!! Leiam as partes anteriores antes !!
Clara fez a mala, se arrumou e caminhou em direção ao SUV que aguardava do lado de fora. A claridade proporcionada pelo sol incomodou visão, imediatamente sacou os óculos escuros. Sentia-se feliz. Uma felicidade confusa, com culpa, muita culpa, provavelmente resultante de incontroláveis e repetidos momentos de satisfação que não podia justificar. Seus pensamentos estavam confusos. Ainda não entendia tudo que havia acontecido e tentava organizar as ideias.
Olhou para a mão e apreciou a nova tatuagem, nunca tinha pensado em fazer uma dessas, mas achou o resultado muito bonito e ficou de certa forma orgulhosa. Não demorou 10 segundos para a ficha cair. Como ia explicar a tatuagem para o marido ? As tatuagens ! Haviam mais três e sentiu-se desesperada ao pensar em alternativas para explicar como alguns dias de trabalho resultariam em tatuagens.
Além das tatoos, seu corpo possuía marcas de seu treinamento para a dor. Costas, bunda e pernas ainda tinham pequenos vergões vermelhos que certamente levariam alguns dias para desaparecer. Ao sentir o desespero tomando conta na reação imediata, respirou fundo, disse a si mesma que era preciso traçar uma estratégia rápida para lidar com o problema. Certamente sentar e contar tudo que aconteceu de uma única vez a Luis era um risco estratosférico. Poderia comprometer muito mais que somente seu casamento e o marido que amava. Ao mesmo tempo se surpreendeu pensando em maneiras de não expor todos os acontecimentos da galeria, como se estivesse de alguma forma os protegendo.
Decidiu então que aproveitaria a crise da pandemia para não ter contato intimo com o Luis, ou mostrar seu corpo por 15 dias, o que seria suficiente para diluir a questão das tatoos e sumir definitivamente com as marcas. Seria necessário o isolamento para não correr o risco de passar o vírus para ele, a minima possibilidade de ter se contagiado no evento existia e era real. A história da tatuagem da mão seria a seguinte, no evento da exposição, uma das atrações era uma tenda que faria desenhos gratuitos como brinde a todos que comprassem uma obra e quisessem. Ao final do evento o responsável ofereceu o trabalho para Clara que depois de relutar se apaixonou pelo desenho da mandala nos catálogos e decidiu faze-la. Isso resolveria o primeiro dia, depois decidiria como contar das outras três, mas essa mesma desculpa poderia ser usada com a justificativa de não contar antes para fazer surpresas.
Nesse instante se deu conta das palavras de Ngru: "Inserir seu marido em sua nova identidade", "Vamos decidir o papel ou se o descartaremos". Como assim "descartar" ? Pensou que a vida de Luis poderia estar em risco, e sentiu um medo profundo tomar conta de si. Ao mesmo tempo que essa sensação tomou conta, sentiu seu sexo ficar molhado, foi quase um reflexo. Mais confusão mental, e o as memórias de outros momentos que se sentiu da mesma forma:
Quando Ngru começou a fode-la enquanto a espancava; durante o treinamento quando fora triplamente penetrada e verbalmente humilhada, torturada; quando os grupos de negros no processo de revezamento apenas davam banho nela antes de começar uma nova sessão; quando se reuniram em volta dela e além de abusarem verbalmente, urinaram em todo seu corpo; quando batiam, imobilizavam e a fodiam até depositar rios de esperma em seu corpo... Todos esses momentos tinham duas coisas em comum. A primeira foi que o medo, a dor, o sofrimento que tomaram conta de sua existência. A segunda, que ainda era mais assustadora, foi a quantidade de vezes que Clara gozou durante todo o processo, sem exceção. Nunca havia gozado tanto, tantas vezes e durante tanto tempo.
Havia uma conexão que Clara ainda não entendia completamente. Era o gozo, seu prazer, sua satisfação resultado da tortura, da violência verbal e física ? O que sentiu naquele momento em que pensou no perigo que ambos poderiam estar correndo, com sua buceta encharcada, não era outra coisa senão tesão. Clara estava excitada, além da conta com a possibilidade de Luis ser inserido em todas a mudanças que estavam acontecendo. Será que aqueles homens estão me reprogramando para reagir positivamente esse tipo de estimulo, a querer mais ? Será que estou aceitando minha nova realidade como escrava sexual daqueles negros ?
Muitas perguntas e um turbilhão de sensações. Excitada, Clara se pegou imaginando o próximo encontro na galeria. E novamente tentava prever como aconteceria a revelação para seu marido. Por um instante lembrou-se de algumas reações de Luis e gelou. Certa vez contara a ele sobre um namorado mestiço que tivera e Luis reagiu muito mal, com repreensão verbal a sua escolha, sem entrar em detalhes sobre sua posição, Luis terminou dizendo: "Não estou acreditando que você namorou um pretinho!". Sim, seu pesadelo tomou outra proporção. Luis que era de família muito rica, tinha preconceito com negros. Racismo é racismo, não há uma forma branda de lidar com isso. Achar que uma raça qualquer pode ser inferior, seja de que forma for, é grotesco. Mas essa foi a criação dele, negros não eram socialmente iguais, se Clara conseguisse classificar como via o posicionamento do marido essa seria a conclusão.
