“Mãe, eu queria que Papi me desvirginasse!”
O pedido de Larinha, transmitido a mim por Sílvia, pegou-me completamente de surpresa. Eu cheguei na vida das duas há seis anos; Larinha estava com doze. Rebelde como toda adolescente, filha única, não aceitava a separação dos pais, muito menos a presença de outro homem no pedaço familiar. Precisei comer dobrado para amansar a ferinha.
Conheci Sílvia no quente do divórcio. Linda, madura, independente, colocara o marido para correr, depois de tentar, por muito tempo, ensinar-lhe a ser um homem minimamente decente e merecedor do respeito da família. Desistira depois de toda as tentativas que julgou possíveis. Estava solteira há pelo menos dois anos, vivendo de sarrinhos e noitadas criativas, quando a vida de mãe sozinha permitia.
Lara não ligou muito para a separação. Não tinha muita afinidade com o pai, afinal. Talvez estivesse até mais à vontade, sem a presença daquele estrupício dentro de casa. Mas a chegada de outro homem despertou-lhe um ciúme nunca sentido, mas perfeitamente justificável.
Eu passei por todas aquelas fases, ouvi todas as frases prontas (tipo “Você não manda em mim!” ou “Você não é meu pai!”), suportei todas as birras, gritos, batidas de porta na cara; estava me sentindo um daqueles caras dos filmes de sessão da tarde na tv, que casam com a gostosona e passam o diabo na mão dos filhos. Pensei em desistir, saltar fora, várias vezes. A delícia da buceta de Sílvia que me segurou. Suas ideias fabulosas na cama (ou fora dela), suas fantasias loucas, a plurissexualidade que partilhávamos, tudo isso nos prendia cada vez mais um ao outro.
Aos poucos, as coisas foram entrando nos eixos, a idade crítica de Lara foi passando, eu fui conseguindo me aproximar, ela foi se abrindo e me permitindo chegar perto. Ao longo de muita conversa, muita cumplicidade, fomos nos tornando amigos, depois bons amigos, melhores amigos, e finalmente confidentes.
Ela me pedia conselhos, eu dava dicas. Ela perguntava como deveria agir, em determinadas situações, eu fazia-lhe ver as consequências (boas e ruins) que poderiam advir. Quando os crushes, os paqueras, os primeiros namorados pintaram, foi a mim que Lara perguntou como agir. Queria saber de tudo, de como se comporta um homem, o que sente e do que é capaz de fazer pela mulher amada. Dizia que o fato de eu ter conquistado a difícil da sua mãe, depois ter suportado e finalmente também conquistado a filha, mostrava que eu era um cara muito especial. Com o tempo, já me chamava carinhosamente de “Papi”.
Nossas conversas envolviam qualquer assunto. Não existiam melindres. Nem quando falávamos sobre sexo. Ela dizia que só transaria com um cara que a soubesse desvirginar, sem traumas, que não estava nem aí se gostava ou não dele, se tivesse ou não um relacionamento com ele, se fosse o amor de sua vida ou não. Queria que fosse um momento especial, e que não deixasse qualquer sequela – estava cansada de ouvir das amigas as tragédias de uma primeira vez desastrosa, e como demorava para se recuperar, e ela não queria perder o melhor de sua vida sexual fazendo terapia.
Apesar de toda essa proximidade, e de perceber que seu corpo estava ficando delicioso – herdara da mãe a gostosura, o charme, os seios médios e durinhos, uma bunda perfeita, que coroava um belo par de coxas –, digo com sinceridade que jamais pensara nela como parceira sexual. Até me pegara algumas vezes olhando suas nádegas escapando de algum shortinho; já sentira meu pau endurecer durante um abraço mais demorado ou a saraivada de beijos que ela costumava me dar quando conseguia alguma coisa, ou quando ganhava um presente que ela queria muito... Mas desviava logo o pensamento para Sílvia, por quem eu estava cada vez mais apaixonado, e estava tudo bem.
Por isso que essa frase, dita pela minha esposa, logo após uma foda fenomenal, me pegou de surpresa. Lara disse à mãe que falaria diretamente comigo, mas antes queria explicar a ela tudo direitinho, para que não rolasse qualquer transtorno. Então disse que o padrasto era o homem perfeito, com que ela sempre sonhara para perder a virgindade, porque sabia que ele faria tudo certinho, sem estresse e com muito prazer. Além de ser um cara de extrema confiança. Somente esse, o seu interesse.
Eu estava meio que atordoado. A cabeça fervilhava, o coração batia descompassado, e a rola estava intensamente dura novamente, palpitando impetuosa – o que deixou Sílvia alvoroçada. Caiu de boca sobre ela, depois de buceta, e transamos com a gana de que o mundo fosse acabar depois de nossa gozada, que foi extraordinária e aos gritos.
Mais tranquilos, ainda um pouco ofegantes, mas com o oxigênio de volta ao cérebro, perguntei a Sílvia o que ela achava daquele desejo de Lara.
– Acho que você deve satisfazer. Ela confia em você, eu também. Melhor ela entrar na vida sexual de forma plena, sem bloqueios psicológicos, e pelas mãos (e pênis) de alguém que, eu sei, sabe fazer isso muito bem. Só não lhe diga nada de nossa conversa; deixe que ela lhe fale...
Amei ainda mais Sílvia, nesse momento. Com que serenidade ela me oferecia o cabacinho da filha! Como se estivesse dizendo “atravessa a rua com ela!” ou “ajuda ela na tarefa de casa!”...
Beijei-a com sincera ternura e partiria para mais uma foda, se três trepadas seguidas não fosse uma mentira.