Ver Lucas transando com Dani ali, naquele matagal, em público, me fez perder um pouco de minha auto-estima. Nunca que eu faria algo do tipo com minha namorada. Nossas transas eram bacana demais, eu a satisfazia, dava pra ver. Mas ao ver toda aquela exposição de Lucas e Dani, pensei se, por acaso, tinha algo que ela gostaria de fazer comigo, sexualmente falando.
O cara metia bem demais, as estocada rápidas e fortes, fazia de um jeito que eu talvez não conseguiria. Dei dois passos para trás, me preocupando em não fazer barulho para nao ser notado, e voltei para a lanchonete. Contei que tinha encontrado o casal para Dani e para o guia, eles se tranquilizaram. Minutos depois, os dois chegaram, na maior risada, com uma sintonia linda de ver. Fiz algo, que não me lembro bem o que foi, para que minha mentira de ter achado eles não fosse descoberta. Puxei Gabi pro lado e perguntei se ela queria comer mais alguma coisa, para descontrair.
Depois do passeio na trilha, fomos para a praia observar o pôr do sol. Lucas tinha levado uns becks pra gente, dessa vez estávamos prevenidos. Fumamos e pegando uma brisa boa, conversamos sobre a vida, curtindo aquele friozinho de fim de tarde. Depois, voltamos pro hotel. Combinamos de passar a noite lá mesmo, íamos deixar para sair no dia seguinte. Gabi e eu tomamos um banho juntos, transamos chapados no banho. Depois, transamos mais ainda na cama. Gozei bastante, mas ela não... Nossa química era ótima, porém havia um problema entre a gente: ela nunca havia gozado. Isso me preocupava... Depois que ela caiu no sono e a minha brisa passou, aquela imagem de Lucas transando ficou em replay na minha mente. Não era tesão, eu apenas queria fazer do mesmo jeito que ele fazia, porque o rosto de Dani era de satisfação, de quem estava subindo pelas paredes, e Gabi nunca havia reagido daquela forma.
Nos dois dias seguintes, fomos a praia, curtimos uns barzinhos, à noite fomos em uma boate... foi um final de semana ótimo, mas aquele problema com Gabi tava me deixando maluco. Nada fazia aquela imagem sair da minha cabeça. Pensei em falar com Lucas, desabafar, pedir um conselho, como sempre fazia quando tinha algum problema. Ele já havia pedido vários a mim, entre a gente não tinha segredo. Mas me contive. Fiquei com vergonha de falar e ele pensar que eu era fraco, mesmo sabendo que isso nunca ia acontecer, já que Lucas era o tipo de pessoa que te coloca pra cima em qualquer situação. Mas é, não falei.
As semanas se passaram. Lucas se apresentou ao exército e disse, na entrevista, que queria servir. Logo chamaram ele. O cara tava radiante, não falava de outra coisa a não ser fazer uma festa para comemorar. Ele me explicou como seria sua rotina: alguns dias viria para casa, outros ficaria no quartel cumprindo serviço. E os finais de semana, quase todos, estaria livre. Minhas aulas voltaram, fiquei sobrecarregado de tarefas já de cara.
Morar com Lucas estava sendo uma experiência bem doida. Eu sempre fui do tipo de odiar bagunça, e Lucas era o cara mais bagunceiro que eu conhecia. De início foi bastante complicado pra colocar aquele cara no trilho. Toalha em cima da cama, comia e deixava o prato sujo na pia... essas coisas. Eu tava sempre corrigindo, ficava com raiva, mas o cara me fazia rir, descontraía o clima, fazia tudo ficar bem e leve. Ele era foda.
Certo dia, Lucas chegou cansado do quartel. Eu tava sentado no sofá, ao laptop, terminando um trabalho. Ele já entrou tirando a roupa, tava um calor de 39 graus.
— Caralho que cansaço. Puta que pariu.
— Tira esse uniforme do chão viado, bota na máquina pra lavar.
Ele pegou o uniforme e foi botar na maquina. Talvez se eu não tivesse dito, ele não teria feito.
— Mano, eu tava ligado que era puxado lá no exército mas nem tanto, papo reto.
— Capinou muito mato hoje? — gastei a onda dele.
— Mandaram a gente ajeitar uma pracinha abandonada de lá perto. Pintar balanço, gangorra, tirar o mato... foda demais.
— Tu tá fudido. — ri.
— É, fica gastando mermo... queria ver se fosse tu no meu lugar.
— Porra, tô mó cansado também, só hoje fiz dois trabalhos pra entregar amanhã, e ainda tô terminando o terceiro. Cansaço mental viado, as vezes é pior que um músculo doendo.
— Tô ligado. Aí, vou te dizer, queria meu amor aqui comigo...
— Tá com saudade né? Também tô mano.
