Dupla virgindade
Faltavam alguns dias para o meu aniversário de quinze anos, minha mãe e eu caminhávamos pelo shopping à procura do meu presente quando flagramos meu pai de braços dados com uma mulher e um bebê num carrinho. Nunca vou me esquecer da cara do meu pai quando nos viu. Num primeiro momento não atinei com o que estava acontecendo. Cheguei a tentar ir ao encontro dele quando a mão da minha mãe me reteve, ao encará-la, ela estava chorando. A ficha caiu. Voltamos para casa sem dizer nada um ao outro por todo o trajeto. Ela foi diretamente para o quarto fechando a porta atrás de si. Fiquei sentado na sala, perdido, tentando entender o que motivara meu pai a agir assim. Algumas horas depois, ele entrou em casa, não disse uma palavra. Olhou para as malas que estavam junto à porta e veio na minha direção.
- Vamos dar uma caminhada, filhão! Quero conversar com você. – disse, procurando pela minha mãe apenas com o olhar.
- Quem é aquela mulher, pai? – eu tinha chegado às minhas conclusões, mas precisava ouvir da boca dele o que já sabia.
- Não dá para explicar quem é ela em poucas palavras, por isso acho que precisamos conversar, só você e eu. – respondeu.
- É sua amante? E o bebê é seu filho? – de repente ele não tinha respostas. – Por que você fez isso com a gente, pai? – lágrimas desceram dos olhos dele, mas eu não conseguia sentir nada em relação a elas ou a ele próprio. Ele acenou com a cabeça que sim.
- Conversando você vai entender melhor. – disse ele.
- Acho que não estou a fim de ouvir nada, pai. – respondi, antes de ir para o meu quarto. Ele não tentou me impedir. Subitamente aquele homem se tornou um completo desconhecido para mim e, nada do que ele pudesse dizer ou fazer poderia tirar do meu peito aquela sensação de traição. Eu até então tinha acreditado cegamente em tudo que ele dizia, confiava nele como não confiava em mais ninguém, e tudo tinha sido uma enorme mentira.
Ele me enviou uma mensagem pelo Whatsapp um mês depois de ter saído de casa. Me passou um endereço e disse que gostaria de me ver. Apaguei a mensagem como já estava fazendo com a memória dele. Doeu como se uma ferida fosse novamente aberta depois de quase cicatrizada.
Um ano e meio depois, minha mãe conheceu um cara. Foi cautelosa ao me falar dele, mas eu sabia onde ela queria chegar com aquela conversa.
- Não tenho interesse em saber quem é. – afirmei. Ela não insistiu.
Meses depois, planejavam se casar. Fui indiferente à decisão dela. Apenas questionei se poderia ir morar com os pais dela. Ela se recusou terminantemente a concordar com isso.
- Você é minha responsabilidade e não dos seus avós. Você vai ficar comigo onde quer que eu vá. – afirmou.
- Não quero morar com você e aquele sujeito! – devolvi, desafiador.
- Aquele sujeito tem nome. Diogo! Não queira bancar o mal-educado e trate-o com respeito, ele tem agido dessa maneira com você, não tem? Portanto, faça o mesmo. – advertiu.
- O vovô disse que eu podia morar com eles, que não quer que esse sujeito banque meu colégio e minha criação. E eu prefiro ficar morando com eles.
- Isso não está em discussão! Eu já disse que você é responsabilidade minha e eu sou sua mãe e eu é que vou cria-lo. Seu avô não tem nada que interferir nisso! – Estamos entendidos?
- Não! Eu não vou e está acabado!
- Volte aqui! Não vire as costas para mim! Não é você quem decide isso! – deixei-a berrando com as paredes.
Uma briga feia aconteceu no final de semana entre ela e meu avô durante o almoço de domingo. Minha avó tentava pôr panos quentes, mas sem sucesso. Deixei-os brigar até que em dado momento comecei a temer pela integridade da minha mãe, pois meu avô estava exaltado como nunca o tinha visto antes.
- Eu não quero ver meu neto dependendo de nada daquele sujeito! Com esse seu dedo podre para escolher homem não dou uns poucos anos para você se separar novamente. E, essa vida inconstante não é para o meu neto. Ele precisa de exemplos e não de uma sequência de cafajestes entrando e saindo da vida dele. – gritava meu avô.
- Não é por que você nunca aprovou minhas escolhas que vou fazer o que quer! Eu tenho idade e condições de saber o que é melhor para o meu filho, sem a sua ajuda.
