Chapeuzinho Vermelho e o Lobo (uma releitura) - Capítulo 23

Um conto erótico de RedCap
Categoria: Gay
Contém 2028 palavras
Data: 16/06/2020 22:36:09

A gente levantou bem cedo, umas 4h da manhã. Arrumamos todas as coisas dentro do carro, que na verdade se resumia a uma mochila com alguma coisa pra comer e beber, e o aparelho para grampear a linha telefônica, e outras coisas para caso a gente precisasse realizar alguma tarefa mais complicada, tipo subir em algum lugar.

O plano estava bem coeso, a gente iria chegar o mais rápido possível no galpão, instalar o aparelho, e voltar sem sermos vistos, e tudo isso no menor tempo possível. A gente estimava que estaria de volta em casa por volta das 8h da manhã. Vanessa e Alex caíram na minha história de que provavelmente a gente sairia bem cedo para ir num sitio mais afastado de um tio do Nicolas, então quanto a isso tudo estava resolvido.

A viagem seguiu em silêncio, poucos carros na pista, e com isso conseguimos chegar em pouco mais que uma hora de viagem. Deixamos o carro na praça da cidade, para não gerar suspeitas, o que fez parecer que estávamos chegando mesmo de outro lugar. Fomos para a entrada que usamos antes quando visitamos a avó do Nicolas, e seguimos floresta adentro.

Optamos pelo mesmo atalho da outra vez, onde alcançamos a lateral do grande galpão. Nenhum som podia se ouvir vindo dele, e o céu já começava a clarear, precisávamos ser rápidos. Nos separamos a fim de procurar o poste com os cabos, e quem achasse primeiro avisava o outro. Minutos depois achei uma tampa no chão indicando o cabeamento telefônico e chamei Nic.

- Olha, essa é a tampa do telefone. - apontei.

- Muito bom... mas a gente não trouxe nada pra abrir essas tampas, e elas tem fechamento hermético, só com aquela chave da concessionária. - falou Nic desconsiderando aquela opção.

- Entendi. - falei olhando em volta e encontrei o poste. - Ali o poste!

Nos aproximamos do poste, e pudemos notar a caixa por onde passava o cabeamento de telefone, o que foi facilitado pelo logo da empresa. Nicolas subiu no poste com a corda, enquanto eu ficava vigiando. Ele instalou o grampo com certa destreza, e desceu em seguida, recolhemos as coisas e voltamos pelo mesmo caminho que viemos.

- Espera! - falei segurando Nicolas pelo braço que ia a frente. - Tô ouvindo alguma coisa. - avisei.

- Ih não começa, sabe o que aconteceu da última vez né?! - disse ele.

- Espera, só precisamos chegar mais perto um pouco, para ficar mais claro pra eu entender. - pedi tentando convencer Nic.

Nos aproximamos o bastante para eu escutar com minha audição de lobisomem o que eles falavam dentro do galpão. Pude notar que tinham poucos homens, talvez uns três, e conversavam coisas sobre a empresa. Em determinado momento vimos alguém chegando pela frente do galpão. Nicolas pegou uns binóculos para tentar identificar quem era.

- É o homem, aquele homem policial, que na verdade é lobisomem. - falou Nicolas.

- Então parece que vamos esperar mais um pouco para ver o que ele tem pra falar. - disse enquanto me sentava na grama ali perto. Minutos depois ouvi que ele iniciava a conversa com o outros.

“A questão é a seguinte, eu fiquei muito tempo observando todos eles, tanto os Bragança quando os Vienna. Eles devem ter algum tipo de acordo, porque nas duas últimas luas cheias que consegui observá-los, tinham grupos de caçadores bem de frente pra matilha e não fizeram nada.” - disse Ivan.

“Entendi. Mas isso também pode indicar que apenas esses caçadores tem aliança com a matilha, e enganando o resto do próprio clã.” - disse um dos homens.

“De qualquer forma, ainda são uma ameaça, e você sabe que eles podem estar atrás da Vinha.” - palpitou Ivan.

“De fato, temos que reforçar as proteções. - disse outro homem. - Você sabe que devemos protegê-la, estamos quase perto de encontrar uma solução para o caso dela.” - explicou.

“Você tem sido um bom olheiro, Ivan. - disse o terceiro homem, e ele tinha uma voz impositiva, parecia ser alguma espécie de líder. - Com todas essas informações de hoje, e as outras sobre as habilidades que tanto caçadores quanto lobisomens da matilha Vienna têm, saberemos exatamente como atacá-los a fim de neutralizar o maior número.” - disse incisivo.

