VIDA DE UNIVERSITÁRIO - Capítulo 4: É agora ou nunca!

Um conto erótico de Ferdinand Fiore
Categoria: Homossexual
Contém 2702 palavras
Data: 21/06/2020 02:11:02
Assuntos: Amor, Gay, Homossexual

No dia seguinte acordo com uma mão tocando em meu corpo, em meu tórax. Abro os olhos assustado e reparo Renato sentado ao meu lado na cama e me olhando... Ele ria, com a cara mais meiga e linda que alguém pode imaginar. Ele ainda estava sem camisa, ao meu lado. Quem dera acordar todos os dias com alguém sorrindo da maneira que ele estava naquele dia. Minha vontade era agarrá-lo, ali mesmo, e beijá-lo muito.

RENATO: Acorda dorminhoco... Acabei dormindo aqui na sua casa. Por que você não me acordou para ir embora?

EU: Ah, você estava dormindo tão profundamente que não quis te incomodar. Mas fique sossegado que liguei para sua mãe e disse que você estava aqui e dormiria agarradinho comigo. (risos)

RENATO: Está louco!! Você disse isso para minha mãe?

EU: Claro que não bocó! (Comecei a rir da cara dele)

RENATO: Preciso ir, mas antes quero tomar café contigo. (Meu coração disparou, mas não podia passar a oportunidade de tirar um sarro dele)

EU: Que romântico!! Será um pedido de namoro?

Risos. Sabe aquele tipo de brincadeira que você faz morrendo de vontade que fosse verdade? Foi assim que eu fiz. Ele jogou o travesseiro em mim e saiu do quarto. Levantei, escovei meus dentes e fui para a cozinha. Chegando lá vi uma mesa toda arrumada para o café. Ele tinha preparado tudo. Suco, pão, omelete, frutas, entre outras coisas.

EU: Meu Deus, o que aconteceu aqui?

RENATO: Queria apenas retribuir o dia de ontem, o jantar e a sua amizade. Ontem você fez o que realmente precisava: um ombro amigo, o seu tempo e a sua amizade. Obrigado mesmo.

EU: O que é isso?! Faço por que te quero bem e porque já te considero um grande amigo também. Tenho certeza que você faria o mesmo por mim.

Ele veio até mim e meu deu um abraço. Seu corpo, sem camisa, tocando no meu. Seu tórax peludo esfregando com o meu naquele abraço, ali na cozinha. Na hora fiquei excitado!! Sentei logo na cadeira antes que percebesse. Tomamos o café e combinamos como seria o nosso carnaval.

O feriadão passou voando... Pulamos todos os dias, saímos em vários blocos, ele fez questão de me levar na Sapucaí. Ficamos grudados o tempo todo, algumas vezes com os nossos amigos, outras somente nós. Visitei a sua casa, fiz amizade com a família dele.

E assim como o feriado, o mês de março também passou rapidamente. Ele me ajudou nas primeiras avaliações, afinal ele já tinha passado por aquilo. Na aula que fazíamos juntos nos demos muito bem nas notas. Em nossas horas livres íamos ao shopping, pegava um cinema, fazíamos encontros com os amigos no meu apartamento, caminhávamos na praia, entre outras atividades. Minha mãe, juntamente com um de meus irmãos vieram me visitar num dos finais de semana e aproveitei para apresentar meu amigo Renato. De vez em quando pegava ele falando na Bianca, mas eles não tinham reatado o namoro.

Eu estava totalmente apaixonado por ele. Não tinha como esconder isso de mim. Todas as minhas dúvidas se dissipavam a cada dia, a cada momento que passava ao seu lado. Pela primeira vez sentia algo tão forte, um amor tão intenso a uma outra pessoa que não fosse alguém da minha família. Estava amando o Renato sem ao menos ter beijado aquele homem, sem ao menos ter me declarado para ele. Precisa fazer algo e decidi que faria alguma coisa para mostrar isso. Às vezes achava que ele também curtia estar ao meu lado, não apenas como amigos, mas com uma outra intenção. Às vezes achava que era coisa da minha cabeça... Estava realmente muito confuso com aquele turbilhão de sentimentos. Eu precisava fazer algo para mostrar tudo aquilo que estava me sufocando, para mostrar o meu amor por ele. Mas tinha muito medo de perder a sua amizade caso ele entendesse de maneira errada. Tinha que pensar com cuidado em como tocaria naquele assunto.

