Iniciado pelo vizinho tarado
Fazia mais de um ano que, da janela da sacada do meu quarto, não se via qualquer movimento na casa vizinha. Quando os antigos proprietários, uma família com dois filhos pequenos, se mudou, a casa entrou em franco declínio. O outrora bem cuidado jardim viu as ervas daninhas se espalhando pelo gramado e pelos canteiros antes floridos, as vidraças acumularam poeira e, gatos que perambulavam pelo bairro resolveram se apossar do quintal protegido para acasalar em meio a miados e gritos estridentes, nas noites abafadas do verão, perturbando meu sono com sua algazarra esganiçada. Numa manhã de julho, durante as minhas férias, quando acordei um pouco mais tarde aproveitando o ócio sob as cobertas, vozes se fizeram ouvir vindas da casa abandonada. Logo constatei tratar-se de um empreiteiro e seus funcionários que, em alto e bom som, até com alguns assobios, começavam uma reforma no imóvel. O entra e sai de materiais de construção e entulho durou cerca de dois meses. Novas cores em paredes e janelas, um gramado recém-plantado e novos arbustos com flores diversas renovaram o imóvel. Sinais dos novos vizinhos se fizeram presentes quando notei que havia dois carros na garagem. A mudança deve ter ocorrido no período em que eu estava na faculdade, pois não a presenciei.
Eu estava estudando diante de uma pilha de livros abertos sobre a minha mesa de estudos quando o novo vizinho acenou cordialmente com um sorriso da janela onde outrora ficava o quarto de um dos filhos do casal que se mudara. Ao que parecia ele o havia transformado em seu escritório, pois também estava diante de uma mesa de trabalho com um notebook aberto aproveitando a iluminação que entrava pelo imenso janelão quase vis-à-vis com o do meu quarto.
- Olá! Bom dia! – cumprimentou o homem, num tom de voz ligeiramente acima do normal para garantir que eu o ouvisse.
- Bom dia! – respondi, um pouco surpreso com a amabilidade e por ter sido inesperadamente interrompido na minha concentração sobre os livros.
- Meu nome é Henrique, seremos vizinhos de agora em diante! Também empenhado no trabalho ou ainda está estudando? – perguntou, aproximando-se mais da janela para facilitar a comunicação.
- Sou Rafael, muito prazer! Ainda estudando! – respondi, tendo a mesma atitude dele, pois não queria ficar berrando do interior do quarto.
- Ensino médio ou faculdade?
- Faculdade! Comecei este ano. – esclareci
- O que está estudando? – obviamente ele não devia estar interessado nisso, pois era um homem feito, aparentemente, com idade para ser meu pai, o que só indicava que essa cordialidade se devia a intenção de puxar assunto e, assim, estabelecer algum laço de boa vizinhança.
- Direito. – respondi, observando mais atentamente aquele homem que começava a me parecer bem interessante.
- Não brinca! Sou advogado! Estou à disposição se precisar de alguma orientação. – ofereceu solícito.
- Legal! Obrigado. – não sei porque ficar sabendo que ele tinha a mesma profissão que eu queria abraçar me deixou tão contente. Teria a ver com a profissão ou com aquele rosto tremendamente másculo que não parava de me encarar com aquela amabilidade toda?
Encontrei-o outras vezes naquela semana, sempre pelas janelas e, geralmente depois que eu voltava da faculdade e me punha a estudar ou jogar videogame diante do computador. Ele parecia estar empenhado no trabalho, também diante do computador, quando nos cumprimentávamos e uma curta conversa sobre alguma banalidade qualquer se estabelecia entre nós. Numa dessas ocasiões, uma mulher, mais ou menos com a mesma idade dele, o interrompeu em seus afazeres e ele aproveitou para me apresentar como sua esposa. Ao que tudo indicava, não tinham filhos, pois ele não fez menção alguma a isso durante nossos papos.
Ao mesmo tempo em que a proximidade de nossas janelas, que não deveria atingir mais do que uns seis metros de distância, se mostrava providencial para que eu admirasse nitidamente o corpo atlético do meu vizinho, ela também se mostrava um tanto devassa, interferindo na minha privacidade, o que me obrigava a puxar as cortinas toda vez que saia do banho ou ia me trocar, um hábito que estava se mostrando difícil de incorporar, uma vez que nunca tive que me preocupar com isso antes. A primeira vez que isso me ocorreu foi quando me preparava para encontrar uns amigos e, inadvertidamente, desenrolei a toalha da cintura e fui à cata de uma cueca nas gavetas do armário, o que deixou minha bunda voltada para a janela e, para o olhar intrigante do Henrique.
- Desculpe! Não havia notado que estava aí! – exclamei, corado, quando notei aquele olhar fixo no meu corpo.
- Não se preocupe! Acontece! – devolveu ele sorrindo, depois de um tempo mudo, no qual ele parecia estar envolto com algum pensamento que lhe passava pela mente.
Por volta da terceira ou quarta semana depois da nossa primeira conversa, quando eu seguia rumo à faculdade, numa manhã de garoa fina, para pegar o ônibus que passava na avenida a uma quadra de casa, uma buzinada, quase rente à calçada pela qual eu caminhava distraído, me fez levar um susto e esgueirar o corpo mais para longe da rua.
- Desculpe! Não foi minha intenção assustá-lo! – exclamou o Henrique, pelo vidro aberto do carro. – Posso te oferecer uma carona? – perguntou com um sorriso estampado no rosto.
- Não obrigado! Não quero te desviar do seu caminho. – respondi acanhado, pois era a primeira vez que não havia aqueles seis metros entre nós e, àquela pouca distância, ele me pareceu intimidador.
- Deixe de bobagem! Vamos, entre aí eu te levo, antes que comece a chover mais forte. Está indo para faculdade? – antes mesmo de eu responder, ele abriu a porta do lado do passageiro e estacionou sem se importar com o fluxo de veículos que vinha atrás e, de onde já vinham buzinadas irritadas.
- Bom dia! Não é necessário, vai acabar se desviando do seu caminho. – proferi, quando me sentei ao seu lado.
- Em que faculdade estuda? – indagou, ignorando minhas palavras. – Então não está me desviando do meu caminho! – exclamou, assim que mencionei o nome da faculdade.
- Bem! Sendo assim, agradeço a gentileza! – exclamei, após ele mencionar que estava seguindo na mesma direção.
- Podemos seguir juntos todos os dias, se seu horário for sempre esse. – afirmou cortês. Eu ainda tentei, em vão, argumentar com algumas desculpas para não atrapalhar sua rotina. Ele parecia bastante empenhado para que nossos encontros se perpetuassem. Com que finalidade, eu ainda me questionava?
Com as caronas se repetindo diariamente, deu para eu observar mais detalhadamente aquele homem que ia se tornando cada vez mais interessante, inteligente, sedutor e, mesmo que eu tentasse não admitir, sexualmente atraente. Algo naquela maturidade, nos braços vigorosos que se desenhavam sob as mangas da camisa, nas coxas musculosas que deixavam o tecido da calça muito justo e, num volume bem protuberante no meio delas me despertava instintos que eu trazia trancados a sete chaves. Eu ainda relutava em admitir que me sentia atraído por homens, que meu cuzinho se mostrava mais disposto a satisfazer meus desejos carnais do que a minha pica, que era um gay enrustido com uma miríade de razões para não me expor e revelar minha natureza mais íntima. Houve ocasiões nas quais parecia que meus esforços nesse sentido eram inócuos, pois alguns caras chegaram a me dirigir gracejos, ou fazer menção à minha bunda, ou ao meu rosto imberbe e um tanto andrógino, apesar de bonito e harmonioso. Eu sempre me revoltava diante dessas observações, mais culpando a mim mesmo do que a quem me dirigia o bullying, como se a culpa por eu ser assim fosse exclusivamente minha.
