Estávamos no reduto do Serial Killer que havia capturado minha esposa, e eu estava com a minha mente incorporada no corpo. Precisávamos saber se o meu corpo estava vico, e em algum lugar ali perto.
Liguei o celular dela.
“- Vamos ligar o localizador, talvez meu celular esteja por perto, e, com sorte, meu corpo físico real”. Eu não podia deixar de pensar que talvez meu corpo estivesse morto. Nesse caso, minha mente estaria dentro de um serial killer, que logo seria preso pelo resto da vida!
O localizador, curiosamente, colocava meu celular exatamente onde estávamos, essa era a última localização. Procurei por todos os cantos, embaixo da cama, nada. Regina então olhou para cima.
“- E se estiver no andar de cima?” Havia mais um andar, acima daquele.
Regina não queria ficar sozinha. Ajudei-a a andar, e subimos devagar a escada até o outro piso.
Acendi a luz, estava muito escuro. Era um depósito, com várias caixas. Minha esposa achou o meu celular no chão.
“-Olha, estava aqui mesmo”. Um pouco adiante, havia algo no chão. Era meu corpo, amarrado e amordaçado, imóvel. Olhei para mim mesmo, e senti um torpor. Regina percebeu.
“-Não, meu amor, agora não!! Se você voltar, Roberto vai nos matar!”
Procurei focar meus pensamentos, desamarrei o corpo, tirei a mordaça, mas o olhar dele ( meu) estava fixo, olhava para o nada, como se estivesse em coma. Regina me ajudou a carregar meu corpo para baixo, e o colocamos no sofá. Precisávamos bolar um plano, como faríamos para neutralizar Roberto, mas tendo a certeza que eu ficaria bem?
“- Regina, vamos fazer o seguinte: primeiro, levamos meu corpo para o carro. Você vai me levar para o hospital, onde tenho amigos médicos. Antes disso, vamos prender bem o corpo de Roberto, com algemas, cordas, tudo o que tiver direito. E trancar todas as portas. Junto, vamos deixar todas as evidências que ele matou aquelas mulheres.
“- E o motivo pelo qual ele fez isso? E como ele reconhecia quem era da Irmandade? “
“-Isso vou tentar descobrir depois que você estiver em segurança”
Enquanto procurávamos as cordas e outras coisas para prender Roberto, vi um freezer grande naquele mesmo local que parecia um açougue. Regina foi abrir.
“-Não, querida!!”. Tarde demais. Ela abriu, e a expressão dela foi de pavor total!
“-AAAAAHHHH! Ele...ele... COMIA as vítimas!” No freezer, estavam pedaços de carne humana, embalados em sacos plásticos. Ele descartava os ossos e partes que não queria, e guardava o resto para comer.Principalmente peitos e bundas. Isso significava que ele estava se preparando para matar e comer, literalmente, minha esposa!
Regina ficou tonta, começou a passar mal. Eu a amparei, e disse:
“-Meu amor, achei abraçadeiras plásticas ( aquelas bem fortes, para amarrar coisas) e cordas. Vamos continuar”.
Levamos meu corpo inconsciente para o carro, colocando-o no banco de trás. Só que amarrei as pernas e mãos com as abraçadeiras plásticas. Regina me olhou apavorada:
“O que você está fazendo com meu marido???” Ela realmente estava ainda mais assustada.
“- Regina, sou eu ainda!! Pense bem. Se Roberto acorda antes de eu voltar ao meu corpo, ele pega você de novo.” Ela tremia de medo.
“- Agora, vamos lá para dentro do apartamento , para você me amarrar.” Só que ela fez menção de correr para longe, duvidando de mim. Eu a segurei pelo braço, puxei e a beijei . Ela tentou escapar. Eu a puxei para dentro, e a beijei novamente. Ela tinha que saber que era eu mesmo! Ela mordeu meu lábio. Com a movimentação, a toalha ( ela ainda estava só com a toalha enrolada no corpo ) caiu e ela ficou totalmente nua . Eu a segurei com força, meu lábio tinha gosto de sangue.
“-Uuuiii amor! A última vez que você fez isso foi lá na praia , quando você estava gozando tão forte que me mordeu a boca, depois o ombro! ” Ela me olhou com espanto e disse:
“- Ai meu amor!! Achei que era ele!! Desculpa...”
Eu a levei até o sofá, a tensão era muito grande, eu estava sabe lá quanto tempo sem vê-la, e o tesão aflorou. Puxei- a e passei a acariciá-la ávidamente.
“- Ai amor, não sei... e se ele..” Eu beijava seus lábios, seu pescoço, seus seios... ela passou a reagir, retribuindo as carícias e pegando no meu cacete.
“-Hmmm, esse seu cacete é beem grande e está beem duro”... lembrei que era o de Roberto, e eu estava bonitão e musculoso ( embora perigoso)
“- Minha querida, vamos aproveitar agora...e se der alguma coisa errada depois?”
Fui descendo com meus beijos e coloquei a cabeça entre as pernas dela. Chupei a buceta e lambi o clitóris até ela gozar, um orgasmo inicialmente mais fraco devido ao medo e à tensão, mas depois veio um mais forte.
“-Aai amor estou gozannnnndooo!”
Então pensei bem. Talvez se eu a penetrasse e gozasse naquele momento, a minha mente voltasse ao meu corpo, que estava amarrado no carro. E Regina, nua e indefesa, não seria páreo para o musculoso Roberto. Peguei as abraçadeiras e as cordas, rápidamente.
“-Amor, o que foi? Por que parou?”
