Murilo abriu a porta com olhar sério. Tavinho entrou em silêncio. Sentiu vontade de beijá-lo, mas se conteve para dar não o braço a torcer.
_ Você já falou com a Verônica?
_ Ainda insiste nessa palhaçada? Foi para isso que me chamou?
_ Ela ficou mal com que você fez. Não precisava ter feito aquele escândalo todo em público.
_ Murilo, eu vou embora da cidade.
Essa informação foi um golpe de surpresa para Murilo.
_ Como assim vai embora?
_ Eu estou cansado de tudo isso aqui. Quero chutar o pau da barraca. Não aguento mais viver uma vida de mentiras.
_E para aonde você pretende ir? Vai viver de quê? Já que é um play boy mimado que nem emprego tem.
Murilo retira do bolso uma carteira de cigarros e fuma.
_ Fumar pode te matar aos poucos.
_ Melhor ainda. Eu não tenho pressa de morrer. _ disse tragando um cigarro entre os dedos, liberando uma fumaça entre os lábios finos, despertando desejo em Tavinho.
_ Você é muito engraçadinho. Mas, eu não sei para aonde vou. Penso em ir para o Rio de Janeiro ou São Paulo. Recomeçar numa cidade grande, onde eu possa ter mais oportunidades. Sou formado em Administração, quem sabe consegui alguma coisa na minha área.
_ E a sua carreira política? O que o seu pai acha disso?
_ Eu já não me importo com o que ele acha. E não tenho vocação para a política. Ainda mais com a bandeira que o meu pai quer levantar. Eu sou gay, ou bi … não sei direito... Eu não posso participar de uma campanha homofóbica sendo o que sou.
Murilo estava decepcionado com Tavinho. Esperava encontrar o homem hipócrita e arrogante que conhecera na infância. Lamentou por tudo que Tavinho o havia feito e por isso ter que odiá-lo.
_E nós?
Tavinho sorriu e puxou o corpo de Murilo para si e o abraçou e beijou, penetrando os dedos nos cachos ruivos de Murilo. Foi saboreando aquela boca.
_ Você vai vir comigo. Vamos fugir deste lugar e construir a nossa vida bem longe daqui.
_ Tavinho, Você é rico. Sempre viveu tendo do bom e do melhor. Nunca vai se acostumar com a vida de pobre. Nós vamos brigar muito e você vai me abandonar.
_ Eu te amo.
_ Que mané ama? Você só trepou comigo por alguns dias. Talvez você esteja me usando para sair do armário e…
_Cala a boca._ disse beijando Murilo.
Permaneceu com a testa encostada na testa do ruivo e acariciou a sua face.
_ Eu te amo há muito tempo. Desde a época da escola.
Murilo deu um passo para trás, demonstrando espanto.
Não gostava de relembrar aqueles tempos sombrios.
_ Você me tratava feito um lixo!
_ Eu sei. Eu fui um imbecil por isso. Mas na verdade eu te amava. Tinha muito desejo por você, mas vivia travando uma luta interna dentro de mim. Eu não queria me aceitar e você me atraía, eu ficava com raiva e agia daquela forma. Sendo que ao mesmo tempo que queria te beijar e tocar em você.
_ Você me humilhou diversas vezes. Me agredia e chama isso de amor?! Você é doente, Tavinho!
_ Eu sei. Mas a gente pode deixar tudo isso para trás, meu amorzinho. Eu estou disposto a abrir mão de tudo por você. Eu vou dar um jeito e vamos embora daqui. Eu vou te fazer feliz.
Tavinho tentou beijar Murilo, que com os olhos cheios de lágrimas, ofereceu resistência. Contudo, Tavinho persistiu e conseguiu beijar o rapaz.
Segurou o rosto de Murilo, para que ele não fugisse e o beijou.
_ Vamos para o quarto?_ disse sussurrando no ouvido de Murilo, que fez um sinal positivo com a cabeça.
Eles subiram de mãos dadas.
Murilo lutava para conter as lágrimas. Estava triste demais com a revelação do louro. Estava indignado com a crueldade de Tavinho. Esse o envolveu nos seus braços, num abraço protetor e acariciou a sua bunda.
_ Eu te amo, denguinho. Eu não sou mais o mesmo moleque ruim que você conheceu no passado. Você está despertando o melhor em mim. Eu estou mudando por sua causa.
Murilo via sinceridade nos olhos de Tavinho. Abraçou-o como uma criança carente querendo um colo. Sentiu um estranho desejo de amar aquele homem. Sentia fome de amor e da proteção que Tavinho o oferecia.
Murilo nunca fora acostumado com carinhos e afetos. Nem mesmo Euvira o oferecia esses sentimentos. O pai o negligenciava, irmãos o ignorava. Murilo sempre sentiu-se mal por ser tratado como algo sem valor e ali nos braços de Tavinho isso mudou. Por um instante sentiu-se querido e importante.
