Atenção : Caso você tenha caído de paraquedas nesse conto sugiro que leia as partes anteriores para melhorar seu entendimento.
Boa leitura 💕
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Assim que o caminhão partiu me deixando em frente há uma estrada de terra meu coração quase parou. Eu estava apreensivo, animado, assustado e com medo. Muito medo. Medo de quem encontraria na cidade, medo de meu pai ter conhecidos aqui, medo das pessoas, medo de mim. Aquele foi sem duvidas o pior misto de emoções que senti após chegar na cidadezinha.
Erick - Vamos lá! Pior do que já está não pode ficar
Eu apertei o passo e depois de uma hora andando cheguei no entroncamento que ficava bem em frente a cidade. Havia um triângulo no centro rodeado de flores amarelas e uma grama bem vivida. Tinha uma placa na parte lateral do triângulo dizendo "Bem vindo à Pontaparã, a cidade que nunca sai dos trilhos"
Eu já estava cansado da caminhada e assim que notei um bar na entrada fui correndo em sua direção. O local era bem na entrada então logo avistei várias pessoas sentadas conversando e bebendo como em todo o bar. Assim que entrei no local percebi algumas pessoas me olhando e apontando como se eu fosse um pavão extremamente chamativo. Eu não liguei muito e me foquei apenas no atendente.
Um garoto estava sentado do lado oposto da bancada e assim como os clientes ficou me olhando dos pés a cabeça. Ele usava uma camisa abotoada e tinha um crachá com o nome "Mario" na parte direita da mesma.
Erick - Bom dia, quanto é uma água mineral ?
Mario - R$Ele tirou uma garrafa d'água de dentro da geladeira e me entregou ainda me encarando - Aqui
Erick - Obrigado, é que à caminhada foi difícil até aqui!
Mario - Tu é novo aqui ?
Erick - Sim, vou passar algums dias...espero - Eu estendi a mão para o menino - Prazer. Erick
Mario levantou uma mão visivelmente suja e apertou de forma firme a minha.
Mario - Meu nome é Mario, prazer!
Mario era um garoto muito parecido com meus ex-colegas de sala. Alto, loiro com cabelos puxados pra trás num desses boi lambeu. Branco e com algumas marcas de doenças, arranhões, cicatrizes pelo corpo; algums pelinhos aparecendo nos braços e uma cara fechada que fazia o garoto do bar ser indescritível no momento.
Erick - Você sabe onde fica esse lugar ? - Eu tirei o papel com o endereço do bolso e coloquei na bancada.
Mario - hm...meu pai deve saber. Licença - Ele foi até uma cortina e chamou pelo pai num grito grosseiro.
Um homem baixo, com uma barriga bem saliente, calvo e dentes amarelados apareceu dando várias risadas atrás de uma garota visivelmente desconfortável.
Mario - Esse moleque quer saber onde fica esse endereço - Ele entrega o papel pro pai e abriu uma portinha para a menina ir em bora.
-- Tchau gracinha!!! Semana que vem pode voltar pra pagar o resto da dívida - Disse o homem de sorriso amarelado que voltou sua atenção pra mim. - Qual seu nome moleque ?
Erick - Me chamo Erick. Prazer!
Silas - Opa! O prazer é todo meu! - Diferente do filho Silas pareceu bem entusiasmado em me conhecer - Meu nome é Silas e esse é meu filho Mario, acho que já se conhecem hehe
Ele riu um pouco e olhou de leve para o papel, me olhou dos pés a cabeça e olhou para o papel de novo. Silas repetiu essa ação umas três vezes com uma expressão de desconfiança
Silas - Hm...esse é o endereço do Pensão da dona Olga - Disse isse me entregando papel - Mas, acho que não vai gostar de lá...
Erick - Bom, eu não tenho outra escolha. Pode me dizer onde fica ?
Ele se aproximou e me detalhou o caminho até a tal pensão da dona Olga. Mario me observava com uma certa desconfiança enquanto varria o chão do bar e só parou de me encarar quando eu respondi seu olhar.
Erick - Muito obrigado senhor Silas!
Silas - Não têm de que! Passe aqui se precisar de algo novamente.
Erick - Pode deixar!
Eu me despedi de ambos com um "até logo" e fui caminhando até a pensão da senhora que Alex havia me dado o endereço. No caminho até o lugar eu fui dando uma olhada na cidadezinha. Eu percebi que o local tinha muitas casa, todas em toms alegres, felizes, totalmente o oposto da minha cidade natal. Percebi que todos eram bem convidativos e educados quando passava, sempre me comprimentando com sorrisos e boms dias. Tinha até uma igreja em uma das praças, ela era bem diferente da minha antiga igreja e confesso que achei ela muito ma simpática do que à minha. Eu caminhei por uma rua repleta de crianças até chegar na tal pensão.
Era um lindo casarão azul, com muitas janelas, um lindo jardim que lembrava o que minha mãe cultivava e uma fonte na parte lateral com algums bancos de concreto ao redor. Tudo muito lindo, era surpreendente pensar que antes de chegar aqui eu imaginava o pior e agora estou até com inveja da beleza do local.
Antes de botar os pés para dentro do casarão fui surpreendido por uma mulher aos berros gritando com um homem vestido como um jardineiro.
Homem - Dona Olga! Calma! Não é pra tanto!
Olga - COMO NÃO É PRA TANTO!! - Ela pegou um vaso de uma das estantes e jogou no pobre homem que por sorte desviou - MEU JARDIM TÁ DESTRUÍDO!!
Homem - F-Foi um acidente!! Eu não tive culpa!