Diante do Henrique e, de seus elogios ao meu corpo, à minha maneira de ser, do jeito com o qual me expressava, nunca me senti acuado como das outras vezes. Aceitar seus elogios me parecia a coisa mais natural do mundo, embora algumas vezes eles enveredassem com mais intimidade do que o recomendável para simples vizinhos. Quando ele colocava sua mão quente sobre a minha coxa enquanto dirigia, eu já não sentia mais aquele choque, como se uma descarga elétrica tivesse me atingido, como aconteceu na primeira vez em que ele teve essa atitude, mas ainda me inquietava sentir como ela deslizava disfarçadamente sobre a minha perna sem que eu a afastasse. O mesmo aconteceu quando ele, numa manhã, pouco antes de eu descer em frente à faculdade, se inclinou na minha direção e pousou um beijo muito fugaz, inesperado e úmido no canto da minha boca como forma de se despedir. Quem observasse a cena de fora não viria mais do que um pai se despedindo carinhosamente do filho. No entanto, não éramos pai e filho e, o sabor daqueles lábios me deixou confuso e irrequieto durante todo aquele dia, despertando em mim o desejo de que ele se repetisse com toda a intensidade que minha imaginação o alimentava. Se eu não fosse tão tímido e cagão, me lançaria nos braços daquele macho que vinha tornando minhas noites sozinho na cama cada vez mais perturbadoras.
- Quem é o coroa? – perguntou o César ao me ver descer do carro, um colega da faculdade que, por sorte, não flagrou o Henrique me dando seu costumeiro selinho.
- Meu vizinho. – respondi, tentando esconder o embaraço que a observação dele me causou.
- É a quarta vez esta semana que o vejo te trazendo para a faculdade. Como é que surgiram repentinamente essas caronas? – pronto, eu podia me preparar para o interrogatório! Era típico do César bisbilhotar minha vida, como se fossemos mais do que simplesmente colegas de curso.
- É o caminho dele para o trabalho. – retruquei
- O que ele faz?
- É advogado.
- Onde ele trabalha?
- Sei lá! Não fiz investigações da vida dele. Deve ter seu próprio escritório, ou trabalhar numa empresa, como é que vou saber. E, o que isso importa? – questionei irritado com a curiosidade dele.
- É meio estranho ele se propor a te dar carona, um coroa como ele fazer isso sem nenhuma intenção, é mais do que estranho! – exclamou.
- Como assim, um coroa como ele? O que você quer dizer com isso? – indaguei perplexo, temendo que ele já desconfiasse que eu me sentia atraído pelo Henrique. De tão encanado que alguém descobrisse que eu gostava de homens, eu chegava a delirar.
- Ora, o cara faz o gênero garanhão maduro! Só um cego não vê. – respondeu
- Não viaja! Você acha que todo cara bem-apessoado é um cafajeste feito você! – retruquei.
- Bem-apessoado? Essa é boa! Só você mesmo para definir um caça-bucetas de bem-apessoado. – zombou irônico.
Conheci o César ainda no curso pré-vestibular. Não estudávamos na mesma classe, mas eu costumava vê-lo pelos corredores do cursinho, geralmente agarrado e aos amassos com uma argentina que a maioria da galera definia como exótica, pois, além de alta, tinha um rosto bem quadrado e uma boca enorme; andava com umas blusas largas cujas mangas chegavam a encobrir suas mãos de tão compridas. Eu não a achava exótica, eu a achava feia, e seu sotaque carregado irritava os ouvidos. No entanto, o César parecia não compartilhar da mesma opinião a respeito dela, uma vez que era comum pegar os dois num canto do saguão que dava para as salas de aula, se beijando como se fossem protagonistas de um filme pornô. O César a encurralava no canto e chegava a gingar os quadris como se estivessem copulando. Não havia quem não conhecesse o casalzinho tarado no cursinho. Embora o comportamento dele despertasse calores nas bucetas de algumas garotas, não era o tipo pelo qual a maioria delas estava interessada. Ele usava umas camisetas justas ao tronco volumoso com o claro intuito de impressionar, mas o jeans largo, usado sem cinto, que sempre estava abaixo da cintura e que, todas as vezes em que ele se abaixava deixava à mostra seu cofrinho, era o que de mais relaxado podia existir. A isso se juntava o par de tênis surrado e imundo que não era trocado, não por falta de recursos, pois ele estava longe disso, mas por puro relaxamento. Assim, não havia como ignorar aquele casal bizarro, embora eu nunca tivesse trocado uma única palavra com nenhum dos dois.
Fui reencontrá-lo novamente na faculdade. No primeiro dia levamos o trote dos veteranos juntos e, talvez por eu ser a única cara que ele conhecia, acabou se sentando ao meu lado quando as aulas efetivamente começaram. Só então, começamos a conversar e, com o tempo, nos tornamos amigos, se é que dois sujeitos tão diferentes podiam formar uma amizade. Mas, ela aconteceu, apesar das diferenças, e eu passei a me acostumar ao seu comportamento bizarro. Acabamos por nos dar bem, embora defendêssemos posições quase que diametralmente opostas em algumas questões, o que nos levava a ter alguns bate-bocas durante os trabalhos que fazíamos em grupo. Isso, porém, não impedia que muitas vezes estudássemos juntos para as provas. Ele também havia mudado o visual depois de entrar na faculdade, estava menos desleixado, mas o jeans largo, agora preso a um cinto na cintura, continuava fazendo parte de sua marca registrada. Quando o questionei sobre a possibilidade de comprar um número menor, que se ajustasse mais ao seu corpo, que reconhecidamente era bem desenvolvido, ele me respondeu na maior cara de pau que dentro de um jeans mais justo não conseguiria disfarçar as inúmeras ereções que o acometiam.
- Cara, você é um doente! Um pervertido sexual compulsivo! Vá se tratar, seu tarado! Ainda por cima fica fazendo propaganda de sua compulsividade, isso só pode ser necessidade de autoafirmação. – afirmei, injuriado com sua desfaçatez.
- Todo macho fica com a pica dura! Vai me dizer que você não. Se sua pica não endurece quem tem problemas é você e não eu. - revidou altivo.
- No teu caso é doença, vai por mim! – exclamei. – E, me poupe de seus arroubos, não tenho o menor interesse neles! – emendei, querendo encerrar o assunto.
- Não é o que parece! – mandei-o à merda.
Não bastava eu andar curtindo um tesão pelo Henrique quando ele, talvez sem intenção, se pôs a trabalhar diante de seu computador sem camisa e trajando apenas um short, na privacidade e conforto do lar. Eu já o havia despido uma centena de vezes na minha imaginação, mas nada chegou perto do que meus olhos contemplavam por detrás da cortina fina do meu quarto numa tarde abafada quando, eu mesmo, só usava uma bermuda. Fiquei de pau duro, cuzinho assanhado, sentindo mais calor do que a tarde realmente manifestava. Eu conjecturava, já sem nenhum escrúpulo, a possibilidade de me deixar foder por aquele macho viril ao menor interesse dele nesse sentido. Algo me dizia que aquela mão na minha coxa, aqueles olhares indecifráveis, o toque sutil daqueles lábios diariamente sobre os meus quando eu descia do carro era a abertura que ele me oferecia. Contudo, minha inexperiência nesse campo, especialmente no homossexual, e meu receio de estar completamente enganado quanto tudo aquilo, me deixavam na retaguarda. Afinal, o cara era casado, tinha idade para ser meu pai, nunca pronunciou uma única palavra sequer quanto a uma eventual intenção de me enrabar. Tudo podia não passar de um delírio de minha parte. Sem saber mais como lidar com a situação, querendo pôr um fim naquele tesão incontrolado que me aporrinhava e, querendo encerrar meu contato diário com ele antes que ele desconfiasse das minhas intenções, resolvi pular fora daquela armadilha que o destino havia me pregado.
