E você ainda joga pokémon?
Consegui baixar no celular, agora.
No celular??? Que dahora!! Você precisa me ensinar,cara! - ele me abraçou pelos ombros, de lado. Estava visivelmente mais bêbado do que eu.
Sim, podemos batalhar qualquer hora dessas. Trocar uns pokémons.
Iiiih, não vem com essas idéias de troca,troca! Kkkkkkkkkk
Eu não ri. Acho que ainda era cedo pra fazer esse tipo de piada. Ele percebeu, e ficou sem graça. Estávamos os dois bêbados, na rua, caminhando até nossas casas, no mesmo bairro. Era uma longa caminhada, e só topamos ir embora a pé porque estávamos bêbados.
Na verdade, eu decidi, depois de ter vomitado no banheiro da casa da Roberta. Quando já estava há algumas casas de distância, ele apareceu correndo, me chamando, tentando me alcançar. Morávamos relativamente perto um do outro.
Cara, eu preciso muito mijar.
Vai lá, eu te espero.
Estávamos passando por uma pracinha escura, e ele foi correndo se aliviar. Fiquei esperando ele na rua, sem olhar na direção dele, pra evitar constrangimentos.
Mal podia acreditar naquela noite. Já não esperava que voltássemos a nos falar algum dia. E lá estávamos, dando risada juntos, bêbados no meio da madrugada, falando dos nossos antigos passatempos. Ele me contou dos casos dele, términos e frustrações amorosas, dos altos e baixos da escola, amigos em comum, tudo o que aconteceu durante o intervalo da nossa amizade até ali, sem nunca tocar no assunto do meu primeiro beijo. Claro que eu ficava grato por isso. Longe de querer causar uma situação desconfortável.
Cris! - olhei na direção dele, assustado. Ele parecia nervoso. - Cris, me ajuda aqui, cara! Rápido!
Me aproximei pra entender o que estava acontecendo. Como assim ele queria ajuda? Algo no tom de voz dele sugeria que eu tinha mesmo que ir rápido, ou algo ruim aconteceria.
Eu não consigo abrir, cara! To muito louco! Eu vou acabar me mijando! - ele estava desesperado, tentando desamarrar o cordão que prendia o shorts dele na cintura. Segurava a barra da camiseta presa ao peito com o queixo, exibindo o abdômen semi definido, pois havia alguma barriguinha, e os pelos escuros contrastando com a pele branca.
Ueh, e o que você quer que eu faça??? - perguntei, assustado.
Tenta abrir aqui pra mim, cara! Na moral!
Não sei, não, Julho… -
Vai logo, meu! Vou acabar me mijando!- eu não sabia como reagir. Tínhamos acabado de reatar nossa amizade. Eu não queria cometer outro deslize e arruinar tudo. - Por favor, Cris. - ele me lançou aquele olhar… uma expressão de genuíno sofrimento.
Fica de olho se não vai passar ninguém.
Eu só quero mijar, cara. Tá muito apertado, e eu não tô conseguindo abrir! Aaaaaaahhhhh...
Ele se contorcia. Quem está acostumado a beber cerveja, sabe que a parada solta a bexiga. Fui ao cordão dele. E entendi o desespero. Estava amarrado apertado, com um nó cego. Ele estremeceu ao sentir o toque do meu dedo na pele da sua barriga, logo ali naquela região. Ameaçou um gemido? Pode ter sido impressão minha.
Cara, o que você fez aqui??
Eu só quero mijar, parsa! Eu mijei lá na casa da Roberta, amarrei isso aí bêbado! Olha no que deu!
Manu… não tô conseguindo… tá muito apertado… acho que consigo com o dente…
Vai logo, cara, eu só quero mijar!
Me abaixei. Dali, eu conseguia sentir o cheiro dele. Foi inevitável perceber que o volume dele cresceu. Mas deu certo. Consegui desamarrar o cordão. Ele mais do que rapidamente, colocou o pênis pra fora, e urinou alí mesmo, na minha frente, sem pudor, com uma expressão de alívio tão grande no rosto, que até eu me senti aliviado. Fechou os olhos, levantou a cabeça como que agradecendo aos céus, e parecia que nunca mais ia parar de urinar. Eu apenas me afastei, sem graça.
Mas no momento em que ele colocou o pênis pra fora do shorts, eu confirmei o que acreditava ter visto. Seu volume crescera com o meu toque. Seu pênis estava levemente ereto. E era um belo exemplar. A noite não podia ficar melhor. Reconquistei meu melhor amigo, por quem sempre fui apaixonado, e de quebra, pude ver seu pênis, em toda a sua glória. Ou quase. De toda forma, era o mais próximo de ver o pau do Julho ereto que eu achava que ia chegar.
Claro que eu não tinha a pretensão de acreditar ser o responsável pela ereção. Além de bêbado, ele estava com a bexiga cheia, apertado para urinar. Ele terminou de fazer o que estava fazendo, e me alcançou, de volta na rua.
Cara, você salvou a minha vida!
Não exagera.
Valeu pela força, parceiro! - Ele me abraçou de volta, pelos ombros, e continuamos andando assim, por um tempo.
Em dado momento, ainda abraçados, ele pareceu diferente. Era como se estivesse lutando contra algo. Ficamos em silêncio. Eu não queria interromper o que quer que estava por vir.
Eu senti sua falta. - disse ele, olhando pra baixo. Demorei pra responder. Querendo ou não, eu sempre quis ouvir aquilo. Agora precisava saborear as palavras antes de digeri-las.
