Já dentro do avião, sentada em minha poltrona, me lembrei de Camila e quanto ela me fazia falta. E agora eu já tinha a resposta que ela queria, se ela ainda estivesse comigo. Eu havia experimentado sexo com um homem e chegado a uma conclusão. Eu havia feito sexo com um homem e havia gostado. Mas havia sido como apenas realizar uma fantasia. Fiquei muito excitada em alguns momentos e gozei incríveis e inesperadas três vezes. Carlos foi gentil e fogoso, mas eu estava certa que muito daquela excitação se devia ao fato de eu estar me sentindo mulher pela primeira vez. Tudo que fizemos onde só uma verdadeira mulher poderia fazer como sexo vaginal e ter a minha vagina chupada tinha me dado muito mais prazer. E tudo o que eu tinha já feito antes sendo um menino vestido de mulher não me deu tanto prazer. E teve também a excitação com as maluquices de Carlos. O sexo na varanda. O sexo antes do jantar e até o ultimo no chuveiro. A excitação pela novidade é sempre muito intensa. Então a conclusão a que eu cheguei era que eu poderia sim ter um relacionamento com um homem. Mas eu era uma bissexual, pois quando eu pensava em ter sexo com um homem e com Camila no futuro eu desesperadamente preferiria fazer sexo com Camila. E que mesmo podendo ser bissexual, o amor era essencial para mim. Eu não gostaria mais de fazer sexo só por sexo. De ser objeto sexual. Mas fazer amor com a pessoa amada. E essa pessoa era Camila.
Não tínhamos tido mais contato desde o dia que ela me deixou. E naquele dia que contei tudo para ela também contei que fazia parte da chantagem um último encontro com Carlos naqueles dias. E esse encontro com Carlos tinha sido o gatilho para que eu tivesse contado tudo para ela pois eu não queria engana-la novamente. Então ela sabia o que estava acontecendo naqueles dias. E para não perder o contato com ela mandei uma mensagem assim que o avião aterrissou em Floripa. – Oi Camila. Recuperei todos aqueles documentos que me chantageavam. Fique tranquila sobre seu segredo. E ela ciente do que havia acontecido comigo naquele final não foi generosa e talvez até por raiva demorou a responder. Então depois de quase uma semana recebo sua resposta. – Que bom. Espero que seu sacrifício tenha valido a pena. Senti em sua resposta toda a sua mágoa e me dei conta que eu não deveria insistir muito em contata-la. No entanto éramos casados e eu queria que ela tivesse o que era dela também. Eu não estava satisfeito com ela em um hotel e ela tinha direito a uma parte de minha renda. Mas como ela disse que conversaríamos no futuro, eu iria esperar isso acontecer para dizer isso a ela.
Então minha nova vida começou. E não da forma que eu queria. Mas ao menos eu estava em paz. Como nossas amigas eram amigas de Camila entes de serem minhas amigas elas se afastaram. Não quis ter amizade somente com os meninos pois pareceria estranho. Então eu estava totalmente solitária em meus 27 anos. O único cuidado que comecei a ter era ir ao salão de beleza em um horário que Camila estivesse trabalhando. Como eu tinha meu horário flexível eu não queria constrange-la me encontrando lá. Mas com minha cabelereira eu ficava sabendo algumas informações de Camila e certamente ela também ficava sabendo sobre mim. Então eu ciente disso, sempre falava a nossa cabelereira que sentia muita falta de Camila, esperando que esse sentimento chegasse a ela. Minha única companhia agradável naquele período era Dona Joana que vivia me consolando. As únicas pessoas que eu conhecia eram as pessoas do escritório e alguns clientes. Além de meu trabalho, minhas atividades se resumiam a ir ao cinema sozinha ou ir ao shopping fazer compras. E como ficava muito tempo sozinha em casa comecei a ler livros. Principalmente os de psicologia que explicavam um pouco minha história de vida. Ainda assim eu não era uma pessoa infeliz pois eu tinha realizado meu desejo de ser mulher e eu curtia intensamente o mundo feminino. As revistas de roupas e beleza viraram minhas preferidas. Eu me deliciava com minhas lingeries, minhas saias e meus vestidos e os saltos altos. Fiquei até levemente arrojada no modo de se vestir e mesmo no trabalho eu usava roupas elegantes, mas com um toque sensual. Naquele momento eu não tinha a menor intenção de ter sexo com alguém pois ainda tinha um fio de esperança com Camila e não queria que tudo começasse errado novamente. Mas eu gostava de ser admirada e até desejada.
