O invasor bárbaro – Final
A chuva me pegou antes de eu alcançar os portões. Apesar de cair todas as tardes, seus horários oscilavam, e aquela já era a quarta ou quinta que me pegava desde que o outono iniciara. Passei pela guarda ensopado. As vestes que tinham me obrigado a usar, finas, em tons claros, colaram-se ao meu corpo e, os olhares dos soldados estavam fixos no meu corpo que transparecia debaixo delas. Voltei a sentir uma raiva incontrolável por aquele conselheiro traiçoeiro que tinha colocado essa ideia na cabeça do rei. No topo de uma escadaria, que vinha subindo saltando dois degraus de uma só vez, quase trombei com o Tedros. Ele me amparou antes de eu colidir com ele. Imediatamente seu olhar se acendeu, ele não encarava meu rosto esbaforido, mas o par de peitinhos cujos mamilos estavam duros e saltados debaixo do tecido transparente da camisa. Fiquei desconcertado e quis retomar minha corrida, mas ele me reteve em seus braços. Minha pele estava arrepiada de frio, mas isso se intensificou à medida que aquele olhar não se desviava.
- Quero conversar com você!
- Agora não! Talvez mais tarde. – devolvi, sem me preocupar com o fato daquele ser o atual soberano daquele castelo.
- Tenho notícias do seu amigo! – foi o suficiente para eu estagnar.
- O que descobriu? Quem fez aquilo com ele? Já prendeu os responsáveis por esse crime?
- Você precisa tirar essas roupas encharcadas, é capaz de pegar uma pneumonia! – não sei se ele estava realmente preocupado com a minha saúde, ou com o fato dos meus mamilos fazerem seus culhões lembra-lo de que precisavam ser aliviados. – Continue seu caminho, eu o acompanho! – eu levei a raposa diretamente para dentro do galinheiro.
Cheguei ao meu quarto uns três passos à frente dele. Ele fechou a porta atrás de si, depois de percorrer o ambiente com um olhar especulativo. O final de tarde me obrigou a acender as velas do castiçal que ficava junto às janelas. A luz trêmula delas fazia a sombra da silhueta dele dançar pelas paredes. Meu corpo estava tão trêmulo quanto ela, tanto pelo frio quanto por aquele homem estar plantado no meio da minha alcova, esperando contemplar minha nudez. Virei-me mais uma vez em direção as janelas a tempo de ver a última luminosidade do dia e a chuva que havia engrossado, só para não encarar aquele homem e o que se passava por sua mente.
- O que tem para me contar? – questionei, tomando repentinamente coragem para ficar frente a frente com ele.
Ao invés de me responder, ele caminhou até mim, com as costas do indicador e do dedo médio, ele traçou o contorno do meu rosto até fechar a mão no meu queixo. Ele estava tão próximo que eu podia sentir o calor que emanava do corpo dele, e isso deixou minhas pernas bambas. A mão desceu pelo meu pescoço e foi direto para o biquinho rijo do meu mamilo esquerdo, onde ficou fazendo círculos, lenta e provocantemente, antes de se fechar puxar o biquinho saliente. Eu estava tão paralisado quanto uma estátua. Mesmo que quisesse nada se moveria, tanto para escapulir daquela bolinação, quanto para tocar naquele tórax avantajado que minhas mãos tanto desejavam. Ambas as mãos dele chegaram à minha cintura e, lentamente, ele começou a erguer minha camisa até tirá-la pela cabeça. As mãos voltaram a apalpar meus mamilos e simultaneamente puxa-los pelos biquinhos. Ele prendeu o olhar no meu, inclinou a cabeça até sua boca tocar um dos mamilos. Senti sua língua lamber o biquinho rodopiando ao redor dele. Meus dedos deslizaram para dentro da vasta cabeleira dele e se fecharam segurando aquela cabeça junto ao meu peito. Ele me mordeu algumas vezes, suave e sedutoramente, mas com força suficiente para eu sentir um pouco de dor. Gemi. Enquanto me mordia e me chupava os peitinhos, revezando entre um e outro, ele arriou minha calça até os pés. Minha pele estava arrepiada como a de um ganso depenado. Ele passava delicadamente a mão bruta e quente sobre as minúsculas projeções, cuja formação se devia tanto ao frio que eu estava sentindo quanto à excitação daquele toque voluptuoso. Meu pau já não era nenhum fenômeno, e havia se encolhido tanto que não passava de um diminuto apêndice. Por alguma razão ele ficou fascinado com isso, enquanto eu só sentia a vergonha aumentar. Para me livrar do constrangimento, ele ergueu meu queixo e começou a aproximar cautelosamente a boca até juntá-la com a minha. O toque quente de seus lábios desencadeou um frenesi por todo meu corpo. Ele pressionou com mais força enquanto insinuava seus lábios nos meus, forçando-os a se abrirem. À medida que eu cedia e dava cada vez mais espaço, a língua dele entrou na minha boca, devassa e exploradora. Ao me puxar para junto de si, minhas mãos finalmente ousaram deslizar até aquele peito cabeludo que se insinuava pela abertura trançada de sua camisa. Notando qual era meu desejo, ele a tirou e expos todo aquele tórax musculoso e deliciosamente cabeludo. Fiquei fascinado com aqueles pelos densos e dourados no formato de redemoinhos, parecendo um trigal maduro banhado pelo sol poente. Mergulhei as pontas dos dedos neles e explorei os músculos rijos que se escondiam debaixo deles. Havia um sorriso do rosto do Tedros, e isso me deixou feliz. Um novo beijo libertino colocou novamente sua língua dentro da minha boca, até eu começar a sentir o sabor daquele macho. Suas mãos se fecharam nas minhas nádegas, amassaram-nas, exploravam-nas depravadamente. Ele me ergueu por elas, eu fechei meus braços ao redor do pescoço grosso dele e as pernas em trono de sua cintura. Os beijos só eram interrompidos para ambos conseguirmos respirar um pouco. Um dedo começou a percorrer meu reguinho até encontrar minha corrugada fenda anal, onde se concentrou tateando sobre as pregas que piscavam temerosa e alucinadamente. Eu gemi, não sei se para informa-lo que tinha encontrado a porta da minha intimidade, ou se por puro êxtase. Ele foi me soltando aos poucos, meu corpo deslizando pelo dele como se desliza ao descer de uma árvore. Ao tocar o chão com os pés, fui fletindo os joelhos até estar genufletido diante dele, face a face com a imensa ereção que se projetava sob suas roupas. Ele a expos e a deslizou pelo meu rosto. Pude sentir seu cheiro másculo. Ergui meu olhar na direção do dele, o pedido ou a ordem para colocar a verga colossal na boca, não consegui descobrir, estava estampada em sua face desejosa. Guiei minhas mãos para dentro da virilha pentelhuda dele, onde os pelos eram ligeiramente mais escuros, mas igualmente densos e grossos, até conseguir pegar na rola pesada, reta e grossa fechando meus lábios ao redor na cabeçorra rosada. Ele soltou um silvo ao expelir todo o ar dos pulmões desinflando o tórax. Meus lábios se umedeceram com um jato do fluido ligeiramente salgado que escapou de sua uretra. Eu o sorvi. Nunca tinha estado com uma rola na boca, e me encantei com a experiência. Poucos centímetros dela conseguiam entrar na minha boca, apesar de eu forçar a abertura. Como uma criança na fase oral, eu testava aquele cacetão da cabeça ao sacão explorando-o com a boca ora lambendo, ora dando delicadas mordidinhas naquele tronco de carne que pulsava como se tivesse vida própria. O sumo que vertia dele era deliciosa e devotamente sorvido junto com a minha saliva. O Tedros me puxou pelos braços e me ergueu novamente segurando-me pela bunda, caminhou comigo até a mesa junto as janelas onde estava o castiçal e me apoiou sobre ela. Encaixou-se entre as minhas pernas, que ele terminou de abrir afastando e puxando-as pela dobra dos joelhos. Senti o cacetão deslizar ao longo do meu rego devassado, seu olhar predador me encarando, a cobiça brilhando em seu olhar, a pressão na portinha do meu cu aumentando, o impulso vigoroso que colocou a cabeçorra dentro de mim trespassando e dilacerando meus esfíncteres anais. Gritei e instintivamente meu cu se travou ao redor do invasor. Nunca havia me sentido tão vulnerável. No entanto, por incrível que pareça, essa vulnerabilidade não me causou medo. Havia na fisionomia daquele macho algo que me garantia que ele não me machucaria, tal como aconteceu no dia em que lutamos e ele não enfiou a espada em mim. O segundo impulso meteu aquela jeba mais para dentro de mim, me obrigando a gemer e controlar a agrura que a dor impunha ao meu cuzinho. Eu podia sentir cada pinote que a verga dava nas minhas entranhas, quente, maciça, dura e potente como o Tedros. A súmula daquele macho me preenchia, esfolava minha mucosa anal, se fazia tão presente e tão desejada que eu travava o cu a cada estocada que ele dava, agasalhando-o com um carinho que jamais havia sentido antes. Ele me bombava devagarinho, deleitando-se com aquele deslizar suave dentro do casulo acolhedor, úmido e quente. Eu já estava sem forças, pendurado em seu pescoço e abria minha boca para retribuir seus beijos pecaminosos. Ele me levou até a cama, foi se inclinando cuidadosamente sobre mim, apesar de deixar todo o peso de seu corpanzil pousar no meu. As estocadas continuavam, sequenciadas, deliciosamente torturantes, alternando entre um vigor bruto e uma tenência suave. Enquanto o Tedros se movimentava sobre mim, eu erguia minha pelve me oferecendo e cravava as pontas dos dedos em suas costas como um felino projetando as garras para subir numa árvore. De repente, senti que estava com as coxas molhadas, eu havia gozado entre os gemidos lascivos que afloravam dos meus lábios. Pouco depois, era o Tedros que começava a se retesar, a grunhir mais alto, a me apertar com mais força, a me estocar sem o mesmo cuidado de até então, a experimentar uma urgência avassaladora. Quando o ouvir urrar, meu cuzinho foi sendo inundado por sua virilidade pegajosa e quente. E, a despeito de toda a dor e da ardência que queimava no meu cuzinho, eu me senti o mais feliz e completo dos seres.
