Doutora? Querida, Doutora Cida. Eu nunca me considerei uma pessoa louca. Ansioso, sim. Paranoico, com certeza. Mas, nunca louco. Nem sei como iniciar essa parte do diário, juro!
Bem, acho que pelo início, não é? Eu consigo!
A senhora sabe que o meu jogo favorito no mundo é League of Legends, também conhecido como LOL. Na pré-adolescência, passava horas da minha vida jogando, quase um vício. Comprei os melhores computadores para ter uma experiência de imersão, mas nada me prepararia para o meu quinto dia com Covid-19. Nada!
Vou explicar melhor, e sem parecer uma pessoa insana. Eu, de alguma forma parei dentro do jogo. Não sei se foi um sonho, um delírio interno. Agora vou te descrever as coisas que vivi lá. Não mostra isso para ninguém, tudo o que estou escrevendo é particular. Estou confiando na Santinha que a senhora tem no consultório.
— AAAAAAAHHHHH!!! — Gritei, enquanto descia em queda-livre pelo céu. — Acorda!!! Acorda!!!
Queria muito que fosse um sonho, mas me estatelei no chão, quando levantei o meu rosto ficou estampado na grama. Para a minha surpresa, nenhum aranhão, perna ou braço quebrado. Olhei em volta e estava na frente de um santuário do estilo grego. Grandes pilares saiam do chão, parecia cenário de um filme.
Entrei e fiquei encantado com os detalhes do local. Alguns baús se destacavam no Centro, várias prateleiras ostentavam taças e troféus. Não encostei em nada, afinal, desastrado do jeito que sou, quebraria algo. Continuei a exploração, no jardim encontrei um espelho enorme, as bordas douradas e cristais entalhados mostravam que aquilo era caro. O reflexo que vi acabou me assustando.
— Puta merda. Eu sou o Garen. Puta merda! — Soltei, enquanto observava meu reflexo e tocando no espelho.
— Qual é a surpresa, maninho? — Perguntou Lux me assustando.
— Eu não sou o seu irmão. Pera aí. Rêh? — Questionei reconhecendo minha irmã. — Pera aí! Isso é uma brincadeira? Estamos fazendo cosplay?
— Cos... cuidado! — Ela alertou me empurrando.
De repente, um dragão enorme surgiu e soltou uma rajada de fogo na nossa direção. Ele parecia furioso, suas escamas alaranjadas refletiam as chamas que queimava parte da estrutura do santuário. A minha irmã não pensou duas vezes e atacou o monstro, criando uma barreira com sua varinha. Soltei alguns palavrões que não vale a pena escrever.
Em seguida, o dragão começou a bater suas asas em nossa direção. Uma ventania nos atingiu. A Rêh, ou melhor, Lux pediu para eu usar minhas habilidades, mas eu não tinha nenhuma. No jogo, a coisa era instintiva, a "vida real" não vinha com manual de instrução. Ela revirou os olhos, saltou por cima de mim e lançou uma bola de luz que diminuiu a velocidade do dragão.
— Aprende, maninho. — Ela se gabou estalando os dedos e a bola explodiu causando dano no animal alado.
Eu não conseguia entender. A Rêh vestia uma roupa fiel da Luz, a Dama da Luz. A armadura cinza no peitoral, a calça preta de couro, as joelheiras de metal, e claro, a famosa varinha dourada, que mais parece uma lança na real. Mas, no jogo, a Lux é loira, e a Regina continuava morena.
— Uma ajuda não seria ruim agora.
Eu não conseguia entender. A Rêh vestia uma roupa fiel da Luz, a Dama da Luz. A armadura cinza no peitoral, a calça preta de couro, as joelheiras de metal, e claro, a famosa varinha dourada, que mais parece uma lança na real. Mas, no jogo, a Lux é loira, e a Regina continuava morena.
— Quer ajuda? — Perguntou um homem enorme jogando uma rajada de gelo no dragão que congelou e caiu no chão.
— Minha vez! — Gritou outro homem socando o dragão que se quebra em milhares de pedaços. Eu não conseguia acreditar, Doutora. Apareceram na minha frente Braum e Sett, na verdade, Quintino e André, respectivamente. Meus olhos quase saltaram, e não controlei o riso. O Quintino estava com quase três metros de altura, carregando uma espécie de porta de pedra.
Seu corpo completamente musculoso, tatuagens se destacavam em seu dorso e braços. Senti falta do bigodão característico do Braum, mas no Quintino ficaria ridículo.