- O horário da minha primeira aula mudou e não vou mais continuar pegando carona com você, Henrique. Assim você fica livre desse sacrifício e de eu atrapalhar seu caminho. – afirmei, com a maior convicção que pude entonar na minha voz. Tão claro como água ele percebeu que eu estava mentindo, que era uma desculpa esfarrapada para deixar de pegar carona com ele.
- Por que está inventando essa desculpa? – questionou, tão objetivo que fiquei por uns instantes gaguejando para encontrar uma resposta.
- Não é uma desculpa, meu horário mudou! – insisti.
- E o que te impede de pegar carona comigo e chegar um pouco mais cedo na faculdade? – ele estava me testando para ver até onde eu iria com aquela mentira.
- Posso dormir até um pouco mais tarde!
- Olhe bem para mim! Não, olhe nos meus olhos! Isso, assim. Você é um tesão de garoto e me deixa maluco cada vez que está ao meu lado. Quando eu digo maluco é isso aqui, dá uma olhada! – exclamou, me mostrando uma ereção enorme sob a calça. – Pensei que você ia se abrir com o tempo diante dos meus pequenos assédios, que talvez estivesse inseguro, ou até sem nenhum desejo por um cara mais velho como eu, mas não querer mais me ver exige que eu me posicione e te diga que estou a fim de você. Entende onde quero chegar? – e como eu entendia, ainda mais com esses olhos me fitando com tanto tesão.
- Sua idade não tem a menor importância para mim! É que eu não sei como agir. – revelei encabulado.
- Que tal começar assim? – indagou, soltando o cinto de segurança depois de estacionar junto à calçada numa rua menos movimentada que fazia parte do nosso trajeto, e me tomando em seus braços num beijo libidinoso no qual não levou nem alguns segundos depois de eu abrir minha boca para enfiar a língua dentro dela.
A língua dele me explorava e eu, de repente, senti como se meu cu estivesse pegando fogo. Eu tremia todo em seus braços e ele certamente estava percebendo o quanto um simples beijo estava mexendo comigo. Ele soltou meu cinto de segurança do engate, acionou a alavanca que reclinava meu banco e jogou o peso do corpo dele sobre o meu, enquanto beijos e chupadas desciam pelo meu pescoço em direção ao meu peito, completamente exposto depois de ele levantar minha camiseta até a altura dos mamilos. Agora era eu quem estava completamente maluco, meu corpo experimentava sensações que eu nunca tinha sentido antes; quando sua ereção roçou perceptivelmente minha coxa e, aquela boca quente se fechou ao redor do meu mamilo, sugando-o com força e mordendo meu biquinho enrijecido, eu soltei um gemido de puro êxtase.
- Ainda quer fugir de mim? – questionou, num sussurro cheio de tesão.
- Não! – balbuciei confuso, pois não seria mais capaz de fugir do meu destino.
- Ótimo! Não resta mais dúvida do que estou a fim de fazer com você, embora, no momento, não sabia o que fazer com isso aqui. – afirmou, me exibindo a ereção aprisionada sob a calça molhada pelos fluidos que sua excitação deixou escapar.
Num gesto ousado e inédito, eu levei minha mão até ela. A rola pulsava arrojada debaixo da calça como se tivesse vida própria. Tateei sem saber o que fazer, embora estivesse louco de vontade de ver a pica dele mais de perto. Ele guiou minha mão até o zíper da braguilha insinuando seu desejo. Eu o abri, enfiei meus dedos na abertura, vasculhei até encontrar a fenda da cueca e tirei o cacetão pesado para fora. Devo ter arregalado os olhos diante da caceta grossa, reta e cheia de veias intumescidas, que gotejava um fio viscoso e translúcido com um perfume quase alucinógeno.
- Gostou? – indagou, ao me ver perplexo diante de seu mastro colossal. Eu apenas acenei positivamente com a cabeça, pois minha boca estava seca e louca para colocar aquilo para dentro dela. – Põe na boca e me chupa, garoto! – exclamou, parecendo adivinhar minha intenção.
Antes do pré-gozo espesso se soltar da cabeçorra, meus lábios o capturaram, sorvendo-o delicada e prazerosamente. O Henrique soltou um som que emergiu diretamente do fundo da garganta ao sentir minha boca macia se fechando ao redor da glande estufada. Ele agarrou minha cabeça com força e meteu a pica na minha garganta, até eu me debater com a falta de ar. Eu mal podia acreditar no que estava acontecendo, um caralhão todinho à minha disposição para ser chupado e degustado, como nos meus mais imprevisíveis sonhos. Desajeitado, fui tentando inúmeras posições que colocassem o máximo daquela rola na minha boca, enquanto chupava feito um alucinado o suco morno que dela minava. Abri a calça dele até conseguir visualizar todo o equipamento que aquele macho tinha, passando a acariciá-lo à medida que meus dedos conseguiam acesso ao sacão com suas bolas gigantescas bem delineadas dentro dele.
- Nunca mamou uma caceta, não é garoto? Delícia ver seu deslumbramento com a minha pica. Chupa, que ela é todinha sua! – grunhiu ele, enquanto eu não afastava meus lábios daquela carne intrépida e sensualmente impudica.
Dois estudantes a caminho da escola passaram por nós, um cutucou o outro quando percebeu o que rolava dentro do carro e, duas risadas libertinas se formaram em suas caras espantadas. Foi o que me fez entrar em desespero, íamos ser apanhados em flagrante cometendo um atentado ao pudor, mas o Henrique não parecia preocupado com isso, só com o desejo iminente de gozar na minha boca. Antes que eu o pudesse advertir da nossa imprudência, ele ejaculou enchendo minha boca com sua porra morna, pegajosa e levemente adocicada. Engoli os jatos abundantes como se fosse um nômade perdido no deserto e, aquele sumo viril fossem os goles de água pelos quais ansiava. No rosto do Henrique havia uma satisfação libidinosa na forma de um sorriso doce dirigido ao meu olhar meigo.
- Depois dessa, só tenho uma certeza! Hoje você vai perder suas aulas! – exclamou, colocando desajeitadamente a rola dentro da calça e assumindo sua posição ao volante. O caminho que fez não me levou à faculdade, mas a um motel. Eu tremia feito uma vara verde, no entanto, estava disposto a ir até as últimas consequências para descobrir que outros prazeres podia experimentar com aquele macho fogoso.
Eu nunca estivera num motel antes, devia estar parecendo um bobalhão diante da experiência daquele homem. Porém, ele foi sutil e carinhoso quando trancou a porta da suíte e se aproximou de mim, num abraço por trás que envolveu minha cintura e me puxou para junto do corpo quente dele. Suas mãos subiram por baixo da minha camiseta e voltaram a bolinar meus peitinhos, ao que tudo indicava, eles exerciam um fascínio sobre o Henrique, cujo potencial eu jamais havia imaginado existir neles. Ao tirar minha camiseta pela cabeça, ele abocanhou um deles e foi cravando lenta e suavemente seus dentes nele, até a mordida se tornar perceptível e até dolorida, quando então, ele travou meu mamilo entre eles e o tracionou com força. Eu gemi e, teria a lembrança dessa assediada marcada por dias seguidos, na forma de um hematoma arroxeado. Suas mãos deslizaram para dentro do cós do meu jeans e agarraram minhas nádegas. Era a primeira vez que um homem chegava ali, com um olhar expressivo e cobiçoso brilhando diante da minha perplexidade. Era inegável que eu estava gostando daquilo, um macho a fim de mim, um sonho que estava se tornando real. Eu o enlacei pelo pescoço e juntei meus lábios aos dele, o que o deixou perceptivelmente contente, pois logo senti sua língua entrando na minha boca. Beijar um homem era mais gostoso do que eu havia imaginado. O calor que o acompanhava não existia no imaginário e, era ele quem dava sentido ao beijo. Meu jeans estava embolado aos meus pés, sem que eu percebesse como isso aconteceu. Mas, eu estava nu.