Quando ao sexo eu me resolvia com masturbações e nada de acessórios. Somente com meu toque. E sempre pensando em Camila e em seu corpo. Mas eu não tinha uma necessidade excessiva e fazia no máximo três vezes por semana.
E como sempre adorei ser fotografada e não tinha muito o que fazer, contratei um fotografo profissional que fez um ensaio meu com fotos minhas no estúdio e nos parques e jardins de Floripa. Mas nada de foto nua ou de lingeries. Eu usava vestidos lindos, shorts floridos e até roupa de festa. O máximo que me permiti foi tirar uma foto de biquini nas Dunas, mas com uma saída de banho florida e levemente transparente. E eu amei o resultado. As fotos ficaram lindas e também me senti como uma garota de revista. E dessa vez não precisei esconde-las. Mandei emoldura-las e coloquei muitas delas na parede de minha casa. E usei uma onde estava bem descontraída e informal para colocar em meu aplicativo de mensagens, sabendo que certamente Camila a veria e era essa minha intenção.
Para ocupar um pouco mais meu tempo eu me lembrei do que Camila havia me falado sobre fazermos uma academia juntas para manter nossa saúde. E então resolvi fazer sozinha em uma academia perto de casa. Com a academia veio a necessidade de uma alimentação mais balanceada pois eu comia muito mal no almoço, sempre em restaurantes e a noite não tinha vontade de fazer nada e me alimentava com pequenos lanches. Então aprendi a comprar comida saudável congelada e passei a come-las no jantar a procurar restaurantes mais saudáveis no almoço. E me vestir com aqueles tops e leggings para frequentar a academia que deixavam meu corpo todo delineado e feminino me faziam me sentir muito bem. Como eu já era magra, depois de uns dois meses já percebi minha barriga levemente sarada, e meus músculos com mais tonicidade. Eu continuava tomando os hormônios e inibidores e um de seus efeitos era a de deixar os músculos e a pele mais flacidos. Então eu não poderia me descuidar.
Quatro meses após Camila me deixar a solidão já me atingia. Eu sentia muita falta dela. Eu até tinha duas novas conhecidas da academia, mas eu não queria ficar muito amiga para que se Camila ficasse sabendo não pensasse que eu tinha algum tipo de relacionamento com elas e a havia esquecido.
O último contato entre nós havia sido naquele dia quando ela respondeu minha mensagem sobre o final da chantagem que eu sofria. Por amigos, fiquei sabendo que ela tinha saído do hotel e a convite de uma amiga em comum ela tinha ido passar um tempo em sua casa. Nem me ocorreu ter ciúme pois essa nossa amiga era namorada de um de nossos amigos, então Camila estava segura com ela. A minha preocupação eram nossos amigos ou alguém de seu trabalho, mas como eu conhecia praticamente todos e nenhum tinha aquele jeito andrógino que poderia atrair Camila, não me preocupei tanto.
Então algo aconteceu. Quando abri o site de notícias em meu computador do escritório vejo uma foto de Carlos. Só seu rosto. E me assustei. E quando li a reportagem fiquei incrédula. Dizia que o empresário brasileiro do ramo de informática tinha sofrido um acidente em uma de suas viagens de negócio e falecido ao chegar ao hospital. Fiquei chocada e sem saber o que pensar. Meu coração acelerou e eu de verdade senti pena dele. E de sua esposa. Eu sabia pelo que ele havia me contado que seu filho já deveria ter nascido. E ele estava feliz com a possibilidade de ser pai. Justo no momento em que parecia que ele havia mudado sua vida aconteceu o pior. Por outro lado, eu também senti um alivio imenso. Eu havia acreditado nele quando ele me disse que havia apagado tudo que tinha contra mim. Mas como ter certeza de que antes de apagar ele não tinha feito uma cópia secreta. E se ele, por alguma nova desilusão voltasse a ser aquele homem horrível que eu tanto odiei. Então eu sentia uma misto de tristeza e alegria ao mesmo tempo. E não pude deixar de lembrar de que fora ele que transformara toda minha vida e no final me fez mulher fazendo sexo comigo.
