Eu nunca fui do tipo que a o braço a torcer, sempre fui decidido e não só o tipo de segundas chances; quando eu tinha cinco anos e o meu irmão mais velho Tiago sete, nossa mãe foi embora, simplesmente assim, ela em um belo dia se levantou e disse que não perderia mais o tempo dela, juntou suas coisas e se foi; lembro-me que quando ela veio se despedir meu irmão choro e pedia para ela ficar e eu virei a cara e subi para o meu quarto, pra que sofrer por alguém que está indo embora? Quando meu pai chego, a noite do serviço se deparou com meu irmão chorando no canto e eu sentado no sofá comendo cereal e vendo TV e ele logo entendeu o que tinha acontecido, desligou a televisão e mando meu irmão parar de chorar, que ela não merecia suas lagrímas, meu irmão foi pedir um abraço para o meu pai e ele saiu, subiu e no quarto ficou e assim eu tive a minha primeira lição, não sofrer por ninguém e não esperar conforto também.
Após a ida de minha mãe, meu pai precisava arrumar alguma coisa para fazermos enquanto ele trabalhava e o seu amigo deu a brilhante ideia de nos colocar em uma aula de luta, em uma academia perto de nossa casa, como estudávamos de manhã e as aulas eram de tarde, daria perfeitamente e não teria importância esperarmos ate a noite para nosso pai nos pegar. E assim fomos matriculados e eu tive a surpresa em saber que a academia ficava em baixo de um estúdio de dança e ballet, me lembro muito bem de sempre ter a curiosidade de ver como era lá em cima, mas como o meu irmão fazia tudo o que meu pai pedia e tentava ao Maximo imitar ele em tudo, até mesmo na grosseria, não me deixava subir alegando sempre que somente meninas e viados faziam aquilo, mas eu nunca fui de ouvir o que os outros queriam.
Eu estava com sete anos quando e já entendia muitas e muitas coisas e já ouvia muitas outras coisas também, sempre os mesmo comentários sobre mim, sobre o fato deu não ser fisicamente parecido com meu pai e nem o meu irmão, eu tinha a pele mais escura que eles, tinha os olhos mel e um cabelo cacheado e meu pai e irmão eram bem brancos e dos cabelos ruivos, e eu tinha um rosto feminino, bem delicado com traços finos e sutis e por mais que eu tivesse força e muita pra minha idade, eu era bem magro e isto sempre me levava a ouvir comentários bem baixos . Meu pai era seco e bem sucinto comigo, sempre me reprimindo e deixando o meu irmão livre, ele sim era o seu filho, sua copia.
Já tinha terminado a aula de luta que eu até gostava, mais meu irmão amava ele, antes costumávamos ficar sentado esperando, mas agora o meu irmão se empenhava em outras aulas e outras turmas e eu? Eu ia para o andar de cima, já fazia alguns meses que eu estava indo até lá, eu via todos os paços e movimentos e secretamente os fazia em casa, madame já tinha me visto ali, ela não costumava deixar ninguém ver suas aulas e muitas ali tinham um certo medo dela e de sua leve vareta, que já a vi bater com muita força na barra quando as meninas não estava acertando; neste dia em especifico eu estava muito concentrado na aula de ballet e contemporâneo e não me atentei ao relógio, eu sempre ficava de olho nele para descer antes do meu irmão sair de sua última aula e meu pai chegar, mas desta vez eu estava vendo ela aplicar uma coreografia para as meninas que não estavam conseguindo pegar de maneira nenhuma, eu já tinha visto e revisto ela ensinar e da primeira vez já tinha pegado a contagem, madame me surpreendeu quando apontou a vareta para mim.
Madame- você, venha e mostre invés de ficar contando e se contendo!
Eu olhei para ele que me encarava e fui, fui sem medo, eu nunca fui o tipo de pessoa que para por medo, eu queria aquilo, eu acordava todos os dias de madrugada e ficava fazendo o que via, por querer aquilo, eu me encantava com tudo o que via e eu não ia desperdiçar aquilo; fui e ele soltou a música e ali mostrei tudo o que já tinha visto e todos os paços que já tinha pego, três contagens 1,2,3 voltava para o 2 e seguia novamente 4,5,6 e voltava no 5 e terminava em 7 e 8 e quando a música parou eu parei e a olhei, mas antes que madame pudesse dizer algo a porta foi aberta pelo meu pai furioso e meu irmão assustado , ele me agarrou pelo braço e saiu me puxando , eu não disse nada, não chorei e muito menos me abalei; assim que chegamos em casa, meu pai começou a me xingar e a xingar meu irmão que só pedia desculpas, eu só olhava para os olhos do meu pai e me mantinha calado, meu pai mandou meu irmão calar a boca e o deu um tapa no rosto,que rapidamente se avermelhou e após isto se virou para mim e me deu um tapa que fez meu rosto virar, eu não chorei e pude sentir o sangue escorrer pela minha boca, mas nada fiz apenas voltei a olhar em seus olhos.
Pai- se você ousar subir lá de novo, você vai apanhar tanto!
Eu passei a mão no sangue no canto e minha boca e sorri, e com um semblante serio disse:
Henrique- eu não vou sair, e faça o que quiser, mas eu não vou sair da danç...
Ele não me deixou terminar e me deu mais um tapa no rosto, depois me agarrou pelo pescoço e me trouxe para perto do seu rosto e cuspindo disse:
Pai- se você quer me desafiar garoto, você vai se fuder, eu acabo com você!
Henrique- eu não vou sair, então acho que vai ter que acabar comigo!
Ele me jogou no chão com tanta força que se pode ouvir o barulho dos meus ossos baterem no chão, ele tirou o cinto e me bateu, me bateu até as marcas sangrarem, mas eu não chorei, eu não pedi para parar, eu não ia dar esse gosto para ele, eu dizia para mim mesmo “ aguenta firme, não seja fraco, seja homem” e quando ele parou enxugou o suor e me encarou e viu que não tinha nenhuma lágrima em meus olhos, e assim ele jogou o cinto no chão e subiu .
Meu irmão que ainda estava meio choroso pelo tapa, somente me chamou de idiota e subiu e ali eu tive a minha segunda lição, a dor é para os fortes.
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