No dia 02 de abril de 1995 seria o aniversário do Renato. Embora a data caísse num domingo, ele resolveu fazer uma baita festa no sábado para que todos pudessem aproveitar. Resolvi que daria meu primeiro passo naquele dia, afinal ele estaria feliz ao lado de sua família e seus amigos. Comprei uma camisa que ele tinha gostado no shopping e um cd para presenteá-lo. Estava ansioso pela chegada da festa. Ajudei com os preparativos, com os convites, com a compra das bebidas e comida, com a organização e arrumação. Estava tudo como ele queria!

Me arrumei e fiquei contando os segundos para ir. Estava nervoso pelo o que iria fazer e como ele iria reagir. Pensei várias vezes em deixar como estar, que a nossa amizade seguisse o caminho normal, mas não aguentava mais sufocar o amor que sentia. Era avassalador. Parecia que eu o conhecia há muitos anos. Quem já passou por isso sabe muito bem o que estou dizendo.... Precisava criar coragem!!

Fui para festa e me sentia um adolescente de 13 anos chegando no seu primeiro bailinho onde beijaria a menina mais bonita da escola. Mas não! Era o homem mais bonito da universidade.... Pelo menos pra mim era.

Fui recebido pelos seus pais que me disseram que ele estava perto da churrasqueira. Entrei, pois já me sentia a vontade em sua casa. E lá estava ele, vestindo uma camisa polo azul, calça jeans e um tênis da moda. Ele estava lindo!. Ao me ver ele veio em meu encontro e me deu um grande abraço. Ele estava totalmente perfumado.

EU: Parabéns Re. Feliz aniversário!

RENATO: Obrigado Fer, obrigado mesmo. Você se tornou uma pessoa muito especial pra mim.

EU: Você também.... Sabe que te amo né. (Essa foi a primeira jogada que dei)

RENATO: Você também brother! Você é um grande amigo!!

EU: Está aqui o seu presente!

RENATO: Não precisava! Sua amizade já foi meu presentão do ano. Mas agradeço de coração!

Ele abriu o presente e não acreditou que era a camisa que ele tinha gostado. Agradeceu mais uma vez com um abraço e foi guardar. Me reuni com a Sabrina, Heloísa, Marcos e Arthur e com alguns outros amigos que estavam ali. Renato foi dar atenção para os outros convidados, mas a todo momento ele vinha conversar comigo e com os outros do grupo, nunca deixando de ser um belo anfitrião. Eu estava suando muito. Não tirava meu olhar dele.

HELOÍSA: Fernando, estava conversando com o Arthur o como estou achando legal essa amizade sua com o Renato. Fez muito bem para ele e acredito que para você também.

EU: Realmente Helô, sou muito feliz com o laço que criei com todos vocês!

ARTHUR: Mas nós estamos falando exclusivamente de você e o Renato, da amizade de vocês dois.

EU: Realmente ele tem sido um grande brother.

ARTHUR: Somente um brother? (Nessa hora estranhei a conversa dos dois)

HELOÍSA: Tem algo a mais que você queira nos contar?

EU: (Tentando disfarçar meu espanto por tudo aquilo) O que vocês querem dizer com isso? Não estou entendendo!!

HELOÍSA: Não precisa ter vergonha Fernando. Eu e o Arthur não somos preconceituosos e somos muito observadores. Percebemos como você olha para o Renato, como por exemplo agora a pouco.

EU: Olho normalmente. Não estou realmente entendendo o que querem dizer.

ARTHUR: Você gosta dele, não é?

EU: Sim, já disse, como um grande irmão.

HELOÍSA: Bem, se não confia na gente, tudo bem! Mas fique sabendo que damos o maior apoio pra você. E se quiser conversar com alguém sobre isso, estamos aqui.

Abaixei minha cabeça de vergonha. Acho que estava dando muito na cara o que estava sentindo. Precisava me abrir com alguém sobre o que sentia e aquela foi a oportunidade. Estávamos um pouco de lado dos outros de modo que não nos ouviam.

EU: Me desculpe Heloísa, me desculpe Arthur. Não é falta de confiança. Acho que já estou dando muita bandeira. Mas é complicado falar sobre isso pois para mim é muito confuso ainda. Nem eu sei ao menos o que se passa. Mas me apeguei muito ao Renato, ao seu jeito, querendo estar ao seu lado. Não sei o que sinto, não sei a carência de estar numa cidade que mal conheço, mas acho que realmente gosto dele, que.... Que realmente.... (Respirei fundo e abaixei a cabeça de vergonha). Que realmente estou apaixonado por ele. (Heloísa veio até mim e me deu um abraço. Arthur deu um tapinha no meu ombro como quem diz “É isso aí, vá em frente”. Nessa hora respirei aliviado em colocar aquilo para fora, em contar para alguém o que sentia)

HELOÍSA: Conte com a gente para conversar... Para te ajudar no que for.