Com aquela notícia eu achei um motivo para entrar em contato com Camila novamente. Enviei a ela o link da reportagem e escrevi embaixo: – Esse era o homem que me chantageou. Com esse acidente podemos finalmente ficar tranquilos. Ela também estava trabalhando naquele horário e dessa vez não demorou a responder. – Pelo que você me falou foi bem merecido. Acho que enfim posso dormir tranquila. Novamente sua mensagem foi bem curta, mas dessa vez eu insisti. – Você me disse que nos conversaríamos quando a poeira tivesse baixo. Eu gostaria muito de conversar com você. – Ainda não é o momento, principalmente depois do que você me contou. Estou fazendo terapia e quando me sentir pronta te procuro. – Está bem. Espero que não demore. E para finalizar eu disse: – Sinto muito sua falta. Mas ela não me respondeu mais. Eu me senti completamente perdida após essa troca de mensagens tentando imaginar se havia ou não alguma chance de Camila voltar para mim. Aproveitei o sentimento que aquela noticia havia provocado e quando cheguei em casa destruí todas as fotos que eu tinha em meu computador pessoal, em meus pen-drives e no pen-drive que Carlos havia me dado que tinham as mesmas fotos que eu tinha. Ele realmente não mentira. Não poupei nem a foto linda da varanda de Floripa e a de São Paulo que ele tinha me enviado em meu celular do hotel mesmo. E para garantir até destruí os pendrives com marteladas e taquei fogo. Enfim eu estava apagando meu passado definitivamente com a morte de Carlos.
O tempo passou e a tristeza já me deixava marcas, pois tinha perdido as esperanças da volta de Camila, mas continuava a não ter interesse em nenhum relacionamento. Eu simplesmente não me via fazendo sexo nem com um homem e nem com outra mulher.
Então quase quatro meses depois, na véspera de meu aniversário de vinte e oito anos recebi uma mensagem de Camila me dizendo que estava pronta para conversar e se poderíamos almoçar juntas no dia seguinte, um sábado. E aquele convite me deixou cheia de felicidade. Eu não tinha a mínima noção do que ela iria me dizer, mas eu conhecia profundamente Camila e ela sempre foi totalmente desprovida de maldade. Ela jamais conseguiria fazer mal a alguém. E como o dia seguinte seria meu aniversário e ela sabia muito bem disso, ela não teria marcado se fosse para me dar uma péssima notícia. Talvez não fosse a notícia que eu queria ouvir de sua volta para mim, mas ela poderia abrir uma possibilidade e para mim naquele momento uma possibilidade já seria uma vitória. Respondi rápido aceitando e marcamos em um restaurante à beira da Lagoa da Conceição.
