A vida de Renato

Um conto erótico de O Contador
Categoria: Homossexual
Contém 1393 palavras
Data: 30/06/2020 18:23:42
Assuntos: Homossexual, Gay

Todos os dias Renato acordava pontualmente as três da manhã sem a necessidade de um despertador ou de qualquer interferência externa. O vermelho iluminado do rádio-relógio em cima da mesa no canto do quarto confirmava que mais uma vez ele havia iniciado o seu ritual diário. A partir deste momento passaria duas horas olhando para o nada, sufocado por um número assustador de pensamentos por segundo e conscientemente desconfortável com a presença de Lúcia ao seu lado.

As coisas não foram sempre assim. A nova situação de Renato datava de aproximadamente cinco meses. Antes disso, se o que ele vivia não era exatamente a felicidade, conseguia preencher quase todas as expectativas para uma vida normal. Ana Carolina e Gabriel, seus filhos, não causavam maiores problemas do que aqueles aceitáveis para crianças de nove e doze anos. Sua esposa buscava cumprir aquele destino que buscam naturalizar para as mulheres, sua máxima devoção à família teve seu ponto alto quando decidiu largar o emprego em um escritório de arquitetura de médio porte para dedicar-se à família. O escritório de advocacia de Renato com dois dos seus ex-colegas de estágio, Paulo e Marcos, era capaz de garantir uma situação confortável para a família. Há um ano a vida de Renato serviria de pano de fundo para qualquer comercial de margarina.

Foi em uma manhã de dezembro que tudo começou. No período de final de ano ninguém parecia ter uma função estritamente definida no escritório, a necessidade de produzir os balanços anuais e elaborar projetos para o ano seguinte impunha a todos uma rotina muito mais exaustiva do que o trabalho regular. Naquela terça-feira um acidente atrapalhou o trajeto de Renato até o trabalho e causou um atraso de vinte minutos, uma eternidade em um dia como aqueles. Murmurou um “bom dia” mecânico para Carla, a recepcionista que nunca caiu em suas graças, mas cuja segurança no emprego repousava tranquilamente no “trabalho extra” que prestava para Marcos, e rumou para o elevador. Quando entrou, notou que um par de olhos repousava insistentemente nele.

- Renato! Esta aqui é o André, o meu novo estagiário. André, esse é o famoso Dr. Renato Gianni, o meu sócio de quem te falei. Tome as ordens dele como se fossem minhas.

- Certamente. – disse André, sorrindo e olhando diretamente para Renato. – Prazer conhece-lo, Dr. Renato.

- Prazer, André. Seja bem-vindo. – Renato não soube de onde veio a firmeza necessária para falar com André sem desviar o rosto. Os olhos inquisidores do rapaz combinados com a pele morena e atraente despertavam um sentimento de vulnerabilidade que Renato precisava abafar.

O pensamento de Renato só não esteve inteiramente ocupado por André por causa das inúmeras planilhas, das exaustivas reuniões e dos insistentes telefonemas que exigiam sua atenção. Mas algo nele estava profundamente desperto. Ele conhecia o sentimento, na verdade, era um velho segredo que aflorou com Eduardo, seu melhor amigo de infância, e que vez ou outra ressurgia com homens cujos nomes ele intencionalmente buscava não registrar. Carregado por essa sensação, o corpo de Renato foi guiado até um bar, ele não conseguiria ir para casa ainda. Evitou o estabelecimento mais popular entre os escritórios da região e entrou em um estabelecimento que estava sempre apinhado no horário do almoço, mas que mais se assemelhava a um deserto em outros momentos. Apesar disso, Renato sabia que eles permaneciam prontos para atender qualquer um que aparecesse. Durante horas Renato permaneceu ali sozinho bebendo cerveja. Seus pensamentos o deixavam excitado e ele precisava se controlar para não por o pau duro para fora e se masturbar até gozar.

De repente, como se por alguma estranha habilidade de Renato para materializar seus pensamentos, André apareceu sentado na cadeira em frente a sua sem pedir licença. De alguma forma, André sabia que estava em posição de comando ali.

- Doutor Renato! – a palavra “doutor” parecia excessivamente irônica na voz daquele rapaz de dezenove anos, representava uma hierarquia que não correspondia a maneira como um se sentia em relação ao outro, mas o seu uso ainda era necessário naquele momento. – Estava passando aqui na frente e pensei em dar um oi.