EU: Obrigado!!! Posso fazer uma pergunta sincera?

ARTHUR: Claro que pode.

EU: Vocês acham que tenho chances? Tenho muito medo de fazer algo errado e perder a amizade dele que está me fazendo muito bem.

HELOÍSA: Olha Fer, é difícil de dizer que sim, pois o Renato nunca demonstrou algo sobre isso. Ele sempre saiu com meninas, mas como hoje em dia tudo está tão diferente, não podemos falar nem que sim e nem que não. Faça o que seu coração mandar. Realmente não sabemos como ele pode reagir diante de uma situação dessa. Vai com calma e como disse: faça o que seu coração disser.

Nessa hora Renato chegou perto da gente e mudamos de assunto para ele não perceber. A festa estava divertida e animada. Dancei e bebi muito o que me fez me soltar mais ainda. Renato agora não saía de perto da gente, principalmente de mim. Ele estava muito feliz, mais que os últimos dias.

RENATO: Fer, quero te contar uma coisa, quero que seja o primeiro a saber. (Fiquei ansioso para saber o que era. Será que ele me contaria um segredo guardado a sete chaves? Será que ele revelaria algo que descobriu a pouco tempo, um sentimento reprimido, algo que ele gostaria de fazer e só agora teve coragem de colocar em prática?)

EU: O que foi? (Ele chegou com a boca perto do meu ouvido. Aquilo me arrepiou... Sentia sua respiração. Tudo parecia acontecer em câmera lenta. Estava pronto para ouvir)

RENATO: Eu e Bianca reatamos hoje. (Ele olhou para mim e riu de felicidade). Ela ligou para mim para desejar felicidades e me chamou para conversar na casa dela. Fui lá e acabamos nos beijando. Ela pediu desculpas pelas brigas, pelo jeito dela e resolvemos voltar.

EU: Mas Renato, e ....

Nisso ele olha para a porta e vê a Bianca entrando. Ele deu as costas para mim e foi em direção dela. Parecia que um buraco tinha aberto embaixo dos meus pés. Não estava acreditando em tudo aquilo. Como ele podia voltar com ela? Olhei para a Heloísa e o Arthur e eles também ficaram sem reação.

Logo Renato chegou ao nosso lado abraçado na Bianca. Alguns abraçaram ela, mas logo percebi que ela continuava da mesma maneira que antes ao me olhar com desdém. Falei um “oi” superficial apenas para o Renato não ficar desconfortável com a minha atitude e saí dali com a desculpa que pegaria uma bebida. Fiquei num canto apenas observando a alegria do Renato em estar ao lado dela. Heloísa se aproximou e tentou falar algo que não dei muita atenção. Agradeci o carinho dela e fui para o jardim na frente da casa.

Um tempo depois os pais chamaram a todos para cantar os parabéns. Todos se juntaram no quintal e ali cantamos. Logo depois começou a tocar uma música romântica e formaram-se casais para dançar. Heloísa na intenção de me alegrar me puxou para o meio da sala e deixei ser conduzido, porém o Renato também foi com a Bianca e ficou ao nosso lado. Num momento que nossas companheiras de dança ficaram de costas uma para a outra pude olhar para o Renato. Ele também me olhou. Fixamos firme o nosso olhar, sem desviar. Com certeza a tristeza estava estampada em mim. Bianca sem saber que nos olhávamos segurou a sua cabeça e se lançou na boca dele, num beijo avassalador. Ele a beijou ainda me olhando.

Eu não aguentei e não consegui segurar meu choro. Morrendo de vergonha e tristeza de tudo aquilo, saí dali deixando a Heloísa no meio da sala.

HELOÍSA: Fer, espere!!! (Não escutei o que ela falou em seguida)

Fui até o meu carro, liguei e saí dali o mais depressa possível. Só observei pelo retrovisor a Heloísa, o Arthur e o Renato no meio da rua olhando meu carro se distanciar. Fui para a casa, guardei meu carro na garagem, mas resolvi não subir. Eu não parava de chorar. Sentia um aperto no coração. Fui caminhando, por alguns quarteirões até chegar na praia. Pisei na areia e fui até a água. Olhava sem parar para aquela escuridão e toda hora vinha a imagem do Renato beijando a Bianca. Sentei na areia e ali fiquei horas pensando em tudo que se passava, chorando. Meu celular não parava de tocar. Via que era o Renato que ligava, que era a Heloísa que ligava. Eu não atendia ninguém. Apenas queria chorar quieto no meu canto.