- Você é lindo, garoto! Que corpo! É só tesão! – murmurou o Henrique ao me escrutinar da cabeça aos pés, o que me deixou constrangido.
- Por que você insiste em me chamar de garoto? Já fiz dezenove anos, não sou nenhum menino. – protestei, incomodado com aquele adjetivo que, em sua boca, parecia tomar um significado maior.
- Não gosta que eu o chame de garoto? Eu adoro pensar em você nesses termos. Não como um menininho, mas como um belo mancebo virgem. Sinto um tesão da porra quando penso na sua inexperiência. – devolveu, mais compreensivo e gentil do que eu esperava.
- Sei lá! Acho estranho, me sinto um bobalhão. – expliquei.
- Você não é um bobalhão! É um garoto doce e tesudo que me deixa maluco. – afirmou sorrindo. – Se não quer que eu o chame assim, tudo bem! Mas, eu ia gostar muito se você me permitisse. – emendou. Que mal havia? Para um homem maduro como ele eu era mesmo um garotão.
Resolvi esquecer esse detalhe e me focar naquilo que eu ainda não conhecia, a total nudez daquele macho viril. Ele sorriu quando desabotoei sua calça e comecei a procurar pela verga enrijecida dentro dela. O sabor da porra que ela havia despejado na minha boca ainda se fazia sentir, e eu queria mais uma dose daquele sumo másculo. Completamente pelados fomos até a jacuzzi que ele começara e encher assim que chegamos ao quarto e, onde os jatos faziam a água borbulhar formando círculos na superfície. Ele entrou primeiro e me estendeu os braços, nos quais deslizei e fui envolvido ao mesmo tempo em que tornava a beijá-lo. Seus beijos me enlouqueciam, faziam meu cuzinho piscar feito um semáforo defeituoso num dia de chuva, e pelo qual seus dedos libertinos estavam arrebatados. Eu era tarado por um peito feito o dele, peludo sem excessos, bem delineado, aconchegante, sensual, gostoso de acariciar. Por isso, meus beijos logo caminharam em sua direção, o que parecia ser do total agrado do Henrique, pois ele me acompanhava com o olhar, sem bloquear o caminho sedutor que minha boca fazia. Ao redor do umbigo, ele já não conseguia mais manter a mesma disciplina e seu corpo começou a se mover desajeitadamente cada vez que meus lábios tocavam seus pelos ao redor dele. No entanto, o que me deixou com mais tesão, foi ver o caralhão dele empinando progressivamente até a cabeçorra aflorar na superfície da água. Eu o encarei quando fechei meus lábios e a coloquei na boca. Ele gemeu, recostou-se na jacuzzi, abriu as pernas peludas e me franqueou seu falo e aquele sacão tentador. Chupei-o e acariciei seus culhões demoradamente enquanto ele, de olhos fechados, se deixava aliciar.
- Vem cá meu garotão! Agora é o papai quem vai brincar com você! – exclamou, vindo para cima de mim e me debruçando sobre a borda da banheira. O turbilhão que agitava a água com seus jatos agora estava bem debaixo do meu ventre atiçando minha pele com a água tépida.
O Henrique abriu minhas pernas, beijou e mordeu minhas nádegas, antes de apartá-las e expor meu reguinho profundo e deliciosamente estreito, com o intuito de ver o que tanto cobiçava em mim, o cuzinho rosado e diminuto que se escondia no fundo dele. Quando a ponta de sua língua roçou minha rosquinha eu voltei a gemer, não um gemido solto, perdido e único, mas um gemer constante que, mesmo assim, não dava conta de expressar todo o tesão que estava sentido. Ele ficou um tempo mordiscando e lambendo o entorno do meu cu, até ter a certeza de que eu estava excitado a ponto de suportar o que estava por vir. A prova da qual ele precisava veio quando enfiou o dedo no meu cuzinho e, ele se travou num espasmo abrupto querendo devorar seu dedo devasso. A ganida quase chorosa e suplicante complementou sua certeza de que eu estava pronto. Ele foi montando em mim, seus braços se fecharam ao redor do meu tórax, suas pernas vigorosas envolveram as minhas, o caralhão se alojou no meu rego e, os movimentos da pelve dele o faziam deslizar dentro dele.
- Quero esse cuzinho! – sussurrou o Henrique no meu ouvido, com a voz grossa e rouca que quase me fez delirar.
Uma de suas mãos guiou o cacetão até a portinha do meu cu e o forçou contra a fendinha travada. A respiração dele havia acelerado e eu a sentia morna no meu cangote, a exigir minha rendição. Uma empinada da bunda para me ajeitar melhor foi o suficiente para ele me penetrar com força. Um grito escapou da minha boca contraída pela dor. A cabeçorra foi aprisionada entre os esfíncteres que se travaram assim que ela os atravessou, rasgando-os. O Henrique aguardava, como que atocaiado a espera de um relaxamento da minha musculatura anal, para continuar metendo a jeba em mim. A dor lancinante me fizera suspender a respiração por longos segundos e, quando voltei a inspirar o ar, o cu afrouxou e ele meteu mais um tanto daquele cacetão grosso em mim. Meu rabo apertado o deixou ensandecido, com estocadas brutas ele ia enfiando o caralhão cada vez mais fundo e, para mim, só restou gemer e ganir feito uma cadela submissa. Enquanto ele me fodia, num vaivém intrépido e vigoroso, eu me perguntava onde estava o prazer, pois tudo que sentia era aquela dor se intensificando e tomando todo meu baixo ventre. Mesmo assim, as estocadas e a pica balançando solta dentro da água morna me fizeram gozar, espalhando os grumos de porra leitosa que se dispersavam com a agitação da água. Prazer e dor caminhavam juntas, descobri então e, havia muito a ser descoberto ainda, mal sabia eu naquele instante. Quando o vaivém do peso do corpo do Henrique sobre o meu começou a se intensificar, e meus gemidos ecoavam sonoros pela suíte, ele enfiou dois dedos na minha boca na intenção de conter meus ganidos. Eu os chupei, enquanto ele mordiscava minha nuca e socava o cacetão no meu cu. Aos poucos, ele me apertava com mais força, seu corpo se retesava e eu ouvia sua respiração acelerada se tornando um grunhido rouco, umas estocadas brutas o fizeram gozar e, em segundos eu senti meu cuzinho sendo encharcado com sua porra saindo em jatos potentes.
- Ah, meu garoto! Meu Rafael tesudo e gostoso! Que gozada maravilhosa! – exclamou arfando, com sua voz rouca e, de repente, tão sensual aos meus ouvidos sensibilizados por aquele macho viril.