- Hórus! – grunhiu ele, ao dar a última estocada e despejar o último jato de porra no meu cuzinho. O longo beijo que se seguiu, durou até que sua imensa e dura pica começasse a amolecer e deslizar em direção à saída, ficando retida apenas pela saliência da cabeçorra na minha rosquinha ensanguentada e desvirginada. Os beijos que ele colocava na minha boca não só me atordoavam, como me faziam desejar que nunca terminassem. Fechei minhas pernas quando ele saiu de mim.
Ficamos uns minutos em silêncio, ainda arfávamos da excitação e do êxtase. Ele permaneceu estirado sobre a minha cama e eu gostei de tê-lo ali tão próximo, nu e lindo, mesmo sentindo as consequências de sua impetuosidade nas minhas entranhas.
- Quem agrediu seu amigo o fez a mando do primeiro conselheiro do rei. – disse ele, quebrando o silêncio. Subitamente aquilo não foi uma novidade para mim, especialmente depois da minha conversa com o Clódio.
- Tem certeza?
- Absoluta! Meus homens capturaram os agressores e eles confessaram ao serem pressionados, sabendo que o mandante estava com os dias contados. – revelou ele.
- Quero que me perdoe! Devo-lhe desculpas pelas acusações infundadas. – eu estava constrangido novamente diante dele, mesmo depois do coito recém-concluído que havia, de certa forma, modificado nossa relação.
- Talvez confie mais em mim de agora em diante! No entanto, o mais importante para mim não são as suas desculpas, mas uma explicação sincera sobre o que você sente pelo Ormus. – sentenciou.
- Somos apenas amigos, desde criança, fomos criados juntos dentro deste castelo. Isto é, se podemos considerar isso uma amizade, pois vivemos brigando desde que me conheço por gente. – respondi sincero.
- Estou sabendo que você o visita diariamente, passa horas ao lado do leito dele, acariciando-o. Não é demais para uma simples amizade e, como você acaba de afirmar que se resumia a brigas constantes? – ele se apoiou na cabeceira da cama esperando minha explicação.
- Sinto um pouco de culpa pelo que aconteceu a ele. – era preciso ir devagar com as palavras para que não gerassem mais confusão.
- Por ter passado a noite com ele aqui neste quarto? – inquiriu. No entanto, algo me dizia que ele já estava ao par de tudo.
- Como você soube disso? Sim! Mas não aconteceu nada, eu garanto! – apressei-me a esclarecer, pois, de repente, aquilo me pareceu muito importante de ficar claro para ele.
- Meus soldados o viram entrar sorrateiramente no seu quarto. O restante concluí pelo relacionamento que vocês têm, e pelo que aconteceu na pradaria naquela tarde. – afirmou.
- Você precisa acreditar em mim. Não aconteceu nada aqui dentro entre ele e eu. Na verdade, só brigamos, como de costume. – revelei.
- Brigaram a noite toda? – havia um tom cínico em sua voz.
- Não. Ele tentou consumar o que não conseguiu naquela tarde na pradaria. – acautelei-me, mais ainda, pois não queria que ele me julgasse um leviano sem caráter.
- E, conseguiu?
- Não! Claro que não! – exclamei apressadamente, antes de lhe explicar detalhadamente como tinha me oferecido sem resistência, e de como o Ormus se comportou diante disso.
- Alguém mais sabia que ela esteve no seu quarto e deduziu que vocês consumaram o sexo, o que ia de encontro aos interesses do conselheiro. Daí a necessidade de eliminar o Ormus, deixando o caminho livre para mim. Conheço o jogo duplo que o conselheiro vem fazendo comigo e com a antiga corte. E, como se aproveitou do meu interesse por você para arquitetar seus planos.
- Você tem interesse por mim? – perguntei tímido.
- Desde o dia em que meu olhar cruzou com o seu durante aquela luta de espadas. – ele foi tão direto e objetivo que eu quase pulei em seu colo e o cobri de beijos. – Você sabe disso. Não precisava me perguntar, assim como eu sei que é recíproco o que sinto por você.
- Eu nunca disse nada!
- Mas seu corpo falava por você todas as vezes em que nossos caminhos se cruzavam. Da mesma maneira como ele falou agora há pouco, quando éramos um único ser sobre esta cama.
Eu nunca tinha dividido a mesma cama com outra pessoa, no entanto, sentir aquele corpão enroscado no meu me proporcionou um dos melhores sonos que eu já havia tido. A chuva da noite anterior dera lugar a um céu límpido, muito azul e iluminado pelo sol que amanhecera cedo naquela manhã. O Tedros ainda dormia quando acordei. Sua respiração tranquila erguia aquele peito vigoroso em movimentos lentos, sua face tinha uma expressão serena, quase infantil, em nada lembrando aquele guerreiro destemido e violento que conquistava e saqueava territórios espalhando o terror. Perdi-me em mim mesmo admirando aquele macho encantador que estava a poucos centímetros das minhas mãos, onde crescia uma comichão querendo tocar aquela pele sensual. Não me atrevi a mais do que roçar delicadamente, com a ponta dos dedos, o trajeto peludo que ia do peito em direção à virilha passando pelo abdômen definido. O caralhão que tinha me arregaçado horas antes, agora se destacava à meia bomba entre as coxas peludas dele, imponente e enfeitiçadamente sedutor. Senti uma vontade incontrolável de colocar aquela cabeçorra vermelha na boca, salivando como se estivesse diante de um saboroso assado. Meus dedos também queriam deslizar naquela direção, por isso desviei o olhar hipnótico para não cair na tentação. Não sei por quanto tempo ele estava fingindo dormir, muito provavelmente, se deleitando com meu olhar de admiração sobre seu corpo e seus genitais. Ele foi menos determinado do que eu ao relutar em tomar uma iniciativa, pois subitamente senti sua mão se fechando e direcionando a minha para dentro de sua virilha, para o pau enrijecido carente do toque suave dos meus dedos.
- Safado! – sussurrei, quando ele abriu lentamente os olhos e colocou um risinho indecente no rosto sedutor.
- Bom dia! Você já devia ter tomado uma providência, e não deixado o coitado esperando tanto. – ronronou ele, guiando minha mão até o sacão.
- Trapaceiro! Sem-vergonha! Indecente! – murmurei. Mas, mesmo assim, comecei a cariciar seu membro rijo, vencido pela tentação.
- Vá se acostumando, acordo assim todas as manhãs, com ele empinado e carente. – revelou, fazendo charme.
- E eu com isso? Problema seu! – devolvi, como se estivesse ultrajado com sua revelação, mas me deliciando com o fato de poder brincar com aquele equipamento prodigioso.
- É você quem vai cuidar dele de agora em diante! Vou logo avisando, ele costuma ser muito exigente! – exclamou, com o mais lindo e pervertido sorriso. Eu ia dar um tapinha na barriga dele, mas antes disso ele capturou meu braço, me puxou para cima dele e, colou sua boca na minha. Foi o que bastou para minhas pernas começarem a tremer e meu cuzinho a piscar traindo meu desejo. Minutos depois eu estava de quatro com ele engatado no meu rabo, metendo a verga colossal no meu cuzinho pervertido.
Dias depois, o conselheiro do rei foi desmascarado numa armadilha que o Tedros engendrou. Decidiram enforca-lo e, para minha surpresa, o rei deu seu total apoio, mostrando-se tão vil quanto o conselheiro. A família real foi poupada, a meu pedido, embora o Tedros não tenha gostado nem um pouco da minha intercessão junto a ele e aos seus principais líderes para que suas vidas fossem poupadas.
- Não sei porque ainda insiste em ajudar essas pessoas que sempre te trataram como um reles criado. – disse ele, bastante zangado, quando me intrometi em sua reunião.
- Você está falando do meu pai, dos meus avós, não posso me comportar como um ingrato. – argumentei.
- Ingrato? Você? O que foi que eles fizeram por você? O que foi que seu pai fez quando soube da sua existência? Descartou-o como se descarta algo que não tem serventia. Você quase perdeu a vida para proteger essa gente. Não há nada que você deva a eles. – ele foi ríspido comigo ao me dizer isso, como nunca tinha sido até então.
- Eles me deixaram ficar aqui, designaram o Clódio para cuidar de mim, me alimentaram e me deram abrigo.
- Qualquer um dos cães recebeu o mesmo tratamento. Só te mantiveram aqui por que sabiam que algum dia você poderia lhes ser útil. Não titubearam um segundo em te usar quando surgiu a oportunidade, valendo-se da sedução que você exerce sobre mim. – esbravejou.
- Não fique tão zangado comigo! O Clódio me ensinou a ser assim, e acho que ele sempre me ensinou as coisas certas. – ponderei.
- Por que é um homem digno, valoroso, que também não mereceu o destino que lhe impuseram. – afirmou. Foi então que descobri que ele e o Clódio deviam estar trocando confidências há algum tempo.
- Por favor? – ele deu um soco na mesa quando seu olhar se deparou com o meu, pois percebeu que já não conseguiria me negar mais nenhum pedido.
- Vou analisar seu pedido com os meus homens, mas saia já daqui, estamos ocupados com coisas mais importantes nesse momento. – sentenciou, apenas para que seus homens não percebessem o quanto eu podia influenciar suas decisões.
Todos os membros da família real foram banidos do castelo, precisando procurar abrigo junto a parentes distantes da rainha que viviam muito ao sul, próximo à costa do Mediterrâneo, onde foram acolhidos sem nenhuma regalia. Nenhum deles se despediu de mim, nem meu pai, nem a rainha a quem eu havia me afeiçoado pelos ensinamentos que me proporcionou.
