Boa noite, galera! Tudo tranquilo por aí? Bem, três anos depois e cá estou eu novamente. Wagnner, Gil, lari12, Greader, valtersó, garafão, Alexsandro Afonso, Príncipe Puto, Atheno, Monster e gabriel.floripa, caso estejam lendo isso, muito obrigado pela força na abertura do conto. À vocês e todos que leram, infelizmente perdi o acesso à conta, e na época também estava de mudança, então foi muita coisa acontecendo de uma só vez, por isso o sumiço.
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Quase no mesmo momento que cheguei até o local combinado, um Corolla preto chegou também. Parei na entrada e fiquei esperando pra ver se o motorista ia se identificar. Eu é que não ia chegar no carro alheio perguntando se ele era o dito Vinícius. O vidro foi baixado e eu pude ver um cara charmoso, de mais ou menos vinte e cinco anos, vestido com uma pólo de marca, assim como o relógio dourado no pulso esquerdo.
– Você é a droga do estagiário que manchou meu esquema da noite? – como diz o lema do estagiário: tudo sempre pode piorar.
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Pus minha melhor cara de deboche depois de ter respirado fundo pra engolir a seco a grosseria daquele escroto. - Ow, cara. Obrigado! Geralmente me chamam de Guga, mas de 'droga' foi a primeira vez. Eu sei que vicio, mas nunca tinha ouvido falarem em voz alta, mesmo sem você ter provado. - terminei de falar já abrindo a porta do carro e me sentando no banco de trás.
- Além de ser oferecido, ainda vai me fazer de Uber? - perguntou o retardado sem sair com o carro, certamente esperando que eu me sentasse na frente.
- Primeiro, não me recordo de ter oferecido alguma coisa para vossa excelência. Segundo, considero inadequado sentar no banco da frente em carros de desconhecidos. - na verdade isso era mentira, porque eu só me sentava no banco da frente de Ubers pra poder analisar o motorista e tentar algo. Que foi? Nunca tentou nada com um Uber, seu depravadinho?
Ele bufou, engatou a primeira e saiu do estacionamento da faculdade resmungando o que quer que seja.
Eu gostava de ser prestativo para as pessoas. Não por esperar algo em troca em algum momento futuro, mas por questão de me sentir útil mesmo. O que eu não gostava era de quando as pessoas se aproveitavam disso em benefício próprio, como o Dr. Carlos estava fazendo naquele momento. Infelizmente algumas situações na vida nos põem em uma hierarquia fdp em certos locais, como acontece na maioria dos empregos no mundo.
Esse era o meu último estágio do curso. Então eu precisava concluir ele, porque se desse errado, nenhum outro escritório aceitaria assinar meu termo de estágio de 6 meses em apenas 3, que era o tempo que faltava para finalizar as práticas complementares. Então sim, eu tinha que engolir alguns sapos até lá, como o Vinícius. Ele podia ser bonito e educado, mas seria pedir demais a esse universo que me sacaneia mais que a calcinha da Pablo Vittar.
- Chegamos. Vê se não demora. Talvez eu ainda consiga salvar minha noite. - declarou ele ao pegar seu celular e provavelmente tentar falar com a pobre coitada que estava destinada a aturar o demente.
- Coitada. - resmunguei ao abrir a porta.
- O que você disse?
- Ê noitada! - emendei sem conseguir conter muito bem o riso. - Espero que dê tudo certo.
Bati a porta antes que ele falasse mais alguma coisa, porque aquele ali podia bater no peito e dizer "eu sou um conversador de bosta". Enquanto me encaminhava ao escritório senti meu celular vibrar. Isabela.
- Fala, lesada. - sim, meus tratamentos são bem de boas assim mesmo com os mais íntimos.
- Tá onde corno? - não disse?
- Chegando no escritório. - só em falar isso ela já entenderia, até porque consegui esse estágio por causa dela, e foi assim que iniciamos nossa amizade. Ela estuda em uma outra faculdade. Nos conhecemos quando eu ajudei na organização de um evento entre faculdades que seria sediado lá. Ela me ouviu falando da necessidade de um último estágio, e como estava pra sair, disse que poderia me indicar.