Agora o André, puta merda! Nem sei como iniciar a discrição dele. Gostoso, podia ser a palavra. Doutora, ele vestia uma calça branca, um cinto dourado deixava a roupa mais bonita, e no dorso carregava um colete com textura, como se fosse caldas de lobos. O André usava o colar do Sett, conhecido o chefe.
— Esse dragão foi moleza, hein, Lux? — Comentou André, caracterizado de Sett.
— Com certeza. Só o meu irmão que resolveu amolecer. — Comentou Rêh/Lux.
— Qual o problema, Garen? Tem medo de fogo? — Perguntou Quintino/Braum me dando um abraço extremamente forte e duradouro.
— Eu não... — Tentei criar uma linha de raciocínio, mas, simplesmente, não conseguia.
Lux/Regina chegou perto de mim e deu um tapa na minha cabeça. E não doeu nada. Eles começaram a falar sobre a missão, de início não entendi, mas logo me toquei. Se eu estava dentro do LOL, uma partida logo se iniciaria. As luzes do santuário mudaram de cor, um vermelho ficou no lugar do amarelo.
O grupo entrou no santuário e começou a abrir os baús. Eles começaram a escolher suprimentos. Um barulho nos distraiu, uma garrafa rolou até próximo da gente. Da sombra, apareceu Aphelios, que na verdade era o Lukas. A minha cabeça parecia que ia estourar, tantos personagens adorados, mas de um jeito diferente.
— Apareceu, Aphelios? — Perguntou Lux/Regina.
— Como está a Alune? — Quis saber Sett/André, piscando para Aphelios/Lukas e voltando sua atenção para o baú.
— Cala boca, idiota! — Esbravejou Lux/Rêh.
Eu sabia que o Aphelios não podia falar. Ele vivia sob o efeito de um veneno que o emudeceu, mas contava com a ajuda de sua irmã Alune. Os cabelos pretos do meu irmão ficaram perfeitos no Aphelios. Ele usava um sobretudo preto com detalhes roxos, no rosto, próximo ao olho direito outro detalhe roxo.
Eu tentava falar com o grupo, porém, eles começaram a debater sobre estratégias para chegar ao Nexos. A ideia do Braum/Quintino era chegar ao Nexos do inimigo e explodir tudo. Já Sett/André queria aguardar os campeões inimigos na frente do nosso Nexos.
— Gente! — Gritei, soando um pouco mais grosso que eu queria.
— Calma, cara. O Aphelios não fala, mas escuta. Quer acabar com a audição do coitado. — Esbravejou Lux/Rêh.
— Eu não sou o Garen. Eu não sou deste universo. — Soltei, deixando o grupo com cara de bunda.
— Como assim? — Perguntou Lux/Rêh.
— Eu não sou do universo do LOL. Eu vim parar aqui no corpo do Garen. Não sei como utilizar os poderes... Socorro. — Falei sentando no chão.
Os campeões se olharam. Lux/Rêh se aproximou, ficou de joelhos perto de mim e tocou no meu ombro. Expliquei, novamente, tudo o que lembrava, como por exemplo, o Covid-19, a caça ao tesouro e minha doença. Contei sobre a importância do LOL na formação do meu caráter. Fiz um resumo da vida de cada um no santuário.
— Isso é um problema. — Falou Sett/André andando de um lado para o outro. — Se a gente perder essa batalha...
— Calma. Aphelios, você acha que a Alune pode nos ajudar? — Lux/Rêh perguntou se levantando e andando em direção a Aphelios/Lukas.
Aphelios consentiu com a cabeça e sentou no chão. De repente, as luzes do santuário começaram a piscar. A Alune apareceu no meio da sala, uma visão gloriosa e azul, quase como se fosse um holograma. Ela vestia uma roupa parecida com a do irmão.
— Aphelios diz que acredita em Garen. O irmão da Lux nunca fugiria de uma batalha. — Ela explicou "flutuando" na minha direção. — O jovem veio de outra realidade. Vocês precisam prepara—lo para a grande batalha, mas uma coisa eu garanto, ele é um bom estrategista.
— Alune, como você está? — Perguntou Braum/Quintino fazendo uma voz mais grossa que o normal e piscando para Alune.
— Estou bem. Vocês tem uma hora antes que o sinal toque. Darei todo apoio que puder. Boa sorte. — Desejou Alune antes de desaparecer.
Fiquei atônito. Teria que aprender todos os poderes do Garen. Não gostava muito de jogar com ele, mas conhecia um pouco de sua história. No site do LOL, o Garen está descrito como um guerreiro nobre e orgulhoso. Ele faz parte da Vanguarda Destemida. O Garen também é respeitado entre seus companheiros, e até mesmo, inimigos. Caramba. Estava lascado demais. A mais chateada do grupo era a Lux. Ela me chamou para o lado de fora do santuário, a segui, nervoso e com o #$ na mão. Apesar de pequena, a Lux dava medo. Ficamos um de frente para o outro, então, ela levantou a sua varinha e lançou um feitiço. Por sorte, consegui desviar, caí todo desengonçado para a direita.