O Tedros não me procurou pelo restante do dia, portanto, concluí que permanecia reunido com seus homens. Alguns dias essas reuniões era bastante longas e, não tardava a surgirem novidades a respeito de novas determinações que o povo deveria seguir. Geralmente não era nada que modificasse substancialmente suas vidas, mas trazia sempre mudanças, algumas bem aceitas, outras nem tanto.
Fui até a casa da Tobata para que visitássemos juntos o Ormus. Depois do que ela havia me contado, achei mais sensato que estivesse sempre comigo quando eu estivesse com o Ormus. Seria uma forma de ela ver que não havia motivos para que sentisse ciúmes da minha relação com ele, além de eu ter a chance de deixar bem claro a ele que era a ela que deveria cortejar e não a mim.
Ele havia recuperado a consciência na véspera, o que deixou os pais mais aliviados quanto ao seu futuro restabelecimento. Fiquei feliz ao ver aqueles olhos abertos e vigilantes quando entramos em seu quarto. A Tobata deve ter sentido o mesmo, pois foi ela quem verbalizou seu contentamento.
- Estou tão feliz por você estar se restabelecendo! Estávamos todos muito preocupados com você. – disse ela. Ele procurou pela mesma acolhida no meu rosto, mas eu apenas lhe sorri sutilmente. Ele saberia interpretar meu sorriso e, eu não queria competir com o entusiasmo dela.
- Obrigado! Estou tentando entender o que foi que aconteceu e, até agora não cheguei a nenhuma conclusão. –devolveu ele.
- Não há de faltar oportunidade para você conhecer todos os detalhes, mas por hora trate de ficar bom de novo. Estamos sentindo sua falta! – ele olhou novamente para mim. Eu permaneci calado; talvez assim, ele se desse conta de que eu podia não estar tão entusiasmado, embora não fosse isso que eu estivesse sentindo em meu peito.
- Está aborrecido por eu não ter partido dessa para melhor? – ele mal conseguia articular as palavras, pois sua respiração ainda era dificultada pelos golpes que recebera no tronco, mas estava bem o suficiente para me provocar. Fiquei mais feliz ainda, sinal de que estava bem melhor do que imaginávamos.
- Um pouco! – respondi, tentando ser sarcástico. – Devem ter escolhido um incompetente para o serviço. – emendei. A Tobata me lançou um olhar que me varou como se fosse uma espada.
- Não foi um! Foram vários, caso contrário eu o teria liquidado! – exclamou ele, furioso.
- Tenha santa paciência! Vocês já vão recomeçar novamente? Se eu soubesse que você queria a minha companhia para vir provoca-lo, jamais teria aceito. E você, seu moribundo, não tem nada melhor a fazer do que ficar gastando o pouco de energias que te sobraram? – questionou irada.
- É ele que me tira do sério! – revidou o Ormus. Eu permaneci calado.
- Não é não! Foi você quem começou! Eu só queria entender por que você tem essa obsessão com o Hórus? – inquiriu, encarando-o e esperando por uma resposta.
- Não tenho nenhuma obsessão por ele! Ora, que ideia absurda! – ele disfarçou, não querendo lhe dar o verdadeiro motivo dessa fixação por mim, embora ela há tempos já o soubesse.
- Diga a ela, Ormus! Vamos, diga porque me persegue tanto! – provoquei.
- Se eu estivesse em condições, levantaria daqui e te daria uma surra. É isso que você merece, uma boa surra! – exasperou-se ele, ao ser pressionado a revelar algo que ele não tinha coragem de admitir nem a si mesmo.
- Eu cansei! Não vou ficar entre vocês dois! – exclamou a Tobata, ameaçando querer retirar-se.
- Fique! Sou eu quem está sobrando aqui. – afirmei prontamente, retendo-a. – Trate de cobrar a verdade dele, nem que tenha que arrancá-la à força. Também não perca tempo, e revele a ele tudo que precisa ser revelado ou, esse chove não molha não vai terminar nunca. – completei, deixando-os resolverem suas pendências.
Fui à cozinha, a Mabel estava atarefada, mas percebeu minha agonia. Quando não queria me perguntar diretamente o que me afligia, ela procurava me encher de mimos.
- Testei uma nova receita de pudim, experimente e me diga o que acha. – iniciou, como se seu trabalho a preocupasse mais do que as rugas na minha testa.
- Delicioso! Como tudo que você faz! – respondi. Ela me sorriu lisonjeada.
-Também esta rosca e este molho. Coloquei amoras silvestres no molho, deu uma acidez delicada que faz toda a diferença, não acha? – ela relutava em ir direto aos questionamentos certos.
- Ótimos! - a rosca eu já conhecia, era uma receita que ela fazia raramente, mas não era nenhuma novidade. O molho estava espetacular, mas eu não encontrava adjetivos para descrevê-lo, não com tantas coisas remoendo dentro da cabeça.
- Ótimos? Você já foi muito mais eloquente em classificar minha comida. Diga-me o que está acontecendo.
- Não é nada.
- Nem tente me enganar, conheço você desde que saiu das fraldas!
- É tudo e, ao mesmo tempo não é nada. Não sei explicar.
- É o estrangeiro, acertei? – eu deveria responder – na mosca – mas, não tinha coragem de enveredar por um caminho que certamente me colocaria numa fria.
- Também. É o Ormus, você sabia que ele está melhorando? – tentei desviar o assunto, mas ela não caiu na minha artimanha.
- O bárbaro gosta de você tanto quanto você gosta dele? Não se deixe levar pelos homens, são todos uns pervertidos que, ao conseguirem seu objetivo, não relutam em esfacelar nossos corações. – a Mabel devia ter um caso mal resolvido em seu passado, por isso abominava qualquer homem que tentasse se aproximar dela e, esse conselho ela dava com a mesma desenvoltura com que um parreiral dá uvas.
- Não gosto dele! Apenas não o odeio como certas outras pessoas. – menti.
- Vou fingir que acredito! Assim como vou fingir que não sei que dormiram juntos. – eu a encarei estupefato.
- De onde você tirou isso? Algum mentiroso veio dar com a língua nos dentes?
- A essa altura você já deveria saber que do Clódio e de mim você não consegue esconder nada. Portanto, não procure outros culpados!
- Minha cabeça já está fervendo, não vim aqui para conseguir mais problemas! – exclamei, deixando-a descontar suas frustrações sobre uma pobre coitada de uma aprendiz que tremia só de ouvir sua voz rouca. Ela riu e sacudiu a cabeça atrás de mim.
Fui me recolher cedo, achando que talvez o Tedros viesse me procurar. As horas passaram e ele não apareceu, apesar de já ser tarde da noite. A reunião certamente não teria se estendido tanto. Ele ficou zangado comigo, foi isso, concluí. Também, por que fui interceder em favor daquelas pessoas que nem ao menos tiveram a nobreza de se despedir de mim, um bastardo é certo, mas um bastardo no qual corre parte do sangue deles? O Tedros é outro que podia se esforçar um pouco para entender minhas razões, mas preferiu não descer de seu pedestal.
Saí da cama quando a noite já ia alta, talvez fosse até madrugada, pois não conseguia pegar no sono. Vesti-me de qualquer jeito, provavelmente inadequadamente para sair do meu quarto onde a lareira acesa não me permitia saber se encontraria um ar gélido depois de cruzar a porta. Não me preocupei com isso, por que então estava tão preocupado pelo Tedros não ter vindo se encontrar comigo? Teria procurado outra pessoa para resolver sua carência sexual, só para me afrontar? Seria prudente bater à sua porta a essa hora, onde guardas, ao me verem, certamente ficariam especulando sobre essa visita inusitada? Se o mesmo mau humor daquela manhã ainda o acompanhasse, não me escorraçaria como fez diante de seus homens? Tantas dúvidas e nenhuma resposta que me acalmasse.
Encontrei-o num dos terraços do castelo, o mesmo no qual conversamos pela primeira vez logo após nosso combate. Ele estava sentado numa das ameias, um pé apoiado na reentrância da ameia, outro no piso do terraço. Ele notou minha aproximação, mas não se mexeu. Cheguei bem perto dele, hesitei um pouco antes de passar meus braços ao redor de seu pescoço e beijar sua testa.
- Estive te esperando até agora! – exclamei, tão docemente quanto minha voz permitia sem soar falsa.
- Está precisando de alguma coisa? – questionou rude, embora seu olhar não pudesse brilhar com mais emoção.
- De você! – sussurrei em sua orelha, região onde um leve toque tinha o poder de excitá-lo.
- Talvez devesse oferecer seus serviços para seu amigo! Soube que está restabelecido. – retrucou, carrancudo.
- Só há um homem nesse mundo a quem estou disposto a ceder meu carinho. Lamentavelmente, esse homem não consegue enxergar o que sinto por ele. – devolvi.
- É difícil de acreditar nisso, quando você não deixa de procurar pelo macho que estava disposto a tirar sua virgindade a qualquer custo. – revidou, mas seu tom de voz já não era tão agressivo.
- Procurei-o em companhia da Tobata, numa tentativa de fazer aquele outro cabeça-dura enxergar o quanto ela o ama.
- Querendo bancar o cupido?
- Não! Apenas o amigo desinteressado que deseja a felicidade de ambos. – pela primeira vez ele olhou na minha direção. – Uma vez que não consigo fazer feliz o homem que amo. – acrescentei.
Ele me puxou com tanta força e tão impetuosamente, quase perdendo o equilíbrio, que pensei de fossemos despencar da muralha e nos estatelar dentro do fosso. Seu beijo foi intenso e apaixonado, como eu jamais supus que um homem como aquele pudesse beijar. O contato com o corpo quente dele me excitou, e fez desaparecer o frio que eu estava sentindo com aquela roupa fina. Ao tocá-la ele se deu conta de que eu estava nu debaixo dos parcos panos. Senti quando sua rola deu o primeiro pinote contra minha coxa. Outro beijo se seguiu, mais intenso que o primeiro e acrescido de um tesão crescente.
- Não sei o que faço com você Hórus! Tenho a impressão de que fizeram uma lavagem cerebral em mim, não penso noutra coisa a não ser em você, horas a fio. – murmurou, enquanto apertava minha bunda sem o menor pudor.
