Caio veio andando atrás de mim enquanto eu saía sem olhar pra trás até meu carro. Abri a porta e entrei e ele batia no vidro pra abrir. Arranquei pra minha casa.
Ele ligava a todo instante e eu desliguei meu celular. Fiquei deitado por um tempo no meu sofá anestesiado com tudo que tinha acontecido. Levantei e fui pro banho pra relaxar debaixo da água quente e pôr as ideias em ordem. Estava de olhos fechados sentindo a água na nuca, quando ouvi o interfone chamando.
- Oi?!
- Marcelo, é o João
- Oi, amigo, entra aí... – falei aliviado por não ser Caio
- E aí, o que houve? – João perguntou assim que entrou.
- Como assim? – falei surpreso dele já saber que algo tinha acontecido
- Carol me ligou, que o Caio ligou pra ela desesperado, pedindo pra ela conversar com você, pra convencer você...enfim, ela tá fora da cidade e pediu pra eu vir ver você. Que que houve entre vocês amigo? Achei que estava de boa
- O que aconteceu foi que eu descobri que o Caio é mais puto ainda que o Jorge, foi isso que aconteceu
João não falou nada, só me puxou pra um abraço e depois.
- Que se danem esses filhos da puta, vamos tomar uma
Ele falou e foi me puxando pra cozinha.
Entornamos quase uma garrafa de whisky primeiro falando de coisas diversas, até que o assunto voltou pra Jorge e Caio e despejamos toda nossa raiva.
- Obrigado, João – falei pegando a mão dele com a voz já meio arrastada.
- Obrigado nada, que isso, sou seu amigo e vou te falar – ele falou já leve pela bebida também se levantando e passando o braço no meu pescoço – eu não vou deixar você ficar como depois que terminou com aquele cuzão do seu ex.
- João...
- é serio, não vai se enfurnar aqui, essa semana mesmo vamos sair, badalar, pegar uns gostosos e nada de ficar pensando nesses putos, não vale a pena... – ele falou e caímos na gargalhada sem nem saber de que.
Acabamos apagando jogados um em cada sofá mesmo e fui acordar no outro dia quase na hora do serviço.
A semana passou com mensagens e ligações insistentes de Caio querendo falar comigo. Na quarta-feira ele teve o desplante de vir a porta do meu escritório na saída. Mas o cortei logo.
Na sexta-feira, acordei sentindo uma falta enorme de Caio, do toque da sua pele...tive que resistir muito pra não pegar o celular e chama-lo pra mim. Estava em casa a tardinha, deitado no sofá, o pensamento em Caio o tempo todo quando João me ligou falando que passava pra me pegar as 22h.
- Ahh, João...não estou no clima, vamos deixar pra semana que vem
- Porra nenhuma, vai sair hoje sim, já falei não vou deixar ficar aí triste por outro puto
- Eu sei, mas
- Mas nada, me espera pronto as 22h, ou eu te visto a força hora que chegar aí e te arrasto – ele falou rindo.
- Tá bom -falei rindo me rendendo.
como prometido fomos pra balada eu, João e mais dois amigos. Bebemos e dançamos, mas ainda não me senti a vontade pra ficar com os carinhas que apareciam dando de cima. No fundo me sentia preso a Caio. Um tempo depois que estávamos lá, pra minha surpresa Adonis apareceu. Fiquei surpreso com a coincidência e assim que ele saiu pra ir ao balcão pegar uma bebida falei pra João da coincidencia, o qual se limitou a responder: “Quem você acha que chamou ele?”
- João!!
- Eu sei que ele tá doido por você tem tempos, já até veio me pedir dicas de como chegar em você – Ele completou rindo e virando mais um gole da cerveja
- Eu não acho que dou conta ficar com ninguém.
- Vamos ver – ele falou sorrindo ao mesmo tempo que Adonis se juntava a nós.
Fomos tomando e dançando, curtindo muito e, eu apesar de levinho, percebia como Adonis sempre dava um jeito de passar o braço no meu pescoço e me puxar pra ficar mais junto dele. Eu discretamente sempre me desvencilhando.
Mas a chegada de Adonis não foi minha única surpresa da noite. Uma hora que estávamos curtindo, Adonis pendurado no meu pescoço de um lado e João do outro, vi de longe Jorge nos observando.
Mostrei pra João que fechou a cara e perguntou se queria ir embora.
- Tá doido? – falei com a força que até agora não sentia – Sair da nossa balada por causa de um cretino desses. Deixa ele aí e que não venha me falar desaforos se não vai levar.
- Tá certo – João falou surpreso com minha mudança de atitude junto com Adonis e curtimos mais ainda o resto da noite, nem dando notícias mais de Jorge.
Umas três vezes João saiu de perto de nós dandos uns amassos em uns carinhas. Os dois amigos que vieram com a gente também na pegação. Eu e Adonis ficávamos sozinhos trocando ideia, mas nada rolava.
Na hora de ir embora, fomos eu e João no carro de Adonis e os outros dois amigos com uns rolos que tinham arrumado.
Deixamos João e partimos pra minha casa. Quando chegamos Adonis perguntou se podia usar o banheiro, pois a bexiga estava estourando e achava que não ia aguentar até em casa.