O Henrique havia rasgado minhas pregas, o que eu devia ter imaginado logo que vi a espessura daquele caralhão, mas como eu estivera entretido em outros detalhes daquele macho, agora penava com o não uso de algum lubrificante para a minha primeira vez. Ele se desculpou por também não ter se lembrado desse detalhe, alegando que estava tão fissurado em mim que só pensava no meu cuzinho agasalhando sua rola. Eu só queria estar nos braços dele, beijá-lo por todos os lugares daquele corpão másculo e esquecer o mundo lá fora. Até mesmo do desatino que estava cometendo, faltando às aulas, me enfiando com um homem mais velho num motel, trepando numa devassidão sem rédeas como se fosse uma puta. Enquanto me abrigava em seus braços, depois de nos secarmos e nos deitarmos na cama, eu me perguntava onde havia ficado aquele filho obediente, aquele rapaz sensato e equilibrado que não fugia de suas obrigações, aquele jovem tímido que lutava em aceitar que era gay. O esperma pegajoso que estava no meu rabo parecia diluir cada uma dessas transgressões e, me lançava num mundo desconhecido, não apenas fascinante, mas também prazeroso.
Passamos o dia trancafiados naquela suíte, num mundo só nosso, onde nossa única preocupação era dar e sentir prazer um com o outro. O Henrique me penetrou mais duas vezes, algo que eu achava ser impossível de acontecer, ou que só existia no mundo da pornografia. No entanto, aquela verga não só endurecia com uma facilidade tremenda à menor carícia que minhas mãos roçando nela provocavam, como parecia ter um tropismo inato pelo meu cuzinho, onde deslizava num mergulho certeiro até chegar ao fundo das minhas entranhas, deixando nelas aquele néctar que aplacava o ardor da minha mucosa esfolada em brasa.
- Por onde você andou? – questionou minha mãe, assim que botei os pés em casa, já no final da tarde.
- Na faculdade, onde mais? E na casa de um colega para fazer um trabalho. – menti.
- Então por que o César ligou para cá perguntando por que você não foi às aulas hoje? – caralho, só me faltava essa. Que raios esse bisbilhoteiro tinha que ligar para cá justo hoje? Mas, o pior seria concertar a mentira, pois o olhar da minha mãe estava esperando pela verdade.
- O que aquele enxerido queria? – perguntei, tentando fugir de uma explicação. – Em vez de ficar se metendo na minha vida ele devia ir cuidar das negas dele! – asseverei irado
- Saber por onde você andou, assim como eu! – exclamou desconfiada. – Ele se preocupa com você! É um bom amigo! – não me faltava mais nada, ainda davam razão para o intrometido do César.
- Fui resolver umas coisas!
- E por que mentiu dizendo que esteve na faculdade quando nem apareceu por lá? Rafael, trate de não me aprontar besteira! Seu pai não vai gostar de saber dessa novidade. – ameaçou.
- Precisa contar para ele? Não fiz nada de errado, porra!
- Olha esse linguajar! Já que estamos tendo essa conversa, dá para me explicar que história é essa de você pegar carona todos os dias com o novo vizinho? – pronto, encurralado e sem poder me justificar, a menos que inventasse outra mentira.
- É o caminho dele para o trabalho.
- E como você ficou sabendo disso? Eles se mudaram há poucos meses. De onde surgiu tanta intimidade com esses vizinhos? – era a própria inquisição querendo ver rolar a minha cabeça.
- Não tem intimidade alguma! Ele me viu no ponto de ônibus um dia e perguntou para onde eu estava indo, me ofereceu carona quando viu que era o caminho dele para o trabalho, simples assim, satisfeita? – devolvi
- Nem um pouco! Disso teu pai vai ficar mais aborrecido ainda. Trate de fazer suas coisas como sempre fez, não me invente moda, está entendendo? – eu estava perdido, isso não ia terminar com aquela conversa, eu tinha certeza. Minha primeira transa e o mundo todo já estava contra mim.
O papo com meu pai foi mais intenso e complicado. Além de censuras e proibições, uma porrada de ameaças ficou marcada. Até uma conversa com o Henrique numa manhã de domingo quando se encontraram casualmente em frente às casas, serviu de justificativa para meu pai tentar esclarecer as coisas. E o pior, meu pai não foi com a cara do Henrique. Portanto, qualquer tentativa que eu fizesse dali em diante para amenizar as coisas ou elogiá-lo, seria mais do que suspeito. E precisava encontrar uma maneira de não me expor, de não abrir mão daquele macho que me dava tanto prazer e, de continuar parecendo aquele virgem estudioso ciente de suas obrigações.
- Por que não veio às aulas ontem? Você perdeu um teste rápido da disciplina de direito romano que o professor deu sem avisar, e vai contar para a nota. E que cara é essa? – mais um interrogatório, mais um me cobrando explicações. Só que eu não devia nada ao César e, por isso, fiquei puto quando ele me interpelou.
- Qual é! Tive um compromisso! A cara é a minha de sempre, ou não está me reconhecendo? – questionei petulante
- Tua mãe achou que você estava na faculdade, estranho ela não saber desse seu compromisso. A tua cara mudou, disso tenho certeza. Você está diferente, seu olhar está diferente, não sei dizer o que é, mas está na cara. – afirmou convicto. Dizem que, ao se perder a virgindade e descobrir os prazeres da carne, nossa expressão muda. Era certamente isso que o César estava vendo estampado na minha cara.
- Você pirou! Vá cuidar da sua vida que já é uma grande coisa!
- Você e aquele coroa, tá rolando sacanagem, não está? – o desgraçado parecia estar lendo a minha mente.
- Que merda, César! Vá se catar e me deixe em paz! Está pior que meus pais, se metendo onde não foi chamado. – revidei furioso, por ele ter acertado na mosca.
- Não sei o que viu naquele velho! Vai acabar se ferrando, ouça o que eu digo! – insistiu.
- Vá se ferrar você! – exclamei, elevando a voz.
Até então eu não saberia definir o que sentia pelo Henrique. Minha única certeza era a de que eu não tinha a menor vontade de abrir mão dele. O que estava rolando entre nós não só me deixava num estado de excitação constante, como me fazia enxergar o mundo por outros ângulos. Eu gostava dele, sem sombra de dúvida, gostava da atenção e do cuidado que ele tinha para comigo, gostava da maneira como me envolvia em seus braços, gostava de sentir aquela jeba grossa pulsando dentro do meu cuzinho, gostava daquela sensação perpetuada que o esperma dele deixava durante horas em mim, gostava de fazer carícias nele e de trocar aqueles beijos tórridos que aconteciam entre nós. Enfim, era uma ligação intensa que me impulsionava como uma locomotiva.
Outra coisa que eu não saberia explicar, era a posição da esposa dele nisso tudo. Ele pouco a mencionava e, quando o fazia, nunca tocava em qualquer ponto que, de alguma maneira, se cruzasse com o nosso relacionamento. Ela me tratava muito bem, quando casualmente nos encontrávamos, o que me fez acreditar que ela desconhecia esse outro lado do marido ou, o que também cheguei a aventar, que fosse conivente com a bissexualidade do esposo. De qualquer forma, ela era o menor empecilho que havia entre nós ou, pelo menos, o que menos se mostrava dificultoso.
Enquanto essas preocupações não saíam da minha cabeça, o Henrique, por outro lado, parecia imune a elas. A tranquilidade e a firmeza com que lidava com elas era algo assombroso e, nisso eu me acalmava. Ele parecia sempre ter uma solução para tudo que priorizasse o que estávamos vivendo. Da admiração inicial por seu corpo, passei a idolatrar sua personalidade e seu caráter, espelhando-me em sua postura para enfrentar a vida adulta na qual tinha acabado de entrar.