- Porra... sei que tu tem vontade de ser internacional, mas tô achando que você tá se baseando pelo horário da Europa antes da hora. Ou é isso, ou você ta vivendo por escravidão nessa merda aí.
- Conhecendo isso daqui de cabo a rabo como você conhece, o que acha mais provável? - ri enquanto passava pelas portas duplas ligando apenas um setor de luzes pra poder iluminar o ambiente o bastante pra que eu chegasse na sala sem tropeçar em nada.
- Entendi, Isaura. Olha só, a gente tá aqui no CU, não quer vir e espairecer um pouco? - pra quem não sabe, CU é Cantinho Universitário. Um nome muito civilizado, concordo. - Kamila e Larissa estão aqui já.
- Mas são duas quengas mesmo. 10 minutos atrás eu tava com elas. Não me falaram nada. Enfim, não dá pra baixar esse fogo no cu, não? Não dava pra esperar até amanhã? Hoje é quinta!
- E o que tem?
- Amanhã é sexta, vocês vão querer sair de novo. Conheço meu gado.
- Ainda bem que sabe. Eu sei que tá pra pegar tua motoca, mas uma caipirinha não vai furar seu orçamento.
- Primeiro, desde quando vocês se contentam com uma só? Segundo, não é só a bebida. Ainda preciso dar um jeito de chegar aí. - pressionei o celular entre o ombro e o ouvido enquanto abria o armário e via a maldita pasta na minha frente. Tirana.
- Chore mais que tá pouco. Eu pego você aí.
- Então vem logo. Vou tomar um banho rápido aqui aproveitando a oportunidade.
- Vai porra nenhuma! Você é donzela no banho. Quase não sai mais depois que entra. Não precisa disso. Só ta nossa galera aqui. Chego aí em cinco minutos. Tchau. - e desligou sem esperar minha resposta. Bati a porta do armário segurando a pasta com as duas mãos querendo rasgar de raiva. Fechei tudo de novo e saí dali para entregar ela para o Sr. Escroto.
Dei duas batidas de leve no vidro pra que ele baixasse. - Pronto, tá aqui.
- Tá, entra que te deixo na faculdade. - aquele tom de guri chato e afobado não sumia?
- Não precisa. Vou daqui pra outro lugar já que não faz mais sentido voltar pra faculdade essa hora. - expliquei apoiando meus braços na porta do carro que agora tinha o vidro todo baixado. Isso até o infeliz subir os vidros sem me avisar ao soltar um "que seja" e sair dali. - Ele é doente, é a única explicação possível. - comentei comigo mesmo ao me dirigir até a entrada do prédio e esperar pela Isabela, que em menos de 3 minutos já estacionava sua laranja mecânica no meio fio. Apressei o passo até aquele ônix laranja nada chamativo e tentei abrir a porta da frente. Travada. Estreitei os olhos e vi que tinha alguém. Entrei atrás.
- Não viu que tinha gente na frente? Porque que tu é cego eu já sabia, mas nesse nível eu não fazia ideia. - disse ela se referindo ao fato de que uso óculos.
- Não, não vi. Nem imaginei que alguém iria querer ter saído da bebedeira pra vir me pegar aqui. Quem é o novato que roubou meu direito de exclusividade ao banco da frente da laranja mecânica? - perguntei tentando reconhecer a pessoa ao mesmo tempo que tentava quebrar o gelo, até porque sou o tipo de pessoas que tenta fazer amizade na primeira oportunidade possível. Só consegui ver que era um cara, pele morena, cabelo curto, alto e parrudo. Eu entrei pelo lado do passageiro, então se eu fosse pro lado do motorista e isso não seria muito discreto.
- Deve ser porque ele não tá vindo do CU. Tô dando carona a ele também. - disse ela já saindo da frente do prédio e indo rumo ao nosso destino. - Esse é o Thiago, da minha faculdade. Achei que você lembrava dele daquele último júri simulado inter-faculdades que teve.
Foi mais forte do que eu. Me arrastei para o meio do banco pra poder olhar melhor pra ele.