- Suas escolhas são um fiasco! Dê-se por feliz que aquele vagabundo não lhe tirou até o último centavo. Agora você me aparece com outro, também divorciado, com filho, achando que ele vai se preocupar com a criação de seu filho? Onde você vive? O Thiaguinho fica comigo e sua avó! Dele cuidamos nós! Da sua vida faça o que bem entender.
- Eu sou a mãe dele! Não vou permitir que fique enchendo a cabeça do Thiago com suas frustrações e, colocando-o contra mim. Ele vem morar comigo e com o Diogo. – retrucou ela.
- Eu o tiro de você na justiça! Não tente me desafiar! Você bem sabe que eu tenho meios de conseguir isso com muita facilidade.
- Você não ousaria!
- Experimente e verá!
Naquela noite meu avô precisou ser levado às pressas para um pronto-socorro com uma forte angina no peito. Felizmente algumas horas em observação e a medicação foram suficientes para colocá-lo em pé novamente. Eu havia tomado a minha decisão. Acompanharia minha mãe, só para pôr um fim naquelas discussões. Meus avós relutaram, mas aceitaram minha decisão. Só exigiram que eu não dependesse de um único centavo daquele sujeito, e assim foi feito. Para minha felicidade e, adiando o mais possível a minha ida até a nova casa da minha mãe, tinha ido passar as férias de julho com meus avós, enquanto minha mãe e o Diogo estavam em viagem após a cerimônia de casamento. Nem meus avós nem eu fomos ao casamento dela. Meus avós por não aprovarem aquela união, segundo eles, feitas às pressas e sem reflexões, e eu, por jamais ter tido a menor empatia por aquele sujeito.
Minha mãe, o Diogo e o filho dele, Roberto já estavam morando juntos há um mês quando me mudei para a nova casa. Meu quarto ficava ao lado do de o Roberto e, apesar de bem decorado, me senti como se fosse uma cela onde teria que cumprir uma pena. Evitei todo e qualquer convívio com meu novo padrasto e seu filho. Nossos encontros dentro de casa se resumiam às refeições, das quais eu não tinha muito como me ausentar. O Diogo também não fazia nenhum esforço em estabelecer qualquer tipo de relacionamento comigo, o que me deixou mais feliz do que ele podia imaginar. Algumas tentativas falsas que ele fazia tinham a capacidade de me irritar, e eu o ignorava como se sua presença fosse uma praga com a qual eu teria que conviver. Não demorei a perceber que ele se referia a mim, quando conversava com o filho, com uma série de adjetivos que iam do simples ‘recalcado’ até outros mais contundentes como ‘boiolinha enrustido’ e ‘viado de carteirinha’. Pelo boiolinha viver em sua boca, logo minha mãe também percebeu e o advertiu, mas ele apenas se controlava quando diante dela. Esses adjetivos surgiram depois de ele perceber que eu não iria aceitar nenhum de seus convites para irmos assistir a um jogo de futebol, a participar de alguma atividade que ele e o filho faziam juntos ou, de eu me retirar de qualquer ambiente assim que ele adentrava nele.
- Você também não facilita em nada o bom convívio dentro dessa casa! – exclamou minha mãe, logo depois de ouvir o Diogo se referir a mim novamente como boiola.
- Nada do que esse sujeito fale ou faça me interessa! A mim pouco importa se ele está ou não vivo, se está ou não em algum lugar. Será que você nunca vai entender que não me interessa, mãe?
- É seu avô quem fica enfiando essas caraminholas na sua cabeça!
- Não é não! Se você se dá bem com ele, gosta dele ou, seja lá o que mais, ótimo para você. Mas, não queira que eu finja algo que não sinto! A minha vida mudou muito mais do que sua com as suas opções, e eu só as estou aceitando pelo bem do meu avô e por não ter outras escolhas. – ela se calou.
Minha vida, de fato, havia sofrido um grande revés desde a partida do meu pai. Tive que mudar de escola, onde era bem quisto e muito popular, tive que mudar de casa, conviver com desconhecidos e me sujeitar a aceitar ofensas sem reagir. Felizmente nunca dependi de nada do Diogo, era meu avô quem me dava tudo que precisava, embora eu não fosse nenhum garoto mimado cheio de quereres.
O Roberto convivia mais facilmente com a minha mãe, parecia que a nova parceira do pai não lhe trouxe grandes decepções. Ele era um ano mais velho do que eu e estudava no mesmo colégio para o qual fui transferido depois do casamento. Eu quase não interagia com ele, exceto no trajeto de ida e volta da van até o colégio e, umas poucas frases ocasionalmente. No mais, ele me parecia alguém com os mesmos tipos de problemas que eu, encarando-os também calado e sem muita rebeldia.