“Claro, Adonis. Não é nem coisa de pedir” completei rindo e descemos do carro indo pro portão.
- O que você tá fazendo com esse mané? – tomei um susto com o tom brusco e só então vi Caio se aproximando de nós, o peito estufado.
- Quem é mané? – Adonis falou também se irritando.
- Que isso? Tá doido Caio? Que tá fazendo aqui? – falei automaticamente me colocando entre ele e Adonis que logo me tirou da frente pra encarar Caio.
- ME chama de puto, mas já tá saindo com outros é?- ele falou me olhando com raiva
- Quem você pensa que é pra falar assim comigo? – falei também me irritando – não te devo satisfação, não temos mais nada, diferente do que você fez comigo.
- Tá bom, vai lá dá o cu mesmo pra esse Zé ruela – ele falou e nesse momento Adonis fez um movimento brusco, mas eu fui mais rápido e segurei o mesmo que queria partir pra cima de Caio.
- Como você é grosso – falei reunindo toda raiva que estava sentindo – e sem noção, ou acha que já não associei que foi seu amiguinho que contou com quem eu estava? – falei e por um segundo ele pareceu cair em si e perder a razão, ao que aproveitei pra continuar – Quer dizer que continua saindo com ele e tem a coragem de vir aqui exigir alguma coisa de mim.
- Eu não vou exigir nada, dá pro cuzão que você quiser – ele falou e dessa fez não consegui segurar Adonis que partiu pra cima dele e os dois se atracaram.
Reuni toda força que consegui me colocando entre os dois que não continuaram os socos ao ver que poderiam me acertar.
- Vai embora, Caio. Já fez estrago demais – falei e ele se virou pra sair com os olhos brilhando de raiva pra Adonis.
- Desculpe, Adonis. Fazer você que tem nada a ver passar por isso – Falei super envergonhado quando já estávamos na cozinha de casa e eu dava um copo de água pra ele que ainda respirava pesado.
- Relaxa, Marcelo. Aquele cara não me bota medo...
Ficamos conversando mais um pouco e logo Adonis foi embora, não tinha o menor clima pra rolar nada.
Acordei no sábado com Carol me ligando, perguntando se eu acompanhava ela no shopping a tarde pra buscar o presente pras bodas dos pais dela, que seria naquela mesma noite. Eu não estava nem lembrando disso.
- Carol, o Caio vai? – perguntei enquanto andávamos pelo shopping em direção a loja
- Vai, amigo. Meus pais adoram ele também e...
- Então eu não vou
- Tá doido, Marcelo. Se você não for meus pais vão ficar muito chateados, é praticamente da família.
- Carol, eu não quero ver...
- Aii, Marcelo. É só ficar um de cada lado da casa, pronto.
Parti pra festa a contragosto. Como esperado Caio estava lá, mas não nos aproximamos, evitando um ao outro ao máximo. O que pra mim, foi muito difícil.
Ele estava muito lindo, com uma camisa de botão assentando perfeitamente no seu tronco largo, a calça destacando suas coxas...em pouco tempo já estava viajando na sensação da pele dele na minha...mas logo me lembrava também do episódio do dia anterior e o desejo se transformava em raiva.
Só piorou quando depois de um tempo vi ele de papo com uma menina toda oferecida. Os dois ficavam de risinhos e o filho da mãe ainda me olhava de vez em quando, parecendo querer mostrar que estava se divertindo muito.
Continuei numa roda de amigos tomando uns drinks e conversando, quando automaticamente meus olhos vasculharam o ambiente e vi Caio do outro lado no maior agarramento com a garota.
Carol, que estava ao meu lado e acompanhando meus olhos segurou minha mão me despertando daquele pesadelo e eu me virei pra ela, controlando a voz dizendo que ia lá dentro ao banheiro.
Olhei uma última vez na direção e meus olhos deram direto com os de Caio, que ao ver minha expressão afrouxou a mão na cintura da garota e fez um movimento em minha direção; mas a garota logo puxou ele de volta.
Meu peito parecia ia explodir quando cheguei ao lavabo e passei uma água no rosto tentando me recompor.
- Amigo, eu vou entender se quiser ir embora – Ouvi Carol que estava junto com João atrás de mim e me virei secando o rosto.
- Não, imagina, ele fica com quem quiser.
- é minha prima Roberta, uma galinha de marca maior, era doida pra dar um bote no Caio – ela falou me sondando – aposto que ele tá fazendo isso só pra te fazer ciúmes.
Voltamos pra área da piscina bem na hora que Caio saía de mãos dadas com a Roberta pra dentro da casa.
Sentei na beira da piscina e fiquei olhando pra água, tomando meu drink, sem conseguir juntar um único pensamento, tudo parecia em branco.
Decidido me levantei e fui me despedir dos pais da minha amiga, não ia ficar ali enquanto Caio estava no andar de cima se agarrando com a prima da minha amiga.
Despedi de uns amigos, dei um abraço na Carol e vi Caio me observando da janela do andar de cima. Fingi que não vi e parti pra minha casa.