Uma jovem no período de descobertas e sem experiências sexuais anteriores vê-se confusa diante da possibilidade de uma relação com uma pessoa do mesmo sexo. A curiosidade pelo novo a levará ao inesperado e se envolverá ainda mais nesse jogo de experimentação.
O sol estava se pondo e, mesmo sob os protestos da mamãe, eu corri mar adentro para dar meu último mergulho, era a despedida do nosso derradeiro dia de férias no RN. Meu avô costumava dizer que se a natureza tivesse bobeado um pouquinho, eu teria nascido peixe, já que não saia da água. Mergulhei por baixo de uma onda e ao levantar fui surpreendida por outra maior. Após levar o caldo chacoalhei a cabeça para tirar cabelo e água dos olhos. Levei um baita susto ao dar de cara com uma moça. Ela se aproveitou da proximidade dos nossos lábios e me roubou um beijo. Fiquei pasmada e tentei recuar, mas não estava dando pé.
— Desculpe, não quis assustá-la — disse ela.
Algo de gracioso em seu sorriso, em conjunto com seus olhos negros e ternos, substituíram o contratempo que eu acabara de passar com a onda por um bem estar repentino. Também não saberia explicar porque senti o desejo de ter outro beijo roubado. No entanto, tentei não demonstrar.
— "Magina", não tem de quê.
Só então percebi que ela estava com o busto nu.
— Perdeu seu biquíni? — perguntei inocentemente.
— Eu não tenho um — explicou e fez uma carinha marota.
— REBEEECAAA!!! QUER SAIR LOGO DESSA ÁGUA — veio o grito lá da praia.
— É a sua mãe?
— Sim, é ela. Mamãe me trata como se eu ainda tivesse sete anos.
— Minha mãe também é assim. Volte aqui mais tarde pra gente conversar um pouco.
— Acho que não vai dar.
Minha mãe deu mais um grito que parecia ser um ultimato.
— Vai lá antes que ela venha te buscar.
— Vou nessa, tchau!
— Tchau, Rebeca! Estarei esperando por você. — ouvi enquanto dava as primeiras braçadas.
— Vou tentar, mas acho difícil.
Lá na pousada fiquei imaginando o que teria rolado se o cão de guarda da minha mãe não estivesse me vigiando. Enfim, é uma merda considerar-se madura, contudo ainda ser tratada como criança.
Bem mais tarde nossas malas estavam prontas, pegaríamos um voo de volta a São Paulo na manhã seguinte. Mamãe retornaria de imediato ao trabalho. Eu ainda teria uns dias de folga antes de iniciar o ano letivo.
Mamãe já estava dormindo há algum tempo. Eu estava tomando coragem para sair, e não parava de pensar naquela moça que mexeu comigo como nenhuma outra pessoa já havia mexido. Sabia que cometeria uma loucura, mesmo assim iria ao seu encontro. Silenciosamente peguei uma saída de praia em minha mochila e vesti por cima do conjuntinho de dormir. Eu não tinha a intenção de entrar na água, só queria ver se aquela doida estava mesmo me esperando na praia.
Saí da pousada sem chamar a atenção, uma vez que o entra e saí de hóspedes não tem hora. Caminhei uns cem metros até o calçadão e parei ao lado do quiosque em que estávamos à tarde. O pequeno comércio estava fechado e a praia deserta. Desci o barranco formado pela erosão e andei temerosa pela areia me aproximando da água. Girei o corpo olhando ao redor… Nem sinal da loira, acho que demorei demais — falei comigo mesma. A iluminação do calçadão não ajudava muito e não tinha luar naquela noite. Ao dar meia volta para retornar eu ouvi sua voz:
— Espera, Rebeca!
Virei assustada e a vi deslizando sobre uma onda que se desfez na praia. Ela ficou em pé, porém, eu poderia jurar que a moça tinha uma cauda de sereia e que a mesma se transformou em pernas em fração de segundos. Ela avançou em minha direção, completamente nua e com seus olhos brilhantes fixos nos meus. Causou-me uma sensação estranha, similar a um estado de entorpecimento.
— Que bom que você veio — disse ela e pegou em minha mão —, vem comigo!
— Linda a sua roupa, parece um vestido de noiva.
— Obrigada, mas é só uma saída de praia — respondi meio no automático, posto que estava confusa com tudo aquilo, principalmente com a anatomia do seu corpo perfeito, ou quase, posto que havia uma protuberância em sua vagina: a sua glande do clitóris se assemelhava em tamanho a uma glande do pênis de um adulto.
— Aqui está bom, estaremos fora do alcance dos olhares curiosos — disse ela quando chegamos ao pé do barranco acidentado.