- Me leve lá para cima e me possua como fez ontem! – exclamei, deslizando a mão sobre seu falo duro.
- É isso que você quer de mim?
- Isso e você por inteiro. – respondi, colocando um beijo úmido e provocador em seus lábios.
A única claridade dentro do quarto vinha das chamas da lareira. Meu corpo agradeceu por entrar naquele ambiente aquecido. Não perdi tempo acendendo velas, fui direto para o cacete do Tedros. Ele ainda estava tão duro quanto há pouco na muralha. Tirei tudo que o cobria e o expus, enquanto o Tedros apoiava as costas sobre o leito e deixava as pernas bem abertas apoiadas no chão. Meus dedos deslizaram sobre o púbis dele e afundaram nos densos pelos pubianos, outra mão se apoiava sobre sua coxa peluda, fui depositando beijos na virilha dele, começando pela periferia e lentamente me aproximando dos seus genitais. O caralhão estava completamente duro e parecia o tronco de uma árvore cuja copa havia sido podada. Sem me importar com a pentelhada fui lambendo, mordiscado e beijando toda aquela região. Ele grunhia, gemia, soltava o ar entre os dentes, praticamente suplicando para minha boca chegar logo ao seu falo. Torturei-o, avançando tão lentamente quanto possível. Ele chegava a segurar a respiração quanto eu estava a milímetros de abocanhar sua jeba e não o fazia, colocando um beijo que não chegava aonde ele ansiava. Lambi seu períneo que concentrava o odor másculo dele. Lambi o escroto dele, beijando e mordiscando o testículo que estava mais rente aos meus lábios. Ele gemia, afundava os dedos na minha cabeleira e segurava minha cabeça para que eu não me afastasse dos seus genitais. A pica minava pré-gozo, tão espesso e pegajoso que chegava a formar um fio entre os meus lábios e a cabeçorra dela. Aos poucos eu a coloquei na boca e comecei a chupar. Ele se contorcia e arfava feito um touro bravio. Vez ou outra ele erguia a pelve e afundava meu rosto em sua virilha. O cacetão ia parar na minha goela e me deixava sem ar. Eu chupava movendo a boca em semicírculos, atiçando, provocando, apertando os lábios ao redor a glande sensível, deixando-o cada vez com mais tesão e urgência, a ponto de ele nem recuar ao pressentir o gozo se consolidando. Encarei-o com cobiça, cobiça por sua virilidade, cobiça por seu esperma, cobiça por seu amor. Minhas mãos espalmadas sobre as coxas dele sentiram quando ele começou a se retesar, ele estava pronto para ejacular. Não desgrudei mais a boca daquela cabeçorra, prendendo-a com os meus lábios, enquanto minha língua continuava a roçar seu orifício uretral estimulando-o a despejar sua masculinidade na minha boca. Quando o primeiro jato eclodiu, encheu minha boca de porra quente, eu engoli diante do olhar estarrecido e satisfeito do Tedros. Engoli um a um, saboreando aquele néctar espesso sem pressa ou aversão.
- Hórus, meu meninão intempestivo e delicioso! Nunca me saborearam dessa forma, tão intensa, tão dedicada, tão carinhosa. – grunhiu ele, despejando sua felicidade na minha boca sedenta.
Lambendo, limpei todo o pau esporrado dele. Pensei que ele fosse querer descansar depois de ter gozado, pois a madrugada corria avançada. Porém, ele mal me deu tempo de me colocar em pé, lançou-me de bruços sobre a cama, abriu minhas nádegas e começou a lamber o meu cuzinho. Se o quarto não estivesse imerso naquela escuridão toda, ele teria visto que, ao contrário da noite anterior, quando o buraquinho não passava de um ponto rosado no centro das preguinhas, minha fenda estava ligeiramente proeminente e intumescida, vermelha e úmida, sequela de sua impulsividade, parecendo a vulva de uma macaca no cio. Aquela língua impetuosa me lambendo me fazia gemer, sentir um frenesi tomando conta do meu corpo, deseja-lo ardentemente dentro de mim. Cheguei a implorar para ele entrar em mim, ao mesmo tempo em que empinava minha bunda me oferecendo à sua lascívia. Como eu tinha feito há pouco, ele me torturava com aquela espera angustiante, com aquele tesão me devastando. Quando ele pincelou a verga dentro do meu rego, eu já gania por antecipação de tanto furor. O Tedros meteu o caralhão com tanta força no meu cuzinho que eu gritei empalado pelo mastro de carne pulsando desenfreadamente nas minhas entranhas. Foi então que eu senti toda potência daquele macho, detonando meu cu sem dó nem piedade. Eu devia ter previsto que isso ia acontecer por eu tê-lo contrariado e até enfrentado diante de seus homens naquele dia.
- Por favor não me machuque! – gemi aterrorizado com aquela força e com aquela brutalidade.
Parecia não haver segredo naquele castelo que permanecesse calado por mais que algumas poucas horas. As visitas do abade ao castelo não eram benvindas, não apenas pelos conquistadores terem seus próprios deuses e, portanto, não reconhecerem a figura dele como tendo qualquer tipo de influência ou autoridade, como pelo fato do Tedros e seus líderes não terem a mínima confiança naquele homem. No entanto, ao cruzar comigo, ele resolveu me aplicar um sermão. Nunca deu a menor importância para a minha existência, embora soubesse de cada pormenor da minha origem; assim como, não hesitou em participar da farsa montada pelo conselheiro do rei para me usar de isca contra o Tedros. Ele me recriminou pela minha conduta, citou trechos das sagradas escrituras que confirmavam como pecado a união carnal entre dois homens. Alegou que eu vivia em pecado desde que nasci, pois nunca tinha recebido o sacramento do batismo. Afirmou que eu queimaria no fogo do inferno por entregar meu corpo aos desejos pecaminosos de um herege que veio para destruir a minha família. A eloquência com que me recriminava chegou a abalar o jovem noviço que o acompanhava, ao ouvir o linguajar chulo que ele empregava para descrever minhas transas com o Tedros. Eu aprendi a detestar aquele homem com o Clódio, que nunca viu em seus trajes eclesiásticos qualquer vestígio de bondade e dignidade, sempre usando adjetivos como cruel, falso e traiçoeiro para designá-lo, mesmo quando eu ainda não fazia a menor ideia do que essas palavras significavam. Isso se confirmou quando o Tedros e dois de seus homens se aproximaram de onde ele havia me encurralado. Tão logo percebeu a presença dele, o abade mudou o tom de seu discurso, para um palavreado cadenciado, aconselhador, enquanto sorria e elogiava as novas regras que o Tedros estava implantando no reino.
- Homem mesquinho e desprezível! Jamais volte a pôr seus pés dentro destas muralhas e, nunca mais fale assim com quem é meu eleito, com quem vou me desposar, seja isso pecado ou não em sua crendice. – eu mal podia acreditar no que meus ouvidos estavam captando, me desposar, seu eleito, nada soava mais cheio de amor do que isso. – Se algum dia estas vestes lhe serviram de abrigo e proteção, não conte mais com isso. Seus dias sobre essa terra serão mais breves do que supõe! Suma das minhas vistas! – o abade saiu correndo, deixando o noviço sem saber se o acompanhava ou continuava a ouvir as ameaças do Tedros. Enforcaram-no dentro da abadia alguns dias depois. Nunca se soube quem foram os criminosos, mas não demorou a surgir uma versão de que os próprios abades resolveram fazer justiça com as próprias mãos.
O rei Carlos, o simples, da Frância já não conseguia mais deter as contínuas invasões vikings que não se limitavam mais a conquistar exclusivamente a costa litorânea avançando território adentro. Decidiu, portanto, propor o tratado de Saint-Clair-sur-Epte a Rollo, um dos líderes que acompanhava o Tedros. Este, em contrapartida, deveria proteger o rio Sena desestimulando novas invasões vikings e se converter ao cristianismo, estabelecendo uma certa paz entre os invasores escandinavos e a população da região da Nêustria. Rollo e os outros líderes, inclusive Tedros, se reuniram no castelo para avaliar a proposta. A princípio estavam decididos a não aceitar, pois sabiam que eram militarmente superiores ao exército de Carlos, e poderiam estender seu domínio para muito além daquela região. No entanto, segundo o Tedros me dissera numa de nossas conversas na cama após um tórrido coito que me deixou todo esfolado, o objetivo deles nunca foi o de destruir os territórios conquistados, nem o seu povo, mas, tão somente, instalar um contingente de pessoas que vinham enfrentando dificuldades para encontrar terras cultiváveis em seu país. Os demais líderes acabaram por concordar com o tratado, sem, contudo, se converterem ao cristianismo, à exceção de Rollo, que também seria levado ao seu país com os anos. Ruão passou a ser a principal cidade do ducado, uma vez que Carlos o simples também lhe concedeu o título de duque achando que com isso, estaria lhe premiando com um título nobiliárquico, o que tanto ele quanto os demais líderes sabiam não passar de um teatro encenado para assinar o armistício. Pays de Caux e Talou cidades que também já concentravam um número expressivo de escandinavos, fizeram parte do acordo. Pays de Caux era onde se situava o castelo que por gerações havia abrigado minha família, isto é, a parte real, da qual eu só fazia parte devido à intemperança do meu pai.
- Você pode se tornar o senhor deste castelo, só preciso acertar isso com os outros líderes. – afirmou o Tedros.
- Eu nunca tive essa pretensão! Aliás, nunca fiz questão de pertencer àquela família. Houve sim um tempo em que eu sonhava em ser aceito pelo meu pai. Ter alguém que estivesse vinculado a mim não apenas por obrigação ou por pena, como acontecia com o Clódio, a Mabel e tantos outros criados do castelo, era algo com que sonhei muitas vezes. Porém, ele nunca teve um único gesto de comiseração para comigo, nunca me dirigiu um olhar de empatia, nunca me viu como um ser humano onde corria seu próprio sangue. O destino desse castelo não me interessa. Quero apenas que as pessoas de quem eu gosto sejam tratadas com dignidade, possam se instalar livremente onde bem entenderem sem ser molestadas. – sentenciei.