Já está tudo bem, agora.
Chegamos ao ponto onde nos despedíamos. Porém não nos despedimos. Ele voltou a puxar assunto, como quem não quer ir embora. Eu estava cansado… ele queria conversar.
Cara… eu tô muito feliz por estarmos nos falando, e tals… mas eu bebi demais… tô muito cansado. Amanhã a gente continua conversando…
Aaaaaaaah, não! Faz meses que a gente não se fala, e você já quer ir embora?
Eu diria anos, não meses. Sim, eu tô cansado. Continuamos a conversa depois.
Não quer ir lá pra casa jogar um videogame?
Eu imediatamente olhei pra ele, pra entender a intensão daquelas palavras. Não senti maldade. Mas será que ele não sabe as implicações que esse tipo de frase tem ao sair da boca de um homem como ele para um gay? Convidei ele pra ir lá pra casa. Ele não aceitou o convite. Só continuou andando comigo, e contando sua história, que vou resumir pra vocês:
Depois que paramos de nos falar, ele pediu pra mãe dele, pra conhecer o pai. Eu nunca soube da existência do pai dele. Ele disse que foi procurar o cara, que tinha largado a mãe dele grávida, dizendo que era muito novo pra ter que lidar com um filho. Hoje em dia o cara está super estruturado. Já tem a família dele. Até dois meninos, alguns anos mais novos que Julho. Julho disse que conseguia ver claramente as duas crianças como seus irmãos, e seria um presente, quando ele mais estava só, adquirir um pai e dois irmãos. Nem tudo isso ele disse. Acreditava que talvez com a idade, o pai tinha amadurecido, e podia estar com outra cabeça. Mas eu entendi. Triste mesmo, é que o cara não considerava o Julho como filho. Chegou a pedir desculpas, e disse que o que teve com a mãe dele foi lance de uma noite só, e ela já tinha entendido que era isso, e não poderia esperar nada dele. Julho ficou arrasado por semanas após esse encontro. Ele disse que esse lance fez ele sentir ainda mais falta da nossa amizade, porque a mãe dele não sabia desse encontro, por nunca ter sido a favor dessa reaproximação. Eu só conseguia pensar no quanto Julho cresceu todo esse tempo. Costumo dizer que a dor amadurece. E quanto mais você sofre, mais você amadurece. Afinal temos que nos apegar a alguma coisa assim pra por sentido em toda a dor que nós passamos, neh?
Chegamos em casa.
Não faz barulho, que minha mãe tem sono leve. Eu tô todo nojento, vomitado, e suado, vou tomar um banho rápido. Depois te arranjo uma toalha também. Fica a vontade.
Parti pro banheiro, e deixei o Julho examinando o quarto com timidez. Era engraçado ver ele ali num ambiente tão familiar, e ao mesmo tempo se sentindo tão desconfortável com as mudanças. Entrei no banho, ainda sorrindo, ainda admirado pelo fato de sermos amigos de novo. Estava me ensaboando, debaixo da água fria pra me refrescar, quando ele entrou no banheiro.
Ow, e a privacidade, ficou aonde??
Cara, que foda esse banheiro!! Não tinha visto ainda. Ele não existia antes!
Não, não existia. Construímos faz pouco tempo.
Nós estávamos conversando no banheiro, enquanto eu tomava banho, como se fosse algo natural. E de fato era, num passado não tão distante.
Desculpa entrar assim, eu precisava muito mijar. Bebi muita cerveja. - só agora ele parecia ter notado onde estava. Olhou de relance para o meu corpo. Pela primeira vez me dei conta de que o meu corpo também mudou, desde então. Eu já não era mais do mesmo tamanho que antes, e isso pareceu ruboriza-lo. Me virei de costas, caso não conseguisse controlar a ereção, e ele fez o que queria fazer, deu descarga, e saiu em silêncio.
Terminei o meu banho, tentando afastar os pensamentos impuros, e vesti uma boxer branca que achei no banheiro pra não sair nu ou de toalha. Ele já tinha achado o colchão onde dormia na infância, e estava deitado nele, sem camisa, de barriga pra cima, enquanto apoiava um dos braços na testa. Os olhos estavam fechados. O que me era uma vantagem, pois pude dar uma boa conferida sem ele perceber.
Cutuquei ele com o pé, e perguntei se ele não queria tomar um banho e vestir uma roupa limpa e confortável pra dormir melhor. Ele disse que preferia não, sem se mexer ou mudar a posição. Entendi que ele queria dormir, e o deixei ali. Deitei na minha cama, e fiquei observando o teto. Em muitos filme pornôs, e contos eróticos, esse era o momento em que ele não conseguiria dormir também, e viria pra minha cama. O pensamento acabou enchendo os meus vasos sanguíneos em uma região específica, tornando o músculo mais rígido. Virei de lado, de costas pra ele, pra ele não ver, caso ele levantasse pra usar o banheiro ou algo do tipo. Não cometeria o mesmo erro de novo. Por mais indiferente que eu tentasse parecer em relação a ele todo esse tempo em que não nos falamos, eu não queria perder a presença dele na minha vida de novo.
Depois do que pareceram ser horas de tensão sexual, acabei dormindo.
E aí galera, o que estão achando? Será que vai rolar alguma coisa entre os dois, ou será que vão só reatar amizade mesmo, porque sempre não passaram de bons amigos? Me contem a opinião de vocês.