Chapeuzinho Vermelho e o Lobo (uma releitura) - Capítulo 16

Um conto erótico de RedCap
Categoria: Gay
Contém 1927 palavras
Data: 09/06/2020 11:41:18

Acordei com o sol entrando por uma fresta da janela aberta. Virei-me e constatei que estava sozinho na cama, Nicolas devia ter levantado mais cedo pra correr como havia comentado por alto ontem. Abri as cortinas e a porta, saí para a varanda pra admirar a paisagem que se fazia em meio às árvores, que contrastavam com o sol num céu azul e limpo.

Ouvindo o canto dos pássaros eu repassei o que tinha acontecido mentalmente naqueles dias, foi uma experiência ótima sem dúvidas. Entretanto, eu precisava ainda investigar mais e chegar ao fundo do homicídio do tio Valter. Eu tinha um pressentimento que alguma coisa não estava encaixando naquela história louca da Roboalda, alguma coisa estava faltando, uma informação que poderia mudar o rumo das coisas.

Peguei meu telefone, liguei pra minha mãe e avisei que tudo estava correndo bem, que ela não precisava se preocupar, e que dentro de 3 dias a gente estaria voltando. Logo em seguida, liguei pra André e Lola por vídeo, precisava falar com eles sobre o que eu estava matutando e talvez eles pudessem me ajudar mesmo de longe.

- OLAR MENINES! - disse todo animado.- Turu bô? No vídeo de hoje eu vim dizer que estou passando uma semana divina e vocês? Não se esqueçam de se inscrever no canal e deixar o seu like, beijos. - muitos risos.

- Olar amiga! Tutu bão sim! Já vamos começar esse vídeo com treta já! Porque eu tenho uma informação valiosa pra você! - disse Lola toda blogueirinha. - Melhor se sentar querida! - falou.

- Comé que é?! - disse surpreso.

- Exatamente amiga, uma treta máster que as manas vão ficar chocada em Cristo. - disse André e riu logo em seguida. - Mas sério agora, a gente andou investigando umas coisas por aqui mesmo com você fora, e conseguimos uma parada que pode ser extremamente útil pra gente. - explanou.

- Sim, André tem razão Eric! - confirmou Lola. - A gente andou remexendo no passado dos Bragança e descobrimos que o culpado pela morte da mulher foi Rodolfo Bragança. - informou Lola.

- Sim, eu soube disso porque acreditem ou não, eu comprei o chapéu que pertenceu a Roboalda numa feirinha aqui na cidade que o Nic me trouxe. - corri a pegar o chapéu e mostrei pelo telefone.

- Nossa que incrível! - exclamaram ambos.

- Mas espera, porque você disse “o culpado” e não quem matou ela? - perguntei intrigado.

- Exatamente esse é o ponto, não foi ele quem matou, ele levou a culpa. - disse André. - Remexendo um pouco mais no ninho das cobras, a gente descobriu que um homem matou, mas não conseguimos nome nem nada, mas que ele morava em Santa Bárbara, aqui no MS! - disse.

- Sim, eu estou nessa cidade nesse momento! - todo mundo gritou um “AAAAAAA”. - Bom pelo menos sabemos então quem foi que matou. - falei.

- Tá faltando ainda uma coisita! - disse Lola. - Rodolfo é tio do Nicolas! - falou ela simplista.

- Legal! Agora tenho que lidar com mais isso! - ri de nervoso. - Bom gente, eu vou tentar descobrir mais alguma coisa por aqui, e aí a gente se fala mais depois, beijos. - despedi-me. - SE INSCREVAM NO CANAL! - desliguei.

Assim que desliguei e entrei pro quarto, surgiu um Nicolas porta adentro com uma roupa esportiva e ligeiramente suado. Ele parecia aflito e eufórico com alguma coisa, mas não tinha o fôlego necessário pra falar sobre. Esperei um pouco, até que ele estava com ar suficiente pra falar, então disse:

- Coloca uma roupa pra correr, se não tiver, pega na minha mala, desce e come alguma coisa, porque tenho que te mostrar um lugar que descobri na floresta que é só incrível mesmo! - disse ele, e me vendo parado processando a informação me apressou. - Anda, um, dois, um, dois, vou te esperar lá embaixo. - falou saindo porta afora com animação.