Tavinho despiu Murilo de roupas e resistências, o deixando totalmente entregue aos seus caprichos. Tirou as suas próprias roupas e foi beijar Murilo o deitando na cama. Murilo explorava o corpo de Tavinho, deslizando a sua mão por aquele macia enquanto a língua do louro saboreava o seu pescoço, provocando arrepios e gemidos.
Murilo abria as pernas para receber Tavinho dentro dele.
Tavinho deslizou a língua até os seus mamilos os lambendo em movimento circular e em seguida foi sugando como um bebê se alimentando do leite materno. Os seus dedos procuravam o ânus de Murilo, que abria ainda mais as pernas.
_Mama o seu macho, meu veadinho gostoso.
Tavinho deitou ao lado de Murilo com a barriga para cima. Murilo deslizou a língua sobre o peito e barriga até chegar ao pau do louro, que estava ereto.
Murilo beijou a virilha e coxas de Tavinho. Lambendo a cabeça e o tronco do membro do louro, em seguida engoliu e foi fazendo um movimento de vai e vem, levando Tavinho a loucura.
_ Delícia! Puta que pariu!
Tavinho virou Murilo o deixando numa posição em que a bunda do ruivo ficasse na sua boca. Na posição 69, Murilo chupava o pau de Tavinho enquanto tinha o seu cu invadido pela língua úmida do louro.
Murilo rebolava a bunda na boca de Tavinho para desfrutar ainda mais aquela língua. Tavinho dava tapas na sua bunda, aumentando o seu tesão.
O louro o pôs de quatro sobre a cama e Murilo abriu ainda mais as pernas para facilitar a penetração.
Indo até a gaveta do criado mudo, Tavinho pegou o lubrificante e passou no pau e no cu de Murilo, aproveitando para dedar aquele cuzinho pequenino e resado. Murilo piscava o cu nos dedos de Tavinho como uma forma de pedir pica.
Tavinho deslizou o pênis sobre o rego de Murilo. Mirou o pau na entrada e meteu com força, fazendo Murilo dar um pulo para frente. O louro o segurou pelos quadris e beijou a sua boca, enquanto fodia aquela bunda gostosa, que engolia o seu pau com um buraco quente e apertado.
Murilo rebolava. Estava com fome de sexo. Estava amando ser dominado por Tavinho. Com a respiração ofegante, gemia alto, enlouquecendo ainda mais o louro.
Murilo se masturbava enquanto rebolava naquela pica.
Inebriados de prazer, ambos gozaram.
Murilo deitou o corpo na cama e Tavinho deitou na suas costas, beijando o seu pescoço.
_ Você é tão gostoso.
_ Olho só quem fala, o dono de uma pica maravilhosa.
_ Um cuzinho lindo e gostoso como o seu merece uma pica gostosa.
Murilo virou -se para beijá-lo e acariciou os seus cabelos cor de ouro. Sentiu-se feliz de estar ali com Tavinho satisfazendo o seu corpo e desfrutando do carinho que Tavinho o oferecia. Permitiu-se dar uma trégua das mágoas do passado e desfrutar de um amor que nunca teve.
_ Você é meu bebezinho. _ Tavinho dizia beijando o seu rosto e boca.
_ Você me ama também? Você nunca disse isso.
Murilo beija a sua boca.
_ Isso responde a sua pergunta?
Tavinho sorri e deita-se ao lado de Murilo. O ruivo se aproximou e pôs a cabeça no peito de Tavinho, e o louro o abraçou.
Murilo sentiu-se protegido naqueles braços fortes. Gotas de chuvas batiam no telhado e aumentava a intensidade.
_ Eu nem percebi que estava chovendo. _ Murilo disse antes de receber um beijo de Tavinho.
Murilo observava os pingos de chuvas pousarem na vidraça da janela e o vento movimentar as cortinas brancas.
Pensou em fechá-las, mas uma onda de sono foi dominando o seu corpo, pensando as suas pálpebras que foram fechando lentamente.
Através do mundo dos sonhos, retornou ao cenário da sua infância.
Caminhava pelas ruas feliz da vida levando o seu cãozinho branco de manchas marrons, que o chamava de Pipoca.
Seu sorriso foi apagado ao ver que Tavinho, Marcelo e Guto caminhavam em sua direção.
_ Olha só, o mijão caminhando aqui na rua._ disse Tavinho brincando com o cachorrinho, que pulava fazendo festas.
Tavinho pôs o bichinho no colo.
_ Me devolve ele. Eu tenho que ir para casa.
_ "Me devolve ele. Eu tenho que ir para casa."_ dizia Marcelo imitando a voz afeminada de Murilo. _ Fala que nem homem, porra.