Da mesma maneira que no colégio anterior, logo fiquei popular entre as garotas primeiramente, pois em poucos meses estavam me considerando o garoto mais bonito do colégio. Havia a quem isso era motivo de estabelecer alguma amizade comigo, mas também havia um grupinho de garotos carrancudos a quem essa popularidade incomodava, especialmente por que as garotas faziam comentários e comparações. O Roberto tinha umas amizades legais, das quais algumas também criaram um vínculo comigo, apesar de estarem uma série adiante da minha. Ele era um garoto interessante, mas parecia sempre estar a fim da garota errada. A galera zoava com ele, mas ele não perdia o rebolado e seguia determinado a conquistar uma das garotas mais gostosas e populares do colégio.
Como todo bom macho garganteiro, ele se vangloriava nas rodinhas de garotos de já ter transado com as mais assanhadas e fáceis garotas da escola. Algo me dizia que nada daquilo era verdade, mas nunca me interessei pela questão. Como muitas dessas garotas também gostavam de espalhar que já estiveram com fulano e sicrano, espalhando as qualidades e vantagens de cada um, ficava sempre no ar até onde tudo aquilo era fantasia e delírio hormonal de um bando de inconsequentes e, até onde ia a verdade.
O sonho do Roberto se chamava Claudia, uma garota morena esguia, com uma bunda de fazer inveja. Ele estava a fim dela. Ela fingia dar trela como dava para mais meia dúzia de garotos meio bombadinhos, pelo visto, o tipinho que a excitava.
- Estou a um passo de tirar o cabaço da Claudinha! – ouvi o Roberto dizer a uns garotos enquanto a van que nos levaria para casa não vinha. Eles deliravam e faziam comentários, tão ou mais excitados com essa possibilidade do que ele próprio.
Aquele papo me fez observar a garota com mais interesse. Analisei seu comportamento por algumas semanas e, acabei por concluir, não sei se erroneamente, que a fulaninha talvez já tivesse perdido o cabaço há algum tempo. Como esse assunto não era da minha conta, guardei minhas suspeitas comigo mesmo. Até por que, o Roberto e eu não conversávamos sobre absolutamente nada. Cada um em seu quarto, cada um com suas tarefas, cada um com sua vida e, como de resto, essas nunca encontraram um elo comum entre nós dois.
Foi exatamente essa situação que me encheu de espanto quando num feriadão prolongado em que o Diogo e minha mãe tinham ido passa-lo numa fazenda de um amigo do Diogo e, o Roberto e eu havíamos ficado em casa sozinhos, ele bateu na minha porta enquanto eu assistia um filme na televisão.
- Oi!
- Oi!
- Posso entrar? Estou te atrapalhando?
- Entra.
- Podemos levar um papo? – ele nunca tinha estado no meu quarto e ficou examinando o ambiente, meio encabulado e talvez já se arrependendo de ter vindo.
- Sobre?
- Você vai achar estranho, mas eu queria levar um papo com você sobre uma garota. Você se incomoda?
- Não sei que papo a gente pode ter sobre isso, mas tudo bem, fala. – eu já suspeitava que seria sobre a Claudia, mas fiquei na minha.
- Então, você conhece a Claudinha, da minha turma, não conhece?
- Eu sei quem é, já vi a sua galera junto algumas vezes, mas não a conheço.
- Então, eu estou meio que a fim dela, e ela de mim. – ele estava tão incomodado com aquela situação que dava para notar o nervosismo dele em cada gesto e naquela fala gaguejada.
- Nunca percebi nada. – que você está babando por ela não precisa ser nenhum gênio para notar, já o contrário eu duvido que seja verdade, pensei comigo.
- Vai ter aquela festa na casa do Marcelo na sexta-feira que vem e eu queria chegar nela, assim numas de rolar sexo, sabe.
- Tá! Eu não vejo no que eu possa te ajudar nesse assunto, cara.
- É que eu vejo que tem uma porção de garotas, até da minha turma, paradas na sua. Elas nem disfarçam que estão a fim de dar para você. Eu queria saber como fazer para isso acontecer comigo.
- Olha cara, numa boa, eu não sou a melhor pessoa para levar esse papo com você. Talvez seu pai seja mais indicado, ele é que vive te instigando a transar. – retruquei.
- Com ele não rola! Sei lá, ele vai ficar no meu pé cobrando, e isso me deixa mais tenso.
- Fale com seus amigos então!
- Então, é que eles ficam me zoando, não dá pra levar um papo sério. Depois, eles acham que eu já comi ela, sabe, a gente às vezes fala uns troços para criar uma moral e depois fica sem graça de admitir que ainda não rolou de verdade. – eu estava admirado com a coragem dele se abrir daquela maneira comigo, afinal não passávamos de estranhos.