— Você é imune a magia. A sua armadura te protege. — Ela explicou. — Mas, quero treinar, pelo menos, seus reflexos. Nossos inimigos são fortes demais.
Eu ainda sentia uma mágoa e raiva grande da Rêh, e vê-la, ali na minha frente trouxe uma gama de sentimentos ruins. De repente, a espada do Garen começou a brilhar. Empunhei a espada, levantei e corri em direção a Lux/Rêh, só não contei com a habilidade dela. Em um único movimento, a minha irmã desviou e lançou uma bola de magia que não causou dano nenhum, mas deu choque.
Os três que assistiram começaram a rir da cena. Fiquei possesso, a Lux/Rêh pediu para que eu utilizasse a raiva ao meu favor. Usei toda a concentração existente dentro de mim, empunhei a espada novamente e esperei o ataque. Ela correu, então, percebi que aquilo era uma força, a Lux/Rêh não atacaria pela frente.
Foi uma sensação estranha, mas de alguma forma, o poder do Garen estava aparecendo. Desviei com maestria, derrubei a Lux/Rêh e quase a acerto na cabeça, porém, parei a tempo de causar qualquer acidente. Os outros campeões aplaudiram o meu desempenho e ajudei minha irmã a levantar.
— Muito bem, campeão. Espero que você não estrague tudo na nossa rota. — Ela soltou.
Antes de nos dirigirmos para os portões de batalha, a equipe decidiu se exercitar. O único que ficou afastado foi o Sett/André, peguei duas garrafas de água e fui até ele.
— Aceita? — Perguntei jogando a água na direção dele.
— Já que foi assim tão delicado. Claro, que sim. — Ele brincou. — Senta aqui. — Batendo no chão.
— Você não vai treinar? — Quis saber, enquanto sentava.
— Já tenho todas as habilidades que preciso. — Ele se gabou tomando um gole de água. — Você é bonito. Sempre conversei com a Lux, mas não sabia que ela tinha um irmão.
— Você... de onde eu venho, sabe, tem uma versão sua. Gosto muito de você. — Confessei ficando vermelho.
— Sério. Espero que o "eu" do outro lado te trate bem. — Fazendo aspas com os dedos na hora que falou eu.
— Ele me trata.
Não acredito, o André deste universo também era gay, e não tinha problema em falar sobre o assunto. Lux/Rêh me chamou até um dos baús, pediu para eu escolher algumas armas secundárias. Peguei uma espada linda. Era longa, lembrava a de um samurai, inclusive, havia algumas letras nela, na real, não entendia a língua utilizada ali.
Com todos os suprimentos em mãos, fomos para a área externa do santuário e um portão de ferro apareceu, até me assustei. Sett/André pegou no meu ombro e prometeu que me protegeria de qualquer ser maligno que fôssemos enfrentar na rota.
Um a um, os campeões foram atravessando o portão, eles simplesmente sumiram na minha frente. Respirei fundo e entrei. Não sei descrever a sensação, me senti estranho, as palmas das minhas mãos ficaram suadas. Já cheguei na posição de ataque e gritando, os outros ficaram olhando de forma estranha para mim.
— Ainda não começou, gênio. Nossa, que saudade do Garen. Era um idiota metido do bem. — Comentou Lux. — Então, vamos proteger o nosso Nexo, não é? — Ela perguntou olhando para os outros.
— Sim. Deixa eles virem. — Disse Braum/Quintino colocando o grande escudo que carregava no chão.
— Ei, não fica nervoso não. Nos só precisamos proteger o Nexo. — Me tranquilizou Sett/André apontando para frente.
Nossa! O Nexo do jogo não chega nem perto do Nexo "real". Um cristal azul dentro de uma espécie de fonte. Havia uma aura azulada pelo lugar. Ouvi um barulho de bomba, aquilo era sinal que os inimigos estavam se aproximando.
Segundo a Lux/Rêh, os inimigos abririam caminho para nós, uma vez que o trajeto era recheado de criaturas, como os dragões que enfrentamos mais cedo. Nós nos posicionamos de forma estratégica, claro que fiquei perto do Braum/Quintino, aquele escudo parecia impenetrável.
Outra explosão, dessa vez mais perto. Levei outro choque quando vi nossos oponentes. O primeiro que apareceu foi o Malphite, uma criatura de pedra viva, algumas partes de seu corpo lembravam grandes espinhos.