Em meados do terceiro semestre da faculdade, quando se observava a progressiva mudança comportamental dos alunos com os estágios em escritórios de advocacia ou empresas, passando a se trajar e assumir a postura como futuros causídicos, o Henrique me propôs que eu estagiasse no escritório do qual era sócio fundador. Tive um pouco de dificuldade de convencer meu pai a me deixar estagiar com ele, pois a reserva que meu pai tinha em relação a ele ainda não havia sido superada. No entanto, a insistência e a própria necessidade que o curso exigia de estagiarmos como parte das atividades curriculares, o fizeram abrir mão da implicância que tinha com o Henrique.
Foi só por essa época que descobri que o Henrique jamais precisaria fazer o caminho da faculdade até o escritório, pois ele se localizava completamente fora da rota que eu precisava percorrer. Questionado, ele simplesmente me disse que tinha se encantado comigo e que passar aqueles minutos ao meu lado todas as manhãs dava novo sentido à sua vida, além de alimentar o tesão que sentia por mim.
- Que outra maneira eu tinha para me aproximar de você? Meu subterfúgio valeu à pena, não valeu? Ou você vai ficar zangado comigo por eu ter contado uma mentirinha para te conquistar? – indagou, ao me levar pela primeira vez ao escritório.
- Acho que nunca serei capaz de me zangar com você! Você faz ideia do quanto gosto de você? – respondi, fazendo-o abrir um sorriso de orelha a orelha.
- Tanto quanto eu gosto de você, meu garoto! – exclamou, só para me provocar. Estávamos no trânsito, ele dirigia, quando levei minha mão até seu membro e o acariciei até constatar que ele adquiria vida própria. – Você já sabe que vai precisar dar conta da consequência do que está fazendo, não sabe? – emendou, deixando a pica endurecer livremente.
- E para que você acha que estou te seduzindo? – questionei, com um olhar libidinoso. Ele apenas sorria.
O estágio no escritório dele não era apenas proveitoso do ponto de vista da minha formação, uma vez que o bem-conceituado trabalho da equipe se refletia na complexidade dos casos que cuidavam. Mas, também, se mostrava providencial para nossos encontros amorosos, pois havia espaço, principalmente depois de encerrado o expediente, para transarmos sem preocupações e interferências. Ele se excitava ao me ver usando ternos que valorizavam minha silhueta e as curvas da minha bunda, assim como eu adorava ver sua verga delineada debaixo da calça junto à sua coxa grossa. Ele costumava me enrabar assim que ficávamos a sós e, quando me deixava na porta de casa, ainda me perguntava se eu ia ter sonhos lascivos com ele. Seguia-se um longo e carinhoso beijo e eu o assegurava de que o sêmen que havia inoculado em mim seria o bálsamo a embalar meu sono.
- Sonha com teu macho, meu garoto! – exclamava, feliz por saber que sua satisfação sexual encontrava eco no meu corpo.
Quem definitivamente não aprovou o fato de eu estar estagiando com o Henrique foi o César. Quando ficou sabendo da novidade, por intermédio de outros colegas, fez algumas observações cínicas que intencionalmente fiz questão de ignorar. Isso o deixou ainda mais puto. Ele próprio também havia iniciado um estágio numa empresa e, chegou a me convidar para uma segunda vaga que alegou estar disponível na empresa e, para a qual já tinha feito menção quanto a minha pessoa. A minha recusa veio antes de ele descobrir que eu estava estagiando no escritório do Henrique. Embora nossa amizade já estivesse um pouco estremecida por conta da implicância dele com o Henrique, eu fiquei impressionado quando o vi abandonar aqueles jeans largos e desleixados, e aparecer na faculdade com um terno que enaltecia seus ombros largos, tornando-o mais sensual e másculo, por exigência da empresa. Não me senti atraído por ele, pois o Henrique completava todo e qualquer espaço que havia em mim para essas coisas. No entanto, fiquei feliz por ele estar se transformando num homem e, com toda a sinceridade que havia em mim, desejei que se tornasse uma pessoa bem-sucedida, apesar das nossas diferenças. Isso foi alguns meses antes do nosso rompimento definitivo, no final do quarto semestre do curso.
- Esses argumentos são frágeis, vão levar à perda da causa, com certeza! – afirmei, quando num pequeno grupo, fazíamos um trabalho para uma das disciplinas do curso.
- Então o que o sabichão sugere? – questionou o César, uma vez que era ele quem tinha exposto os argumentos que queria que todos aceitassem.
- Se abordarmos a situação por esse ângulo, derrubaremos facilmente a hipótese de assunção da defesa e, podemos colocar esses argumentos para definir a situação a nosso favor. – sugeri, explicitando meu ponto de vista. A maioria concordou comigo.
- Isso é pura bobagem! Não vai dar em nada, podem ter certeza. – retrucou, menosprezando minha afirmação.
- Então sugira algo mais convincente, se for capaz! – desafiei, com a aprovação dos colegas. O César ficou puto.
- Fechamos com o Rafael, não há mais o que discutir. É isso que vamos esboçar no trabalho. – sentenciou um dos colegas, dando por terminada a nossa pequena reunião.
Dias depois, o elogio que o professor teceu sobre a solução criativa que encontramos para resolver o caso, foi a gota d’água que faltava para o César assumir que tinha perdido para mim. A fim de comemorar a boa nota, a galera foi até a cantina num encontro festivo e animado do qual o César se eximiu. Encontrei-o no dia seguinte, na biblioteca da faculdade, quando pesquisava uns livros para outro trabalho. Ele sentou-se à mesa onde eu estava, primeiramente fingiu que também estava pesquisando alguma coisa; depois, começou a me provocar.
- Como vai o seu coroa? – questionou, me encarando para ver se me deixava abalar com sua provocação.
- Não faço ideia do que você está falando!
- Do seu velhote, que você diz que te dá carona por que é o caminho dele para o trabalho. – continuou, esboçando sarcasmo.
- O Henrique está longe de ser um velhote! E, é inigualável diante de certos imbecis que eu conheço! – retruquei.
- Você sabia que o caminho que ele precisa percorrer para ir ao trabalho não tem nada a ver com o trajeto que você precisa fazer para vir à faculdade? – questionou.
- Sim, sei! Eu estou estagiando no escritório dele. – até então ele ignorava esse fato. Seus olhos adquiriram o brilho maligno.
- Aquela solução que você apresentou para o trabalho foi sua mesmo, ou foi do coroa que está te enrabando? – indagou, petulante.
- Vá à merda, César! – explodi de raiva, me levantando e disposto a acertar uma bofetada na cara cínica dele.
Ele agarrou minha mão antes que eu atingisse seu rosto, me empurrou com força contra o topo da estante de livros mais próxima, jogando seu corpo contra o meu e me prensando nele. Colou sua boca na minha e meteu a língua nela, ao mesmo tempo em que gingava o corpo como se estivesse tendo uma relação sexual comigo, ao estilo do que o vi fazer inúmeras vezes com a argentina bocuda nos tempos do cursinho. Ele mordeu meu lábio inferior, ferindo-o, e eu dei uma joelhada no meio das pernas dele acertando em cheio os testículos, o que o fez me soltar imediatamente e levar as mãos aos genitais doloridos.
- Puto! Nunca mais me dirija a palavra! Babaca! – exclamei quase aos berros, chamando a atenção de quem estava na biblioteca e procurando estancar o sangue que gotejava do meu lábio. Não nos falamos mais até o final do curso. Se um dia chegamos a ser amigos, essa amizade acabou naquele dia. Um fazia questão de ignorar o outro quando nos cruzávamos nos corredores da faculdade.
