Minhas transas e meus homens - Parte 6

Um conto erótico de TeuToque
Categoria: Gay
Contém 2647 palavras
Data: 27/05/2020 22:28:19
Assuntos: Gay, Fetiches, Sexo casual

Uma chuva torrencial deu início no começo da noite.

O evento que tínhamos era de uma reunião de alguns empresários muito formal e restrita. Provavelmente não duraria muito. Eu fiquei feliz por saber disso porque isso significava que sairíamos cedo e eu estava com o intuito de chamar Gilberto para tomar umas cervejas numa convivência próxima.

Já podia imaginar nós dois juntos, conversando, e a ideia me fez sorrir.

Gilberto passa por mim e acena e eu retribuo quando estou prestes a descer as escadas para o salão principal, já com meu uniforme. Ele ainda estava se aprontando e só trajava uma calça, deixando o tronco à mostra.

Gilberto era magro, mas no limite certo. Eu nunca gostei de homens sem uma barriga saliente ou desprovidos de músculos (tinha que ter alguma coisa pra preencher, fosse gordura ou musculação), mas o corpo de Gilberto tinha um charme próprio.

Os fregueses foram pontuais e chegaram numa tropa. Todos muito sérios e não me encarando por muito tempo quando eu checava a listagem de seus nomes cheios de sobrenomes tradicionais e compostos.

Na recepção eu deixo escapar bocejos e meus olhos começam a pesar. Desligo o ar condicionado pra que não acabe dormindo em pé e é quando vejo alguém se aproximar.

“Cuidado pra não despencar de tanto sono", ele sorri frente a mim, encostando suas mãos lindas no púlpito que ficava à minha frente.

“Engraçadinho”, eu me sinto numa série romântica.

“Tem horas aí?”, Gilberto suspende as sobrancelhas.

“Quinze pras dez.”

Ele faz uma expressão de alguém que acaba de dar uma topada no mindinho do pé.

“Merda. Ainda é muito cedo.”

“Nem me fale", eu apoio minha mão no púlpito, com vontade de encostar na mão dele. “Vocês tem café lá atrás? Aqui tá um tédio.”

“Ah, lembrei o que vim te falar", Gilberto checa o bolso da calça e me estende alguma coisa gosmenta em volta de um guardanapo. “Me disseram que você adora carpaccio.”

Meu coração se derrete. Ele podia ser ainda mais fofo?

“Oh, obrigado, Gilberto!”

Eu não consigo controlar meu estado de alegria. Pequenos gestos significavam muito pra mim.

“Ei, seu espertinho!”, um dos garçons interrompe nosso momento. “Vai ficar paquerando ou vai ajudar a gente?”

A ociosidade era banida na dinâmica dos garçons. Era uma infração indesculpável.

“Vou nessa", Gilberto se retira e eu sorrio, melancólico. “Vou pedir que passem um café pra você na cozinha. Te chamo mais tarde quando estiver pronto.”

Eu espero ele sair e aproximo o carpaccio lambuzado do peito, tal qual uma flor. Fico admirando, desejando guardar se recordação, mas quando constato a idiotice de tal pensamento eu abro a boca e mastigo a entrada. Saboreio sabendo que aquilo se encontrava no bolso da calça do meu amor e pela primeira vez como sorrindo.

Mas apresso a engolir quando vejo uma silhueta se aproximando do lado de fora. Provavelmente um freguês atrasado pro evento.

Quando abro a porta do estabelecimento eu deixo todo o ar do meu pulmão se esvair.

Não posso acreditar no que vejo. Sinto uma pressão enorme no peito e o corpo paralisar de terror. O suor chega e me invade a testa, a boca seca e de repente não consigo organizar os pensamentos. Ali, na minha frente, se encontrava ninguém menos que Celso. Ele, vestido com seu estilo desprezível de homem engomadinho, com uma camisa social e um relógio grosso no pulso.

“Oi", ele fala em seu tom de voz baixo. Ele não sorri ou parece confuso como eu. Apenas sério e numa expressão quase contrariada.

“Você não me respondeu", ele me olha como um psicopata.

