[ERIC]
Acordei numa clareia com os outros lobisomens também despertando. Estava em casa, e bem rapidamente catamos as roupas escondidas por ali, nos vestimos e voltamos para casa. Em casa já, na mesa comendo alguma coisa, começamos a falar sobre o que havia acontecido com Flávia e toda situação com os Cardoso.
- Eu queria saber o que aconteceu com a Flávia Cardoso, mas acabei perdendo a consciência... - falei lamentando.
- Ela não virou lobisomem. - respondeu meu pai. - Ela ficou o tempo todo como humana. De alguma forma ela agora é humana. - disse.
- Então o Branco realmente de alguma forma fez ela não ser mais uma lobisomem... - falei pensativo.
- Quem? - perguntou Alex. - Branco? O filho do prefeito? Mas ele nem estava lá. - disse com uma risada incrédula.
- Minha filha?! - falei. - Pai, tu viu o Branco lá, não viu? Todo mundo viu! - exclamei.
- Não, o tempo todo fomos só nós, os caçadores e a matilha dos Cardoso. - respondeu meu pai, e ele não estava mentindo.
- Sim, lirou mano. - confirmou Nessa. - O Branco nunca esteve lá não. Mas o fato foi que a Flávia não se transformou em loba, e isso segue um mistério. - falou.
- Okay... Eu vou encontrar meus amigos... - disse apertando os olhos de desconfiança.
O que havia acontecido com todo mundo, que ninguém mais lembrava que Branco foi quem transformou Flávia de volta ao normal? Eu perguntei mais pessoas da minha família que estavam lá, e até tia Mariana, a própria alfa negou que Branco tivesse feito alguma coisa. Eu estava começando a achar que o maluco agora seria eu.
Fiz uma ligação de vídeo com Lola e André, e contei sobre tudo que tinha acontecido e até mesmo que ninguém mais se lembrava que o próprio Branco esteve lá no lugar, e fez e aconteceu, e simplesmente saiu do nada levando uma pedra escura que a ex-loba tinha vomitado. Estava começando a ficar indignado, até que meu telefone toca, e eu atendo.
- Alô! Eric? - falou Branco através do telefone.
- Oi Branco, tudo bem? - falei com o telefone, e acenei através do vídeo pros meus amigos escutarem. - O que aconteceu que ninguém lembra mais de nada relacionado a você de ontem à noite? Apagou a memória de todo mundo? - disse em tom de brincadeira.
- Na verdade... sim... - confirmou ele, o que me fez levantar as sobrancelhas de surpresa. - Eu só liguei pra avisar, e você não achar que está ficando maluco. Entretanto, eu não podia deixar todos eles saberem muita coisa sobre quem eu sou. De qualquer forma, fique bem, adeus. - desligou Branco logo em seguida.
- Gente, ele falou que apagou a memória de geral, menos a minha pelo visto. Eu já desisti de tentar entender, mas é a vida. - respondi simplista.
- Que tal a gente sair pra tomar um sorvete? Acho que a gente merece umas bolas... - disse Lola gargalhando em seguida.
- Minha filha?! Só se for agora. - respondi.
- Então vamos, estou saindo já. - falou André, e antes que a gente pudesse se manifestar, ele interrompe. - NADA DISSO! Vocês podem saindo agora também! - falou e desligou logo em seguida.
Saí para encontrar meus amigos na famigerada sorveteria Bolas Açucaradas, e só de pensar no nome eu já rachava de rir sozinho. Pelo caminho fiz um review dessa loucura toda que eu vivi, desde a morte do tio Valter, do início das investigações, até o desfecho que teve. Realmente uma aventura assim não almejo passar novamente.
- Oi lindeza! - falou Lola quando eu ia entrando na sorveteria.
- Oi meus lindos! - cumprimentei ambos com abraços e beijos.
- Acho que é isso né, acabou e tudo ficou esclarecido no fim. - disse André. - Quer dizer, pelo menos uma parte né. - deu uma risadinha.
- Exatamente! - concordei rindo também. - Pelo menos acho que agora não vai acontecer nada parecido daqui pra frente. - disse pensativo.
- Back to normal life! - falou Lola.
- Nossa, ela faz o fisk dela! - falei em meio a gargalhadas divertidas.
- Gente, o negócio é a gente se formar agora, e abrir um escritório nosso de investigação, imagina que ícone seria? - André disse.
- Olha, eu topo hein, a gente já fecha aqui essa parceria sim. - disse animado. - A gente coloca o nome de “Amizadrisal”, um trisal da amizade. - falei rindo da piada.
- E como tá a relação da sua família com os Bragança? - perguntou Lola.
- Tá tudo tranquilo, na real. - respondi com simplicidade. - Realmente todos parecem estar impelidos a ter uma vida pacífica, acho que se ajudar é melhor que gerar conflitos desnecessários. - concluí.
- Concordo, e assim você pode logo assumir o namoro com o Nicolas. - falou André e eu me empertiguei. - Ah para, todo mundo sabe, só estão esperando vocês oficializarem. Tô mentindo? - perguntou.
- Na verdade, tá não! - confirmei.
- Ih falando nele, olha quem apareceu! Oi Nicolas. - falou Lola se levantando para cumprimentar Nicolas que entrava pela porta.
- Oi pessoal, tô bem, como estão? - cumprimentou.
- A gente tá bem, senta aí! - chamou André.
- Oi xuxu, a gente tá bem, sorvete deixa qualquer um feliz. - disse sorrindo. - E aí, o pessoal lá tá de boas? - perguntei.
- Sim, acho que dessa vez as coisas vão se acalmar por um longo tempo. Eu espero no caso né! - falou. - Mas, na real nem sei se quero voltar pra vida normal, as últimas semanas do período chegando, e só pensando nos mil trabalhos e provas... - disse Nic se jogando a cabeça pra trás.
- Ai nem me fala! - exclamou André. - Só de pensar no professor de civil e ter que aturar ele mais essas semanas, eu não sei se consigo. - disse revirando os olhos.
- SIM! - concordamos Lola e eu.
A gente ficou ainda jogando umas conversas fora sobre a faculdade, os rumos que tomaríamos daqui pra frente, Nicolas e eu oficializamos nosso namoro para André e Lola, e mais tarde seria para o resto do pessoal. A gente viveu muita coisa junto, e acho que essa relação serviria a um propósito maior que só o amor entre duas pessoas, mas pra ressaltar as nossas diferenças, e que por mais que algo esteja pré-determinado, em teoria, por um passado, isso não significa que deva ser exatamente assim.
Lola foi pagar os sorvetes, junto com André, enquanto Nic e eu esperávamos.
- Pronto para viver normalmente... “normalmente” daqui pra frente?! - perguntou Nicolas.
- Desde que estejamos juntos, por mim eu topo qualquer normalidade. - falei de forma terna inclinando a cabeça para o lado.
- Own, quem vê até pensa! - disse Nic brincando. - Vamos? - ele se levantou e estendeu a mão.
- Me chama que eu vou! - disse segurando sua mão, e levantando em seguida.
Saímos da sorveteria, e pensei por fim que eu era bastante privilegiado, primeiro por ter meus amigos sempre presentes, segundo por ser lobisomem, mesmo não sendo exatamente algo que eu pudesse ter escolhido, por fim ter encontrado alguém que valesse a pena estar perto e realmente amar. Daqui em diante eu tinha certeza que estaria preparado para enfrentar qualquer situação, que estaria pronto e o mais importante, estaria junto de quem eu amava.