_ Por favor, eu preciso ir embora.
_ Quer o seu vira-lata?
_ Sim.
_ Então, toma.
O cachorrinho emitiu um grito angustiante ao ter a patinha quebrada por Tavinho, que cometeu a maldade olhando de um jeito aterrorizante para Murilo.
Os meninos olharam espantados para Tavinho, não esperavam que ele cometesse tamanha crueldade.
Tavinho jogou o bichinho no colo de Murilo. O coração do menino batia acelerado. Sentiu um medo e uma tristeza profunda ao ver o bichinho chorando de dor.
Ele chorava junto, porque a sua alma sangrava. As lembranças desse dia sempre o atormentavam durante toda a sua vida.
Acordou aos gritos e lágrimas. Sentindo-se desesperado.
Tavinho o abraçou.
_ Calma, meu amor. Foi só um pesadelo. _ disse envolvendo Murilo nos seus braços.
_ Eu estou aqui com você.
Toda a ternura que Murilo sentiu por Tavinho havia desaparecido, dando espaço para a raiva e desespero.
Queria gritar palavras ofensivas a Tavinho. Fazê-lo sofrer a mesma dor que o provocara. Como não podia extravasar a sua raiva, chorou alto, soluçando e permanecendo abraçando Tavinho.
_ Oh, meu amor, calma. Foi só um pesadelo. Está tudo bem agora. Você está seguro.
Murilo tremia e Tavinho se viu preocupado com o estado do amado.
_ Amor, você tem algum calmante?
Murilo fez sinal positivo com a cabeça e apontou para a gaveta do criado mudo.
Tavinho pegou o remédio e notou que não havia água no quarto.
_ Eu vou buscar água.
Desceu nu e retornou portando um jarro com água e um copo vazio. Encheu o copo e entregou ao amado, pondo o remédio na sua boca. Acariciava o rosto de Murilo, que não conseguia parar de chorar.
Depois de alguns minutos, Murilo se encontrava mais calmo. Estava sentado na soleira da janela do seu quarto, nu, com um cigarro entre os dedos, erguendo a cabeça para tragá-lo.
Com olhar distante, fitava a lua cheia, surgindo entre as nuvens. Era uma visão bonita de se ver.
Deitado na cama, com os braços cruzados na cabeça, Tavinho o observava.
_ Está se sentindo melhor, meu amor?
_ Sim. _ Murilo respondeu sem olhar para Tavinho.
_ Vem dormir.
_ A chuva passou e o céu está lindo. Bom para ser apreciado tomando um café quentinho. Sabe fazer café, meu amor?
_ Saber eu até sei, mas não é dos melhores.
_ Seria pedir demais que você me preparasse um? Por favor?
Tavinho sorriu.
_ Eu faço. _ disse mandando um beijo para Murilo que retribuiu o beijo.
_Amor, a noite está linda. Merece uma foto. Você poderia me emprestar o seu celular? O meu está descarregado.
_ Claro, meu bem.
Tavinho pegou o celular que estava dentro do bolso da sua calça jeans, que estava no sofá enfrente a cama. Desbloqueou a tela e o entregou beijando.
_ Eu vou lá na cozinha e já volto com o café.
_ Eu te amo tanto, Tavinho.
Tavinho sorriu. Estava feliz com as falsas palavras de Murilo.
Vestiu sua cueca box branca e saiu do quarto.
No mesmo instante o sorriso de Murilo se converteu numa expressão de ódio. Foi até a gaveta do seu gaurda-roupas e pegou o seu celular. Enviou o vídeo de Valdemar para Tavinho e desligou o seu aparelho, pondo-o de volta na gaveta.
Procurou o nome do delegado Amâncio da lista de contatos de Tavinho e ao encontrar o nome, enviou o vídeo com a seguinte mensagem.
"Veja como o Valdemar é um filho da puta. Não podemos deixar isso barato. Ele precisa pagar pelo que fez com o meu amigo.
Ñ me responda agora. Ñ posso falar, mas amanhã nós conversamos."
Murilo apagou a mensagem e o vídeo do celular de Tavinho e em seguida tirou fotografias da lua.
Do outro lado da tela, o delegado Amâncio, que estava de plantão na delegacia, recebeu a mensagem ficou abismado com o que viu. Como Valdemar pode fazer isso com o seu filho? Por que tamanha maldade com o Marcelo?
Ficou furioso pela traição do amigo. Não esperava que isso viria de Valdemar. E o miserável ainda foi ao hospital prestar solidariedade a ele e sua família! Falso! Cretino!
Possuido de ódio, saiu da sua sala correndo e foi até a garagem, entrou no carro e partiu.
Valdemar o pagaria muito caro por isso.