- Eu sou virgem também, se isso te deixa mais confortável. E, para ser sincero, não sou muito ligado nas garotas. Acho até que seu pai tem razão quando diz que eu sou um boiola. – devolvi.
- Eu nunca achei isso, juro! Na boa, não tenho e nunca tive nada contra você. Até já me toquei que você é um cara muito legal, por isso a galera do colégio gosta tanto de você.
- Ok, tudo bem, não precisa se justificar.
- Você não gosta do meu pai, não é?
- Olha Roberto, ele não me diz absolutamente nada. Eu nem gosto, nem desgosto, ele existir ou não, não faz a menor diferença para mim.
- Eu não penso como ele, Ok? Até gostaria que fossemos amigos, se você quiser, claro.
- Por mim tudo bem.
- Bem! Voltando ao assunto, se é que você não está de saco cheio de me ficar me ouvindo. O que acha que eu devo fazer para ficar com a Claudinha?
- Sei lá! Você já levou um papo com ela para saber se ela está a fim também. – eu já estava prevendo que teria de dar uma de conselheiro, mesmo à revelia da minha vontade.
- Ela disse que sim, que ia rolar na festa do Marcelo. – respondeu ele.
- Então não sei onde está a dúvida! Se ela disse que topa, é só você chegar nela, acho. Agora, não me pergunte como se faz isso, porque não sei. Deve rolar naturalmente, já que os dois estão a fim. – ponderei.
- E se na hora eu não conseguir, sei lá, já ouvi umas estórias assim.
- Acho que você não deve pensar nisso. Na hora você vê como rola e deixa acontecer, deve ser assim, eu acho.
- E se ela não gostar do jeito que eu fizer? – o garoto era um poço de dúvidas, anseios e temores.
- Ela deve te dizer, provavelmente. Já pensou que se ela não gostar, azar o dela? Você é um cara até bonitinho, já deve ter se dado conta disso, portanto, o fato dela dar bola para você já é meio caminho andado.
- Você acha que eu sou bonito?
- Olha cara, não pense que eu falei isso com qualquer intenção, valeu! Eu só falei isso, porque é meio óbvio, as garotas ficam te sacando.
- Não! Beleza, eu entendi. É que eu te acho bonito, paca! Você sabe que tem uma galera que curte a sua bunda, não sabe? – não era nenhuma novidade para mim que esse papo rolava entre os garotos da turma dele.
- É, já me falaram umas sacanagens. Estou pouco me lixando para o que pensam ou dizem a meu respeito.
- Desculpa eu te falar isso, foi mal!
- Numa boa, não esquenta! – ele saiu do meu quarto mais aborrecido do que quando entrou. Deu para perceber que o papo tinha tomado um rumo que ele não desejou.
Não tocamos mais no assunto durante toda a semana, embora ele tivesse vindo puxar comigo no caminho de ida e vinda do colégio todos os dias. Aquele gelo que havia entre nós ia se derretendo aos poucos. Até o Diogo percebeu e o puxou para uma conversa, tentando decifrar essa aproximação repentina.
Ele ficou se produzindo por mais de duas horas no final da tarde da sexta-feira. A agitação o incomodava desde cedo e, ele mal a disfarçava, tanto que o Diogo e minha mãe perguntaram o que estava se passando com ele. Ele também dispensou a carona do Diogo, tinha conseguido que o pai de um dos colegas o apanhasse em casa, só para não ter que ficar dando explicações ao pai. Pouco antes de sair, ele bateu na minha porta.
- O que você acha, estou bem assim? Você acha que a Claudinha vai curtir meu visual? – não consegui atinar por que ele estava tão inseguro consigo mesmo. Ele tinha um físico bem atlético. A camiseta bem ajustada relevava um tronco sólido e largo, os braços tinham uma musculatura atraente, as pernas grossas dentro do jeans davam uma sensação de solidez. O rosto não tinha mais nada de adolescente, anguloso e com uma barba que lhe dava certo trabalho para fazer todas as manhãs, já eram de um homem feito. E, pelo volume que estava entre suas pernas, dava para imaginar que outras partes também estavam longe de lembrar um adolescente na puberdade.
- Você já se olhou no espelho?
- Por que? O que tem de errado? Não ficou bom esse visual?
- Cara! Vem até aqui. Dá uma olhada! Me fala o que você está vendo. – respondi, levando-o até diante do espelho do meu armário.
- Como assim? Estou me vendo, errei na escolha da roupa?
