CAPÍTULO 09 – MAIS QUE AMIGOS
O Denis foi para casa antes do almoço, mas disse que logo voltaria para repetirmos a dose, só não entendi se era da balada que ele estava falando ou do sexo e preferi não saber.
Durante o dia o Victor tinha me ligado avisando que não iria para a Faculdade hoje, pois teria um compromisso.
Como todos os dias, meu pai me levou para a faculdade e lá estava eu com o Alisson no RU jantando. Ele chegara um pouco antes de mim e disse que resolveu esperar, pois detestava jantar sozinho. A Sara, estava no RU quando chegamos e nos chamou para sentar com ela. Quando chegamos na sala, a professora já estava, logo iniciou a aula, e transcorreu normalmente. Quando foi a hora do intervalo decidi ficar na sala, não estava com fome, então resolvi pegar meu celular e ir ouvir música, a Sara e o Alisson foram lanchar, acho que queria apenas andar, pois tinha jantado quando chegamos e não tinha como eles estarem com fome. Eu estava com o fone de ouvido, quando alguém tocou meu ombro, me virei e era o Rodrigo, que estava sentado atrás de mim.
- Oi. – Falou ele quando eu tirei o fone do ouvido.
- Oi Rodrigo.
- A professora vai passar um estudo de caso, em dupla, podemos fazer juntos?
Como o Alisson provavelmente ia fazer com a Sara, resolvi aceitar.
- Podemos sim.
Acabou o intervalo e logo a professora estava na sala, ela de fato passou o estudo de caso em dupla, eu fiz com o Rodrigo e a Sara com o Alisson. Acabou a aula e eu fui para o pátio com o pessoal, como iria de ônibus, tinha que ficar atento quanto ao horário para não perder.
Quando eu estava no pátio, recebi uma mensagem do Victor, avisando que estava na faculdade e que eu o esperasse no carro, que iriamos juntos.
Antes de eu ir para o estacionamento, o Victor me encontrou no pátio e logo veio falar comigo e com o pessoal. Ficamos conversando um pouco. Ele contando as expectativas do curso de contábeis e os pessoal contando as do curso de públicas. O Victor era muito entrosado, se dava bem com todo mundo e não demorava para fazer amigos nem puxar assunto. Se você não o conhecesse, dentro de cinco minutos parecia que eram melhores amigos.
Deu a hora e resolvemos ir, me despedi do pessoal e fomos para o carro. Quando estávamos chegando no estacionamento notei um cara encostado no carro dele, era o Wallace, mas o que ele estava fazendo ali?
- David. Tudo bem? – Ele me cumprimentou.
- Estou bem e você?
- Bem.
- O que faz aqui? – Perguntei, curioso. Ele não estudava naquela faculdade, porquê estava ali?
- Ele veio comigo, fez questão de vir, como estava livre essa semana, falou que queria conhecer a minha faculdade e amigos.
Eu olhei para o Victor, ele falou que ia terminar com o Wallace, mas acho que havia mudado de ideia.
Estávamos dentro do carro, já de saída quando ele notou que tinha esquecido algo na sala. E voltou para buscar.
Fiquei no carro com o Wallace, o silêncio inundava o interior do carro. Ficamos sem dá uma palavra por uns dez minutos, até que ele cortou o silêncio.
- David? – Falou ele sem se virar para me olhar no banco de trás do carro. – Eu sei que isso parece estranho.
- Parece não. É estranho e sei o porquê de você está aqui. – Falei sem dá muita atenção a ele. Estava no celular.
- Não foi por isso.
- Sério? Por que me parece que você veio me vigiar, para eu não falar nada para o Victor. Como lhe falei ontem a noite, ou você conta para ele, ou conto eu.
- Eu estava meio bêbado ontem a noite. Beijei aquele cara sem pensar.
- Pelo que vi você parecia está pensando bem quando vi vocês.
Ele se virou nessa hora para falar comigo.