O Henrique não gostou nem um pouco de saber da história daquele ferimento nos lábios, que eu contei sem nenhuma omissão. Ele ficou visivelmente enciumado. Era a primeira vez que eu passava por uma situação dessas, um cara sentindo ciúmes de mim por conta de outro, a quem eu nunca tinha dado a menor abertura.
- Esse moleque agiu assim do nada? Ele deve ter tido um motivo para fazer o que fez. – alegou o Henrique quando lhe contei o ocorrido.
- Fez isso porque é um babaca!
- Ou porque você criou alguma expectativa nele?
- Como você pode afirmar uma coisa dessas? Eu nunca gostei de outro cara além de você! – afirmei, entristecido pela suspeita dele.
- A atitude dele é típica de um macho enciumado.
- Eu juro que nunca dei a menor bola para ele. Na verdade, só nos tornamos colegas pelas circunstâncias, eu não gostava do jeito dele no cursinho. – asseverei.
- Algo escapou do seu controle!
- Não diga essas coisas! Você parece estar suspeitando de mim, e sem motivo, eu garanto! – pela primeira vez eu me decepcionava com a postura do Henrique, um homem que eu julgava estar acima dessas picuinhas.
- Vou te avisar uma coisa, e quero que preste muita atenção, eu não tenho inclinação para virar corno, está me entendendo? – suas palavras soaram duras como nunca tinham soado antes. Eu fiz força para não chorar. Algo em meu peito estava desmoronando, e eu não sabia o quê.
Superamos essa fase com muito sexo. Nos primeiros tempos depois que ficou sabendo da história, o Henrique me enrabava praticamente todos os dias. Ao que tudo indicava, saber que meu cuzinho estava todo arregaçado lhe dava a certeza de continuar a ser meu único macho. Eu passei a me sentir vigiado como alguém que tivesse cometido um crime. Com sua rola grossa ele me machucava muitas vezes de propósito, especialmente quando cismava que outros caras estavam olhando para mim com segundas intenções, como afirmava nessas ocasiões. Um relacionamento que tinha sido até então leve e prazeroso, passou a me oprimir, me sufocando e tolhendo minhas atitudes.
Ao final do curso, com excelentes notas de aprovação em praticamente todas as disciplinas, um dos meus professores me indicou para uma vaga numa empresa multinacional com sede no Rio de Janeiro. Pela primeira vez não pedi a opinião do Henrique para tomar uma decisão. Apesar de ainda gostar muito dele e da maneira como ele me penetrava com aquela jeba calibrosa, um castelo imaginário que eu havia construído a partir do carinho que sentia por ele, havia ruído dentro de mim. Ele já não era mais aquele ídolo inviolável que eu havia elevado num pedestal. Suas desconfianças o fizeram parecer mesquinho e, muitas vezes, cruel.
- Você não está cogitando aceitar a vaga, não é? Estive conversando com os outros sócios e estamos pensando em te incorporar ao escritório. Você terá um futuro brilhante conosco, além de dar novo fôlego ao escritório. – afirmou o Henrique quando lhe falei da proposta.
- Não quero parecer ingrato, mas preciso trilhar um caminho por mim mesmo. E, a oportunidade é essa. Preciso saber do que sou capaz sem a sua ajuda, é muito importante para mim. – afirmei.
- Discordo! Você não terá a mesma projeção dentro de uma empresa como terá aqui conosco. – retrucou ele, ainda ditando as coisas como sempre fizera desde que nos conhecemos e nos envolvemos. Havia chegado a hora de eu me livrar dessas amarras, e minha decisão foi tomada.
Ele se mostrou frio e insensível quando me despedi dele na véspera da minha mudança para o Rio de Janeiro. Não era o mesmo Henrique que eu conhecia e que me abriu as portas para um mundo desconhecido aquele sujeito que estava machucando meu cuzinho sem dó nem piedade. Minhas súplicas para que não me rasgasse de maneira tão brutal entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Quanto mais eu gania de dor mais prazer ele parecia encontrar na minha submissão. Quando me soltou eu mal podia dar um passo, minhas entranhas pareciam estar destroçadas. Apesar do mal e dos dias terríveis que tive depois daquele coito violento, isso facilitou eu dizer adeus sem nenhum sentimento no coração. Foi o fim de uma aventura, a aventura do garotão gay e virgem em sua primeira empreitada amorosa.
O que me pareceu, de início, um trabalho fascinante na empresa, foi se tornando um acúmulo de tarefas enfadonhas que, nem o excelente salário, era capaz de suprir. Também detestei morar no Rio de Janeiro, a cidade não tinha nada a ver com meu estilo de vida e, as pessoas ficavam cada dia mais desinteressantes. Depois de quatro anos, voltei para São Paulo, a convite de um renomado escritório de advocacia com o qual eu tivera contato enquanto trabalhava na multinacional. Não hesitei um segundo para fazer as malas e me mudar.
Depois de mais de quinze dias do meu retorno à São Paulo, quando já estava trabalhando a pleno vapor no novo escritório, é que me reencontrei com o Henrique. Foi num sábado, início de noite, quando me preparava para reencontrar a galera que há tempos eu não via, que o encontro aconteceu, casualmente. Eu estava tirando o carro da garagem quando ele e a esposa chegavam em casa. Ele me encarou espantado, mas foi muito gentil, assim como a esposa. Ambos desceram e vieram me cumprimentar, ela por gentileza, ele por qualquer outro motivo que seu olhar inquisitivo não me permitiu descobrir. Mediu-me da cabeça aos pés, como se estivesse conferindo se me faltava alguma parte, tão intensa foi a secada que me deu. Fiquei feliz pela esposa estar presente, o que me safou de uma conversa a sós com ele, que eu não estava a fim de ter. Apesar dos assuntos abordados terem sido banais, acabei revelando que voltei por conta de um novo trabalho, na esperança que isso pusesse fim a qualquer expectativa da parte dele de voltarmos a trabalhar juntos. Depois desses quatro anos, apesar de não ter rolado absolutamente nada com outra pessoa enquanto estive no Rio de Janeiro, na minha cabeça eu tinha encerrado o nosso relacionamento antes de partir, e não o retomaria por nada. Eu ainda gostava do Henrique, mas não como meu homem, como um parceiro, como uma foda gostosa ou, seja lá o que mais. Gostava dele pelo que representou na minha iniciação, pelo que me ensinou, pela maneira como acolheu minha inexperiência, mas só isso, nada além disso. Pela maneira como nos despedimos, eu soube que mais cedo ou mais tarde teríamos uma conversa a sós e, que ele certamente abordaria nosso passado.
Assim que eu estava completamente engajado no escritório, entrou um caso complexo e peculiar. Fui designado para assumi-lo, com a ajuda de uma advogada mais velha, já tarimbada. Creio que estavam me testando quando me delegaram o caso, pela quantidade de peculiaridades que ele apresentava. Basicamente tratava-se de uma tentativa de homicídio, porém com inúmeros e complexos desdobramentos. Um casal nordestino de meia idade, ele um político corrupto que precisou abdicar do cargo quando as acusações de corrupção não lhe deixaram outra saída, e ela, uma baranga de outra família de políticos da região, que o traia com o próprio sobrinho, no mínimo, vinte e cinco anos mais jovem do que ela. O caso estava sendo tratado em São Paulo, por que foi onde ele tentou matá-la com estocadas de tesoura no corredor de um hotel de luxo na capital paulista, quando descobriu que tinha virado corno. Duas camareiras e um casal de hóspedes testemunharam as agressões que haviam começado na suíte em que estavam hospedados e saiu para o corredor quando ela tentou fugir das agressões. Ele foi preso em flagrante e se livrou depois de pagar uma fiança. Ela foi levada a um pronto-socorro e precisou ser operada, pois uma das tesouradas acertou o implante de silicone no seio direito. Quem contratou o escritório foi a família abastada dela, tentando arrancar tudo o que fosse possível do ex-marido enriquecido à base de falcatruas com o erário público. Nesse afã, ela não hesitou em, literalmente, jogar toda a merda, da qual tinha conhecimento e da qual viveu feito uma rainha por anos a fio, no ventilador. O caso ganhou a mídia e, por semanas, não saiu dos noticiários, pois todos os podres vieram à tona, devidamente comprovados com provas documentais que ela guardou como um trunfo num caso de necessidade. Em julgamento estava a tentativa de homicídio, mas os demais pormenores acabaram fazendo parte do processo devido ao envolvimento que tinham com o fato.