“Muito obrigado, senhor! - agradeceu Ivan com ligeira empolgação. - Mas senhor Adalberto, como faremos daqui em diante?” - perguntou Ivan.

“Reuniremos a matilha, organizaremos o ataque para a próxima lua cheia, reforçaremos a guarda da Flávia no galpão da raça 43. Até lá eu comunicarei todas as ordens. Agora saiam preciso realizar umas ligações.” - finalizou Adalberto.

Ouvimos um som de portão abrindo e mais carros chegando, com movimentação aumentando. Saímos furtivamente o mais rápido dali e alcançamos o carro, dessa vez eu voltava dirigindo. Meus pensamentos estavam muito acelerados sobre as coisas que tinha ouvido, e contaria tudo para Nicolas e meus amigos quando chegasse em casa.

Estacionei o carro na garagem faltando cinco minutos para as oito da manhã. Entramos discretamente e subimos silenciosamente para o meu quarto. Alex já havia saído, pois ele costumava correr bem cedo, e Vanessa já estava acordada, mas dentro do quarto, pois conseguimos ouvir o mexer de coisas através da sua porta, mas ela não nos notou.

- Então... o que foi que você ouviu? - perguntou Nicolas.

- Muitas coisas, eles começaram falando que tipo, parece que eles acham que temos uma aliança, caçadores e lobisomens. - notei a cara de dúvida que Nic fez.

- Eles juram né? - disse Nic.

- Olha pelo que eu entendi, o homem disse isso, o Ivan no caso, porque ele estava vigiando a gente por uns dois meses, já que ele disse que foram duas luas cheias nos observando. - expliquei.

- Quem é esse Ivan? - perguntou Nicolas.

- Eu ouvi chamando esse nome e acho que é do homem policial lá, sabe? - me esquivei com sucesso, pois não havia falado esse nome pro Nic, antes.

- Entendi, continua falando. - pediu Nicolas.

- Tá, daí tinham três outros homens dentro lá. Ai falaram algo sobre reforçar a guarda em outro galpão, um galpão 43, um negócio assim. - falei.

- E eles falaram algo sobre a tal aliança que eles acham que temos? - perguntou Nicolas

- Sim, essa parte é meio pesada. Porque eles vão nos atacar na próxima lua cheia, risos. - falei preocupado. - Fora como esse Ivan era olheiro deles, ele deu muita informação que pegou nossa, ouvi esse homem, que no caso o Ivan chamou ele de Adalberto, falando sobre as habilidades tanto dos lobisomens como de vocês caçadores que estão a conhecimento deles. - expliquei.

- Muito que bem, agora como senão bastasse isso de ter um ataque pra daqui a um mês mais ou menos, temos ainda que lidar como fato de que o inimigo nos conhece mais do que a nós mesmo. - disse Nicolas preocupado.

- Eu ouvi dois nomes ainda, ouvi “Vinha” que não sei o que é, não sei se é vinha de uva sabe? - falei. - E ouvi “Flávia” que talvez possa ser o nome que tem esse apelido de “Vinha” sei lá... - falei por fim.

- Entendi, provavelmente deve ser sim, um apelido. - disse Nicolas considerando. - Eu acho que agora não vai ter jeito que não seja nos unirmos mesmo. Tentar propor uma aliança pra ver se conseguimos sair dessa situação. - disse Nicolas.

- Entendo. A questão maior vai ser convencer esse pessoal a fazer isso, porque na verdade essa investigação não é do conhecimento de ninguém, a não ser você, Lola e André, e eu. Como a gente faria isso? - perguntei meio sem esperança.

- Realmente não faço ideia. - disse Nicolas se jogando na cama.

- Bom, por hora, a gente pode pensar isso depois, não é?! - disse me deitando na cama e sendo abraçado por Nic.

- Concordo, inclusive foi bem legal seu super poder de audição, todos são assim? - perguntou Nicolas. - Vocês tem super poderes? - perguntou.

- Não viaja gay. Não temos super poderes, isso acontece por causa da parte lobo. É mais ou menos assim. Lembra de quando eu empurrei aquela porta? - comecei a explicação.

- Sim, lembro sim. - respondeu Nic.

