Regina e a Irmandade - O Portal de Ishtar 2

Um conto erótico de Paulo _Claudia
Categoria: Grupal
Contém 1722 palavras
Data: 30/06/2020 20:29:39

Estávamos dentro do imenso museu em Berlim, no corredor que levava à Porta de Ishtar. Os animais pintados nas paredes pareciam se movimentar, e eu podia afirmar que um deles, um “Mushussu” ou “Sirrush”( um misto de dragão e serpente ) estava me observando com curiosidade. Talvez estivesse tentando ler meus pensamentos. Nesse caso, eu focalizei minha mente no objetivo que tínhamos, que era evitar que as energias sexuais do ritual fossem usadas para propósitos negativos. Senti o animal se aproximando. Poderia ser apenas impressão, mas realmente era preocupante. Regina estava ao meu lado, usando as vestes rituais de Ishtar, o que provocava alguns murmúrios em pessoas ao redor. As outras mulheres usavam túnicas semi-transparentes. Eu, uma túnica de cor azul, parecida com a dos corredores e portal, adornada com estrelas.

De repente, senti que uma pessoa um pouco atrás de mim pareceu ser puxada e “absorvida” pela parede do corredor, desaparecendo junto com uma das imagens . Era real, ou apenas uma alucinação? Uma pessoa sendo capturada por um dos Guardiões... seria um intruso, um jornalista curioso infiltrado? Eu nunca saberia.

Chegando perto da Porta de Ishtar, vimos o Hierofante iniciar o Ritual. Fazia gestos místicos, entrando em uma espécie de transe. Então algo inacreditável aconteceu: a Porta, que antes mostrava ao fundo um templo grego ( o Altar de Pergamo, dedicado a Zeus) , foi preenchida por uma névoa rosada, que deixava vislumbrar uma paisagem sobrenatural . O Portal de Ishtar levava, sob certas condições, a uma outra dimensão!

Regina estava impressionada, os olhos verdes bem abertos.

“-Acho que já vi isto antes” , disse ela

“- Lá no templo da Irmandade?”

“- Logo após a Dança de Ishtar...”

Então, Regina já havia vislumbrado isso. Nossa viagem a Berlim tinha tudo a ver com o que estávamos experimentando. As coisas se encaixavam. Fazíamos parte de um tipo de trama cósmica, que envolvia divindades ancestrais e rituais milenares.

Os participantes do ritual foram atravessando o portal, lentamente. Alguns pareciam ter desaparecido no caminho, levados pelos Guardiões, outros recuaram e desistiram , com medo por estarem entrando em um local desconhecido. Talvez não soubessem que isso aconteceria, ou , mesmo sabendo, não queriam arriscar. Eu e Regina, pelo jeito, já havíamos sido “analisados” pelos Guardiões, e nos permitiram continuar.

A névoa era fresca, e tinha um perfume agradável, algo que eu nunca havia sentido antes. Regina parecia extasiada, como se estivesse entrando em um local conhecido. Ao atravessarmos o portal, a cena que vislumbramos era quase indescritível. Estávamos a céu aberto, e a lua no céu parecia enorme, com uma luminosidade sobrenatural, que ressaltava ainda mais a beleza de Regina.

Onde estaríamos? No passado distante, na antiga Babilônia, em algum planeta desconhecido, ou na morada dos Deuses? Parecia uma vasta planície deserta. O fato é que mesmo o Hierofante parecia impressionado . Boca aberta, olhos arregalados, ele murmurava palavras aparentemente desconexas. O murmurio dos presentes era geral. Regina, no entanto, parecia deslumbrada.

O Hierofante, então, procurando se controlar, retornou ao ritual em questão. Alguns membros trouxeram um grande vaso, que continha uma substância inflamável que foi acesa. Em frente ao fogo sagrado, o homem gesticulava, mas era visível o seu desconforto, como se tivesse conjurado algo que talvez não pudesse controlar.

