Sabe quando se ama alguém pelo sorriso? Foi assim que eu me apaixonei por ele, pelo sorriso do Adriel, aquele sorriso confiante e cheio de poder, foi assim que da minha última cadeira eu o vi entrando e sem ter medo algum por ser novo na escola; eu gostaria de ter entrado assim na escola depois do acidente, de ter encarado a vida com um sorriso igual ao dele, mas eu não tive essa força.
No meu último ano do fundamental eu jogava pela escola, sempre fui atleta e sempre pratiquei esportes, já fazia meus planos pra continuar a jogar no ensino médio, estava voltando de um jogo meu, o jogo de formatura, um amistoso entre duas escolas só pra despedida, meu pai e minha mãe foram, na verdade minha mãe obrigou meu pai a ir, ele nunca foi muito presente na minha vida e muito menos na do meu irmão, que é uma alegria na minha vida, nos temos apenas dois anos de diferença, então praticamente vivemos as mesmas coisas. O clima dentro do carro estava até legal, mas de uma hora para outra meus pais começaram a brigar e quando dei por mim já tinha abraçado o meu irmão e só observava os gritos e berros de ambos, e ai, por fim uma grande luz e um forte impacto; meu pai tinha avançado um sinal e fomos atingidos por um caminhão que fez com que nosso carro capotasse e parasse de cabeça para baixo.
Acordei semanas depois, por sorte eu só quebrei um braço e ganhei uma enorme cicatriz no rosto, que pega da minha sobrancelha e desse até a maçã do meu rosto, pelo que eu entendi o impacto todo foi absorvido pelo meu irmão e minha mãe, ela faleceu e meu irmão ficou surdo, e meu pai, bom ele morreu aos poucos; quando saímos do hospital, tudo começou a mudar, no começo foi difícil para o meu irmão ele não sabia como se expressar e aprender uma língua diferente é muito difícil, mas eu estive ao lado dele o tempo todo, eu virava noites estudando com ele para ajudar no seu aprendizado.
Comecei o primeiro ano e fui para o time de futebol da escola, eu era bom e precisava aliviar o stress de tudo que acontecia em casa, meu pai parou de trabalhar, o acidente prejudicou seu joelho o deixando manco, ele era policial e com isto ele foi afastado, ele se decaiu mais e mais, se culpava pelo acidente e toda vez que ele via o meu irmão se sentia culpado, em uma noite peguei ele chorando e resmungando ao lado da cama do meu irmão, pedindo perdão por ter acabado com a vida dele, ter deixando uma briga idiota acabar com tudo.
Eu era muito vaidoso e extrovertido, mas depois do acidente, eu me fechei e desacreditei da minha beleza, afinal eu tinha uma cicatriz gigante no meu rosto, com isto com quem eu mais conversava era o meu irmão, que com o tempo se deu bem com a libras e superou tudo, meu pai não conseguiu e em um dia ele simplesmente saiu e não volto, por sorte eu e meu irmão recebíamos uma pensão da policia e tínhamos uma casa de aluguel, o que gerava uma renda, eu tive que crescer muito rápido, precisava cuidar da casa e do meu irmão e do meu futuro.
Então no meu segundo ano eu vi aquele sorriso adentrar a sala de aula, eu sempre sentava no fundo com o meu semblante serio e para não ter que conversar com ninguém; ele chegou com seu cabelo cacheado que batia no meio das costas e sua pele negra que na hora me deu água na boca, ele muito confiante rapidamente começou a conversar com todos ali.
Adriel era filho do treinador do meu time, o novo treinador que é bem melhor do que o antigo que não se importava com a gente, no meio do ano eu comecei a pensar em deixar o time, eu era o melhor do time, só não virei capitão por não me comunicar com o time, ser fechado na minha, mas minhas notas eram as melhores e minhas habilidades também, como isto cheguei no treinador que levou um susto ao perceber que eu falava, até achei engraçado a cara que ele fez ao perceber minha voz grave e seria.
Expliquei o que estava acontecendo, que queria arrumar um emprego e não iria parar de estudar e a única coisa que eu podia fazer era largar o futebol, que como era eu que criava o meu irmão e só morávamos nos dois em casa, iria arrumar um emprego pra ter mais renda, mas fiquei surpreso quando o meu treinado disse que iria me ajudar, que ele era dono de uma academia e que iria me dar um emprego, que com isto eu não iria precisar largar o time e ali eu percebi que podia contar com ele, que tinha um amigo.
E com isto eu passei a ver cada vez mais o Adriel, ele sempre sorria pra mim quando passava pela a academia para chegar até a sua casa que era em cima dela, na sala ele sempre me olhava e eu, morria com aquela beleza, um corpo lindo, aquele cabelo cacheado dele tinha um cheiro tão gostoso que em uma aula que ele sentou na minha frente, pode sentir muito bem o doce cheiro de seus cabelos, sua pele negra era um convite para os meus lábios, mas me contive em ama-lo em segredo e isto se pendurou até o último ano e meu irmão que sempre ouvia minhas lamentações sobre amar Adriel.
Me surpreendi quando Adriel me escolhei para ser sua dupla no trabalho de matemática, neste um ano de amor escondido que se passou, conversei com ele poucas vezes, sabia que um homem tão cheio de vida e beleza, nunca iria querer eu que tenho uma cicatriz no rosto e me esqueci como me expressar com alguém, eu sabia fazer isto com meu irmão, mas era somente com ele; aceitei o pedido dele e depois do treino como eu iria pra academia, seu pai me pediu para esperar que eu iria pra academia com o filho dele e que estava liberado do serviço para fazer o trabalho de matemática, eu estava com tanto medo de ficar sozinho com ele que peguei meu celular e disparei a mandar mensagem para o meu irmão que provavelmente deveria está se arrumando para o estagio, ele estudava em uma escola para surdos e estagiava em um centro de ajuda a crianças e adolescentes de inclusão, ele rapidamente me respondeu me mandando ficar calmo, que era só eu agir normalmente e tentasse me aproximar dele, mas como eu ia fazer isto?
Adriel- conversando com a namorada Gabriel?
Ele chegou perto de mim e eu nem sabia que ele sabia meu nome, mas como ele estava lindo e cheiroso e eu aqui suado pós-treino.
Gabriel- você sabe meu nome?
Adriel- claro ne kkk você é da minha sala a um ano e também trabalha em baixo da minha casa, como não ia saber? Mas borá lá pra casa?
Gabriel- verdade, faz um ano que a gente se conhece, quer dizer estamos no mesmo lugar.
Fomos pra casa dele e eu não fiquei com medo de conversar com ele, um pouco nervoso sim, mas até que o assunto fluiu muito bem, quando chegamos na casa dele ele foi trocar de roupa e me perguntou se eu queria tomar banho, porque sabia que eu sempre tomava banho depois do treino,
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