Me preparei com capricho e com um vestido bem florido de verão combinando com a estação. Cheguei bem antes que ela. E quando ela chegou, meu coração disparou. Ela continuava linda como sempre e estava com a pele bem morena de sol em contraste com a minha. Seu corpo dentro de um vestido branco, estava perfeito e parecia um pouco mais sarado também. Provavelmente ela também estava frequentando uma academia. Quando ela chegou ao lado da mesa eu me levantei e fui trocar beijinhos com ela, mas ela me deu um abraço forte e gostoso, dois beijinhos e os parabéns pelo aniversário. Ela me olhou de cima a baixo me dizendo que eu estava maravilhosa e devia chamar muito atenção. Eu imediatamente, retribui o elogio. Nos sentamos de frente uma da outra com a lagoa ao nosso lado. E ela começou se desculpando por não ter trazido nenhum presente. – Camila, o maior presente do mundo para mim é você estar aqui comigo. E ela sorriu constrangida. Fizemos o pedido de um aperitivo para cada uma e enquanto esperávamos ela me falou – Renata, temos muito o que conversar. Mas são assuntos muito íntimos nossos e aqui não é um bom lugar. Pode ser em sua casa após o almoço? Fiquei triste pois teria que esperar ainda mais, porém ela tinha razão sobre o local. Fiquei triste também porque ela disse sua casa e não nossa casa. – Claro que sim Camila, concordo com você. Mas é nossa casa e não minha casa. Enquanto estivermos casadas oficialmente aquela casa também é sua. Quando nos casamos ela insistiu em fazer um contrato de casamento deixando minha empresa de fora de qualquer partilha de bens. Mas tudo que não fosse a empresa seria dividido em partes iguais, o que era o caso de nossa casa. – Não quis dizer dessa forma que você entendeu Renata. Foi só para você entender que eu estava dizendo que iriamos para a casa que você está morando. Explicado esse mal entendido entramos em um papo trivial sobre trabalho, nossas duras vidas na academia e até amigos e foi quando ela percebeu que eu estava totalmente solitária. Já no segundo drink começávamos a ficar alegrinhas e fomos nos soltando. – Renata, você precisa ter amigos e amigas. Como eu, você não tem família e se não tiver amigos vai ter problemas. – Eu sei Camila. Mas eu não estou com espirito de ter amigos. Você sabe que eu sempre fui retraída e sempre vivi sem amigos. E para ser bem sincera, eu temia que tendo uma amizade com homem ou mulher você pudesse interpretar isso como um relacionamento e que eu não teria mais interesse em você. Percebi que ela entendeu meu ponto de vista, mas não queria entrar naquele assunto naquele lugar. Então o almoço chegou e continuamos a conversar relembrando os melhores momentos que tivemos juntas.
Finalizado o almoço fomos para casa e a primeira coisa que ela reparou foram minhas fotos na parede, até porque eu não havia mudado mais nada de lugar. – Que fotos lindas Renata. Você está maravilhosa. Amei todas. Lisonjeada eu respondi que após a morte do dito cujo eu tinha me sentido finalmente livre e queria também me sentir bem feminina, então contratei um fotografo profissional que fez as fotos e eu também tinha adorado. – Esse é o nascimento Renata livre, Camila. – Estão ótimas e estou com uma invejinha. – Quem sabe não fazemos um ensaio juntas, eu disse. – Ficaríamos as duas lindas. E ela não disse nem sim e nem não pois tinha que começar a me falar algo muito mais importante. O efeito do álcool dos dois drinks que pedimos mais o drink cortesia quando o garçom soube que era meu aniversário ainda nos deixavam alegrinhas, mas tínhamos um assunto muito sério para tratar. Desconfiei que ela marcou um almoço antes justamente para poder tomar uns drinks e relaxar. Nos sentamos no sofá e ela enfim começou a falar. – Renata, desde que nos separamos tenho feito terapia e isso tem me ajudado a entender muitas coisas. Minha Terapeuta me fez ver muitas coisas de uma forma diferente do que eu via antes. Do ponto de vista que eu tinha quando fui embora, tudo o que você tinha feito era realmente imperdoável. Principalmente revelar segredos horríveis que eram só meus e eu contei somente para você. Eu olhava para ela sem me atrever a interrompe-la. – Mas então a terapeuta me fez ver que quando começamos a namorar fui eu que forcei a barra. Você, com seus conflitos internos não sabia o que realmente queria e eu precipitadamente transformei uma amizade em namoro sem que tivéssemos falado sobre namoro nenhuma vez. E você não