- O cara que está dentro dessa roupa não é um sujeito simpático, olha para esse rosto, esse sorriso, não é um sorriso bonito? Olha para esses ombros, para esses bíceps, não estão bem definidos e atraentes? Olha bem para todo o conjunto, quantos caras tem um visual desses? Se ela não consegue reparar num cara feito você, ou é muito metidinha, ou é uma besta total sem gosto algum. – afirmei. Deixei de mencionar o cacetão que, por si só, já era capaz me mexer com o imaginário de qualquer um, especialmente o meu. Mas, fazer menção a ele, além de inoportuno, poderia gerar mais confusão e dissabores. Ele riu descontraído pela primeira vez.
- Sério! Você acha tudo isso! Valeu! – disse, sem tirar o sorriso abobalhado da cara confiante.
- Aposto que você esqueceu do mais importante!
- O que? Eu sabia que já estava dando mancada!
- Deixa de ser tonto! Disso aqui. – respondi, colocando meia dúzia de camisinhas na mão dele.
- Puta merda! Valeu, cara, valeu!
- Vê se na hora não vai esquecer de usar! Boa festa!
- Cara, não sei o que seria de mim sem você! – ele me abraçou e, quem ficou sem graça fui eu.
Ouvi o Diogo saindo para ir busca-lo pouco depois da uma da madrugada. Ele costumava chegar bem depois disso quando saia nas baladas com a galera dele. Não sei porque fiquei apreensivo com esse regresso tão breve. Não voltei a pegar no sono até ouvi-los regressar e ele entrar no quarto. Eu fazia natação aos sábados pela manhã e, ao sair de casa ele ainda não tinha se levantado. Fui passar o final de semana com meus avós, apesar das reclamações da minha mãe, mas era um alívio não ter que ficar vendo a cara do Diogo por dois dias e, ainda por cima, fazer uma porção de coisas legais com meus avós, para quem esses finais de semana só traziam alegrias.
Na segunda-feira, pensei que ele viria me contar como tinha sido a festa, mas ele nem se sentou ao meu lado na van, ficou com a galera dele. Apesar da curiosidade, também não puxei conversa com ele sobre esse assunto pelos dias que se seguiram. Devia ter rolado tudo bem e ele não queria dar uma de ex-virgem deslumbrado. E, se por ventura, não tivesse sido bom, ele não ia querer pagar o mico de confessar o desastre.
Cerca de três semanas depois, nos vimos novamente sozinhos em casa. Eu me preparava para ir à casa dos meus avós quando ele veio ter no meu quarto.
- Oi! Está de saída?
- Oi! Sim. Vou passar o fim de semana com meus avós. – respondi
- Legal! Você é bem ligado neles, né?
- Sou sim! Eles são bem legais, curto a companhia deles.
- Teu avô vem te buscar?
- Não. Eu vou de Uber, por que?
- Nada não! – a resposta não escondia o desejo que ele tinha de se abrir.
- Fala! Pode falar se quiser, não marquei horário para ir ter com eles. – encorajei-o.
- Foi uma merda, cara! – exclamou desapontado.
- Como assim? Ah! Você está falando do que rolou com a Claudinha na festa.
- Não rolou! Pior, rolou um troço chato.
- Acho que não dá para esperar grandes coisas na primeira vez, tem o stress, tem a ansiedade, tem uma porção de coisas, deve ter sido isso. – argumentei, para levantar o astral dele.
- Cara! Ela não era virgem, o único babaca virgem ali era eu. Quando fomos para um quarto eu estava num puta tesão, meu pau estava até doendo de tão duro. Dei uns amassos e uns beijos nela, mas ela me pediu para não ficar enrolando que ela estava a fim de voltar para a festa e ficar com a galera. Quando eu fui chupar os peitinhos dela ela reclamou que eu estava babando nela. Eu queria ir devagar, entrei com a mão debaixo da saia dela, fiquei acariciando a chana, mas ela meio que perdeu a paciência e me perguntou se eu ia ficar a noite toda ali enrolando. Daí ela tirou a calcinha e abriu as pernas, falou para eu enfiar logo e terminar o mais rápido possível, que ela estava perdendo toda a festa. Fiquei sem jeito e me atrapalhei na hora de colocar a camisinha. Ela ficou me encarando e tirando uma com a minha cara. Só consegui encapar o pau com a terceira camisinha que abri. Fui beijá-la para colocar o pau na buceta dela sem machucar, mas ela se apertou contra mim e o pau entrou de uma vez, tão rápido que só percebi que estava todo dentro dela quando ela começou a se movimentar num vaivém que mais parecia que era ela quem estava me fodendo do que eu fodendo ela. De repente, ela falou – já chega – eu ainda não tinha gozado, meu pau estava doendo para caralho. Ela se afastou e o pau saiu de dentro dela sem ter acontecido nada. Ela vestiu a calcinha e se arrumou e disse para eu encontra-la perto da piscina. Fiquei com cara de otário, o pau duro encapado sem gozar e me sentindo o maior babaca.