- O que me diz de vivermos aqui, nós dois, então.
- Se você assim o desejar! A mim basta estar ao seu lado. Onde, pouco importa. Nunca tive nada que pudesse chamar de meu, portanto, tudo o que eu conquistar será o suficiente para mim. – argumentei. Ele me criticou por não ter ambições, mas bastou conhecer um pouco mais do meu passado para se arrepender da crítica.
- Quero leva-lo à Escandinávia para que conheça minha família, minhas origens, meu povo. Depois então você decide, se quer voltar para cá ou se prefere viver junto à minha família. – propôs ele.
- Por que eu devo decidir? O que você deseja? – questionei.
- O que me moveu a participar dessas incursões foi o desejo de conhecer novos lugares, outras formas de viver, dispor de terras mais produtivas, menos sujeitas a longos invernos. Nunca foi meu objetivo passar a vida guerreando, mas assentar-me onde pudesse constituir uma família e ter minha própria produção. – revelou, o que me deixou inseguro e um pouco triste.
- Ah, tá! – minha resposta foi tão despojada de entusiasmo que ele não se conteve em me questionar.
- Só tem isso a me dizer?
- O que mais quer que eu diga, você já tem seu futuro planejado, família, filhos, etc, etc. – ele não demorou a captar a origem do meu desapontamento.
- Eu acredito que seja bastante fértil, mas não sei se tanto a ponto de fazer filhos em você. – havia um risinho sarcástico em sua fisionomia.
- Não diga tolices! Você bem sabe que não sou uma mulher e jamais poderei te dar filhos. Não tripudie sobre a minha condição. Sei por mim mesmo que estou em desvantagem diante das inúmeras opções que você tem ao seu dispor. – reclamei.
- Você é minha única opção! Não me importo de não ter herdeiros, conquanto que tenha essa bundinha sempre a minha disposição. – sussurrou junto ao meu ouvido quando veio me tomar em seus braços.
- Não sei se é certo privá-lo de uma felicidade plena par te dar apenas parte dela. – retruquei.
- Minha felicidade está completa desde o dia em que te conheci. Não preciso e não quero outra!
- Você diz isso agora, com o tempo vai sair por aí enchendo o ventre das moças que estão loucas para terem suas vaginas visitadas por esse tarugo gigantesco. – ele riu e me apertou com força.
- Se continuar a falar bobagens vou te botar na linha com o tarugo que você diz ser gigantesco. – afirmou debochando.
- Insensível! Safado! – o beijo fogoso que ele colocou nos meus lábios não me deixou encontrar outros adjetivos para nominá-lo.
Todos os arranjos para a viagem até a Escandinávia estavam prontos. Dependíamos apenas de uma melhora nas condições climáticas para que as darkas zarpassem. Nenhum dos argumentos do Tedros foi capaz de me acalmar. A apreensão diante da minha primeira viagem a bordo de uma embarcação só fazia crescer à medida que os dias avançavam. O mar sempre me pareceu misterioso e imenso demais. Apesar de gostar de caminhar pelas praias, de sentir o vento com gosto de sal atingir meu rosto, de sonhar com um imaginário fértil além do horizonte distante, suas águas escuras e a força das ondas que quebravam contra os paredões da costa sempre exerceram mais temor do que aventura em mim. O Clódio me garantiu que meus temores eram infundados e não passavam de fruto da minha imaginação, assim como asseverou que zingrar por sobre as ondas constituía um prazer único. Foi uma das poucas vezes em que não acreditei em suas palavras. A data da partida se aproximava e eu queria me despedir do Ormus, fazia tempo que não o via, embora a Tobata me fornecesse boletins constantes sobre sua franca recuperação.
- Não vejo por que você quer se despedir dele, afinal, serão apenas alguns meses de ausência e não uma partida definitiva. – argumentou o Tedros, quando participei minha intenção de visita-lo.
- De qualquer forma é uma despedida. Nunca fiquei tanto tempo longe dos meus amigos. É apenas uma gentileza saber de sua recuperação antes de me ausentar. – ponderei. Nem eu sabia bem porque precisava daquela despedida, talvez estivesse precisando ouvir algumas palavras de estímulo ou, quem sabe, uma de suas provocações duvidando da minha coragem para enfrentar aquela aventura.
- Eu vou com você! – exclamou o Tedros, quando seus argumentos não conseguiram me demover do meu intento.
- Óbvio que não! O Ormus vai entender isso como uma afronta, e não é isso que eu pretendo. – revidei.
- Então você não vai! Já conversamos sobre isso e pensei que tinha ficado claro que não quero você na companhia daquele sujeito, que não pensa noutra coisa que não te enrabar. – retrucou ele.
- Tenha santa paciência! Ele mal consegue se mover, segundo a Tobata, precisa de muletas para dar uns míseros passos dentro de casa, devido as fraturas que sofreu. O que ele poderia fazer de mal comigo? – questionei.
- Ele pode estar todo estropiado, mas aquilo que você mais deveria temer continua tão ileso quanto sempre foi. – respondeu.
- Será que não passa outra coisa nessa sua cabeça que não seja sacanagem? Além do que, você não confia em mim? Eu sempre dei um jeito de me livrar das safadezas do Ormus.
- Em você eu confio, em parte! Eu não confio é naquele sujeito. Não duvido que sem ter condições de te subjugar como das outras vezes, ele não invente algum estratagema para conseguir o que quer por outros meios. E você, com essa sua mania de ficar todo cheio de sentimentos altruístas diante de qualquer vítima, distribuindo carinho a torto e a direito, é um alvo fácil para as armadilhas dele. – afirmou.
- Do jeito que você fala eu pareço um tolo completo que não sabe se defender de nada. Pois saiba que eu devia ter agido exatamente ao contrário do que você diz com você, assim não estaria ouvindo todas essas asneiras. Minha decisão está tomada, amanhã mesmo vou ter com ele. – ele rosnou algo inaudível em seu idioma, mas eu sabia que boa coisa não havia de ser.
Fiquei um pouco tenso ante a figura esquálida do Ormus. Nunca o tinha visto tão abatido, sem o vigor de seus músculos, movendo-se quase como um aleijado. Ele ficou feliz ao me ver, embora agisse do contrário.
- O que veio fazer aqui? Conferir se já morri?
- Não seja estúpido! A sua ruindade não te deixaria morrer por causa de uma simples surra.
- Simples surra porque não foi você quem a levou! Quase me mataram.
- Deixe de ser exagerado! Vim para te contar que vou viajar por uns meses e quis ver como você estava se recuperando. – afirmei, tentando pôr fim àquelas agressões.
- Já está tão íntimo daquele bárbaro que até viajar com ele você aceitou? O que vai fazer por lá, trazer mais alguns invasores para ocuparem nossas terras? O que mais você está entregando de mão beijada para aquele vândalo? Nem precisa responder, eu posso imaginar até que profundezas ele já conhece de você.
- Você é mesmo um babaca! Não sei porque perco meu tempo com você!
- Eu não pedi para você vir aqui. Se sua intenção era esfregar na minha cara a intimidade que rola entre vocês, pode ir embora. Ficou se fazendo de difícil comigo, regulando o cuzinho, mas não hesitou um segundo para oferecer esse rabão para aquele miserável.
- O que eu faço da minha vida não é da sua conta! Não pense que só porque você ficava exibindo seu pinto para mim que eu me interessei por ele. Se você não fosse tão burro e desatento, teria notado o quanto a Tobata gosta de você. Apesar do mau caráter, cafajeste que você foi com ela ao desvirgina-la e nunca mais lhe dar atenção.
- Do que você está falando? Agora é você quem está se metendo na minha vida, onde não tem nada para opinar.
- Não estou opinando! Estou te alertando para o mal que você causa nos outros, sem se importar com as consequências. Ela te ama, seu cretino! Será que você é tão cego assim?
- Você não sabe do que está falando! Se veio aqui para me irritar, conseguiu!
- Adeus, seu asno! Ao menos pense, se for capaz, no que te falei. E, o mais importante, peça desculpas a ela pelo que lhe fez. Não fique se achando o maioral, ou que todos estão interessados nesse pinto que não consegue manter dentro das calças, causando sofrimento a quem não merece. – deixei-o com a cara mais indignada que já havia visto em alguém, e também me remoendo de raiva por não ter ouvido o Tedros.
O Tedros não me perguntou nada sobre o meu encontro com o Ormus, pela minha cara ele acabou deduzindo que a visita não tinha sido nada pacífica. O risinho de felicidade que ele esboçou quando retornei, custou-lhe uma noite sem ter onde agasalhar o caralhão, de tão puto que fiquei com ele.
O dia da partida havia chegado. O ancoradouro estava apinhado de gente querendo ver os barcos coloridos partirem. O Clódio me incentivava até o último minuto, a Tobata disfarçava as lágrimas e me abraçava como se fosse a última vez que nos víamos. Eu era um poço de dúvidas e receios frente aquele desconhecido que estava para enfrentar. A flotilha era composta por cinco knerrir e cinco langskips, a bordo de um dos quais o Tedros e eu viajávamos. Ao inflar a vela quadrada tão logo os remadores tinham levado o barco para a direção do alto mar, um sentimento de poder tomou conta de mim, era como se eu fosse capaz de conhecer cada canto do mundo apenas deixando que o vento norteasse aquela vela colorida. Embora minha relação com o Tedros não fosse mais segredo para ninguém de sua expedição, eu me esquivei discretamente de seu braço que tentou me puxar para junto dele, como se quisesse me garantir que estaria seguro em seus braços. Eu ainda me sentia acanhado quando um de seus homens me olhava sabendo que ele tinha me transformado em sua fêmea, embora isso parecesse não ter nenhuma importância para eles.