— Ele é meu! — Gritou Bram/Quintino correndo em direção ao monstrengo, acabando com qualquer chance de eu sobreviver.
O segundo campeão inimigo era o Mordekaiser, quase soltei um palavrão, minhas pernas tremeram. Conhecido como O Renevã de Ferro, o Mordekaiser morreu e renasceu duas vezes. Ele foi um cruel comandante de uma época perdida. Sua técnica de necromancia servia para aprisionar almas. A Lux/Rêh correu em direção a ele, nem avisou.
— Sério mesmo? — Perguntei olhando para cima ao ver o terceiro inimigo.
Você lembra da Cuca, do sitio do Pica—pau Amarelo? Bem, ela parece um cachorrinho se comparada ao Renekton, o carniceiro das areias. Ele é uma mistura de guerreiro e crocodilo. O cara é tão ruim que foi enterrado vivo e, lentamente, sucumbiu à loucura.
— Acho que você pode ficar com ele! — Gritei para o Sett/André.
— Pode deixar, bebê. Ei, tenta não morrer. — Ele pediu me beijando no rosto e correndo em direção a Renekton.
Eu não estava preparado psicologicamente para o próximo campeão. Escutei uma risada diabólica vindo de uma parte da floresta. O Shaco pulou na minha direção, mas seu ataque foi contido pelo Aphelios. Quase esqueci que ele estava no grupo.
O Shaco era mais assustador do que pensei. Inicialmente, ele surgiu como um brinquedo para um príncipe solitário, uma verdadeira marionete. A magia maligna acabou corrompendo o boneco. O seu sorriso perturbador me fez tremer nas bases, graças a Deus, que o Aphelios/Lukas assumiu essa responsabilidade.
Minha tranquilidade não durou muito tempo, um cipó agarrou o meu pescoço, tentei lutar, mas estava sufocando. Não acreditei que ia morrer pelos galhos de um groot malvado. Então, o Maokai surgiu. Puta merda, de todos os vilões fiquei com a árvore?
Com muito sacrifício, consegui decepar o cipó que me envolvia. Caí no chão procurando por ar. Olhei para Moakai, ele gritou e seus olhos azuis claros brilharam. De repente, o monstro levantou uma de suas mãos e lançou uma rajada de cipós espinhosos, cortei um por um.
Queria ajuda, mas cada um tentava sobreviver. A Lux/Rêh parecia se divertir com toda situação, eu por outro lado, queria chorar, mas não tive tempo. Evitava todos os ataques do Moakai.
— Você vai morrer inseto! — Gritou o monstro tacando mais uma rajada de cipós espinhoso.
— Saí daí, bulbassauro! — Respondi como se fosse um garotinho de 10 anos, achando que minha ofensa ia afetar o monstro.
Um a um, meus amigos conseguiram derrotar seus inimigos. Pensei que eles viriam ao meu socorro, mas eles acabaram indo em direção ao Nexos dos inimigos. O Moakai estava acabando comigo, qualquer ataque que eu dava não lhe afetava. Então, tive a ideia de usar o terreno ao meu favor.
A espada do Garen começou a brilhar, os meus olhos ardiam devido a luz dourada. O groot maligno lançou várias raízes que prenderam os meus pés, concentrei o máximo que pude e soltei o ataque conhecido como Justiça Demaciana, lembrei dessa habilidade de última hora, mas antes tarde do que nunca.
— Desiste, pequenino! — Berrou o monstro apertando as raízes que me prendiam.— Eu invoco, o Poder de Demacia!!! — Gritei com toda minha força.
Segurei a espada para frente e um raio dourado atingiu Moakai que caiu de joelhos no chão e evaporou como se fosse fumaça. Caí no chão, sem fôlego, porém, feliz por destruir o meu inimigo. Estranhei, pois, eles estavam demorando para destruir o Nexos.
Levantei, e segui pela rota do meio, afinal, buscava segurança. Não entrava na minha cabeça o fato de estar no mapa do meu jogo favorito. Só que as coisas não estavam frenéticas como imaginei. No mundo digital, o LOL é porradaria, vários inimigos na tela, além dos campeões, mas eles foram derrotados.
Atravessei uma ponte enorme, um rio cortava a região, aquilo significava que eu estava na metade do caminho. Encontrei meu time desmaiado no chão, não entendi, quem poderia ter feito aquilo. Ninguém respondia, pensei em seguir caminho e quebrar o Nexos e, assim conseguir vencer o jogo.
Segui o caminho, quando de repente, um raio roxo me lança contra uma árvore. Fiquei atordoado por alguns segundos, olhei para frente e quase me caguei nas calças. Era o Olho do Vazio, também chamado de Vel'koz.
