Capítulo 54 - Bad pós pé na bunda
Bem, aquele dia, aquele dito dia que, o último em que estive na casa de Cássia, ela e eu fizemos um negócio: Ela entrou com o pé e eu, com a bunda. Sim, estou solteira, triste, me sentindo perdida, mal amada, de coração partido.
Eu não espero que todos entendam isso. Afinal, não são todos que já levaram um fora. E os que levaram, têm que adimitir: não é bom.
Bem, depois que acordei, no dia seguinte, na casa de Léo, em um sábado ensolarado, eu resolvi que deveria voltar pra minha casa e seguir minha vida como se nada tivesse acontecido. -Até parece que eu sou boa nisso.
Mas enfim, de qualquer modo, foi isso que fiz.
-Bella, por que você não fica e vai comigo e o Márcio na balada hoje? -Disse Léo com seu jeitinho todo afeminado.
-Poxa Léo, me desculpa, mas não vai rolar. Você sabe porquê. Eu tô sem cabeça pra isso.
-Tudo bem. Hoje eu até entendo. É um dia de bad pós fora. Mas semana que vem, você não escapa, mona. Você precisa esquecer a loura safada.
-Como esquecer... -Sussurrei me lembrando das nossas noites mal dormidas, do suor escorrendo por nossos corpos, os beijos molhados, o perfume dela em mim...
-Hello! -Saí de meus devaneios com Léo estralando os dedos diante de mim -Para de morder os lábios, eu sei que você é caidinha na loura. E também, um bofinho daqueles até eu pegava -Falou fazendo um parentêses na última frase. -Aliás, ela deve ter uma pegada danada né amiga? Te deixou com os quatro pneus arriados. -Falou rindo e se defendendo do travesseiro que eu joguei nele.
-Agora é sério Bella. -Ele mudou seu tom. Até parecia menos gay falando (se é que isso é possível). -Términos acontecem. Você precisa superar isso e viver, quem sabe, até encontrar outra namorada, sei lá.
-Obrigada pelo Conselho Léo. Pode deixar que vou superar. -Disse o abraçando. -Não sei o que faria sem você.
-Penaria muito né sua boba. -Respondeu voltando ao seu jeito afetado, habitual.
Rimos da piada. Conversamos mais um pouco e eu chamei um motorista de aplicativo pra ir embora.
Quando cheguei, me tranquei em meu quarto e chorei. Eu não queria, mas me lembrei de tudo novamente e não resisti.
Depois de um tempo perdida na minha dor, o choro cessou e eu pude enfim, focar em um trabalho da faculdade.
Estava na escrivaninha, mexendo no computador, quando escuto batidas na porta.
-Filha, posso entrar.
-Pode mãe. -Falei sem prestar atenção.
-Querida, Rodrigo está aqui. Ele quer conversar com você.
-Tudo bem, mãe. Diga que já desço. -Não tirei o olhar da tela do computador.
-Não é preciso Isabella. Podemos conversar aqui, se não se importar. -Ouvi a voz de Rodrigo e desviei os olhos do que fazia para encará-lo. Sua expressão era séria, impaciente até.
-Tu-tudo bem. -Gaguejei. No fundo eu sabia do que se tratava.
-Vou deixá-los a sós. -Minha mãe saiu com um meio sorriso de canto.
Rodrigo entrou, fechando a porta atrás de si. Estava com a farda. Muito charmoso como sempre.
-Eu não sei como ela foi capas de fazer algo assim com você. -Despejou isso enquanto me encarava apreensivo, parecia com raiva.
-Do que você tá falando? -Perguntei ficando nervosa.
-Eu sei o que a Ferreira fez com você. Sei que ela te pediu em namoro e depois te deu um fora.
-Como assim? Como você sabe disso? -Perguntei incrédula.
-Isabella, nós somos amigos há muito tempo. Ela me conta tudo. Me contou quando começaram a namorar e também me contou do término. Por que acha que eu não te procurei mais em? -Desviei de se eu olhar. -Eu sempre soube que ela se interessava por você, desde que você estava na cela, até por que você parece... -Ele parou, parecia que ia revelar algo. Mas não me deu tempo de perguntar o que e prosseguiu. -Mas eu não achei que ela fosse bancar a canalha com você.
Ela se interessava por mim?
Foi minha vez de interromper:
-É, mas ela bancou. E quer saber? A culpa não é de ninguém. Relacionamentos acabam. -Disse tentando amenizar e encerrar logo o assunto.
-Pois é, acontece que ela tem sorte de ser mulher, por que se fosse homem, eu mesmo teria arrebentado a cara dela. - Falou mantendo o tom de ira.
Eu arregalei os olhos. Não suportaria que alguém fizesse tal coisa a ela. Mesmo que por vingança do que ela me fez.
-Olha, Rodrigo. Eu sei que está preocupado comigo. Mas peço que não se meta nesse assunto. Ela tem os motivos dela pra não me querer mais e isso não importa nem a mim. E sinceramente, eu já aceitei - Falei me segurando ao máximo para não desabar.
-Então é por isso esse rosto inchado de tanto chorar? -Ele perguntou apontando pra mim.
Eu me desconsertei.
-Isabella, saiba que Cássia e eu discutimos. Foi um enorme bate boca. Eu fui transferido pra cidade vizinha e tudo isso se deve ao fato de que ela me prometeu não te fazer chorar e agora vejo essa cena. Bem diante de mim.
Ele deu alguns passos para trás, em direção a porta. Eu fiquei digerindo o que ele falou.
-Quero que saiba, que se precisar de algo, estou aqui. Tchau, Bella.
E ele se foi.
Continua...
Beijos para Pandinha, Sapekinha e croft...