Antes da primeira noite nos brindar com um céu estrelado e uma lua cheia tão intensamente brilhante, eu já havia me convencido de que meus receios quanto aquela viagem eram mesmo apenas suposições da minha imaginação. Nem mesmo a trovoada repleta de raios, que mais pareciam as raízes de uma árvore, desenhadas no horizonte escuro da terceira noite a bordo, sacolejando sobre as ondas imensas que cresciam feito paredões de água ao nosso redor foram capazes de me deixar em pânico. De alguma forma, os marinheiros passaram a me enxergar sob outro prisma depois daquela tempestade. Foi como se eu me tornasse um deles depois daquela experiência. O Tedros estava visivelmente orgulhoso de mim. Não fosse a total falta de privacidade a bordo, ele teria me fodido sem parar com aquele tesão que meu comportamento instigava nele.
- Não vejo a hora de ficarmos a sós novamente. Estou louco para meter nesse rabão! – sussurrou ele, tão próximo de mim que o calor de seu corpo amenizava um pouco daquele vento gelado que nos assolou na véspera de nossa chegada ao destino final.
Chegamos a Trondheim, um aglomerado de construções de madeira perfilado às margens de um fiorde, num início de tarde sob um denso nevoeiro. A pequena aldeia colorida surgiu como uma paisagem idílica à medida que nos aproximávamos da costa. A chegada das embarcações não despertou quase nenhuma curiosidade, como se as pessoas estivessem acostumadas a ver os navios partirem e chegarem ao porto cotidianamente. Meu coração parecia querer saltar pela boca. Como seria a família do Tedros? O que achariam de mim? Principalmente, o que diriam quando ficassem sabendo que eu me deitava com ele e mantinha relações sexuais? Será que me decapitariam por atos de perversão, como bem desejava a igreja e os monges de onde eu vinha? Afinal, eram bárbaros, sua fama de onde eu vinha não podia ser mais cruel e sanguinária. Segundo todas as lendas, não precisavam de muitos fatos para cometerem assassinatos, degolações eram sua especialidade. Levei minha mão ao pescoço tentando tirar aquela sensação incômoda que repentinamente sentia sobre a pele. Subitamente, meu único refúgio estava no olhar sereno do Tedros. Aproximei-me dele e deixei que me abraçasse. Sussurrei no ouvido dele que o amava. Ele sorriu e me apertou em seus braços.
Os dias que se seguiram foram para mim cheios de novas descobertas. Aquele povo era definitivamente muito diferente do que eu vira até então. Uma das primeiras impressões que tive logo derrubou aquele mito, que as lendas sobre eles, nos fazia crer. Eram um povo gentil, os pais eram muito amorosos e compreensivos com os filhos, a vida comunitária parecia não conhecer desavenças, todos se esforçavam para o bem comum. A família do Tedros era um caso à parte, pois desde o primeiro momento, me receberam como se eu fizesse parte do clã. Nem mesmo quando souberam das intenções dele de se unir a mim mudou a afeição com que me receberam. Para mim, isso era mais constrangedor do que eu esperava, pois ouvir as conversas nas quais tratavam desse assunto com a maior naturalidade e franqueza possível, era como ter minha intimidade devassada. Ele tinha quatro irmãos, apenas o caçula era solteiro e, quando se juntavam ao pai falavam abertamente sobre o sexo que o Tedros tão prodigiosamente propalava fazer comigo.
O casamento entre eles era um acontecimento que envolvia uma série de negociações, acordos e rituais. Embora nossa situação não fosse a usual, outras uniões entre homens não faziam da nossa uma situação inusitada. No geral, muitas das regras que se aplicavam aos demais casamentos, também tinham seu lugar nesses casos. Basicamente, um casamento era a união de duas famílias e, ao contrário da maioria dos casamentos que se faziam de onde eu vim, eles se casavam por amor e não por interesses, embora houvessem acordos entre as famílias para mútua cooperação. Já a partir daí nossa união se diferenciava das demais, por eu não ter uma família. O que seria acordado entre elas como, por exemplo, o dote do noivo a ser negociado com conselheiros mais influentes e as famílias não aconteceria, sendo que o tesouro real, conquistado pelo Tedros ao invadir nosso reino, considerado o dote a que teria direito. Apesar de algumas situações dos demais casamentos não se aplicarem ao nosso caso, os trâmites até a definição de uma data levaram meses para ser concluídos, o que podia levar até anos numa união usual.
- Aos poucos você vai ser inteirado de todos os proclamas. Não sei se já te informaram como se dá a interação com a família do noivo. Cada um dos irmãos têm o direito e o dever de manter relações sexuais com a, ou o pretendente, para ver se este está apto a se devotar plenamente ao futuro marido. – disse-me o irmão caçula do Tedros, deixando-me apavorado com a ideia de servir aqueles quatro machos enormes que pareciam ter um apetite sexual desmedido, pela maneira como se assanhavam diante das mulheres e da minha bunda exuberante.
- Não, não me disseram nada. – gaguejei inseguro, diante daquele cara que exibia a cobiça saltando pelo olhar ganancioso. Ele limitou-se a um risinho contido, como quem diz, vou te mostrar como se testa um rabão como o seu.
- Você não tem o que temer. Todos ficamos encantados com os teus predicados. Certamente será apenas uma formalidade, pois seu potencial já é bem evidente. Talvez o mais difícil será lidar com o simulacro do Mjolnir, mas se nossas mulheres dão conta de passar pela experiência, certamente você também dará. Sabe o que é o Mjolnir? Meu irmão já te falou dele? – ele continuou, mantendo aquele risinho que repentinamente me deixou em pânico, e apenas me fez acenar negativamente com a cabeça para responder as suas últimas perguntas.
- Não dê ouvidos às bobagens que meu irmão fala, ele está se divertindo as suas custas! Não existe nada disso de os irmãos testarem o, ou a pretendente, antes do casamento. Eu já te testei o suficiente para saber que é você que eu quero, seu tolinho assustado. – garantiu-me o Tedros, debochando de mim quando fui lhe expor meus receios.
- E o tal Mjolnir, o que é?
- Nada com que deva se preocupar! – não era bem essa a resposta que eu desejava ouvir, mesmo porque, pela tentativa de me despistar boa coisa não haveria de ser.
Caí numa porção de outros ardis que me prepararam. Mas, aos poucos, fui percebendo que estavam apenas testando meu humor, minha capacidade adaptativa ou, simplesmente se divertindo com minha ingenuidade.
Os meses corriam, a despeito da minha ansiedade para me ver ligado àquele homem. Nosso amor sempre me bastara para me sentir vinculado a ele, mas a perspectiva de consolidar nossa união através de um ritual subitamente ganhara uma importância vital. Nada daquilo que o irmão caçula do Tedros havia dito para me infernizar realmente aconteceu, embora eu não conseguisse baixar a guarda cada vez que me via sozinho na presença de seus irmãos. O mais próximo que cheguei de suas afirmações e, que realmente me apavorou, foi estar preso com todos eles nus numa sauna.
De início, aquele hábito me pareceu um tanto quanto promíscuo. Enquanto nós nos resguardávamos debaixo de camadas de vestimentas para esconder o corpo, que a igreja dizia ser a origem de todos os pecados, aquele povo não tinha pudor algum em ficar completamente nu na presença de estranhos. Aos poucos, e iniciado pelo Tedros, passar um tempo numa sauna relaxando se tornou um dos meus momentos de descontração favoritos. O perfume exalado pelos ramos de abeto que queimavam aquecendo as pedras sobre as quais se jogava água, de tempos em tempos, e que se transformava no vapor que enchia a câmara com sua umidade que fazia o corpo transpirar era uma fonte de prazer e relaxamento. Eu gostava de passar algumas horas ali com ele, admirando seu corpo musculoso e viril, enquanto ele se assanhava diante da nudez do meu e ia experimentando ereções as quais eu dedicava o carinho de que ele precisava, fosse tomando-as nas mãos e afagando-as com as pontas dos dedos, fosse me ajoelhando entre suas pernas abertas e chupando a enorme glande da pirocona. Qualquer uma delas o tornava o mais carinhoso e feliz dos machos. Era praticamente inevitável acabarmos transando dentro da sauna, expurgando não só nossas energias como todo o tesão que avassalava nossos corpos sedentos. Ele só não me pegava se fossemos interrompidos pela entrada de alguém que vinha se juntar a nós.
A fim de convidar para nosso casamento algumas famílias que viviam numa cidade distante um dia de viagem, o Tedros e o pai seguiram para lá numa manhã de nevoeiro baixo prometendo um dos raros dias ensolarados que aquelas paragens viviam. A ausência dele sempre me deixava mais ocioso do que eu gostaria. Pouco antes da hora do jantar, resolvi seguir o conselho da mãe do Tedros e relaxar na sauna. Eu já estava lá há pouco mais de um quarto de hora. Não sei se pelo efeito do calor úmido que envolvia minha pele, ou se eu estava realmente mais cansado do que parecia, acabei cochilando recostado na parede de madeira. Quando despertei, ligeiramente assustado por um sonho agitado, me vi cercado pelos quatro irmãos dele. Eu já havia visto um ou outro nu quando estava na companhia do Tedros, mas aqueles quatro machos e suas vergas gigantescas completamente livres e desavergonhadamente expostas foi algo que me intimidou. A ausência dele também desinibiu aqueles olhares despudorados que não saiam dos contornos do meu corpo. Fiquei paralisado. Não sabia se deveria sair dali correndo como uma gazela assustada pelos lobos ou se deveria me controlar e agir com a mesma naturalidade que eles. A muito custo optei pela segunda opção, afinal eu não podia parecer um bicho do mato. Eles não facilitaram em nada aquela situação constrangedora para mim, enveredando numa conversa repleta de dubiedades e sacanagens. Um sorriso amarelo e desconfortável parecia não querer sair da minha fisionomia. O pior foi quando comecei a sentir o tesão por aquelas rolas acender um calor que superava o do vapor da sauna. Ficou difícil tentar disfarçá-lo quando os biquinhos dos meus mamilos teimavam em fazer exatamente o contrário, enrijecendo e despontando insinuantes como o broto de uma planta na primavera. Nenhum deles ficou indiferente àquela visão tentadora, e eu notei quando as vergas deles começaram a ganhar consistência e vida própria crescendo ainda mais como se aquele tamanho descomunal não fosse o suficiente para evidenciar sua masculinidade. Eles se divertiram ante meu olhar de pavor, como se soubessem, tanto quanto eu, o estrago que suas vergas eram capazes de fazer no meu cuzinho apertado. Recebi o chamamento para o jantar como quem recebe a alforria aos pés do cadafalso. No entanto, não escapei de seus abraços ursinos e de suas mãos libidinosamente atrevidas deslizando sobre a minha pele arrepiada, apesar do calor da cabine da sauna.