— Um mês já, que a gente tá sem se ver. Tu e a Gabi também, né?
— É... Mas a gente se fala por Skype.
— Punheta tá foda. Tô aguentando mais não.
— Ah lá, punheteiro, tá pior que meu irmão de 15 anos. — gastei de novo.
— E vai dizer que tu não bate uma não? Ninguém é de ferro viado.
Batia, sim. Sempre que dava. Aquelas semanas sem transar tava foda mesmo.
— Aí, tô querendo fazer uma loucura — Lucas falou, com aquele sorriso esperto no rosto.
— Manda.
— Bora curtir esse final de semana? Ir pra uma farra boa daquelas que a gente ia antigamente...
— Porra, a gente namora viado, tu tá ligado né?
— Quem é que vai saber? Ninguém aqui conhece a gente.
Pensei por uns minutos se topava ou não. Não era da minha índole trair a confiança de alguém, e Gabi era uma mina foda demais, não merecia isso.
— Porra cria, eu passo, papo reto. Vou fazer essa sacanagem com a Gabi não, foi mal.
— Tô te chamando pra ir pra um baile viado, beber, dançar, fumar um. Não precisa pegar ninguém não.
— Eu te conheço cara, tô ligado que tu vai querer que eu pegue alguma novinha.
— Vou não. Confia em mim. Aí, vou descolar duas pulseirinhas pra gente com um colega lá do quartel. Pai dele tem uns contatos, é dono de boate ainda. Esse final de semana vai rolar mó bailão. Tu vai comigo, tá tudo certo.
Pensei em recusar, mas eu merecia uma festa, espairecer a mente, curtir um pouco. Fechamos em curtir no sábado, já que domingo e segunda Lucas tava de folga.
No sábado seguinte, de noite, nós nos arrumamos, pegamos um táxi e fomos pro baile. Na frente, uma galera bem arrumada fazia fila para botar as pulseiras. Mateo, o amigo de quartel de Lucas, estava na frente esperando a gente. Na primeira olhada, percebi que nós dois seríamos sua companhia. Assim que nos aproximamos, Lucas nos apresentou, o cara era boa pinta, simpático, gostei de cara. Nós entramos na boate e demos de cara com duas garotas em uma mesa. Elas nos encararam, mas não passou disso. A verdade é que aquela imagem era o que ia resumir nossa noite. A boate tava cheia de mulher solteira, dançando até o chão. Lucas deu aquele famoso sorriso ao ver tudo aquilo, animado.
Nós compramos a nossa bebida, pegamos uma mesa e começamos nossa farra. Dançamos, curtimos. Bebemos bastante, estávamos animados. Lucas tava de olho numa moça mais velha, loira, das pernas grossas e bunduda, tinha idade de ser mãe dele, mas o cara ficou doido por ela. Ele me pediu conselho se deveria chegar nela ou não, e eu disse que seria má ideia, tava me cheirando mal... A festa foi rolando, as horas se passando, cada vez mais Lucas ia ficando mais bêbado. Eu tava me controlando na bebida para ficar de olho nele, como sempre faziamos: se um bebe, o outro bebe mas sem exagerar. Para encurtar os detalhes, Lucas, já bêbado, se aproximou da Loira que estava sozinha e puxou papo. Mas deu merda.
Cinco minutos depois da conversa, Lucas puxou o rosto dela para um beijo. Pelo que eu vi, ela não hesitou. Mas de repente, chegou um cara mais velho, grande, forte, puxando Lucas pela camisa, em seguida lhe acertou com um murro na barriga. Todo mundo se afastou, Lucas caiu no chão, eu rapidamente corri até ele. O cara esbravejava, queria batê-lo mais, mas foi contido rapidamente por seguranças. A mulher era casada com ele, mas aparentemente não tinha dito a Lucas. Os seguranças expulsaram o cara, a mulher e o Lucas. Mateo me ofereceu uma carona até o hospital, estávamos absurdamente preocupados com Lucas, que estava desacordado, com o corpo quente e parte da camisa rasgada.
No hospital, fomos atendidos de pressa. Não foi nada urgente. Lucas acordou, sem entender nada, sentindo muita dor. A enfermeira passou uma pomada na pancada, e indicou gelol ou VIC para o tratamento, para que a pancada não ficasse tão insuportável.
Mateo nos levou em casa. Ele me ajudou a colocar Lucas no braço até o elevador, dali nos despedimos. Agradeci pela ajuda, sem ele tudo teria sido difícil.
Ainda trazendo Lucas nos braços, abri a porta com dificuldade e ali, Lucas vomitou. Nos meus braços, em cima de mim e dele mesmo. Senti um nojo do caralho, confesso. E aquela sujeira toda só se resolveria com um banho.