A seguir, fazendo parte do ritual, as mulheres formaram um círculo em volta do fogo, despindo todas as roupas e ficando totalmente nuas. Elas então iniciaram uma dança ritual, extremamente sensual. Curiosamente, Regina não se juntou a ela, o que provocou olhares e comentários entre os presentes, exceto alguns que reconheceram os Véus de Ishtar.

Durante a dança, a névoa rosada pareceu se movimentar , criando formas estranhas, pareciam vultos que cresciam em forma humana. Esses vultos formaram como que um arco . Regina, por impulso, se dirigiu para aquele lugar , e abriu os braços.

Minha esposa foi andando sensual e lentamente , chegando em frente às formas róseas, que agora pareciam ainda mais com deuses antigos . Todos os presentes estavam admirados pela beleza irradiada por Regina. Ela, então, começou a dançar, e ao mesmo tempo, uma brisa parecia que assoviava uma melodia etérea. As formas pareciam mais visíveis, eram mesmo semelhantes aos antigos deuses.

Os cabelos de Regina ondulavam suavemente , seus braços se moviam como serpentes. Ela como que flutuava no ar entre aquela névoa.

O primeiro e fino véu caiu , flutuando na neblina, indo parar no que pareciam ser mãos divinas.

O tempo ali, então, parece que parou. A brisa fazia a névoa como que dançar junto com Regina.

Lenta e suavemente flutuou o segundo véu , e o terceiro, descobrindo a pele, deixando o corpo entrever em suaves movimentos . O sorriso dela, ao ondular da dança , seduzia e aprisionava todos os presentes , que certamente esqueceram o ritual que anteriormente estava acontecendo. Ela foi tirando lentamente outro véu , os lindos seios e mamilos revelando. Amor, êxtase, sexo eram invocados nesse momento. O corpo dela estremecia. “Ora altiva, ora lânguida, ora inquieta , no ar macios gestos traçando; movimentos lascivos como vagas” . As belas mãos retiram mais um véu, desnudando o ventre belo.

Ninguém se atrevia a respirar ou se mover. Caiu mais um véu, restava apenas o último.

E Regina, sem hesitar, o retirou em frente aos deuses na névoa. Ela estava totalmente, completamente nua.

Todos estavam paralisados, inclusive eu. Parecia que Regina era uma deusa.

Perdemos a noção do tempo, havia aquela energia estranha no ar, uma espécie de luminosidade diferente, Regina dançava lenta, sensualmente, se aproximando dos homens, que estavam completamente pasmos. As mulheres nuas estavam de joelhos. Minha esposa, estava ali, em pé, braços abertos, rodeada por formas que pareciam se materializar ainda mais. Regina ficou imóvel então, como para não dispersar aquela energia sutil que permeava tudo. Uma forma masculina se materializou, bem em frente a ela, e como que a abraçou, ela então começou a flutuar, deixando a cabeça cair para trás, suspirando e estremecendo inteira, num orgasmo prolongado. Ela gemia muito de leve, e se movimentava de maneira muito delicada. Outra forma a segurou por trás, parecendo que a apertava contra si . O orgasmo dela continuava. Mais uma forma se aproximou, ela flutuava em meio à névoa, em um orgasmo intenso e constante. Regina tinha os músculos estremecendo levemente, como se estivesse vibrando. O corpo dela vibrava, e ela permanecia com leves tremores nas pálpebras fechadas, a boca entreaberta.

Então, uma das formas da névoa se solidificou, assumindo a forma do dragão-serpente “Mushussu”, e , furiosamente, foi em direção aos que celebravam o ritual.

O Hierofante, então, arregalou os olhos, boca aberta, e teve um colapso, caindo ao chão. Outros dois ao lado dele também caíram. O “Mushussu” ficou junto a eles, com um ar assustador. Os participantes começaram a entrar em pânico, se dispersando e correndo para o Portal, retornando ao museu. Em seguida, os membros da comitiva que nos acompanharam quando viemos se aproximaram de mim

“- Mas, em nome dos Céus, o que está acontecendo aqui?”