Olga - VOCÊ TÁ DEMITIDO! SAIA DAQUI ANTES QUE EU TÊ BOTE PRA FORA!
O homem tirou o avental, o chapéu e as luvas, olhou para a mulher com uma carranca e saiu correndo do local
Eu olhei para a mulher e apenas tive coragem de dizer :
Erick - V-Vocês estão alugando quartos ?
Olga - E você, quem é ?
Erick - Me chamo Erick, sou novo na cidade e um conhecido me deu esse endereço.
Olga - Você não é novo demais pra alugar um quarto sozinho ?
Erick - E que eu estou passando por uma situação complicada.
Olga - Hm...entendo - Ela voltou para dentro da Pensão e me pediu para segui-lá.
Erick - Eu não vou ficar por muito tempo, algums dias talvez
Olga - E quem disse que você vai ficar ? - Ela pegou uma prancheta e começou a olhar algumas anotações
Erick - Eu pensei que...
Olga - Pensou errado, eu não posso colocar um completo desconhecido pra morar aqui por caridade
Erick - Eu tenho dinheiro senhora, pouco mas tenho!
Olga - Você têm alguém pra tê ajudar ?
Erick - Não...
Olga - Eu ainda morro pelo coração! Tá bom, você pode ficar com o quarto no final do corredor.
Erick - Obrigado! Muito obrigado!
Olga - Mas têm algumas condições ok! - Ela largou a prancheta na mesa da recepção e começou a me encarar - Primeira coisa; você vai cuidar do jardim, ok ?
Erick - Ok! Eu amo plantas e minha mãe tinha um jardim parecido em casa com rosas e... - Minha animação estava óbvia a cada palavra que saia da minha boca
Olga - Você vai lavar suas roupas! A lavanderia é nos fundos e eu não lavo cueca de macho nenhum!
Erick - Sem problemas!
Olga - Vou chamar meu filho pra tê ajudar com as malas e explicar o resto das regras!
Ela entrou em um correndor que dava até a cozinha e gritou pelo filho que logo apareceu correndo. O menino estava suado e parecia ter se sujado com terra ou algo do tipo.
Olga - Erick. Esse é meu filho Plínio
A senelhança entre Olga e seu filho Plínio era nítida. Muito mais aparente do que a semelhança entre Silas e Mario que carregavam diferenças gritantes.
Olga era uma mulher bem alta, forte, com um peso bem distribuido que lembrava o de minha mãe em algums trejeitos. Era negra e sustentava um lindo black power na cabeça, não tinha marcas do tempo mas visivelmente era uma mulher bem mais velha do que aparentava. Ela usava um vestido azul até os joelhos e tinha muitas joias ao redor dos dedos, braços e pescoços. Resumindo; Olga era uma dessas mulheres exuberantes que só se via em novelas.
Seu filho Plínio carregava os mesmo jeito imponente que ela, mas essa aparecia forte e vigorosa logo era contrariada por belos cachinhos castanhos que enfeitavam sua cabeça. Ele parecia ter seus 18 anos, era um pouco mais alto que eu, tinha musculos pelo corpo inteiro mas não era tão corpolento quanto Alex. Não tinha muitos pelos pelo o que notei porém seu charme poderia compensar qualquer defeito no seu físico.
Olga - Plínio, leva o garoto pro quarto e explica o resto das coisas
Quando foi pegar as malas de minha mão eu acabei deixando-as cair pelo nervosismo que o charme de Plínio exerceu em mim.
Plínio - Opa! Cuidado moleque haha
Subimos uma escada que levava até o segundo andar. Lá eu fui encaminhado até um corredor espesso com várias portas que deviam esconder todo o tipo de pessoa. Após chegar no neu quarto eu dei uma profunda olhada no local. Não havia muito luxo obviamente, tudo bem simples mas que garantia conforto, há maior parte das coisas era de madeira, o que dava um ar rústico ao ambiente. A decoração era bem pouca com algumas flores, tecidos e etc. Na parte central do quarto havia uma luz que levava até uma grande janela no centro do quarto.
Plínio - Desculpa pelo jeito da minha mãe!
Erick - Não esperava nada diferente, sendo sincero kk
Plínio - E que ela cuida desse lugar como ela cuida de mim - Ele coloca as malas perto de um armário - Ou até melhor haha
Erick - As vezes os pais são assim
Plínio - Sim, as vezes.
Um clima estranho apareceu no quarto até que foi rapidamente quebrado por Plínio.
Plínio - As regras são simples. Primeira coisa; não pergunte muito, a vida é muito mais fácil sem perguntas. Segunda regra; se escutar algum barulho não faça nada! Se não envolve você...não se meta
Erick - Não vai ter problemas comigo se for assim
Plínio - Espero, séria triste ter que colocar você pra fora - Ele se aproximou da porta - Terceira coisa, minha mãe é um pouco rígida com os horários de refeição. Têm um aviso lá fora se quiser saber quais são
Erick - Pode deixar!
Quando estava prestes a sair ele se virou e disparou :
Plínio - Geralmente não aparece gente nova aqui. Quando aparece é alguém que não é muito bom fazer amizade, mas você parece legal, então se quiser que eu tê mostre a vizinhança depois de desfazer as malas pode me chamar no meu quarto. Fica no final do corredor.
Ele se despediu e foi em bora. Eu fiquei ali, pensando na situação, pensando em como as pessoas foram prestativas e gentis desde que cheguei. Será que finalmente posso confiar em alguém ? Será que finalmente posso me abrir para mais alguém e contar tudo que está acontecendo na minha vida ? Bom isso eu não sei, mas com o tempo espero descobrir.
Algo me diz...que Pontaparã vai amar me conhecer.