Capítulo 53 - Canalha cruel
-Isabella... Nós precisamos terminar...
Dei alguns passos curtos para trás
-O que? Como assim?
Perguntei incrédula, acreditando se tratar de uma brincadeira.
-Isso mesmo que você ouviu. Não quero mais você.
-Você realmente me quis em algum momento? -Quase cuspi as palavras.
Ela se virou, me encarando.
-Quis. Você acabou de ter uma prova disso. Na nossa... Despedida. -Mirou os olhos na cama, os lençóis brancos, estavam amassados, o cheiro de sexo, ainda pairava no ar.
-Você só pode estar brincando comigo...
Lágrimas passaram a escorrer de meu rosto.
-É, realmente eu brinquei com você... Por dois longos meses... E não me leve a mal, foi b...
Plaft!
Não a deixei terminar de falar. Me aproximei e dei um tapa em seu rosto.
Ela virou o rosto com o tapa, enquanto eu me afastava.
De vagar, foi se virando e me olhou com uma expressão que eu não reconhecia. Caminhou tranquilamente até o guarda roupas dela e de lá tirou duas sacolas de papel. Entregou-as a mim.
-Aqui estão suas roupas. Vista-se. Eu vou te levar pra casa agora.
Ela parecia fria demais. Tudo tinha sido calculado. Até minhas malas estavam feitas.
*''Viu, eu disse que ela não te queria."*
Minha consciência resolveu aparecer nesse momento. Nesse maldito momento de tristeza. Eu chorava e nem percebia. Olhava pra ela sentindo toda a dor no meu coração.
- Não precisa... - Disse por fim, respondendo sua afirmação e indo me vestir.
-Claro que precisa. Eu te trouxe, eu te levo.
-Não... -Solucei.
Eu não queria passar mais nem um minuto ali. Como ela poderia ser tão fria assim comigo? O que eu fiz pra merecer isso? A tratei com tanto carinho, respeito é amor nesses dois meses que estivemos juntas.
O que ela fez comigo? Por que me pediu em namoro se só queria me usar e depois me despachar assim?
E por que terminou comigo assim? Sem mais nem menos... Me tratava tão bem, me cobrindo de mimos, me falando coisas doces. Agora me levou naquele lugar tão bonito, me deu uma linda e depois me derruba assim.
Tremi chorando e pensando em tudo. Eu estava vestida. Caminhei em direção a porta com a minha bolsa e meus pertences em mãos.
Ela me segurou pelo braço assim que toquei a maçaneta.
- Eu falei que vou te levar.
-E eu disse que irei sozinha. -Quase gritei, fazendo mais lágrimas escorrerem.
-Não, você não vai. Não nesse estado.
-Engraçado. -Forcei um sorriso. -Esse estado, foi você quem me deixou.
-Já chega.
Ela pareceu se irritar.
Num impulso, me ergueu do chão, me pendurando, literalmente em seus ombros, como uma boneca velha.
-O que você tá fazendo? -Gritei. -Me põe no chão.
-Shiii. Eu tô fazendo valer o que eu falei.
Cássia saiu andando comigo assim.
Me debati o caminho todo, sem sucesso.
Chegou a garagem e me socou literalmente pra dentro do carro com sacola e tudo.
-Sua maldita, cafajeste!
-Psiu! -Colocou o dedo na minha boca. - Não tente nenhuma gracinha.
Seria cômico se aquilo tudo, não fosse uma tragédia.
Ela deu a volta e entrou, sentando no banco do motorista.
-Te deixo em casa?
-Léo. -Me limitei a dizer. Não queria ir pra casa e ouvir um sermão da minha mãe. A essa altura do campeonato, ela sabia muito bem o que Cássia era minha namorada.
O caminho todo foi de lágrimas e soluços. Isso parecia a incomodar um pouco. Seria raiva?
Ela me deixou lá.
Eu desci sem dizer nada. Ela ficou calada e saiu assim que eu cheguei ao portão.
-Isabella, o que foi amiga? -Léo perguntou vendo minhas lágrimas rolando, assim que abriu o portão.
Entramos e eu comecei a falar, desesperada, entre lágrimas:
-Foi a Cássia, Léo... Aquela canalha terminou comigo sem mais, nem menos!
-Poxa, amiga! Que imbecil da parte dela. E eu pensava que ela gostava tanto de você.
- Eu também pensava Léo. Mas hoje ela se demonstrou ser muito cruel.
-Calma, Bella. Tá tarde. Vamos tomar um chazinho, e tentar dormir. Amanhã é outro dia.
Eu sabia que não conseguiria dormir, mas resolvi aceitar o conselho de Léo. Tomei o chá e deitei na cama ao lado da do Léo, onde eu dormia quando ia lá.
Chorei em silêncio, pensando em como fui ser tão boba.
*"É óbvio que ela não ia largar uma mulher daquelas pra ficar com você."*
Minha consciência era tão cruel quanto Cássia.
Em meio a esses pensamentos eu dormi.
Continua...
Então gente? O que acham? Espero que gostem e comentem. Beijos pra Pandinha e pra Sapekinha que comentaram no último...