- Por que esse interesse que eu fale para o Victor? Você está afim dele? Quer que ele termine comigo para poder ficar com ele sem culpa?
Agora ele estava tentando inverter o jogo. O Victor era meu amigo e não queria que terminassem para eu ficar com ele, eu queria que ele falasse a verdade, pelo menos assim o Victor não estaria sendo enganado, muito menos sentiria culpar por está querendo terminar com ele.
- Você é mesmo um idiota.
Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, o Victor abriu a porta do carro e entrou.
Ele sentiu o clima estranho dentro do carro.
- O que aconteceu?
Não falei nada, o Wallace quem falou.
- Nada.
- E esse clima.
- Impressão sua. Vamos?
Ele não parecia acreditar, mas se deu por satisfeito.
Fomos o caminho todo e eu não dei uma palavra, o Victor tentava puxar assunto, mas eu só respondei o básico. O Wallace, muitas vezes que tentava tirar a atenção dele de mim, acho que por medo que eu falasse alguma coisa.
Me deixaram em casa e seguiram viagem. Cheguei em casa, troquei de roupa e apaguei. Acordei na sexta de manhã para ir malhar. Cheguei na academia era 05:05, o Rafael já estava me esperando.
- Me esperando? Que honra. – Falei brincando.
- Claro. Está cinco minutos atrasado.
- E cadê seu outro aluno?
- Não vem hoje. Assim como o senhor não veio ontem e não avisou nada.
- Desculpa. Mas como eu ia avisar, não tenho seu número.
- Eita! Que burrice a minha. Nem passei meu contato. Não seja por isso. Ele pegou um cartão e me entregou com seus telefones, e-mail e demais dados. Cartão de apresentação.
- Vamos? – Perguntei, guardando o cartão na pochete.
- Vamos.
Cada dia que passava eu achava o Rafael um cara mais impressionante do que aparentava. O cara não era apenas um corpinho bonito, era um cara super gente boa.
Saída academia às 07:00, o treino foi pesado. Estava chegando na esquina quando um carro se aproximou de mim, logo baixou o vidro e vi que era o Wallace. Estava de brincadeira né?
- Eai David. Vai para onde a essa hora? – Perguntou ele me acompanhando bem devagar.
- Para casa. Estava na academia.
- Ah, legal. Parei só para falar com você. Vou lá, tenho umas coisas para resolver.
- Tchau. – Falei sem dá muita atenção a ele e segui meu caminho.
Quando cheguei em casa, não tinha ninguém, preparei um café para mim, comi, depois tomei um banho e fui estudar um pouco.
Depois dos estudos entrei no facebook para distrair um pouco e uma das sugestões de amigos era o Rafael. Entrei no perfil dele e vi a foto de perfil dele que era ele de terno, na formatura acredito. Comecei a olhar as fotos dele e logo uma me chamou atenção. Uma foto dele abraçado e beijando um cara, tentei ver se estava marcado, mas não estava e eu não conseguia ver muita coisa, pois não era amigo dele.
Enviei uma solicitação de amizade para ele, que aceitou quase que imediato, ele logo me chamou no bate papo.
RAFAEL: Oia ele aí. Tudo bem?
DAVID: Eai Rafael, tudo bem. E com você?
RAFALE: Estou bem. Acebei de parar um pouco para descansar.
DAVID: Que legal. Correria seu dia né?
RAFAEL: Um pouco. E o seu? O que andas fazendo.
DAVID: Ah, ao contrário do seu, o meu é bem calmo, por enquanto. Não lembro se já falei, mas começo a trabalhar na próxima semana, por hora estou só na faculdade.
RAFAL: Que legal. Faculdade de quê?
DAVID: Administração Pública.
RAFAEL: Muito massa, vou começar outra, mas só é ingresso no próximo semestre.
DAVID: De quê?