Faltando pouco mais de um mês para o casamento, tive a surpresa de ver o Clódio desembarcando de um dos navios que vinham da Frância. Eu mal cabia em mim de contentamento. Não estranhei a aparente frieza com que ele me cumprimentou no cais do porto, onde eu havia me postado, desde o alvorecer, depois do Tedros me alertar sobre a chegada dele. Pude ver em seu olhar a felicidade que nosso reencontro causou nele. Eu conhecia muito bem aquele jeitão sisudo de quem aparentemente não se importava nem um pouco comigo, mas que se remoía por dentro toda vez que se esboçava a mais tênue tristeza no meu rosto.
- Senti muitas saudades suas! – exclamei. Ele apenas acenou com a cabeça. – Eu não sabia que você viria. É bom rever um rosto conhecido depois de todos esses meses. – emendei.
- Precisava ver com meus próprios olhos a nova enrascada em que se meteu. – retrucou ele.
- Pelo seu discurso quando lhe expus minhas dúvidas quanto ao meu interesse pelo Tedros, achei que você aprovava esse envolvimento. Até me instigou a fazê-lo! – afirmei.
- O que não significa que deveria levar isso a ferro e fogo! Isso não podia ficar resumido a uma amizade? Precisava logo se engajar num compromisso desses? – questionou.
- Nunca sei se você está do meu lado ou não, seus discursos quase sempre me deixam com mais dúvidas do que soluções. – argumentei.
- Provavelmente porque não sabe interpretá-los. Ou, o faz por vias tortas! – devolveu ele. Nos dias que se seguiram fui descobrindo que ele estava apenas reagindo ao fato de ter perdido a total assunção sobre mim, que o Tedros estava ocupando esse lugar cada vez mais amplamente.
O grande dia finalmente chegou. O vilarejo estava cheio de convidados que pareciam ter brotado dos rincões gelados. Até o sol tímido do curto verão resolvera saudar a data iluminando o céu com nuances que iam do laranja ao amarelo pálido. Na véspera o Tedros e eu fomos separados, ele dormiu na casa dos pais, eu na de seu irmão mais velho. Os rituais pré-cerimônia que seriam conduzidos pela minha família, se eu tivesse uma, foram assumidos pelo irmão e a cunhada dele juntamente com outros parentes. Passei por um ritual de banhos com galhos de bétula queimando sobre as pedras da sauna para induzir a perspiração e, dessa forma, lavar minha condição de mancebo. A eles se seguia a imersão em água gelada para fechar os poros e encerrar a purificação. Meus cabelos não puderam ser cortados nos meses que antecederam o casamento, deviam estar propositalmente longos, pois era neles que se focava a beleza da noiva e, por consequência, a minha nessa condição. Minhas vestimentas se resumiam a uma sequência de túnicas, muito transparentes, que iam sendo colocadas sobre meu corpo numa ordem determinada. Enquanto isso, o Tedros era guiado pelo pai, irmãos casados e outros parentes casados numa cerimônia de recuperação de espada. O ato consistia dele entrar numa tumba de ancestrais falecidos e retirar uma espada que havia sido enterrada junto com o morto. Através desse ato, ele entrava na morte como um garoto e emergia para a vida como um homem, renascido, mas o mesmo na essência. O Tedros também passou por um ritual de banhos antes de se cobrir com a vestimenta do casamento e se munir da sua nova espada recém conquistada do ancestral, além de portar um Mjolnir.
As ruas do vilarejo tinham um agito incomum. Em todas elas queimavam fogueiras e tochas que iluminavam a noite que ia descendo rapidamente. As fogueiras eram uma homenagem das pessoas e, um reconhecimento do status da família do Tedros. De alguma forma, mesmo não sendo convidados, todos queriam participar das festividades, nem que fosse se reunindo em frente as suas casas, bebericando com os vizinhos e exaltando os feitos do Tedros na conquista do novo território. Afinal, não era todo dia que um jarl tão eminente se casava. Os karls se orgulhavam das conquistas e, logo após a minha chegada ao vilarejo, o que corria na boca do povo era que o Tedros havia me subjugado, se apossado do meu reino e me obrigado a me unir a ele para que eu, ao ser fodido por um apadrinhado do deus Thor, sentisse na carne o poder de um viking, como cabia a um bom escravo sexual.
Havia chegado a hora. Não sei porque estava tremendo da cabeça aos pés, depois de terem dado por terminada a tarefa de me vestir. Minhas mãos estavam úmidas. Em alguns momentos tive a impressão que irromperia no choro. Fiz um esforço hercúleo para me controlar diante daquelas emoções que subitamente tomaram conta de mim.
- Temos uma última coisa a fazer antes de te levarmos para a cerimônia. – disse o irmão do Tedros. As mulheres se retiraram do aposento tão discreta e apressadamente que desconfiei tratar-se de algo pouco ortodoxo.
- Pensei que estivesse pronto! – balbuciei, não tirando os olhos de um objeto que ele retirara de uma caixa de madeira com entalhes rebuscados.
- Estará depois de completarmos isso. – disse, com a voz enigmática e tão fria que senti um arrepio.
- Do que se trata? – a pergunta saiu antes de eu elaborá-la.
- Deite-se ali e deixe que eu o conduza e o instrua sobre o que deve fazer. – imediatamente me lembrei do irmão caçula do Tedros me contando sobre os irmãos me comerem antes do casamento.
- Não quero fazer isso! Por favor, eu amo seu irmão, ele é o único homem que quero ter. – minha voz era praticamente inaudível.
- E assim será! Mas antes precisa passar por isso. – retrucou ele, tirando da caixa uma espécie de miniatura de Mjolnir, encrustada com pedras.
- O que você vai fazer? - gaguejei
- Você já vai ver!
Com a ajuda de outros dois homens, ele me reclinou sobre uma mesa. Minhas pernas foram abertas cada um deles afastando e segurando-a sobre seus ombros. As túnicas foram erguidas até minha bunda ficar exposta. O irmão do Tedros se aproximou, abriu meu rego até que minha rosquinha rosada ficasse exposta e enfiou um de seus dedos grossos e imensos no meu cuzinho. Eu gani e me agitei, o que obrigou os homens que seguravam minhas pernas a exercer força em suas mãos para que ficassem abertas. O irmão dele me encarava sem esboçar nenhum tipo de sentimento, enquanto seu dedo explorava meu cuzinho. Um segundo dedo me penetrou, eu soltei um gemido, os homens se entreolharam, todos já estavam de pau duro. Com movimentos circulares ao redor dos meus esfíncteres, que se contraíam em espasmos voluntariosos tentando ocluir a fenda invadida, ele procurava me lacear. Ele precisou persistir por um bom tempo, antes de sentir que havia uma possibilidade de ele continuar. O Mjolnir reluzia em sua mão desocupada e, aos poucos, ele foi tirando os dedos e enfiando o simulacro no meu cu. Eu voltei a ganir e a me agitar quando senti, o que na verdade era um dildo, entrando no meu rabinho.
- Ai! Está me machucando! – gemi, enquanto nos olhares fixos daqueles machos transparecia o tesão que tomara conta deles.
- Procure relaxar! Está quase finalizado. – disse o irmão do Tedros, ele mesmo mal podendo controlar o tesão que estava sentindo ao manipular meu cuzinho.
- O Tedros não vai gostar de saber que estão fazendo isso comigo! – exclamei.
- Engano seu! Isso faz parte do ritual de um casamento. Todos sabem disso! – garantiu. – Toda noiva é inoculada com um simulacro de Mjolnir antes da cerimônia. Deve carrega-lo entre a vagina e o útero durante toda a festa para ser estimulada a se entregar ao marido na primeira noite. É ele quem retira o Mjolnir e a penetra com sua verga. No seu caso estamos fazendo uma adaptação, uma vez que não tem uma vagina para carregar este objeto cuja simbologia é muito importante entre nosso povo. Você o manterá dentro de você até o Tedros o retirar essa noite, consumando a união de vocês. – explicou.
- Não sei se conseguirei caminhar com isso dentro de mim. É grande demais! – balbuciei, excitando-os a tal ponto que precisaram manipular suas ereções descomunais.
Já durante a cerimônia em frente a uma espécie de altar onde havia alguns anciãos e homens influentes, e diante do Tedros, eu sentia o tesão crescendo nas minhas entranhas, não pensando em nada mais do que tê-lo me preenchendo com sua rola sedenta e calibrosa. Ele me lançava aqueles seus sorrisos cheios de malícia e safadeza, enquanto fingia dar atenção e receber os cumprimentos dos convidados. Eu podia jurar que ele também não via a hora de me ter em seus braços e meter no meu cuzinho até eu pedir arrego.
- Excitado? – sussurrou em meu ouvido, quando tivemos uns breves instantes de sossego.
- Você deveria ter me contado sobre o Mjolnir. Para seu governo, seu irmão fingiu ser bastante inábil ao introduzi-lo em mim, demorando-se o quanto pode para fazê-lo. Eu já estava me dando por satisfeito com o desempenho dele no que pensei ser minha lua-de-mel. – provoquei.
- Teria perdido a graça e você não ficaria tão louco como está para brincar com a minha pica. – retorquiu.
- E quem te disse que estou tão a fim de você? Presunçoso!
- Seu corpo não mente! Tuas entranhas estão queimando de tesão, só esperando seu macho acasalar com você. – devolveu, mantendo o risinho cínico e tão deliciosamente provocante.