Eu permaneço sem reação. Não é como uma cena de novela mexicana onde Celso esbraveja e chama a atenção de todo mundo. Me puxa pelo braço e me arremessa no chão a gritar impropérios. Não. Ele está com o cenho franzido, parado, como quem pergunta onde é o banheiro ou se poderia chamar o garçom. Mas em sua discrição heteronormativa, Celso me põe contra a parede. E pensar que alguém fosse tão direto e impulsivo me assusta.

“O salão fica pra cá”, eu aponto pra direção do evento com minha voz ainda mais baixa que a dele. Meus joelhos vacilam.

Prosseguimos caminhando e quem nos vê de longe não desconfia de nada.

“Eu te disse que isso não ia ficar assim", Celso olha pros lados e sua boca mal se mexe. A voz dele soa como um sussurro, como quando se avista alguém na rua e se pede pra pessoa ao lado não fazer alarde.

“Logo aqui", eu prossigo em fingir que aquele se tratava de mais um freguês como tantos outros e estendo o braço em direção ao salão.

“Depois eu venho aqui falar contigo", Celso me olha como um louco. Um louco quieto e discreto, o que era pior.

Me sinto como uma personagem se um filme de suspense, vítima de um vilão sigiloso, encurralada e sem poder contar com a ajuda de alguém. E eu não podia mesmo, eu não podia simplesmente falar de uma situação como aquela pra qualquer pessoa. Era um sexo casual que tinha se transformado num stalker. Tudo bem que aquilo era uma coincidência, ele realmente era um convidado, mas ainda assim ele tinha dito que me procuraria mais tarde. E do contrário da segurança do apartamento, onde tinha a liberdade de permanecer no meu quarto e ignorá-lo (ele não faria papel de estúpido, afinal eu o tinha visto com uma garota no shopping), ali no cerimonial eu não dispunha desse luxo. Tinha que permanecer profissional e continuar ali mesmo, no meu canto.

“O café tá pronto.”

Eu dou um salto.

Gilberto ri.

“O que foi? Pensou ser um fantasma?”, ele sorri, totalmente alheio ao meu inferno íntimo.

Não quero transparecer meu desespero e ter que falar sobre algo tão bizarro como um cara obcecado. Sorrio esboçando o máximo de naturalidade possível.

“Pensei", eu respondo sem jeito.

“Deixei uma xícara separada pra você com uma das cozinheiras. Você sabe que o pessoal não perdoa quando tem café passado.”

Eu me encaminho até a cozinha mas jogo o café fora. Eu já estava ansioso demais, não precisava de cafeína pra me deixar ainda mais angustiado.

Fico revezando a atenção entre Gilberto e Celso no salão. Vejo meu anjo celestial servir as mesas com seu porte de modelo antes de ser descoberto e Celso, meu diabo infernal que vez ou outra me encara ao longe, com o olhar psicótico dele.

Onde eu fui me meter? Penso comigo mesmo.

O resto da noite transcorre nesse ritmo insuportável e eu tentava a qualquer custo pensar em um plano onde pudesse escapar de Celso. Ao mesmo tempo, queria manter meu convite de tomar umas com Gilberto, mas muito provavelmente Celso me procuraria pelas redondezas.

Quando o evento se encerra, corro para a área de serviço e caso dessem pela minha falta, diria que o café não tinha descido bem.

Mas assim que adentro o banheiro o gerente me manda voltar o mais rápido possível, visto que eu tinha que estar na recepção quando os clientes saíssem. Com o rabo entre as pernas, dou meia volta e solto um palavrão pra mim mesmo.

Sigo sorrindo a cada cliente ríspido que não retribui meu “boa noite" ou meu sorriso. Fico na expectativa e ansioso pelo encontro com meu stalker. E ele chega por último, como só um esquisitão faria, com sua postura de tímido, mas pensando em sabe-se lá o quê.

“Te espero no carro.”

“Boa noite.”

Eu corro pra área de funcionários mais uma vez onde faço o que não fazia há muito tempo: me trocar pra ir pra casa. Geralmente eu ia com o uniforme mesmo e já que dispunha de alguns outros, eu os revezava fosse no armário do trabalho ou em casa. Pouco importava, já que uma vez o turno encerrado tudo o que eu queria era ir embora. Mas com Celso à espreita, eu teria que ganhar tempo pra que ele fosse.

“O que ainda faz aqui?” Gilberto aparece no corredor dos armários.

