Uma chamada perdida 4

Um conto erótico de Edverdade
Categoria: Gay
Contém 1333 palavras
Data: 16/06/2020 01:13:12

Vai ter que virar!

Eu já bebi demais, gente!

Vai logo, Cris! Tá todo mundo bebendo!

Okay, mas depois dessa, eu vou embora!

Vira, vira, vira, vira, vira! - todos gritavam em coro, enquanto eu virava um copo de 500 mls de cerveja barata. Um pouco da bebida escorreu pelos cantos da boca, e eu atirei com força o copo de plástico no chão quando terminei de beber. Todos gritaram em comemoração.

Vai, vamos continuar! Sua vez de girar a garrafa! - estávamos brincando de verdade ou desafio numa festa, na casa da Roberta. O pai da Roberta era médico, e eles tinham uma casa com piscina, provavelmente uma das poucas no bairro. Tiveram que viajar, por conta de um curso que o pai dele foi fazer no Rio de Janeiro, e a Roberta decidiu fazer uma festa baseada nos filmes americanos que víamos na TV. Não poderia ter dado mais certo. Salgadinhos torcida pra todo lado, amendoins, pão com patê, cerveja barata, e todo tipo de álcool consumido por adolescentes.

Eu disse que ia embora depois dessa! - eu disse, tentando me desvencilhar dos braços que tentavam me arrastar de volta pra roda. Eu não estava me sentindo confortável ali. Estava muito divertido, na verdade, até ele aparecer.

Julho veio claramente bêbado, dando risada com mais dois caras, e uma garota, dizendo que ia brincar também. Sentou-se na minha frente, de pernas de índio, com seus shorts de moletom, marcando um volume que eu juro que não reparei. Muito.

Entre uma pergunta e outra, um desafio e outro, uma piada idiota e outra, uma gargalhada e outra, ele olhava pra mim, de forma rápida e furtiva, como alguém que não sabe o que esperar do outro, mas ainda assim esperando alguma coisa.

Claro que ninguém notaria. Desde que paramos de nos falar, muitos alunos foram embora pra cidades grandes, e muitos chegaram também das cidades grandes. A cidade que eu morava era assim. Relativamente próxima de uma grande metrópole. Então, poucos se lembravam de que um dia fomos amigos. E todos estavam bêbados.

Não estraga a brincadeira, vai! É a sua vez de girar a garrafa! - era eu tentando ir embora de novo.

Cris! Cris! Cris! Cris! - todos gritavam em uníssono.

Okay, okay, okay!! Eu giro e vou embora!

Sentei de volta na roda. Peguei a garrafa de vodka de sabor, vazia, e girei no centro da roda. O fundo da garrafa estava apontando pra Julho. A boca da garrafa apontava pra Stefanie. Stefanie perguntava pra Julho. Nossos olhos se encontraram nervosamente. Stefanie percebeu. Ela sabia de tudo o que tinha acontecido. Era minha melhor amiga.

Verdade ou desafio, Julhinho? - perguntou ela, se debruçando em direção a ele, com expressão desafiadora.

Ele apoiou uma mão atrás do corpo, se reclinou numa posição despreocupada, e apertou os olhos pra responder: verdade!

Eu sabia o que estava por vir. E tremi.

Porque você e o Cristian pararam de se falar?

A sala da Roberta de repente virou um carrocel. Fiquei com o estômago embrulhado, e caso eu passasse mal poderia colocar a culpa na bebida, mas não era isso. Ele teria que dizer a verdade. Essa era a regra do jogo. E caso ele mentisse, ela saberia a verdade, e o desmentiria, de modo que de todas as formas, eu me fodia no final, pois todos ficariam sabendo. As piadas iam voltar. Todo aquele inferno de luta interna pela auto aceitação. Segurei-a pelo braço.

O que você está fazendo? - perguntei, baixinho, para não criar alarde, mas internamente em pânico. Ela apenas me ignorou. Algumas pessoas ficaram surpresas na sala, pois não sabiam que eu e o Julho já fomos amigos. Outras demonstraram surpresa, como se lembrassem de um fato há muito passado e esquecido. Ele ia me expor. Estava bêbado, sem filtro. E sabe-se lá qual era a versão que ele contava por aí.

Eu parei de falar com o Cristian há mais de um ano. - ele me olhou. Diretamente nos olhos. Sem medo dessa vez. Stefanie lambeu os lábios, como quem está prestes a saborear uma delícia de verão. - porque ele sabia que eu era apaixonado por você, e mesmo assim ficou com você.

Todos na sala começaram a gritar de surpresa.

Como você pôde, Chris??

Que mancada cara!!

Ele era seu melhor amigo!