— Como assim? São 5x5. Não pode ter um sexto campeão. — Perguntei para mim mesmo. Outro raio, desviado com sucesso dessa vez. Ficamos em um jogo de gato e rato. Eu tinha usado toda minha energia para convocar a Justiça Demaciana. A única opção era enrolar até uma das belas adormecidas acordassem.
Na hora, lembrei das aulas de educação física, quando era selecionado para brincar de queimada. Modéstia parte, euzinho era um talento nato para tal esporte, sempre ficava em último. Podia me tornar um profissional da queimada. Será que isso existe?
Após quase 10 minutos de perseguição, a Lux/Rêh acordou e usou magia para acordar nossos companheiros. Eles ficaram surpresos ao me ver enfrentando o Vel'koz.
— Acho que ele tá mais fugindo com estilo. — Comentou Braum/Quintino usando o escudo para bloquear um dos ataques do monstro.
Finalmente, trabalho em equipe. Eles foram tão escrotos em me deixar para trás, mas acabei salvando eles, por bem ou por mal, todos deveriam ficar gratos. A Lux/Rêh usou sua luz branca para segurar o monstro, em seguida, o corpo de Sett/André começou a emanar uma luz amarela, ele segurou o Vel'koz e o lançou no ar.
O Braum/Quintino bateu várias vezes no escudo que mais parecia um pedaço de pedra, ele mirou no monstro e gritou, uma tempestade de gelo saiu do escudo e congelou Vel'koz. O tiro de misericórdia foi dado pelo Aphelios e Alune.
Depois de muito batalhar, o Vel'koz foi derrotado. Assim como os outros, ele se desintegrou no ar. Corremos o Nexos, e como salvei a pátria, os meus companheiros me deixaram fazer as honras. Empunhei a espada e desferi vários golpes contra a enorme estrutura vermelha dos inimigos. Pouco a pouco, o cristal quebrou, e na última porrada eu soltei um grito. Milhares de pedaços voaram pelo céu.
— Conseguimos! — Gritou Lux/Rêh me abraçando.
De repente, fiquei zonzo. Quem me segurou foi o Braum/Quintino, tive uma sensação de sair do meu corpo, e na real, era o que estava acontecendo. Vi o Garen nos braços do nosso companheiro e percebi que os campeões me enxergavam.
— Você... — Comentou Lux/Rêh.
— Acho que chegou a hora de você voltar. — Disse Sett/André pegando no meu ombro.
— Eu posso fazer uma coisa? — Perguntei o beijando e sendo correspondido.
— O quê? — Perguntou Garen acordando. — Por que tem um garoto beijando o Sett? — Ele questionou olhando para nós.
Todos os outros campeões riram da situação. Achei o máximo, pois, não houve nenhum tipo de julgamento. O Nexos começou a brilhar forte, e a Alune apareceu para nós, sem ser convocada.
— Viajante, creio que chegou a hora da sua partida. — Ela anunciou.
— Gente, quero só agradecer vocês. Eu sempre fui muito solitário, e de uma forma bem especial, cada um se tornou um amigo. Eu só tenho a agradecer. — Tentei não ser emotivo, mas sem sucesso.
— Espera. — Pediu Sett/André me beijando novamente. — Bem, agora você pode ir.
— Higor. — disse Aphelios/Lukas. — Eu vou conseguir, prometo.
Uma forte luz branca atrapalhou minha visão. Acordei em casa, na cama. A Nadine me recebeu com um sorriso enorme. Ainda estava zonzo, não conseguia entender o que tinha acabado de acontecer.
— Cadê a Lux, o Braum, Sett e Aphelios?
— Higor, você passou dois dias muito mal por causa da febre. Já estávamos pensando em te levar para a capital. — Ela explicou medindo minha temperatura com um termômetro digital.— Acho que estou bem. — Falei me arrumando na cama.
— 35 graus. Graças a Deus. — Soltou Nadine anotando o resultado na prancheta.
Não sei se estou ficando doido ou foi apenas um efeito colateral da febre, mas de alguma forma, os meus campeões me ajudaram a vencer essa batalha. Desculpa por tudo isso, Doutora. A senhora não merece, só que eu precisava contar isso para alguém. Loucura, fantasia ou necessidade de sobreviver? Acho que nunca terei essa resposta.
*****
"Sonho meu... Até parece que foi sonho meu
Sonho meu... Como faz falta um abraço seu
Não vejo a hora de isso tudo acabar
Me dá uma chance eu quero acreditar
Que nada disso aconteceu"
(XIS)