“Estou com calor", minto.

“Quer carona pra casa?”

Meu coração esquenta numa noite que estava sendo tão horrível.

“Eu quero sim.”

Eu não sei o que eu estava pensando, nem em como as coisas se sucederiam quando atravessássemos aquele estacionamento, mas a companhia de Gilberto me trazia segurança.

Quando chegamos à moto de Gilberto, um carro esportivo muito familiar, o mesmo que tinha me servido como motel, se encontrava na rua. Eu olho pra janela e consigo ver uma silhueta distante a me observar.

“Tudo bem?”, Gilberto me estende o capacete há algum tempo. “Você parece meio aéreo.”

“Oh, não é nada.”

E pra minha surpresa, Celso, talvez invadido pela segurança de não haver mais ninguém naquelas proximidades, abriu a porta e saiu do veículo. Eu podia sentir minha respiração parar e meu senso de equilíbrio se esvair. Eu podia jurar que desmaiaria ali mesmo.

“Vamos?”

Celso faz um movimento com os dedos, como um técnico de time de futebol, distante e frio. Também meio contrariado, obsessivo.

“Ele é do evento", Gilberto parece confuso. “Vocês se conhecem?”

Fico sem reação.

Meu instinto era de falar tudo e partir com Gilberto dali pra casa. Mas eu não sabia como ele reagiria aquela situação. Acharia tudo sombrio demais pra continuarmos nos aproximando? Me olharia com outros olhos por achar que eu me envolvia sempre com esse tipo de pessoa? Eu não suportaria acabar com o que estávamos construindo até ali, por mais devagar que fosse.

“Conheço. Desculpa, é meu primo.”

Gilberto dá mais uma olhada para Celso. Depois analisa minha expressão, desconfiado.

“Mas você aceitou que eu te deixasse em casa.”

“Eu... eu esqueci. Esqueci que ele vinha. Desculpa mesmo, Gilberto.”

“Tudo bem.”

Ele dá mais uma olhada em Celso e os dois se encaram por um segundo. Celso parece um capanga de algum mafioso ou qualquer coisa do tipo.

“Mas que merda é essa, Celso?”

Eu observo Gilberto arrancar na moto, dando mais uma olhada pra trás. Estou dentro do carro de Celso.

“Você não me atendeu”, ele parece menos ameaçador de perto. Mais como um adolescente que não sabe lidar com rejeição.

“Gilberto você tem que entender que eu não gosto desse tipo de coisa e não vou aceitar. Você simplesmente apareceu lá em casa como se eu fosse estar disponível 24 horas. E isso não é certo.”

“Eu sei.”

“Se soubesse não teria bancado o psicopata como fez hoje.”

“Eu não sou psicopata.”

“Mas parece!” minha voz soa ensurdecedora dentro do carro.

Ficamos em silêncio por um momento.

“Tudo bem, mas só hoje?”

Celso me olha profundamente nos olhos.

“O quê?”

“Só hoje. E acabou”, ele fala numa naturalidade assustadora.

Ele percebe minha confusão.

“Olha, você já tá aqui", ele repousa a mão na minha coxa. “A gente fode gostoso e encerramos por aqui.”

Olho pra Celso e me pergunto o que estava acontecendo comigo. Eu não podia acreditar que meu pênis estava ficando duro. A ideia que ele me propôs de alguma forma tinha me excitado. Mas aquilo era errado. Não era certo. Será que meu corpo era meu inimigo?

Celso tira a camisa.

O corpo dele parecia irresistível na penumbra do começo da madrugada. Com aquele relógio gigante no pulso e aquele peito inchado, suplicando pelo meu toque. Ele então abre o zíper da calça e pega minha mão e posiciona no sexo dele.

“Ok, mas só dessa vez".

Celso me leva pro outro lado da cidade.

Eu consigo sentir meu corpo esquentar quando vejo que estamos adentrando os portões do motel mais luxuoso da cidade. Ele pega a chave da suíte que consistia numa espécie de cartão e seguimos.

A suíte que ele escolhe é a sadomasoquista e eu não podia me sentir mais clichê e 50 tons de cinza.