"Puta que o pariu ! Ele jamais aceitará normalmente minha nova condição, se ele presenciar um grupo de negros intimidadores e de paus enormes me currando de todas as maneira possíveis, ao mesmo tempo, sua reação será imprevisível. No mínimo ele nunca mais olhará na minha cara. Nunca. Principalmente porque ele sem dúvidas me perceberá gozando uma dezena de vezes, ninguém melhor do que ele conhece meus sinais corporais. Fudeu, não poderei contar com a cumplicidade e compreensão dele nessa revelação, terei que pensar em outro caminho. Ao mesmo tempo, se o homens descobrem que ele é racista é capaz de arrebentarem ele na porrada e depois terminarem de descontar em mim. Porra, por que isso me dá tanto tesão ? Os caras podem matar a gente e eu estou aqui toda encharcada. Mas havia um porém, Luis gostava de ver filmes inter-raciais e isso era um fato. Ele dizia que esse tipo de filme o atraía porque, segundo ele, é humilhante uma mulher de sociedade, rica, linda, se submeter a um homem, ou a um grupo de negros, porque eles eram socialmente inferiores. Isso os colocava em condição de serem objetos sendo usados pela mulher, não criava um vínculo de relacionamento entre eles. Pelo menos era isso que ele dizia, faz algum sentido e como qualquer outro desejo, não cabe a ninguém julgar.
Clara sacudiu a cabeça e pensou: "Agora o foco é contar sobre a tatuagem, inventar uma historia sobre a exposição e retomar a normalidade com a quarentena".
Chegaram em frente ao prédio de Clara, Abu que dirigia disse: "Ei, olhe pra mim puta." Entregando um cartão a Clara, disse:
"Lembre-se de 3 coisas: Primeiro, amanhã você irá nessa academia as 6 da manhã fica a um quarteirão daqui e eles estarão te esperando. Obedeça todas a instruções, elas não são opcionais. Coloque uma roupa de ginástica normal, mas que deixe sua marca no peito aparecendo, é a sua marca, uma carteira de identificação."
"Segundo, se em qualquer momento do dia ou da noite você encontrar alguém que se aproximar e perguntar "Ashanti?", você dizer que sim e obedecer absolutamente qualquer instrução, até essa pessoa te dispensar."
"Terceiro, quarta-feira chegue para trabalhar as 11:00, adeque seu horário com a saída da academia, Sr.Inu já tem uma lista de atividades lhe aguardando para essa semana."
Clara disse "ok", fechou a porta e ele se foi.
Ela cumprimentou o porteiro, se dirigiu ao elevador social e subiu. Entrou no apartamento tentando não fazer barulho, Luis estava na sala trabalhando no notebook. Todos os dias a noite, Ngru dava 30 min de folga para que Clara ligasse para o marido e contasse mentiras sobre o seu dia de trabalho, e que estava tudo bem, empolgada com o trabalho. No sábado passado, de forma bem sádica, Ngru ao deixar Clara ligar para o marido, mandou que debruçasse sobre uma mesa grande de madeira, nua, com sandália de saltos 12, mandou que abrisse as pernas. Quando começou a conversar com ele, chamou Eno e fez sinal para que metesse no cu da loirinha. E foi assim que ela conversou com ele, com uma pica enorme sendo socada suavemente enquanto conversava amenidades com o marido. Fez um trabalho magnífico de administrar a respiração, mas quando começou a sentir que o gozo estava sendo construído, tratou de encerrar a conversa e deixou Eno terminar o que tinha começado. No final o negro mandou Clara ajoelhar e que engolisse tudo sem deixar pingar uma gota. Foi com a memória de Eno que Clara sorriu efusivamente ao marido e sentou na poltrona deixando a mala no chão e colocando sua bolsa na outra cadeira.
Quando ela estava explicando por completo sobre o evento e que devido ao número de pessoas deveriam manter um isolamento entre eles de 15 dias, Luis rompeu num grito: "Que porra é essa na sua mão ?". Era a tatoo. Clara levou 20 min explicando que se tratava de um sonho antigo, realizado no evento por uma artista mulher africana que a deu de presente.
Luis ficou puto, mas ao longo da conversa repensou ao perceber que o desenho era muito bonito e que no fundo ele gostava e ela estava feliz. Ela já estava aliviada quando do nada ele perguntou o significado. Sabendo que não poderia dizer a verdade, inventou uma história sobre uma deusa africana que representava a liberdade sexual, o ilimitado poder do prazer sobre a consciência. Luis em sua próprias palavras achou sexy. Clara só pensava que quando e se contasse a verdade ele ficaria furioso, mas não era o momento de se preocupar com isso.
Colocaram o papo em dia, se prepararam para dormir em quartos separados por uns dias e Clara contou que uma amiga a havia chamado para malhar de graça ali perto e que começaria no dia seguinte. Nesse mesmo instante se dirigiu ao quarto mandando um beijo carinhoso a distancia para o marido e começou a imaginar o que poderia lhe aguardar na academia.