- E aí, Guga, belezinha? - a voz grossa soou agradável demais aos meus ouvidos. Eu me lembrava daquela voz, e imediatamente lembrei do cara que sempre tava em alguma roda de conversa nos intervalos do evento. Não tinha como esquecer nem que eu quisesse! Não tinha Alzheimer que me fizesse esquecer aquele sorriso filha da mãe! Que moreno lindo da porra ele era. Não era magro, mas também não era gordo, assim como eu. A diferença é que o biotipo dele era mais parrudo mesmo. Estrutura óssea mais larga. As calças dele não eram muito apertadas, mas eu conseguia imaginar que lindo par de coxas se alojava ali.
Bem, não consegui um momento pra puxar papo a sós com ele durante o evento, e depois dele as coisas ficaram corridas na rotina faculdade-escritório, então acabei deixando a ideia de flertar com aquele universitario pra lá. Não seria a primeira vez que isso acontecia, afinal de contas.
- Lembro, lembro sim. - minha amiga olhou pelo retrovisor na hora e viu meu sorriso de ponta a ponta.
- Ele perguntou se você tava bem, mongol. Tá tão lerdo que não se liga nas coisas. Cuidado, Thi. Com duas caipirinhas ele pode dar em cima de tu fácil, fácil.
- Não preciso nem das caipirinhas pra isso. - essa frase devia ter saído só na minha cabeça, mas a tosse engasgada dele me fez cair na realidade e perceber que saiu em voz alta.
- Eitaaaaa caraaai! - gritou Isabela de forma estridente. O pior é que eu não sabia se ela tinha feito o comentário anterior por saber que o Thiago curtia alguma coisa, ou simplesmente porque quis zoar com minha cara, até porque ela, Kamila e Larissa fecham o ciclo de amigas que sabem sobre mim. Fora isso apenas mais dois amigos, um do meu prédio e outro da faculdade também.
- Foi mal, Thiago haha. É o excesso de trabalho e cansaço falando. - tentei dar alguma desculpa pra sair daquela situação com alguma dignidade.
Ele apenas acenou com a cabeça em sinal de concordância. Merda.
Finalmente chegamos ao CU. Saí do carro rapidamente, já procurando pela Kamila e Larissa. Encontrei elas sentadas junto com o Gabriel, Pietro e Olavo, nossos amigos da turma da manhã, a nossa turma original. A mesa estava enorme. Umas 25 pessoas fácil, fácil. Reconheci quase todos, uma das vantagens de se trabalhar na organização de congressos e demais eventos universitários. A galera ali representava a nossa faculdade, e duas outras particulares, uma delas sendo a da Isabela e do Thiago, que por sinal era a maior representação ali.
Mal me sentei e ouvi a mesa praticamente toda gritando em coro: - Professoooooor!!
Olhei na direção dos gritos e dos olhares de quem gritava e eram direcionados pra ele, o moreno tentação que estava no carro comigo.
- Pqp, pqp, pqp. - falei quase enfiando minha cabeça no meio das pernas.
- Que foi? - perguntou a Kamila colocando uma das mãos em minhas costas, certamente deduzindo que estivesse passando mal ou coisa do tipo.
- Eu dei em cima do professor da universidade X. Puta merda. Eu dei em cima descaradamente! Tô me sentindo um puto. - cochichei.
Ela deu um gole na sua caipirinha (que já estava na metade e eu duvido muito que ainda fosse a primeira) e se virou pra mim. - Assim amigo, a gente sabe que você é chegado numas putarias mesmo, então o sentimento tá certo. - ela tentou fazer graça, mas viu que eu tava me sentindo mal por aquilo. De todas as minhas amizades, a Kamila é a que mais me conhece, em tudo. Então ela sabia que não era do meu feitio dar em cima de caras assim, a não ser que eu tivesse quase certeza de que rolaria alguma coisa, mas que pra chegar a fazer isso com um professor universitário, seria algo muito raro, porque eu prezo demais pela discrição, e investir errado em um professor universitário pode desencadear muita merda, e o fato de que eu tinha um rosto conhecido não ajudava nas consequências que aquilo poderia dar. - Relaxa. Ele nem é da nossa faculdade. Depois você se desculpa com ele. - disse ela, meio que adivinhando que eu faria exatamente aquilo. E faria naquele mesmo momento.
Não deixei que ele se sentasse. Fui até ele e antes que puxasse uma cadeira perto da Isabela toquei em seu ombro e pedi pra trocar uma palavrinha com ele rapidinho. A Isabela fez sinal de que guardaria o lugar dele e que ia pedindo uma caipiroska de morango pra ele enquanto isso. Isso me fez perceber que eles já deviam se conhecer a um tempo bacana pra saber desse tipo de coisa.