- Nossa! Nem sei o que dizer! Bem! Lembra que eu falei que se ela não te curtisse, era porque não passava de uma besta que não sabe apreciar o que é bom! É isso aí! Quem se deu mal nessa foi ela, não você. Não dê importância, vai ter uma garota que com certeza vai te curtir muito. – tentei reconforta-lo.
- Ela nem reparou naquelas coisas que você falou antes de eu ir para a festa. Você que nem é mulher, viu uma porção de coisas em mim, ela não. – disse desiludido.
- Porque é uma trouxa! Não sabe o que está perdendo.
Acabei não indo ao encontro com meus avós. Quis dar uma força para ele e acabamos ficando em casa. Pedimos uma comida para o almoço e fomos ao quarto dele jogar vídeo-game. Ele costumava ser muito bom quando jogava com os amigos que vinham em casa jogar com ele, mas eu ganhava um jogo atrás do outro.
- Você só está ganhando porque estou sem cabeça! – provocou.
- Estou ganhando porque sou muito melhor que você! – retruquei, devolvendo a provocação. Acabamos rindo e ele, de repente, querendo me fazer parar de tirar sarro com a cara dele, se atirou sobre mim para tirar o controle do jogo das minhas mãos.
Fiquei lutando com ele para que não conseguisse tirá-lo de mim. Ele era bem forte e, subitamente, aquele corpo sobre o meu me encheu de tesão. Quando nossos olhares se cruzaram, ele também sentiu o tesão se apossar dele, especialmente da pica resvalando nas minhas coxas grossas e lisas saindo do short de fendas laterais abertas. Soltei o controle quando percebi que estava ficando excitado demais com aquela pele dele tão junto da minha. O foco dele também não estava mais na posse do controle, mas no meu corpo aprisionado debaixo do dele, arfando e tão quente e convidativo que só fazia o tesão aumentar e a pica começar a endurecer. Ele foi se aproximando devagar, sem deixar de me encarar, colou a boca na minha, primeiro suavemente, aumentando progressivamente a pressão nos meus lábios à medida em que não sentia nenhuma rejeição e o sabor deles o deixava mais excitado. Os ombros dele ao alcance das minhas mãos exerciam uma atração cada vez maior e, elas começaram a deslizar sobre eles, descendo até os bíceps, voltando quase até o pescoço e o acariciando sedutoramente. Ele tirou a camiseta expondo seu tronco, eu o toquei delicadamente sob um olhar e um sorriso de aprovação. Ele tirou a minha camiseta, beijou meu mamilo com cuidado, olhou para mim, voltou a beijá-lo e deu uma mordida no biquinho enrijecido puxando-o entre os dentes cerrados. Eu soltei um gemido. Ele me envolveu em seus braços, me puxou para junto dele, beijou minha boca e começou a enfiar a mão dentro do cós do meu short. A mão deslizava sobre as minhas nádegas, ele me encarava sem dizer nada, apenas explorando aquela pele quente a arrepiada. Eu acariciava seus ombros, cada vez mais fascinado com o calor e a energia que brotava do corpo dele. De uma só vez, ele tirou meu short e minha cueca, a nudez do meu corpo estava toda ali para que ele a apreciasse sem barreiras.
- Você é um tesão! – exclamou, antes de me dar outro longo beijo na boca, que já sentia o sabor da saliva dele.
O Roberto se inclinou sobre mim, voltou a me abraçar e mais rapidamente do que da primeira vez, voltou a bolinar minhas nádegas. Havia uma inquietação no meu baixo ventre, uma espécie de cólica que nada tinha haver de incomoda, mas sim de um desejo que parecia não se saciar. Ainda me encarando, ele entrou com um dedo dentro de mim, quase enlouqueci. Aquele dedo se movendo livremente dentro do meu cuzinho só me deixava com mais tesão. Eu queria abrir as pernas como se isso fosse transportar todo aquele prazer mais para dentro de mim. De repente, não era mais o dedo que me vasculhava as entranhas, mas algo muito mais grosso e molhado que estava forçando minhas preguinhas. Desta vez fui eu quem o trouxe mais para perto do meu rosto e o beijou. A rola dele me distendeu todo e deslizou para dentro do meu cuzinho. Ele soltou um breve gemido, eu algo que mais parecia um ganido. Tinha um homem dentro de mim, grande, quente, impulsivo, deliciosamente cheio de desejos e, esses pareciam estar em consonância com os meus.