conseguiu falar nada e aceitou a situação. Talvez até por dó de mim pelo que eu havia contado de meu pai. E quando fizemos sexo pela primeira vez foi a mesma coisa. Fui eu que forcei em um momento que você estava totalmente inseguro e indeciso. Depois quando você me contou a história do professor eu finalmente entendi seu medo de fazer sexo comigo. Para ser bem sincera, eu sou até mais culpada que você por tudo isso ter acontecido. E depois veio o casamento e como você tinha conseguido fazer sexo comigo e gostado não teve como você escapar. Até porque não tínhamos família e poucos amigos e vivíamos um para o outro. Então em pouco mais de dois anos você deixou de ser a menina do professor e passou a ser marido de uma mulher forçado pelas circunstâncias e por mim, que não me dava conta do que estava fazendo, sem saber o que realmente você queria. Imagino que seu conflito interno tenha sido imenso e tenha feito muito mal a você. Você sentia na alma que era mulher, mas estava recém casado com uma mulher sem ter como escapar, porque além de tudo você não queria me machucar pelos traumas que passei com meu pai e por verdadeiramente me amar. Aquela conversa estava realmente pesada lembrando fatos que eu não queria lembrar, mas ela tinha razão em tudo que falava. Era a pura verdade. A única coisa que consegui dizer e interrompe-la foi – Camila. Meu amor por você é imenso. Eu sendo homem ou mulher. – Eu sei Renata, e eu também te amo da mesma forma. Te amava quando era homem e te amo sendo mulher. Mas eu ainda não terminei. Então quando fiquei sabendo de suas fotos de lingerie, suas conversas no chat e a chantagem eu me senti traída. Porém hoje eu estou vendo que era uma forma que você achou de viver suas duas vidas da forma mais segura possível. Você apenas conversava com homens sendo a Renata para aliviar seu desejo de ser mulher e nunca teve uma relação sexual com eles, só aquela em que foi chantageada no final. E em sua cabeça, não indo às vias de fato, você não estava me traindo fisicamente. E seu pensamento tinha certa coerência pois em sua ingenuidade você não estava colocando nenhuma de nós duas em risco. Então hoje eu consigo aceitar também isso. Não vou dizer perdoar porque se eu entendo o que você fez não posso considerar errado e então não tem o que perdoar. O que pesa mesmo foi você ter contado meus segredos, que poderiam destruir minha vida. Mas também com a ajuda da Terapeuta eu pude ver como você foi ingênuo e jamais imaginou que a pessoa do outro lado descobrisse quem você era e com quem estava casado. Mesmo assim você errou. Mas por outro lado eu tenho que levar em consideração que você é a pessoa mais importante de minha vida e me ajudou a me recuperar de traumas que dificilmente seriam superados sem seu amor e sua paciência. E desde o começo, um dos motivos pelo qual me apaixonei por você foi por você ser tão ingênua. Em parte, essa ingenuidade me salvou e não posso condena-la. Eu já começava a ficar feliz com tudo o que ela estava falando e sem dúvida minhas feições tinham passado de apreensiva no começo da conversa a de esperança naquele momento.
– Então para finalizar eu quero te dizer que pensei muito sobre tudo que falei e que e cheguei à conclusão que agora tudo está mais definido. Você é realmente mulher e não tem mais conflito quanto a seu gênero. Não há mais nenhuma chantagem que te obrigue a coisas que não queira fazer. Eu por minha vez descobri com você que posso fazer sexo com uma mulher. Então para eu fechar o que eu quero falar, só falta termos a certeza que te pedi. E pelo que eu imagino, você já tem a resposta. Mas eu quero verdades, pois não podemos ter mais mentiras uma com a outra. Eu estava feliz demais com o ponto em que a conversa tinha chegado e não iria estragar contando detalhes. E mesmo quando ela me propôs que eu fizesse sexo com um homem ela foi clara em dizer que não iria querer detalhes. – Sim Camila, você tem razão. Eu posso te dar a conclusão a que cheguei. E detalhadamente expliquei a ela a conclusão que eu tinha chego no avião. E era a pura verdade. Que eu tive prazer com um homem e que talvez eu fosse bissexual. Que quando eu pensava em ter sexo com ela ou com um homem eu sempre, sempre mesmo pensava que era com ela. E o mais importante é que eu tinha percebido que sexo por sexo para mim não interessava. Tinha que acima de tudo ter amor. E a única pessoa que eu amava na vida era ela. Portanto eu não teria nenhum problema