- Então, quando a gente precisa usar alguma habilidade sobre humana, digamos assim, a gente se concentra e consegue por causa de ser lobisomem. Mas há algumas exceções de vez em quando, por exemplo, o Alex malha e fez educação física por que gosta, mas além disso, foi pra desenvolver a força dele. - expliquei enquanto via Nicolas forçando expressão de choque.

“Ele consegue levantar sozinho um carro por exemplo, sem muito esforço, acho que até umas 2 toneladas ele consegue sozinho. Mas é aquilo, só ele consegue fazer isso, foi escolhido. - dei uma risada. - Geralmente isso é bem raro, não existe uma habilidade específica para cada um não. Aqui mesmo, o Alex tem isso, e a Vanessa tem uma visão mais apurada que alcança distancias realmente grandes. O resto é comum mesmo.” - terminei.

- Entendi, parece ser bem legal ter uma habilidade específica, mas pelo visto eu acabei ficando com a parte ordinária da família... Será que ainda dá pra trocar?! - disse Nicolas tentando se livrar dos meus braços, pois eu apertava ele de raiva efêmera. - Minha filha? Eu estava brincando. - disse rindo.

- Sei... - falei apertando os olhos enquanto ele se desvencilhava de mim.

- Não sei se já te contei isso. - começou Nic novamente se jogando na cama e me abraçando. - Mas naquele dia que te vi voltando a ser humano lá na floresta, foi bem bizarro. Acho que durou uns cinco minutos, foi bem rápido até. Tu tinha adormecido e caído assim no chão, ai seu pelo caiu tudo de uma vez, você ficou muito estranho, tipo aqueles gatos pelados sabe? - falou olhando meus olhos arregalados.

“Ai depois seus ossos começaram a estalar, mas era bem baixo, eu ouvi porque tava bem perto, ai você foi voltando à forma humana. Acabou que você acordou de uma vez só, tipo quando alguém acorda assim do nada de levar um susto, mas ai eu saí bem rápido pra você não me ver, e tu saiu do mato e me encontrou atrás da casa da vovó.” - terminou.

- Nossa, eu nunca tinha visto ninguém passar por esse processo, porque geralmente todo mundo vira lobo e volta a ser humano ao mesmo tempo. - ri por pensar nessa situação.

- Todos os membros da sua família se transformam? Porque tipo, eu quase não vejo sua mãe, por exemplo, nas reuniões nas clareiras. E sempre que ela tá, logo em seguida vai embora. - perguntou Nicolas.

- Ah então, o que acontece é que. - comecei a explicar de novo. - Sabe que minha família é indígena né? - perguntei e Nic confirmou com aceno de cabeça. - Daí o que acontece, alguns parentes meus aprenderam com os seus respectivos pais uns rituais, mas não é nada de feiticeiro no meio, nem de prostituição, nem mentira, e nem outras coisas mais. - não podia deixar de colocar a referência do même da mini pastora. Rimos os dois.

“Daí, é coisa de índio mesmo sabe? Eles conseguem não se transformar na lua cheia, mas eles ficam em um estado de transe, como se tivessem meditando algo assim. E o mais bizarro, ou legal, depende do ponto do vista, os demais sabem disso porque a gente consegue ver os espíritos deles junto conosco na clareia, por exemplo.” - falei notando a surpresa de Nic.

“Pra ilustrar, sabe o patrono? Tipo o patrono do Ron que é um cachorro. É quase aquilo, o espírito deles ficam em forma de lobo entre a gente, mas não brilham nem nada, e somente a gente consegue vê-los. Quer dizer, acho que sim né, tu já viu alguma coisa parecida lobos brancos translúcidos pela floresta?” - perguntei curioso.

- Definitivamente não. - respondeu Nic rindo. - Mas achei sensacional, muito incrível. E suponho que eles fiquem em lugares protegidos até acabar a lua cheia né? - perguntou e eu respondi com um sim e uma piscadela.

- Vamos descer pra comer alguma coisa, e ai a gente pode decidir se pede comida pro almoço, ou cozinha alguma coisa gostosa. - chamei Nic já segurando pelo seu braço e saindo porta a fora.

Descemos para a cozinha, e meus pensamentos ainda estavam nos homens do galpão. Quando passasse esse final de semana, eu contaria para Lola e André tudo que ouvi, e assim poderíamos traçar um plano de como descobrir todo o resto dessa trama que tá um mistério e nos proteger desse tal ataque que em breve chegaria.

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