RAFAL: Direito. Sempre foi minha segunda paixão. Rsrsrsrsrs
DAVID: Será a minha segunda graduação. Pelo menos eu pretendo.
RAFAEL: Pois vá em frente cara. Você consegue.
Conversamos mais alguns minutos e depois ele saiu, disse que ia descansar um pouco. Fui então olhar a foto dele com o cara novamente. Mas não tinham marcação, apenas os comentários falando que eram um belo casal que faziam um belo par juntos. A foto era de um ano trás. Não encontrei quem era o rapaz, mas uma coisa era certa, eles combinavam mesmo.
*********
Cheguei na faculdade dez minutos depois, pois tive que ir de ônibus, pois meus pais não estavam em casa, tinham viajada para a casa dos meus avos, juntamente com a Carla e o namorado, só estaria em casa na segunda. Logo encontrei o Alisson, que me chamou para jantar, juntamente com a Sara. Fomos para o restaurante e para a sala.
A aula foi normal e logo estava eu no pátio aguardando o Victor para irmos para casa. Depois de alguns minutos vi ele indo em direção ao carro.
- VICTOR? – Gritei, mas ele não me escutou.
Quando o alcancei já estava chegando no carro.
- Victor. – Falei se aproximando dele. – Quase não lhe alcanço.
Ele não falou nada, mal vi seu rosto até ele entrar no carro e eu em seguida no banco do carona.
Eu olhei para ele que estava com a cara fechada, estava bravo, nunca tinha visto ele com aquela cara, pelo menos não até aquele momento.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei sem querer me meter muito.
- Aconteceu. – Ele falou em um tom seco. – E você sabe. Pensei que fossemos amigos.
Eu não entendi, então esperei uma explicação. Mas logo me toquei do que seria o assunto, mas ele já tinha disparado.
- O Wallace terminou comigo, o que é engraçado, pois eu estava para terminar com ele, e não estou chateado por isso. Mas ele me falou que conheceu outro cara e que queria tentar com ele e que você sabia. Por que não me contou. Você o viu na balada e não me falou nada. Por quê?
- Ei. Ei. Ei. Calma aí amigão. – O adverti. – Eu o vi sim e não lhe contei porque dei a chance dele lhe contar, pois eu não queria ser o responsável por isso.
- Era para você ter me contado. – Ele elevou o tom da voz. – Você é um idiota e pensei que gostasse de mim.
- Ei. É claro que eu gosto.
- Não gosta não, senão teria me contado que ele estava se pegando com outro na balada. Eu esperava mais de você, acho que gostou de se divertir vendo eu pagar de babaca com ele e você sabendo de tudo.
- Ei! – Adverti. – Três coisas. Primeira: Eu dei a chance para ele lhe falar, pois não queria eu ser o responsável por isso, porque depois que o vi na balada, no outro dia ele estava aqui lhe esperando no fim da aula e você estava feliz. Segunda: Eu não tinha que me meter na relação de vocês, não desse jeito. E terceira: eu gosto de você sim, mas não é porque gosto de você e somos amigos – ele deu uma risada irônica – que sou obrigado a escutar você me descontar a raiva que você estar em mim, não sou obrigado a isso, Victor. – Eu abri a porta do carro e sai.
- Aonde você vai? – Perguntou ele quando eu saí do carro, olhando pela porta do passageiro.
- Vou para casa, de ônibus, não sou obrigado a isso. Quando você se comportar com educação e a pessoa que você é aí sim podemos conversar. Seu idiota. – Falei e bati a porta do carro.
Sai andando em direção ao ônibus, que a essa hora já estava de saída.
- David? – Gritou ele. Mas não dei ouvidos e segui para o ônibus.
Ele passou por mim queimando pneu e seguiu.
Saltei no ponto próximo a minha casa e fui andando, sozinho. Levei uns 15 minutos para chegar na minha rua, pois tinha ido devagar. Quando dobrei a esquina vi um carro parado em frente à minha casa.