- Estou te machucando? – sussurrou ele.
- Não sei! Não, acho que não! – devolvi, mesmo sentindo uma dor aguda se espalhando entre minhas pernas.
- Seu cuzinho apertado encapou meu pau, um tesão do caralho! Nunca senti nada tão maravilhoso! – exclamou, me encarando com uma doçura que jamais pensei existir nele.
- Nem eu! Estou te sentindo dentro de mim, imenso e másculo! – retruquei, acariciando aquele rosto meigo.
Ele se encaixou entre as minhas pernas abertas, enrodilhadas em sua cintura, e se movia fazendo aquela jeba reproduzir o mesmo vaivém que sua pelve, dentro do meu cu. Ambos arfávamos, o tesão nos consumindo, a iminência de um gozo se aproximando com a mesma velocidade com que um furacão varre o chão. Eu gozei primeiro, lambuzando minha barriga com a própria porra. Ele me seguiu, enchendo meu cuzinho com seus jatos pegajosos e tépidos a escorrer na minha intimidade.
Ficamos mais de uma hora em silêncio, apenas deitados lado a lado, de mãos dadas, e olhando para o teto do quarto. Talvez qualquer comentário naquele momento quebraria o encanto do que tinha acabado de acontecer e, ambos não queriam isso. Foi o meu celular tocando que nos levou a nos movermos. Conversei tão brevemente com meu avô que nem me recordo do que falamos. Ao me virar, o Roberto estava em pé próximo à cama, segurando uma toalha. Ele apontou para o lençol, onde algumas gotas de sangue comprovavam o desvirginamento das minhas pregas anais.
- Acabei te machucando! Juro que não foi minha intenção. – balbuciou ele, entregando-me a toalha úmida para que eu limpasse o sangue da parte interna das minhas coxas.
- Está tudo bem, não se preocupe. Eu nem havia notado. – devolvi.
Acabamos indo tomar uma ducha juntos. O fascínio mutuo por nossos corpos fez com que nos tocássemos e nos acariciássemos deixando a água morna escorrer sobre nossas peles implorando por desejos devassos. Também passamos a noite juntos. Transamos mais duas vezes, em ambas eu o chupei; pois aquela pica me enchia de tesão e parecia me tornar a mais depravada das criaturas. Ele pareceu adorar minha boca roçando, lambendo e sugando seu falo com prazeres que ele, até então, só havia sonhado.
Desde aquela primeira vez, fazíamos de tudo para ficarmos sozinhos em casa. Era a nossa chance de satisfazer nossos desejos que pareciam só aumentar com o tempo e a intimidade crescente.
- Sabe o que eu acho irônico nessa história toda? – questionou ele, num dia em tínhamos acabado de transar.
- Não. O que?
- Eu achei que fosse perder a minha virgindade com a Claudinha, que aquele seria o dia mais significativo da minha vida. Mas, além de fazer papel de bobo, pensei que nunca uma garota fosse se interessar por mim. Enquanto você não fez pouco caso do meu nervosismo de principiante, elogiou meu pau, me fez sentir um tremendo garanhão. – revelou.
- Que tolice! Que mulher não ficaria a fim de um cara doce e carinhoso como você. O que aconteceu é que a Claudinha é uma piranha, ela nem deve ter sacado a sua ansiedade e só queria colocar mais um na coleção dela. Eu adorei como você me desvirginou, adorei a sua pegada, adorei cada minuto que te senti pulsando dentro de mim. – retruquei.
- Daí eu acabei tirando a sua virgindade junto com a minha. Não podia ter sido mais perfeito e maravilhoso. Você é quem me deu confiança e me fez sentir o maior prazer da minha vida. – afirmou.
- Imagina se seu pai descobre que você perdeu a virgindade com um boiola! Acho que ele pira! – zombei.
- Quer saber do que mais? Pela primeira vez a opinião dele não me interessa. Me interessa o que eu senti, e isso foi simplesmente fantástico demais para eu querer dividir com quem quer que seja. – retorquiu ele.