Para com isso, Julho, o cara é gay!!

Pessoal, eu acho que isso tem que mudar agora!! - era a Roberta, levantando-se com um copo na mão, com dificuldade, e indo até Julho. Ela o pegou pela mão, e o levantou. O que estava acontecendo? - Vamos lá, vem aqui, Cris! - ela veio na minha direção. Eu me levantei, de sobressalto, e queria sair correndo dali. O que ela estava fazendo?? Aquilo não acabaria bem. - Julho, isso faz anos!! Vocês precisam deixar isso pra trás! Lembrem-se do código: Bro's before hoes!

Ela me pegou pela mão, e me levou até o centro da roda, onde Julho também estava, sorrindo, debochado, achando tudo aquilo muito divertido. Não foi a vida dele que virou de ponta cabeça depois disso. Ficamos alí, frente a frente. Eu sem saber como reagir. Minhas mãos pareciam membros recém adquiridos, e eu não sabia o que fazer com elas. Roberta continuou:

Quem aqui acha que os dois deviam se abraçar, e ficar de bem?? - Roberta fez beicinho olhando pra nós, e deu mais um longo gole na sua bebida. A galera começou a gritar em apoio a ela. Julho ainda dava risada. Ele tinha a atenção geral, e estava acostumado com isso. Sentia-se confortável com isso. Eu só queria desaparecer, sem ser ainda mais zoado do que o normal pelas pessoas. Julho virou o resto da bebida que tinha no copo, jogou o copo fora, e me puxou contra o seu corpo. Eu o abracei, desajeitado. Todos começaram a gritar em comemoração. Eu olhei praquelas pessoas rindo, e gritando, por algo tão banal, que foi inevitável não relaxar e começar a rir também. E por mais ridículo que isso possa parecer, enquanto eu abraçava meu melhor amigo de novo depois de tantos anos, uma pequena parte de mim se sentia no fim de uma comédia romântica.

Estar nos braços dele de novo era estranho, na verdade. O cheiro dele estava diferente agora. Ele estava usando um perfume masculino, e na época, não usava perfume. Portinari? Não importa. Havia o cheiro dele, ali. E aquele era o verdadeiro perfume. O olfato é o sentido que mais desperta a memória. E aquele abraço tinha cheiro de passado. Tinha cheiro de carinho, de afeto. Tinha cheiro de tensão e confusão sexual. Soltei-o.

Chega. - eu disse, sem graça, com a mão no peito firme dele para o afastar. Ele a todo momento dava risada. Voltamos a nossas posições na roda, e a brincadeira seguiu. O sorriso dele não saiu mais do rosto, e os olhares agora eram diretos e sem preocupação. Eu me sentia estranho. Não sabia mais o que esperar daquela noite. Mas não queria mais ir embora. Stefanie me confessou que era isso que ela previa. Que não importava o que tinha acontecido, nossa amizade não tinha morrido, e aquele ambiente descontraído sob influência alcoólica era perfeito para uma reconciliação. Ela estava certa. Porque ainda naquela noite, Julho acabaria na minha cama.

N.A. A partir daqui, a coisa começa a ficar boa, então acompanhem! Kkkk

Galera, tenho acompanhado a repercussão dos contos porque é a primeira vez que publico. Espero que quem esteja acompanhando a trajetória do Christian esteja gostando.

Um pequeno detalhe, é que muita gente lê, e pouca gente vota e comenta. Seria muito legal se vocês pudessem avaliar, reclamar, sugerir. E isso não só aqui, nos outros contos também. Se você não tiver uma conta pra comentar e avaliar, é bem rapidinho, e da uma força tremenda pra quem escreve. Divulguem o link, tbm, com amigos que gostem dessas coisas. Seria legal trocar experiência com outros autores também. Emfim, espero que não esteja sendo chato. Já agradeço demais quem chegou até aqui, e até o próximo conto! Ov

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Comentários

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INFELIZMENTE UMA RECONCILIAÇÃO FORÇADA POR TERCEIROS. NÃO FOI ESPONTÂNEA, ALÉM DO QUE JULHO ESTAVA ALCOOLIZADO. CHRIS MUITO BABACA ACEITOU SE RECONCILIAR E ACABA NA CAMA. AMOR DE PICA FICA. RSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS VEREMOS...

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Não, Mauro, não é real. Mas sempre transmito pequenas coisas que já me aconteceram nas minhas histórias. Porque a pergunta?

Obrigado Caius, pretendo terminar, sim!

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Essa história não é real correto?

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Muito bom, por favor n some sem acabar essa historia, toda vez q eu comento q to gostando de um conto o autor siplesmente some kkkk então por favor continua pq eu to amando.

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