Com certeza eu não estava em meu normal, meu sexo pulsava de tesão imaginando o que viria a seguir. E a minha roupa começou a ser retirada com a minha anuência. Ela deixou-me nua. Nossos corpos se juntaram em um abraço e ganhei um beijo cheio de volúpia. O pequeno desconforto foi em razão dela estar gelada, apesar da noite quente. Deixei que me deitasse na areia e recebi seu corpo sobre o meu. O seu beijo continuou ardente e sua boca de hálito aquecido desceu beijando meu pescoço e chegou ao meu mamilo intumescido proporcionando-me prazeres. Não preocupei-me mais com o lugar público e se seríamos vistos ou não, estava doida para que sua boca continuasse descendo rumo ao meu sexo. No entanto, ela levantou parcialmente o tronco, olhou-me carinhosa e enigmaticamente nos olhos e disse:
— Eu quero muito te possuir agora.
E qual não foi minha surpresa ao sentir algo roliço e rígido se alojando entre minhas coxas. Mais que depressa olhei para aquilo e pensei que fosse um pênis de loja sex shop.
— De onde você tirou isso?
— Isso é meu, é de nascença.
Apesar da nova surpresa e de ter ficado sinistro e esquisito pra caramba aquele encontro, deixei-me levar pelo desejo sexual. Acho que seus beijos tinham um quê de alucinógeno, a ponto de deixar-me refém e entregue às suas vontades.
Fiquei excitada e ao mesmo tempo temerosa, pois eu nunca havia praticado sexo com penetração, contudo, queria ser possuída o quanto antes por ela, ou seria ele? Não me importava, não aguentava mais, estava louca de vontade de transar. Evidente que o desejo era recíproco, já que sem mais delongas aquele membro, que surgiu praticamente do nada e cresceu em minhas coxas, foi direcionado em meu sexo encharcado e foi penetrando devagar com estocadas carinhosas até chegar ao meu hímen que não ofereceu muita resistência… Ahhh! Aquele pênis chegou ao fundo da minha alma. Seu ritmo ganhou velocidade e arrancou meus gritinhos que sem sucesso eu tentei controlar.
— O que você é? — sussurrei entre gemidos e deliciosamente em transe.
— Sou uma sereia.
— Não acredito. — murmurei gaguejando quase em prantos e sentindo um gozo precoce e indescritível. Remexi alucinada feito um réptil.
Ela pegou em minha mão e a levou por cima dela até sua fenda. Induziu-me a explorar com os dedos o interior de sua boceta. Aquilo, unido ao meu gozo sem fim, foi mágico.
Nós transamos madrugada adentro até o momento em que acabei sendo derrotada fisicamente. Minha última recordação foi a de perguntar seu nome.
— Gosto que me chamem de Iara, Rebeca.
E adormeci em seus braços, ainda nua.
Fui acordada por uns rapazes. Morrendo de sono resmunguei alguma coisa e mal consegui abrir os olhos por conta do sol ofuscante pouco acima da linha do horizonte… A ficha caiu, levantei assustada ao perceber que ainda estava no mesmo lugar ao pé do barranco, e trajando apenas o pijaminha (short e regatinha). Não lembrava de ter me vestido, provavelmente isso fora feito pela minha companheira daquela noite. Com a mente a milhão eu nem dei atenção aos três garotos surfistas. Olhei em volta à procura da Iara, ela havia desaparecido, assim como a minha saída de banho.
— Puta merda, tô ferrada! — exclamei ao lembrar da mamãe e saí correndo.
Cheguei na pousada sem nenhuma ideia ou desculpa decente para dar. Por sorte ela acordou somente após eu adentrar o quarto e fechar a porta. Fui direto para o banho. Durante a ducha gostosa caindo sobre mim, não conseguia conter o sorriso ao repassar na memória cada instante vivido com a Iara naquela noite. Mamãe entrou apavorando e reclamando do meu banho demorado. Disse que tínhamos que sair logo. Eu saí do box do chuveiro e ela entrou.
— Seu avô tinha razão, você parece um peixe, o chão tá cheio de escamas. De onde veio isso?
Saí do banheiro sem dar-lhe uma resposta. E com isso acabei poupando-lhe de ter uma crise nervosa.
***
Meses mais tarde, naquela mesma região praiana, começou a circular uma história de pescador sobre uma moça loira vestida de noiva que saia do mar durante as noites sem lua para atacar as jovens e virgens.
E, por coincidência ou consequência, enquanto corria aquele “disse me disse” sobre a loira, o número de adolescentes grávidas triplicou na região, segundo a secretaria municipal de saúde.
Fim