- Só pode ser brincadeira. – Quando me aproximei do portão para abrir o Victor saiu do carro e veio em minha direção.
- David? Me desculpa, podemos conversar.
- Victor, eu estou cansado. De verdade, vamos acabar com esse assunto. Não tenho nada a ver com isso.
- David, por favor.
Eu pensei por um segundo, respirei fundo e concordei.
- Vamos entrar. Está tarde para ficarmos aqui fora. Vou abrir o portão para você colocar o carro para dentro.
- Não, vai fazer barulho, pode acordar sua mãe. Podemos conversar em outro local?
- Não tem ninguém em casa, estou só. Forma para a casa dos meus avós, só voltam na segunda.
- Está bem.
Abri o portão, ele colocou o carro para dentro e entramos.
- Me dá cinco minutos para eu trocar de roupa e a gente conversa. – Falei indo para meu quarto.
Cinco minutos depois eu estava no sofá sentado ao lado dele.
- Pronto. Vamos lá.
Ele não falou nada, entrelaçou os dedos. Ele estava nervoso, balançando a perna constantemente.
- Victor? O que houve?
Ele me olhou e vi que realmente ele estava perdido. Queria falar alguma coisa mais não tinha coragem. Esperei o tempo dele.
- Victor, acho melhor a gente conversar em outra hora, seja o que for, você está apreensivo para me contar. É melhor você ir. – Fiquei de pé para ir abrir a porta.
Ele se pôs de pé quase que imediatamente e senti ele me puxar pelo braço, quando percebi sua boca já tocava a minha e por um segundo, sentir o beijo dele parecia bom, era quente e aconchegante, ele me puxou para perto dele e me abraçou me envolvendo em seus braços. Me deixei por alguns segundo me sentir protegido em seu braço e correspondi, até me dá conta de que aquilo não deveria está acontecendo. Me afastei dele e vi sua cara de dúvida em encarando.
- Victor. Por que você fez isso – Perguntei.
- Eu gosto de você David. Me dá uma chance de te mostrar que posso lhe fazer feliz.
Eu não sabia o que fazer, eu gostava do Victor, mas como amigo. Não podia entrar nessa e fazer ele sofrer, seria egoísmo da minha parte.
- Vick... Desculpa, mas somos apenas amigos. Eu queria muito lhe dizer o que você quer ouvir, mas nesse momento, não posso. Você é um amigo, sempre foi, não sei se deixei transparecer outra coisa, mas é isso que sinto e não seria justo com você e nem comigo eu entrar nessa sem ter um sentimento.
Ele não falou nada, vi ele pressionar os lábios um contra o outro e seus olhos se encheram de lágrimas. Ele engoliu em seco e uma lágrima desceu em seu rosto.
Eu estendi o braço e enxuguei a lágrima com a mão. Ele fechou os olhos quando minha mão tocou seu rosto e mais lágrimas desceram por seu rosto. Eu enxuguei as demais, com as duas mãos no rosto dele. Ele ainda com os olhos fechados, eu dei um beijo no seu rosto.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos e então falou.
- Acho melhor eu ir.
- Vick.
- Não. Tudo bem. – Mas eu sabia que não estava. – Pode abrir o portão para eu sair.
- Desculpa, de verdade.
- A culpa não é sua David. Eu quem criei expectativas, não você.
Ele saiu e foi para o carro, não falamos mais nada. Vi ele engatar a ré sair da garagem, engatar a primeira e sair cantando pneu enquanto eu fechava o portão.
- Desculpa Vick. – Falei, mas ele já estava longe, não podia mais ouvir.
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Boa noite galera.
Mais um aí para a conta. Obrigado a todos que estão lendo o conto e obrigado pelos comentários, são pouco, em comparação aos que estão lendo, mas para mim é muito e faz uma grande diferença.
Forte abraço a todos e tenham um ótimo final de semana. Semana que vem estaremos de volta com mais um capítulo.