“- Precisamos ser rápidos. Faça como eu disser”. Tirei todas as roupas e fiquei pelado. Isso iria dificultar, caso Roberto conseguisse se soltar. Pegamos os pacotes plásticos com as fotos e jóias, deixamos também em cima do sofá. Deixamos o freezer aberto, desligando a tomada. E jogamos tudo o que havia nas gavetas, espalhado pela sala. Regina, então, prendeu bem minhas mãos e pés com as abraçadeiras. Pedi para colocar três em cada lugar, para garantir. Depois, mostrei como dar os nós nas cordas. O corpo de Roberto estava bem preso, não havia como eu me movimentar, e tomamos o cuidado de esconder as facas e serras, para dificultar mais ainda uma eventual soltura. Se bem que “serial killers” costumam trabalhar sozinhos.
Havia algumas roupas no armário embutido. Regina pegou um vestido que servia nela, e um par de tênis do seu tamanho, que achou no quarto. Também pegou sua bolsa, que estava com tudo: chaves, dinheiro, documentos...ele não tinha interesse nisso, era milionário.
Estando totalmente amarrado, combinei com Regina que iria tentar entrar em estado de meditação após cerca de quarenta minutos ( havia um relógio na parede), que seria o tempo dela chegar ao hospital . Pedi também para ela, ao sair, quebrar todos os sensores digitais das portas. Assim ficariam travadas. Ela também levou o celular de Roberto, que deixaria no carro. Ela abandonaria o veículo em algum lugar, após me deixar no hospital.
Vi minha esposa saindo. Ouvi o motor do carro funcionando, e esperei. O tempo não passava, e eu estava cada vez mais nervoso. Mas, passados os quarenta minutos, comecei a fazer a técnica de meditação, que era o início do processo.
E se não desse certo? Eu estaria simplesmente perdido.
De início, pareceu ser mais difícil estando amarrado, mas sem poder me movimentar, a sensação de paralisia chegou mais rápido. Veio um formigamento geral, e um ruído de ruflar nos ouvidos. Então, algumas memórias de Roberto começaram a vir. Ele descobriu , quando era adolescente, que a mãe dele fazia parte da Irmandade, e viu fotos escondidas com a participação dela em rituais sexuais. Viu as jóias que identificavam as mulheres da Ordem. Quando os pais se separaram e ela se mudou para a Europa, ele ficou revoltado. O pai, milionário, faleceu um tempo depois, e ele , já com impulsos sádicos, resolveu se vingar das mulheres que pertenciam à Irmandade. Ele viu Regina pela primeira vez naquela fábrica abandonada, que também era de sua propriedade, através de uma câmera de segurança oculta ( ver o episódio “Perigo à Vista”). Ela estava com a coleira e a tornozeleira, e parecia gostar do que estava acontecendo. Isto bastava para o predador ir atrás dela.
E isto explicava as ausências dele do escritório, as supostas viagens de lazer.
Pobre Karen ( esposa de Roberto)! Quando ela descobrisse... mas as memórias foram se esvaindo, eu agora tinha “flashes” de imagens vindas de dois lugares distintos. Ora eu via o carro em movimento, com os olhos verdes de Regina arregalados no retrovisor, ora da sala onde estava amarrado. Parecia o fenômeno da UBIQUIDADE, a sensação de estar em vários lugares ao mesmo tempo. Na sala, agora me pareceu ouvir ruído de sirenes, pareciam vários carros de polícia. Eu me sentia como que anestesiado, mas vi quando Tatiana, a secretária de Roberto, entrou com policiais que haviam arrombado a porta. Todos estavam horrorizados ao ver as sacolas plásticas com as fotos. Então, a cena mudou, era um quarto de hospital. E apaguei, ficou tudo escuro.
Acordei não sei quanto tempo depois. Olhei minhas mãos, era eu de novo. Minha esposa Regina estava me olhando, seus belos olhos verdes com ar preocupado.
“-Acho que voltei”
“-Ah meu amor, que bom!!” Ela me abraçou e me beijou.
“-Mas lá no carro você me deu um belo susto! Ou melhor , “ele”...( ela evitou mencionar o nome de Roberto)
“-Como foi?”
“- O trânsito estava meio parado por causa de um acidente, então demorei mais. Ele acordou e começou a gritar, me xingando de todos os nomes possíveis, disse tudo o que ia fazer, que ia ...me cortar...e...( soluços) ...ainda bem que você amarrou bem , senão... depois, ele...você... apagou até a chegada no hospital, onde seu amigo, que estava de plantão, cuidou de você”
“- Quando eu estava voltando, a polícia havia chegado lá, e estavam vendo tudo”
“ - É, eu sei, quando aconteceu aquilo eu liguei imediatamente para a polícia pelo celular dele. Quando mencionei o nome dele, eles disseram que já havia um caso em que ele estava envolvido. Não dei meu nome.”
“- Então eles contataram Tatiana, que os levou ao endereço exato.”
Eu já estava me sentindo bem, então conversei com meu amigo, que concordou em me liberar. Algumas horas antes, Regina havia deixado o carro de Roberto e o celular em uma rua meio deserta, depois pegou um táxi em outro local para retornar ao hospital.
Finalmente, chegamos em casa. Parecia tudo bem, finalmente.
Mas eu continuava preocupado. Roberto era milionário. Talvez seus advogados conseguissem livrá-lo. E talvez ele tentasse capturar Regina novamente. E como ele havia feito isso? Teria tido ajuda de alguém?
*** As fotos referentes a estes e outros contos ( todas de minha autoria ) podem ser vistas nos meus perfis “ grey8wolf” e “ grey8wolfphoto” no Twitter, Instagram Tumblr e outros. Também nos mecanismos de busca como Google.