Deixamos a festa quando a madrugada ia alta. Os convidados, entorpecidos pelo álcool e saciados com o banquete, tinham há tempos deixado de nos ver como o centro das atenções. O Tedros me sentou na garupa de um cavalo para me levar até um pequeno chalé isolado nos arredores do vilarejo. Velas aqueciam a atmosfera dentro do chalé, todo preparado para um casal em sua primeira noite oficial juntos. Troncos de abeto e bétula estalavam no fogo na grande lareira de pedras no centro do chalé, trazendo aconchego e segurança em relação ao vento gelado que soprava inclemente do Ártico. O galope até o chalé tinha espoliado minhas últimas forças, fazendo com que o dildo atolado no meu cuzinho judiasse da minha mucosa anal. Beijei-o tão logo ele me colocou no chão, pulando em seu pescoço e envolvendo-o com meus braços, enquanto minhas pernas se enroscavam em sua cintura. Ele sentiu minha urgência e sorriu. Vai rindo seu safado, vamos ver por quanto tempo aguenta eu me oferecendo a você como uma cadela no cio, pensei comigo, ao me esfregar contra seu sexo. Assim que suas mãos deslizaram por baixo da túnica em direção as minhas nádegas eu o encarei esperando ele tocar na minha rosquinha. Gemi e me contorci sensualmente quando ele o fez. Foi o suficiente para a respiração dele se acelerar e a imensa ereção se projetar sob o tecido de sua vestimenta. Mais rápido do que você pensou, não foi, tarado, falei comigo mesmo.
- Quero você todinho dentro de mim. – gemi junto ao ouvido dele enquanto lambia e mordiscava sua orelha. Foi o golpe final para fazê-lo agir.
Uma das mãos segurou minha cabeça e ele colou sua boca na minha, tão ávido e desesperado que machucou meu lábio ao mordê-lo. A outra mão, sobre a qual eu estava sentado, abriu meu reguinho e ele enfiou logo dois dedos no meu cu à procura do Mjolnir enterrado no meu rabo. Gritei quando ele o tirou bruscamente de dentro de mim.
- Estou me sentindo tão vazio! – exclamei, para ensandecê-lo de vez.
- Vazio, é safado! Vou encher esse cuzinho com a minha rola, vamos ver se ainda vai sentir um vazio aí dentro. – sussurrou, cheio de gana e tesão.
Ele me prensou contra a parede e empurrou a jeba dura para dentro do meu cuzinho. O dildo havia deixado minha mucosa anal tão sensível que cada milímetro dela parecia receber milhares de estímulos táteis, isso fez com que a rola dele nunca tivesse me parecido tão grande do que naquele momento. As contrações que ela própria desencadeava apertando com força aquela carne intrusa deixaram o Tedros tão excitado que apenas a parte instintiva e animal dele guiava seus atos. Ele me fodia tanto e tão profundamente que foi como se estivéssemos nos fundindo um no outro. Eu cravava meus dedos em suas costas e gemia declarando meu amor, enquanto ele quase se acabava tentando enfiar ainda mais aquela rola que já não tinha mais nada de fora, exceto o sacão que, por um desejo insano dele, também queria um lugar dentro daquele casulo diminuto e acolhedor.
- Bendito o dia em que não enfiei aquela espada em seu peito! Te amo tanto que não suportaria viver mais um dia sem você e esse rabo que me proporciona os maiores prazeres que um macho pode vivenciar. – ronronou ele.
Esporrei-me todo enquanto ele ainda me estocava as entranhas, balbuciando seguidamente eu te amo, eu te amo, eu te amo. Em segundos senti sua pelve se retesando, uma contração abalando aquele vaivém, a eclosão do urro assomando sua garganta e a porra sendo despejada no meu cuzinho. Talvez até então nenhum dos coitos anteriores tenha sido tão expressivo e significativo para ambos. Tanto que ficamos nos encarando sem dizer uma palavra, apenas sentindo como nossos corpos unidos usufruíam daquele amor. Éramos as mais felizes das criaturas, essa era nossa única certeza.
Haviam se passado vinte e nove meses desde que partimos para a Escandinávia. Ao regressarmos à Francia, algumas expedições anteriores já haviam trazido um contingente de famílias que agora viviam entrosadas com os habitantes locais. Ficamos um tempo hospedados com um dos antigos companheiros de conquista do Tedros que vivia com sua família em terras próximas às que o Tedros havia destinado à nossa futura moradia. Erguemos uma casa confortável, celeiros e estábulos que serviriam para nossa subsistência. O castelo estava ocupado por um conselho que cuidava dos interesses de toda aquela comuna e, já não fazia mais parte da minha história. O Clódio era novamente o chefe da guarda, cargo que o Tedros fez questão de lhe devolver. Afora a ausência de um soberano, atrás daquelas muralhas a vida continuava quase tão intacta quanto sempre. Era bom saber que ainda podia entrar naquela cozinha e furtar alguma guloseima que a Mabel preparava, ou ir ter uma conversa com o Clódio, mesmo quando ele parecia me recusar seus conselhos, embora eu quase sempre soubesse como agir depois de partir de lá.
- Você sabia que o Ormus e a Tobata se casaram? – perguntei ao Tedros, logo após a Mabel ter me revelado a novidade, embora eu já desconfiasse da resposta.
- Acho que ouvi alguém fazer um comentário. Respondeu evasivo.
- E por que não me contou?
- Não gosto dessa sua fixação pelo Ormus! – respondeu prontamente
- Fixação? Que fixação? Eu e ele fomos criados praticamente juntos. O mesmo aconteceu com a Tobata, somos amigos de infância. – ponderei.
- Só que ela não tem um pinto e não está doida para enfia-lo em você toda vez que seus olhos veem seu corpo. – retrucou ele. Eu ri. Ele ficou zangado.
- Eu te amo tanto que não consigo deixar de achar graça nesse seu ciúme tolo! O único pinto que eu quero dentro de mim é o seu! – exclamei, beijando-o enquanto ele tentava se fazer de difícil.
- Ciúmes? Eu sou lá sujeito de sentir ciúmes? – resmungou, enquanto meus lábios úmidos percorrendo seu pescoço lhe davam a certeza do meu amor.
- Eu sei que você é incapaz de ter esse tipo de sentimento, não é? – sussurrei, insistindo nos beijos e também levando minha mão até sua rola.
- É, sou! – exclamou ele, prestes a admitir suas fraquezas. Eu ri, ele continuava tentando fazer cara de zangado. A pica começava a endurecer na minha mão.
- Então não vai se importar de me acompanhar a uma visita aos meus amigos de infância. – afirmei, desconcertando-o. – Já devíamos ter feito isso a alguns dias, logo depois da nossa chegada. – emendei.
- Você é o diabo! Não sei por que ainda caio nas suas armadilhas. Eu vou, mas agora que você me deixou de pau duro, vou te enrabar e você vai visitar seu amigo de infância todo meladinho com a minha porra. – sentenciou ele, prensando-me contra um móvel antes de se engatar no meu cuzinho com aquela imensidão sedenta pulsando e babando um longo fio de pré-gozo viscoso.
Cheguei à casa do Ormus e Tobata tão úmido e esfolado quanto o Tedros havia prometido. Bastou o Ormus colocar seu olhar sobre mim para saber que o Tedros havia deixado o território demarcado. Fiquei constrangido, mas era bom que ele soubesse que eu havia feito a minha escolha e que teria que aprender a conviver com ela. A Tobata também ficou um pouco apreensiva com o nosso retorno. Acho que velhos fantasmas que a assolavam também resolveram aparecer e enche-la de inquietações. Ela estava grávida e eu fiquei imensamente feliz com a novidade.
- Estou tão feliz por vocês dois terem se acertado. Isso já deveria ter acontecido antes, não fosse essa sua cabeça dura, não é? – questionei, dirigindo-me ao Ormus. Ele fez cara feia para mim. Eu ri e, propositalmente abracei o Tedros.
- Nós também estamos felizes com a união de vocês dois! Admiramos a coragem que tiveram para viver esse amor. – disse a Tobata, procurando em vão pela aprovação do Ormus.
- E pensar que eu quase enfiei uma espada nesse homem, não fossem nossos olhares se encontrarem e nos transportarem, por um breve instante, para dentro de nossas próprias almas. – afirmei, beijando o Tedros, que me apertou em seus braços, numa demonstração de pura posse diante do rival.
- Quero que você seja o padrinho do nosso filho! – disse a Tobata ao vir me abraçar. – Queremos, não é amor? – emendou, procurando a conivência do Ormus, que apenas acenou com a cabeça.
- Fico imensamente lisonjeado! – respondi comovido.
- Vocês dois, é claro! – tratou de corrigir a Tobata, num risinho encabulado.
De alguma forma o Tedros voltou transformado daquela primeira visita aos meus antigos amigos. Perguntei-lhe o que tinha acontecido enquanto ele me penetrava demoradamente, amansando o tesão cada vez que sentia que estava prestes a gozar, ele me respondeu com um beijo. Entendi esse beijo como o final de uma conquista que ele sabia que havia ganho e, portanto, não precisava lutar por mais nada, provar mais nada.
- Amo você! – sussurrou ele, quando começou a gozar em mim.
- Não ouvi direito. O que foi que você disse? – provoquei. Ele riu.
- Eu disse que te amo! – beijei-o com tanta ternura que nenhuma palavra teria a mesma força para expressar o amor que sentia por ele.
Jarls = classe social viking imediatamente inferior aos reis, que consistia em homens ricos e grandes proprietários de terras.
Karls = classe social viking abaixo dos Jarls, constituíam o povo livre, pequenos comerciantes e lavradores.
Knarr = embarcação comercial viking de carga
Langskip = embarcação de guerra viking
Drakkar = navio-dragão, embarcação viking semelhante ao Langskip, exibia na proa uma cabeça de serpente marinha.
Mjolnir = Nome dado ao martelo usado pelo deus do trovão, Thor.