O recinto é lindo, muito bem projetado com luzes avermelhadas, apetrechos sexuais e chicotes. Tem algumas outras coisas que não consigo decifrar, mas acredito se tratar de brinquedos nada convencionais. Celso me segura pela mão e nos encaminhamos até a cama que é como uma gaiola. As grades são pretas e o colchão redondo e forrado de vermelho vivo. Me sinto literalmente em uma jaula e consigo sentir o animal em mim vindo à tona.

Quando vejo Celso nu na luminosidade quente da suíte eu estremeço de desejo.

Nelson era delicioso. De verdade. Cada dobrinha de seu corpo comum me deixava completamente louco.

Mas ao ver o corpo bem esculpido de Celso, em pé, na minha frente eu tremi. O tórax de Celso era sexy e seu pênis era incrivelmente grosso e apetitoso. Eu logo me ajoelhei e lhe dei o máximo prazer que pude. Chupei seu pênis com carinho e safadeza. Passei a língua na glande e a ponta dela ficou brincando com o risco que ficava na glande dele. Eu abria a boca e ia deixando aquele pedaço de malícia em forma de pau penetrar minha boca. Eu podia senti-lo no meu palato, cada vez mais perto da garganta. E Celso era safado, malvado. Enfiava pra dentro sem dó, me fazendo engasgar.

Ele então segurou meu cabelo e segurando o pau começou a bater na minha cara. Eu fechei os olhos e apenas apreciei o momento. As batidas eram rápidas e faziam gotículas da minha saliva respingarem no meu rosto. Eu adoro safadeza. Eu adoro putaria. Sou mesmo um degenerado e nesses momentos eu me permitia ser o mais sujo que podia.

Celso brinca com minha boca pra depois brincar com meus ânus.

Ele me faz ficar de quatro e dá uma escarrada nada elegante no meu orifício. E então ele enfia um dedo. Depois outro. E mais outro. O ritmo das estocadas aumentam de frequência e eu sinto uma sensação gostosa dentro de mim. Meu pênis parece estar prestes a explodir de tão excitado que estou.

Olho pra trás e Celso, muito sem vergonha e ensandecido de tesão, mergulha os dedos na própria boca.

Na própria boca.

Que honra saber que Celso me desejava ao ponto de mesmo depois de ter me dedado profundamente ainda conseguia colocar aqueles mesmos dedos na própria boca. Você é mesmo um puta de um safado, Celso. E naquele momento eu amava isso.

Celso me comeu.

Fizemos de quatro por algum tempo. Ele puxou meu cabelo e meu pescoço se inclinou pra trás enquanto eu gemia, de olhos fechados. Depois eu me empolguei e me agarrei nas grades da jaula e ele veio pela frente e segurando minhas pernas me penetrou. Quando eu não conseguia mais me apoiar nas grades eu me apoiei no trapézio bem esculpido dele. Que sensação maravilhosa ser fodido por uma escultura de músculos como aquela. Que privilégio.

Celso então caiu no colchão da jaula e eu subi em cima dele.

Eu simplesmente adorava como os dedos dele se fincavam nas minhas nádegas. Era como se eu naquele momento fosse propriedade dele e eu me deixava ser só dele. Naquele instante. Eu já começava a me viciar em como o pênis dele me invadia, como uma britadeira, quando ele ofegante gozou.

Eu caí por cima dele e ficamos respirando por algum tempo.

Me ergui, sentindo o pau dele sair de mim de pouco a pouco. Até que me ergui nu e fui banhar na jacuzzi.

“Acabou aqui", eu falei antes de bater a porta do carro e subir pro apartamento.

Assim que abro a porta vejo Nelson capotado no chão.

Algumas velas apagadas e um ramo de flores, uma caixa de pizza com um papel escrito: Bem vinda, querida!

Eu observo a figura de Nelson adormecida.

Ele estaria... apaixonado?

Ignoro e vou pro quarto. Quando pego meu celular vejo uma mensagem de um número desconhecido.

Seria...Gilberto?!

Peguei seu número com o Nelson. Achei estranho a cara desse seu primo. Assim que ler essa mensagem me avisa se tá tudo bem. GILBERTO.

Eu solto o celular e de repente eu desabo num choro.

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Comentários

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um cara escroto q trai sempre vai querer manipular a situação.

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as escolhas são feitas para vc saber lidar com elas. a verdade sempre vem a tona.

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