- Oi, André. – a voz de Renato lutava para se manter firme, o paletó de André dera lugar a uma bermuda preta e uma regata branca que revelavam um pouco mais das promessas que aquele corpo trazia. – É, eu quis dar uma passada aqui, mas já estou indo pra casa.

O medo que Renato sentia ao estar com André forçava essa fuga. O dono do bar-restaurante entendeu o seu sinal para levar a máquina do cartão até a mesa e a ação toda durou pouco mais de dois minutos. André observava silenciosamente. O desconforto de Renato era quase palpável.

- É isso, estou indo então. Obrigado pela companhia. – Ao tentar levantar, o corpo de Renato não respondeu apropriadamente e ele quase caiu. A mão firme de André rapidamente o segurou.

- Doutor, o senhor não está em condições de dirigir agora. Eu moro aqui perto, com um banho e um café talvez você consiga se recompor.

Renato ainda tentou falar algo, sabia que devia protestar, mas somente aceitou sua entrega e foi conduzido até o pequeno apartamento de André duas ruas depois. Como quem sabe estar do lado fraco da corda, Renato buscava registrar mentalmente tudo o que havia na sala enquanto aguardava algo - que não sabia exatamente o que era – sentado no sofá.

- Vem, vamos. – Foi a ordem de André e levou Renato até o banheiro. As roupas de Renato foram tiradas por ambos, mas ele conseguiu manter a cueca. Ele não podia ultrapassar essa barreira. André o colocou embaixo do chuveiro. O apertado box os obrigava ao contato, a excitação de Renato era inevitável. A mão firme de André foi em um tapa em direção a cara de Renato. Um sorriso dominador revelava sua posição ali. André, confuso e excitado, tentou reclamar, mas o que quer que seja que ele pretendia falar ficou perdido entre os gemidos quando André avançou em direção ao seu pescoço.

A partir dali, como cúmplices e adversários, ambos passaram a atacar um ao outro com mordidas e apertões embalados pela respiração pesada que os dois compartilhavam. Desistindo de manter qualquer fronteira, Renato ficou de joelhos e cheirou o pau de André. A cabeça enorme e imponente foi beijada por Renato e André rapidamente invadiu sua garganta. Os olhos de Renato lacrimejavam e ele engasgava, mas o desejo de satisfazer seu macho era o seu grande objetivo. Após alguns minutos sentindo a boca quente de sua putinha, André o levou até a cama e jogou o corpo de Renato lá. Puxou sua cintura e o fez ficar de quatro, seu cuzinho cheio de pregas anunciava-se como um território a ser dominado. André caiu de boca no rabo do seu chefe.

Quando deixou molhadinho, André virou Renato para cima – fazia questão de ver sua entrega, de avaliar os efeitos de sua dominação – e começou a brincar com o seu pau na entrada do cu de sua presa.

- Me fode. – murmurou Renato.

- O que? Repete.

- Me fode, André! Por favor, me fode.

O pau de André começou o seu processo de posse no cu de Renato. O corpo de Renato parecia tentar escapar, há anos ele não era penetrado, mas o tesão e a força de André garantiam que a foda iria até o fim. André via Renato morder os lábios, revirar os olhos, gemer e pedir por mais. Pacientemente os dois corpos foram unidos em um. Ambos sabiam que aquilo inaugurava um novo momento, mas Renato buscava não pensar nas consequências daquele ato irresponsável. Naquele momento tudo o que importava era receber o pau de André. O tempo ficou suspenso no ar, a entrega de Renato foi total até sentir a porra de André marcar o território como seu. André desabou ao lado de Renato e ambos ficaram ali por alguns minutos. Renato permaneceu imóvel enquanto recobrava a consciência de onde estava e do que fizera. Sem dizer uma palavra, ele se vestiu, tentou se recompor e saiu do apartamento. André ainda pensou em dizer algo, mas desistiu. André sabia que Renato voltaria. Renato andou sem rumo até sentir que conseguia voltar pra casa. Buscou o carro que havia deixado no escritório e dirigiu quase como um autômato enquanto os seus pensamentos e o que sentia em seu cu recém-deflorado faziam com que ele não parasse de visualizar André.

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