Um ano depois, eu entrei na faculdade e me mudei de cidade e de Estado. Nossos encontros ficaram na lembrança e, só aconteceram mais duas vezes por ocasião de umas férias que ele veio passar comigo. Eu nunca mais voltei a morar com a minha mãe, pois logo ao término da faculdade consegui um emprego numa empresa na mesma cidade da universidade. Ainda nos falávamos pela internet e trocávamos mensagens no Whatsapp, mas o tempo e os novos afazeres também foram rareando essas ocasiões. Eu conheci o Lucas, fomos morar juntos e tínhamos a nossa vida. O Roberto se casou três anos depois de completar a faculdade. Embora a garota me parecesse legal, algo me dizia que ele havia se precipitado. Ele sempre parecia estar mais apaixonado pelas garotas do que elas por ele, talvez fosse uma certa imaturidade dele. Mas, ambos se davam bem e, um ano depois do casamento tiveram o primeiro filho, dois anos depois, o segundo.
Foi durante uma visita aos meus avós que o Roberto conheceu o Lucas. Ele ficou um pouco chocado quando o apresentei, pois o Lucas era um cara tremendamente másculo e possessivo. Nessa ocasião percebi que na cabeça do Roberto nossa história não tinha tido um fim ou, pelo menos, não o fim com o qual ele havia sonhado. Minha felicidade com o Lucas de certa forma colocou um fim em suas expectativas de qualquer retomada da nossa história.
- O casamento não é lá tudo isso que falam, sabia? – começou ele, quando tivemos a oportunidade de ficar a sós.
- Por que você diz isso? Não está feliz com o seu?
- Achei que fosse me sentir mais feliz do que sou. Não que eu não goste da minha mulher, nem dos meus filhos. É bem legal, não resta dúvida. Mas, parece que falta alguma coisa, não sei explicar. Falta uma coisa que eu sentia com você e que não sinto com ela. Você estava sempre ali, por inteiro, era todo meu. – revelou. – Com ela é diferente. No começo você parece que é tudo na vida dela, depois dos filhos você vai para escanteio, deixa de ter a importância de macho que garante a prole para ser o cara que sustenta a casa. – emendou.
- Surgem outras prioridades, é meio compreensível, não acha? As mulheres ficam com um montão de tarefas e isso faz com que tenham que se dividir entre todas.
- É, até pode ser isso. Mas, quer saber de uma coisa, eu nunca tive com ela uma transa tão gostosa e intensa como aquelas que tive com você, mesmo quando acabaram resultando na gravidez dela. O foco nunca era eu, meus espermatozoides talvez, mas não eu.
- Você é um chorão de barriga cheia! Tem uma família linda, reclama por pura falta de ter o que fazer. – afirmei.
- Com você eu posso me abrir, por isso estou te contando isso. Não estou apenas reclamando por reclamar. – ele tinha ficado mais introvertido e circunspecto.
- Não falei por mal. Mas pense em tudo que você tem.
- Sabe quantas vezes eu transo com minha mulher?
- Nem sei se quero saber desses detalhes.
- Uma, duas vezes por mês e olhe lá! Uma hora está cansada, noutra finge não me ouvir, noutra está com dor de cabeça, é uma desculpa atrás da outra. Afinal, o que ela queria, os filhos, já providenciei. Agora, transar não tem mais a mesma leveza, virou obrigação. – desabafou ele.
- Pode ser uma fase. As crianças estão pequenas e demandam muito a atenção dela. – argumentei.
- Aposto que o Lucas não fica na mão nem por três dias! Te conhecendo como conheço, você deve ter feito dele o sujeito mais feliz desse mundo. – devolveu ele, com certa nostalgia.
- O que é isso, uma crise de ciúmes?
- Até pode ser. Não sei dizer. Só sei que penso muito em você, naquelas tardes só nossas, naquelas noites em que você supria tudo o que eu precisava com um carinho e uma entrega que nunca mais foi igual. – confessou. – Posso te fazer uma pergunta? – arriscou cauteloso.
- Você vai fazer mesmo que eu diga que não, então faça!
- Você sentiu alguma vez falta do que rolava entre nós?
- Você me marcou muito! Foi meu primeiro cara! Quando eu nem tinha bem certeza se curtia mesmo outros caras, foi a maneira como rolou entre nós que me fez ter certeza que era isso que eu queria.
- Eu devia ter ido atrás de você! Pensei nisso algumas vezes. Se não tivesse sido tão vacilão, hoje o felizardo seria eu e não o Lucas. – disse, jogando charme.
- Também temos nossas diferenças, a vida tem disso. O legal é conseguir superar e ainda fazer crescer o amor um pelo outro. – argumentei.
- Eu só me conformo por que sei que ele é um cara legal, te merece! Não dá para não notar o quanto ele te ama e cuida de você.
- Sou grato pela providência ter colocado homens maravilhosos no meu caminho.
- Estou nesse rol?
- Bobão! Você o primeiro, sabe disso!
- Sou feliz por isso, esteja certo!