Aprontei-me e desci para comer. Na cozinha havia umas meninas à mesa, vovó estava colocando a mesa, e Nic tagarelava de uma cadeira sobre o que viu pela floresta com as meninas. Cumprimentei vovó, e o resto do pessoal, sentei-me à mesa e já sentia o cheiro maravilhoso de pão de queijo e café que enchia todo o ambiente. Meu estômago roncou.

- Vou te levar num lugar maravilhoso que encontrei aí pra dentro! - disse Nic se referindo à floresta. - Nossa eu nem sei! - animação visível.

- Mas gente… que fizeram com você?! - disse rindo.

- Olha, acho que talvez saiba onde o Nicolas foi parar. - disse Emilia, uma das meninas à mesa. - Eu quase sempre corro pela floresta também, e tem lugares bem interessantes mesmo. Mas gente cuidado, com tudo que tem acontecido, se mantenham alerta. Se bem que né, nessa sociedade em que vivemos ser homem já te dá uma proteção automática. - falou ela já militando.

- Ih vai começar a militância logo cedo, amiga?! - disse Izabela, outra menina que estava ali também.

Rimos da situação e terminamos de comer, ajudamos a vovó a arrumar as coisas e saímos porta afora, levei uma bolsa com água e uma toalha, com certeza seria uma cachoeira ou coisa parecida, mas prevenção nunca é demais. Andamos um pouco pela floresta, depois que estava aquecido começamos a correr por uma trilha bem marcada até, devia ser usada com frequência.

- Aqui, vamos por aqui agora, que a gente alcança o local! - disse Nic me guiando agora pra dentro da floresta. O mato era alto, mas estava marcado pelo que julguei a passagem de Nicolas hoje mais cedo.

- Hum… sei não, tem certeza?! Esse lugar me parece armadilha pra alguém se perder aqui! - disse meio apreensivo, mas seguindo-o mesmo assim.

- Nada, continua! - incentivou ele.

Alguns muitos minutos se passaram e chegamos num lugar realmente muito lindo. Era uma cachoeira, BINGO! Mas ela era muito bonita, a queda não era grande, a água gelada como toda cachoeira, mas muito transparente, dava pra ver o fundo, e não parecia ser tão fundo assim, e o melhor, a corrente não era forte, e tudo ainda era arrematado por uma clareia pequena na floresta, que permitia a entrada do sol.

- MEU DEUS QUE HINO! - exclamei. - Preciso tirar uma foto! - disse, e Nic me olhou com uma cara de “quê?!”. - Ué, eu preciso manter meus seguidores, meus fãs tem que saber da minha vida! - falei ultrajado, rimos.

- E claro que a gente vai entrar aí! - disse Nicolas já tirando a roupa. - E se não entrar eu te taco com roupa e tudo.

- Não precisa disso! Eu vou entrar. - disse tirando a roupa, mas toda ela.

- YUKÊ! - falou Nicolas surpreso. - Pra quê isso Brasil?! - perguntou.

- Ué, pensa só, melhor a roupa toda seca, do que ficar andando com a cueca ou o shorts, ou ambos molhados por aí! - disse e dei uma piscadela já pulando dentro do laguinho. - Vai me dizer que tá com vergonha?! Eu sou neto de índio pra todos os efeitos. - falei emergindo bem sereia da água.

- Vergonha? Não! - falou ele rindo da minha atuação aquática. Tirou o que faltava e se jogou na água também.

Nadamos um pouco, e pude perceber que realmente não era tão fundo assim, somente no meio que realmente não dava mais pé pra nós. Conversamos sobre os sons que ouvíamos, sobre as grutas que vimos no meio do caminho que poderíamos parar nelas pra ver mais de perto. Ficamos observando as nuvens que já começavam a surgir no céu, entre outras coisas.

A hora já ia avançando, e decidimos sair e nos secar no sol, que não estava tão forte e deu pra nos secar bem. Colocamos nossas roupas e de repente eu me virei pro lado porque pareceu que alguém além de nós estava por ali, apertei os olhos na direção, porém não captei nada. Nicolas me olhou com expressão de dúvida e anunciei:

- Nada, parecia que tinha alguém naqueles arbustos ali olhando pra cá! - falei apontando na direção.