de viver um relacionamento lésbico com ela pela vida toda e jamais pensaria que estaria faltando um homem em minha vida. Ela deu um sorriso enorme de satisfação e continuou: – Fico demais feliz com essa sua conclusão e acho que essa era a última coisa que faltava. Eu também, mesmo sem nunca ter sido lésbica, adoro fazer amor com você. Então também sou bissexual. E como você, não me faz nenhuma falta um homem pois para mim sexo sem amor também não tem graça. Então eu queria que, eu e você esquecêssemos todas essas coisas ruins que aconteceram para nós duas e as apagássemos de nossas memórias. Vamos guardar somente o que foi bom e recomeçar nossa vida juntas. E eu avancei em cima dela que levou um enorme susto. A abracei e disse que aquele era o melhor presente de aniversário que eu tinha recebido em toda minha vida. E a beijei com paixão e com amor. E nesse aperto de corpos ela colocou sua mão em minha barriga e após dar uns dois apertões me falou: – Nossa, está bem durinha. – Sim, está e você vai ver logo, logo. A peguei pelas mãos e fomos para nosso quarto. Nos despimos de nossos vestidos e com uma cobiçando o corpo da outra nos deitamos com nossas lingeries, as duas básicas, mas como sempre a dela menorzinha do que a minha. E naquele finzinho de tarde e até a noite fizemos o melhor sexo lésbico de nossas vidas até aquele momento. Cheio de amor verdadeiro e de desejo. E eu tive os gozos mais intensos entre todos os gozos que tive antes. Foram gozos sem ter sido abusada, chantageada ou obrigada. Foram gozos sem precisar ser escondido, sem complexo de culpa e sem traição. Foram gozos de quem não tinha mais pendencias ou mentiras. Foram gozos com a alma totalmente leve. E foram gozos com a pessoa amada.
Não deixei mais ela ir embora e após um banho juntas, pedi que ela escolhesse qualquer lingerie minha e se preferisse pegasse uma para ela que eu ainda não havia usado. E ela pegou uma minha pois queria ficar sentindo na pele uma lingerie minha. Adorei o que ela falou e dei a ideia de no futuro, as vezes poderíamos usar um pouco uma lingerie e depois trocarmos para ficar todo o dia sentindo o cheiro da outra próximo e ela adorou a ideia. E para não deixar nossa amiga preocupada, ela ligou e disse a ela que iria ficar lá comigo e que no dia seguinte iriamos buscar suas coisas. E o que escutei foram gritos de alegria do outro lado comemorando.
Desde aquele momento começamos uma nova vida juntas e estamos até hoje em um relacionamento de muito amor e de felicidade. Não que não haja alguns momentos ruins, mas eles são muito poucos e estamos completando quase dez anos juntas. Primeiro como seu namorado e marido. Agora como esposa. Sim, é assim que nós nos chamamos. Uma é esposa da outra. Não sofremos nenhum tipo de discriminação pois nosso círculo de conhecidos é limitado e somos duas pessoas privilegiadas financeiramente o que ajuda demais. Nosso prazer é viajar juntas e conhecer novos lugares e novas culturas. E a única coisa que ainda não combinamos é que ela continua adorando a praia e eu não. Mas eu faço um esforço por ela, principalmente quando me lembro que terei que passar o protetor em todo seu corpo delicioso. Hoje fazemos academia juntas e no sexo ficamos mais soltinhas. Até compramos alguns acessórios para que uma penetre a outra. Mas são usados esporadicamente e não são imprescindíveis. Como também é esporádico o habito que adquirimos de também comprar umas lingeries mais sexies, com meias e cintas ligas e nós adoramos nos vestir assim uma para a outra.
Evidentemente Camila sabe que escrevi e estou publicando minha história que também é sua história nesse conto, pois não há mais mentiras entre nós. Mas quando eu disse a ela que iria escreve-lo e publicá-lo ela não gostou nem um pouco. – Nós já tivemos muitos problemas com isso. Não aprendeu nada não? – Claro que aprendi Camila. Primeiro não haverá fotos e depois aprendi como ficar anônima de verdade na internet. Não se preocupe. Falei a ela que seria o ato final e serviria como um desabafo. Contrariada ela aceitou, mas disse que jamais iria lê-lo para não saber detalhes de meus relacionamentos e pediu que eu tomasse todo o cuidado pois não queria ver a história se repetir. E prometi a ela que após publicar esse conto de nossas vidas que eu nunca mais farei qualquer coisa parecida.
Apesar de tudo a que nós duas fomos submetidas, e dos erros que cometi, estamos muito felizes e nos amamos profundamente.