“- Vocês estão assistindo a um ritual milenar, que incluiu a reencenação da descida de Ishtar ao submundo. Parece que não era bem o que os celebrantes queriam. Eles provavelmente desejavam apenas usar a energia sexual do ritual, mas não imaginavam que poderiam despertar entidades ancestrais.”

“- Mas e Ela?”

Realmente. Regina parecia estar em êxtase sexual com três entidades – ou divindades – que haviam sido invocadas no Ritual. O tipo de energia não era maléfico , eu podia perceber. Mas eu teria que fazer algo, cautelosamente, para tentar trazer Regina de volta sem ofender as entidades. Então, lembrei do episódio do Lobo. Pedi aos outros para carregar o Hierofante e os membros desmaiados de volta para o Templo, no interior do museu. Seria mais seguro, o que eu ia fazer era arriscado.

Então, procurei projetar minha mente na do “Mushussu”. Vocês podem pensar que isso seria algo totalmente imprudente, mas minha curiosidade em saber como seria incorporar em um dragão mítico era maior que minha prudência. E assim fiz. Foi um choque total. Milhões de pensamentos rodopiaram em meu cérebro, toneladas de informação caíram sobre mim como uma avalanche, imagens absurdas e inacreditáveis, que remetiam a civilizações anteriores a todas as civilizações que conhecemos, e mesmo outros mundos e realidades.

Após o choque inicial, consegui ver com os olhos do Dragão. Regina tinha em volta de si dois deuses e uma deusa , não eram parecidos com nada que eu tivesse lido ou visto em livros ou estátuas antigas. Eles a acariciavam, enquanto ela estremecia naquele orgasmo místico. As energias fluíam dela para eles, e deles para ela. Fui me aproximando lentamente, no corpo do dragão. A cena era impressionante. A deusa virou o rosto, me fitando com curiosidade. Ela percebeu imediatamente quem eu era. Ou vi uma voz dentro da minha cabeça:

“- Não se preocupe com sua companheira. Ela está entre deuses”

Observei aquela cena, aquele orgasmo cósmico, pelo que pareceu uma eternidade. Não resisti e perguntei mentalmente:

“- Onde estamos? Que lugar é este?”

“-Você está em toda parte e em lugar nenhum. A morada dos Deuses não fica no seu mundo. O Portal foi aberto por pessoas que não eram dignas. Felizmente vocês nos alertaram , já na primeira vez em que estiveram naquele museu. Sua Regina é muito importante, respeite-a, ame-a e cuide bem dela. Ela está sob nossa proteção.”

Dito isto, Regina foi lentamente descendo até o solo amparada por mãos de névoa. Ela estremeceu mais um pouco e abriu os olhos.

Então, eu me vi de novo no meu corpo. O dragão-serpente se desfez na névoa rósea. Ajudei Regina a se levantar, ela sorria .

“- Hmmm... eu ficaria mais um tempo assim. Mas acho que temos que voltar antes do portal se fechar”

Realmente, a névoa rosada parecia estar se dissipando, e o portal um pouco transparente. Ainda tive tempo de ver a Deusa me olhando. Parecia um rosto conhecido...mas, como antes, seria difícil lembrar.

Voltamos ao museu através do Portal. Membros da Agência , chefiados por Fraülein Kant, estavam lidando com o Hierofante e os dois membros. Os três ainda estavam em choque, sem conseguir falar.

“- Pelo jeito, descobrimos os culpados, graças a vocês.”

“-Pode agradecer aos Deuses antigos”, respondi.

Pelo jeito, nossa missão em Berlim havia terminado. Do museu, fomos direto para o Biergarten, onde tomamos umas cervejas para comemorar, acompanhados por Fraülein Kant que agora, impressionada com o sucesso da missão, parecia bem mais amigável e afável, principalmente com Regina.

CONTINUA

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