhos, chega me esqueço de fazer o dever de casa, e depois levava uma bronca desse cabelo de cobre. O meu pecado foi só compartilhar coisas em favor de Bolsonaro. O Ruan ficou pegando no meu pé e brigando comigo por isso. Eu perdi minha virgindade com ele. Quando tentei cuspir seu esperma, ele me mandou engolir. Como ele sabe de tudo eu acreditei que faz bem pros ossos. E quando ele me comeu pela primeira vez, pareceu que eu ia morrer na hora. Bem-dotado ele é. Esse comunista.
A nossa amizade esfriou e nunca mais sequer nos abraçamos, nem fizemos mais nada. Ele não me espera mais quando minha mãe me traz, nem volta pra casa de carona comigo e minha mãe. A gente deixava ele em casa, e depois íamos pra nossa. Esse bipolar do cabelo de fogo...
O Ruan é simpatizante do socialismo e do comunismo. Ok, ele é um gato, tem o rosto lindo; bigodinho e barbinha ralos, sardas no nariz e abaixo dos olhos; seu charme. Um rapaz de cabelos lisos e repicados, quase cobrindo suas orelhas; um ar de durão, jeito bravo de ser; o mais inteligente da turma, nunca tira nota média ou baixa. As garotas suspiram por ele e lhe escrevem bilhetinhos com declarações de amor. Ele perdeu a virgindade com uma prima, mas foi a mim que Ruan deu seu amor e proteção, além da amizade de sempre. Sim, ele é lindo e charmoso e foi meu primeiro namorado.
Antes dessa eleição, estávamos bem. Nosso namoro foi segredo, mais ninguém sabia. Pensavam que somos irmãos por causa do nosso sobrenome. É que eu me chamo Aleph Nathan, e ele se chama Ruan Ethan. Éramos os Amigos Thans.
Não restou outra opção para mim a não ser respeitar meu amigo e namorado. Paramos de conversar por zap e nos ignoramos nas redes sociais. O ódio apoderou-se do Ruan.
Eu não sou gordo, só sou fortinho.
Ele só me usou, me fez experimentar cigarro e maconha, me fez virar vergano quando estou com ele... Fazia sempre um verdadeiro filme pornô com minha bunda, no quarto dele ou no meu. Nossos pais não sabem que acabamos nossa "amizade".
Esse pau comprido e pálido dele... Esse cara de sardas.
****
Quando terminou a última aula, ele veio até mim enquanto a professora e os outros saíam da sala.
Eu fiquei de pé e não olhei em seu rosto. Ele ficou parado na minha frente.
- Vamos? Eu faço o trabalho depois te mando pra casa. Ah, só um aviso: Aquele problema de cobras indo parar lá em casa voltou. Mas meu pai está cuidando disso.
- Então eu não vou mais, sem chances.
- Também não é o tempo todo... Tem dia que pinta uma ou duas, mas eu pego um machado e divido a cobra em três partes.
- Vou nada, tenho medo. Não, não.
- Você vai. E quando elas contornam o muro, acabam ficando no jardim. Tô até pensando em criar uma, ter uma serpente de estimação...
- Piorou. Ainda bem que você me avisou.
- Eu prometo que nenhuma cobra vai te morder. Falo sério, Aleph.
Pensei por um momento.
- Tá, eu vou. Mais vou ficar de olho.
Atrás da casa dele tem uma mata, essas cobras escalam pelas trepadeiras e caem na grama da casa dele. Eu já vi umas pequenas e de cores variadas. Uma vez ele retirou uma que caiu bem no meu pé, só faltei desmaiar.
- Então vamos. Eu vou na frente - ele me parou. - Te espero fora do portão, depois do segundo poste atrás do trailer, o do orelhão azul.
- Vergonha de mim?
- Não. É que se você tiver comigo, vai queimar meu filme com uma menina que tô a fim. Ela já é tímida, e me vendo andar com um bolsominion não vai chegar nem perto.
"Esse já tá doido, interna." falei em pensamento.
Vou relevar.
- Por mim tudo bem. Vou ao banheiro. Daqui a pouco chego lá - concordei.
- Isso.
Ele se virou e foi na frente.
Tudo o que tínhamos era uma ilusão, esse garoto não me amava, me usava porque não namorava com nenhuma garota ainda. Será que ele vai seguir sendo hétero, e eu só fui uma diversão?
Mas por que ele me ajudava nos estudos, me defendia, trazia um guarda-chuva pra mim, era carinhoso na cama, falava comigo várias vezes ao dia, me dava boa noite e bom dia?...
Bolsonaro e Haddad transformaram meus momentos felizes em brigas e tristezas... Tudo por causa dessa maldita eleição.
E eu nem tenho a porra de um título de eleitor! É pra se foder!!!
O amanhã pode ser gentil ou traiçoeiro. Ah pode.
Continua...
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O site ocultou o horário e a data no começo do capítulo. 13 horas e 22 minutos da tarde do dia 29 de outubro de 2018. Mas ok... bugs ou sei lá