Depois de horas ali sozinho, na minha tristeza resolvo retornar para minha casa. Ao entrar no meu apartamento vejo um bilhete colocado por debaixo da porta. Abri.

“FER, O QUE ACONTECEU? ESTAMOS PREOCUPADOS CONTIGO. POR QUE VOCÊ SAIU DAQUELE JEITO DA FESTA? PRECISO FALAR COM VOCÊ BROTHER. POR FAVOR, ATENDE O CELULAR OU LIGUE PARA MIM. TO AQUI PARA O QUE PRECISAR…”

Comecei a chorar mais ainda!!! Tranquei a porta e me joguei na cama. Desliguei o celular para não o escutar mais tocar. E ali na escuridão do meu quanto, submerso na tristeza que tinha instaurada, adormeci...

Não manhã seguinte acordei com uma batida forte na porta da minha casa.

RENATO: Fernando, você está aí?

Olhei para o relógio que marcava onze horas da manhã. Fiquei quieto no quarto para que ele não escutasse que estava lá. Toda a lembrança da noite anterior veio na minha mente. Recomecei um choro contido.

RENATO: Fer abre, quero falar contigo. Sei que está aí. Vi seu carro lá embaixo. Você está bem?

Ele insistiu por mais um tempo e vendo que eu não abria resolveu ir embora. Passei o domingo trancado no apartamento. Liguei o celular e tinha várias mensagens gravadas. Não quis escutar nenhuma. Estava com os olhos inchados de tanto chorar. Perto das 18 horas novamente Renato bate na porta do apartamento. Meu coração nessa hora disparou.

RENATO: Fernando, abre a porta. Quero falar contigo. Abre que estou preocupado. Meus pais também estão preocupados. Liguei até para sua mãe lá no interior e ela ficou preocupadíssima. (Só aí me dei conta que as mensagens no celular também poderiam ser da minha família. Eu estava indeciso se abria ou não). Abre essa porta Fer. Se você não abrir vou coloca-la abaixo.

Depois de muito pensar resolvo abri-la. Não tinha como mais fugir daquela situação, tinha que encarar tudo. Abri a porta e lá estava ele em pé, diante de mim, com a cara de preocupação. Ele entrou, fechou a porta e me abraçou.

RENATO: O que aconteceu Fernando. Estamos todos preocupados, todos mesmo. Ligamos várias vezes no seu celular. Por que você saiu daquele jeito da festa? Estávamos dançando e de repente você começou a chorar.

Acabei abraçando mais forte o Renato e ele sem entender o que estava acontecendo. Comecei a chorar, chorar muito mesmo. Não tinha controle sobre o meu choro. Renato afagou meu cabelo. Estava tão bom senti-lo assim, envolvido em seus braços, no seu carinho. Me afastei um pouco do seu corpo e olhei em seus olhos, sem dizer uma única palavra. Sem entender ele também me olhou. E sem pensar nas consequências me lancei sobre os seus lábios. Nossa boca se encostou e puxei seu corpo contra o meu. Renato por um momento deixou, sem entender muito bem o que estava acontecendo. Mas rapidamente ele me empurra com força me fazendo cair sentado sobre o tapete da sala. Seu olhar muda. Ao mesmo tempo que me olhava assustado com tudo aquilo, algo mais acontecia. Fiquei assustado com o empurrão. Nossos olhos cruzaram...

(Continua....)

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Comentários

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O Renato parecia que estava sentindo a mesma coisa

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Realmente Ratinho, nas festas que aconteciam, pra quem era gay, era quase impossível dançar com o pretendente. Só no olhar mesmo.

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Cara, que viagem no tempo...

Dançar junto nas festinhas, era bom e ruim...

Pois se era gay, seria quase impussivel!

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Comecei hj a acompanhar esse conto, e confesso que estou encantado. Ansioso pelo próximo capítulo

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Estou terminando de escrever o próximo capítulo e a intenção é escrever a história até os dias atuais, se o retorno e interesse por partes de vocês for positivo.

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Nossa, deve ter sido uma época difícil pra enfrentar o preconceito

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Também fiquei confuso, e de 1995 a história ?

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Agradeço a todos pelos comentários.

Abduzeedo, sim. Eu tinha um Motorola DPC650. Horroroso diga-se de passagem.

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Sabia que essa Bianca ia chegar pra estragar tudo...Boba com a reação do Renato...Ansiosa pelo próximo capítulo. Bjs qrdo...(Essa história é verídica?)

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peraí esse história é de 1995? e as pessoas tinham celulares?

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Muito bom, você escreve muito bem! espero que o Renato não fique com raiva do Fernando.

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