- Tem certeza? Não ouvi nada enquanto nós estávamos dentro da água! - disse Nicolas indo em direção ao mato. - Deixa-me ver! - e correu antes que pudesse pará-lo. Sumiu uns minutos e voltou. - Não tem nada aqui, vamos embora porque se resolver voltar não vai nos encontrar mais! - falou.

Concordei e fomos seguindo de volta pela trilha. Paramos na primeira gruta, essa não dava pra entrar, era muito pequena, mas dava pra ouvir som de água. Paramos na segunda e esse sim era maior e entramos, mas era curta e muito escura. Na terceira novamente era pequena, até dava pra entrar, mas não nos arriscamos, porque parecia ser bem perigosa.

- Eu achei super legal esse passeio fit de hoje. - falei enquanto corríamos pela trilha recém feita, de novo. - Ih olha, alguém passou por aqui. - disse quando alcançamos a trilha oficial, e apontando pra um boné caído ali perto.

- Acho que alguém deve ter deixado cair! - disse Nic. - Deve ser mais alguém correndo, vamos indo. - quando disse isso, ouvimos um som de tiro.

- EITA! - falei com surpresa estampada. - Vamos ver o que aconteceu! - falei já correndo pela trilha.

- TÁ DOIDO ERIC?! - gritou Nicolas ficando pra trás.

- VEM LOGO! - chamei quando ele se aproximou, eu disse: - Melhor a gente fazer o menor barulho possível pra não sermos descobertos. - ele concordou com a cabeça.

Andamos fazendo o menor som, e chegamos num lugar de estrada de chão, que seguia ainda mais pro interior. Avistamos um grupo de homens, uns cinco, um deles com uma espingarda, porém outro com uma pistola estava apertando o gatilho e apontava pro meio do nada. Nos escondemos e aguardamos, quando um deles falou:

- Não funciona mais mesmo não? - perguntou com a voz grossa e rouca.

- Não! - respondeu o que segurava a arma. - Disparou uma vez e acabou de estragar! - disse tirando o pente que tinha mais balas, e jogou a arma no meio do mato.

- Tem outra aqui, segura! - disse um mais perto de uma picape que estava aqui também, jogando pra ele outro revolver.

- Vamos embora daqui, parece que o pessoal conseguiu fazer o serviço, se tivessem que chamar reforço, já teriam feito! - falou um que surgiu do volante da picape.

- Okay! - de repente outro homem chega a pé e começa a falar-lhes.

Eles disseram algo de “o trabalho está feito”, “o reforço não foi necessário”, e que era melhor eles irem andando. Eles então começaram a olhar em volta, acho que procurando alguma coisa, ou vendo se ninguém os seguia, de repente ouvimos um tiro e eles se armaram todos, mas surgiu outro homem gargalhando pela lateral da estrada.

- Se assustaram garotas?! - perguntou rindo.

Eles resmungaram e esse homem, olhou na nossa direção, por instinto nos abaixamos e fomos saindo de fininho, porém quando percebi ele tinha tirado uns binóculos, essa foi nossa deixa, sussurrei pro Nicolas sair correndo e fomos vazados dali. Alcançamos a trilha e paramos pra tomar ar. Quando abri a boca pra falar alguma coisa, um homem laçou Nic com uma corda, igual se laça boi e com um puxão violento fez ele cair no chão.

Quando me virei um homem surgiu da minha lateral e me empurrou, bati numa árvore com o braço, e quando fui tentar nova iniciativa, tinham três caras em cima do Nicolas o imobilizando, consegui empurrar um que bateu contra um tronco e caiu inconsciente, mas outros dois me seguraram, e quando menos percebi levei um golpe na cabeça que me desnorteou. Cambaleei um pouco e não resistindo mais tudo ficou escuro e a última coisa que ouvi antes de desmaiar foi:

- Esse num é o Nicolas Bragança? Ele vai valer um bom dinheiro! - o homem gargalhou.

- E esse outro aqui? - Perguntou outro. - O que fazemos com ele?

- Deixa ele aí, os animais daqui vão cuidar dele, mas é claro que a gente vai dar uma ajudinha! - respondeu outro.

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