Fomos para o fumódrogo (essa bodega se chama assim mesmo? Onde a galera fuma e tal?). Me encostei na mureta e pude parar um pouco pra contemplar tudo aquilo. Que homem do caralho. A barba tinha sido desenhada havia alguns dias, dava pra notar, mas isso não diminuía em nada seu charme e beleza. Os olhos eram uma atração a parte. O antebraço grosso ajudava a montar o conjunto de homem viril, e claro, a tatuagem sobrando pra fora da manga da camisa também era um baita bônus.
Mal chegamos naquele espaço e ele puxou um daqueles cigarros mentolados.
- Sabe que não é porque estamos na área de fumantes que precisa fumar um, não é? Isso vai te fazer um mal imenso. - falei enquanto meu dedos já iam em direção ao cigarro pra segurá-lo. Parei no meio do caminho. - Desculpa a ousadia. - falei com um sorriso pra disfarçar a vergonha e levando a mão que antes ia em sua direção, para o meu pescoço. - Perdi minha bisa pra o cigarro, então tenho uma preocupação um tanto exagerada com isso.
O semblante dele que antes estava de "que porra ele tá fazendo?" mudou pra um de "wow!", não sei se pela motivação do que eu ia fazer, ou se por notar um certo senso de cuidado de minha parte pra alguém praticamente desconhecido.
- Sem problemas. - disse, guardando o maço no bolso novamente. - Fumo quando estou nervoso. E isso tá me deixando nervoso. - confessou ele. Eu ia falar algo, mas ele me impediu. - Não precisa falar nada. - ele pediu com um breve sorriso. - Eu ouvi bem o que falou no carro. Eu não me envolvo com alunos, Augusto.
- Eu imaginei, e por isso te chamei, pra pedir desculpas. Eu não sabia que era professor. Te vi no júri mas sempre com alunos, e sempre bem humorado e a vontade. Nem me passou pela mente que era professor.
- Sem problemas. Prefiro me manter perto da galera mais divertida. - falou, dessa vez com um sorriso mais aberto, sincero. - Muitos já confundiram também. Mas olha só, só te peço que caso chegue a pagar alguma disciplina comigo, dá uma disfarçada. Não tô dizendo que vou fingir que não existe, até porque nem tivemos nada. Mas é comum rolar uma troca de olhares ou outra. Até porque você também é um cara presença. Vou precisar me policiar também. Não posso correr o risco de alguém perceber e isso acabar dando brecha pra outros pensarem que tem chance também.
Pera! Porra! Então ele curtia também! Eu precisei exercitar meu auto controle pra não dar um grito de vitória ali, principalmente depois de ver ele me achando "presença".
- Então, se eu não fosse teu aluno, as coisas poderiam correr por um rumo diferente?
- Não necessariamente. - uau, que balde de água fria. Ele percebeu que fiquei sem graça e continuou. - Quero dizer que, mesmo não pagando cadeira comigo, podemos nos esbarrar a qualquer momento. - hm, então o problema era a faculdade.
- Bem, se todo problema for esse... - comecei, sentindo um fio de esperança percorrer minha espinha, me dando uma dose de coragem pra prosseguir. - Eu sou da estadual, então não corre o risco de pagar cadeira contigo nem de nos esbarrarmos no corredor.
Ele se apoio na mureta com um dos cotovelos, manteve uma das pernas eretas enquanto a outra foi dobrada. Baixou um pouco a cabeça, deu um sorriso. Eu ainda morreria com aquele sorriso.
- Isabela me disse que você era nó cego, garoto... - ele disse finalmente olhando nos meus olhos, como não havia feito em nenhum momento. Pelo menos não naquela intensidade. - Acho que não sermos da mesma faculdade muda um pouco as coisas. Me acompanha com uma bebida?
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E aí, cambadinha! Não sei se ficou muito longo, porque digitei no Word e lá a pessoa perde um pouco a noção de tamanho em como ficará aqui no site. Abraço por trás, cambada! E não se preocupem. Vim pra ficar dessa vez. Aguardo o feedback, hein?