Estudei detalhadamente o processo e, diante de uma série de fatos, pleiteava-se a condenação do político por tentativa de homicídio, já sem foro privilegiado e, portanto, tão à mercê da justiça como qualquer outro mortal, não fosse a fortuna que estava gastando para sua defesa e para evitar que a maioria das provas de sua índole viesse a ser de conhecimento público. As falcatruas me serviriam de sustentação para provar ao júri que ele não era uma pessoa idônea e, portanto, um sujeito que, acuado pelas denúncias da ex-esposa, não hesitou em tentar tirar-lhe a vida, como modo de calar tudo o que sabia. Ela não era nenhuma santa, estava longe disso. Tinha o mesmo caráter deturpado que o marido traído, era onde residia seu ponto fraco, quanto à sustentação de ser uma vítima inocente e, onde eu precisava evitar que a defesa do marido se apoiasse.
No decorrer do processo, acabei descobrindo que o advogado de defesa do político era o César, juntamente com o sócio fundador do escritório que ele contratara, um figurão dos tribunais, com um rol invejável de causas ganhas, o que fazia seus honorários serem estratosféricos. Era só o que me faltava, pensei, quando descobri esse detalhe. Um embate com aquele sujeito nos tribunais, já não bastavam nossas diferenças na faculdade? Por outro lado, pensei como seria bom medir forças com o César, que sempre se julgou superior a mim e, principalmente, tinha a certeza de ser um macho como eu jamais chegaria a ser. No fundo, era esse o grande motivo dos nossos conflitos no passado, pelo menos, era essa a minha percepção.
No dia do julgamento, nos reencontramos em bancas opostas. Ele também já tivera ciência de que eu estava do outro lado e, pelo risinho cínico que me lançou quando nos cumprimentamos, tinha certeza da vitória. Eu, de minha parte, não pude deixar de observar como ele havia se transformado. Era um homem incrivelmente atraente no terno alinhado que trajava. Nada que lembrasse remotamente aos primeiros que usou na faculdade durante os estágios. Também deixara aquela cara de garotão petulante em algum lugar do passado, pois a atual era máscula e viril, acentuada por uma barba mal escanhoada que o deixava deliciosamente displicente, sem parecer relaxado. Ele sempre foi atlético, mas estava mais encorpado, mais musculoso, provavelmente esculpido numa academia. Em resumo, era um tesão que não passava despercebido. Talvez meu semblante tenha lhe mostrado como eu fiquei impressionado com sua figura, pois assim que coloquei os olhos nele, pareceu se enfunar como um pavão. Quando nos encontramos, numa sala anexa à do julgamento, ele estava acompanhado do dono do escritório e de um novato. Cumprimentei-os gentilmente, na presença da advogada que me auxiliava. O novato praticamente me arrancou as vestes com um olhar penetrante que me fez sentir nu diante dele. Um garanhãozinho que se encantou com meu rosto imberbe e minha bunda prodigiosa, que eu tinha dificuldade de alojar em calças que não fossem cortadas sob medida. O dono do escritório tinha ouvido falar de mim, teceu comentários elogiosos à minha pessoa e foi gentil em sua experiência de causídico que sabia muito bem em que nível se encontrava. Um sorriso amistoso dirigido ao César o abalou, não sei explicar bem como, mas ele ficou atônito quando minha mão quente entrou na dele ao nos cumprimentarmos.
Na fase de debates, o César acompanhava a minha exposição com um ar irônico que foi me deixando cada vez mais irritado, pois eu quase podia ler seus pensamentos enfileirando os argumentos que usaria para rebater a minha sustentação. Quando chegou a vez de ele fazer a sustentação da defesa, vi com um prazer mórbido as inconsistências de seu pronunciamento caindo de graça no meu colo. Seria fácil derrubá-las na réplica. E foi o que fiz. Ocorre que nessa fase do julgamento, embora estivéssemos tratando da questão primordial que levou ao julgamento, no fundo, éramos eu e o César travando uma briga antiga. O tom enfático, as metáforas, as alusões que deixavam os demais presentes na sala do júri perplexos e meio perdidos no significado de tudo aquilo, no entanto, estavam sendo muito bem compreendidas por nós dois. O político corno assassino e a baranga vadia nada mais eram do que o lastro sobre o qual o César e eu estávamos quebrando o pau como nunca fizemos antes.
- Me explica que discurso é esse, estou perdida! – cochichou minha assistente quando viu aquela briga tomar proporções inesperadas e, um tanto quanto alheias ao caso.
- Não se preocupe, eu sei o que estou fazendo! – retruquei, com a voz exasperada pela irritação que a cara do César me provocava.
- Você parece estar brigando com a defesa! – exclamou, matando a charada.
- Talvez! Vou mostrar a esse convencido, arrogante e desgraçado que ele não me intimida. Nunca me intimidou! – ela me encarou sem saber de onde vinha tanto rancor.
Por outro lado, o César também ficou puto. Ficou tão alterado durante a réplica que chegou a dar socos na mesa, numa fúria mais dirigida a mim do que à causa que defendia. No recinto reinava um silêncio sepulcral, todos estavam embasbacados com aquela briga sem lógica. Por fim, o juiz meio que perdido entre aqueles discursos, e devido ao adiantado da hora, resolveu interromper a sessão e retomá-la no dia seguinte. Fomos chamados à sua presença para dar explicações. As minhas, parece, foram mais convincentes. Se pudesse o César me engoliria vivo, ali mesmo. No dia seguinte, nova briga, que se restringiu à exiguidade do tempo que dispúnhamos para as tréplicas, caso contrário, estaríamos talvez quebrando o pau até agora. Contudo, o trunfo veio com a sentença. Totalmente desfavorável ao político, com agravantes, e uma bela condenação. As provas que a ex-esposa apresentou ainda serviram de complemento para as investigações da Polícia Federal que corriam em paralelo. Da sala do júri, ele foi diretamente para a cadeia. Eu havia colocado o César onde sempre quis, destronado de sua arrogância.
A repercussão da minha vitória no escritório foi gigantesca. Ganhar aquela causa contra um sujeito que nos bastidores contava com suportes influentes foi mais do que festejada. Eu achei que fosse curtir por umas boas semanas o resultado do meu empenho e, principalmente, o fato de ver o César levar a pior. Mas, não foi o que aconteceu. Não sei o que me deu, de repente, eu fiquei com pena dele. De repente, ele não era mais aquele monstro com o qual eu precisava lutar para manter minha dignidade. De repente, ele não se afigurava mais uma ameaça à minha condição de homossexual. Por mais ridículo que pudesse parecer, eu estava me sentindo culpado por ter agido dessa forma com ele. Foi uma vitória de gosto amargo.
Eu fiquei tão desgastado com aquela situação que não hesitei em aceitar de me encontrar com uns amigos, no sábado à noite, numa badalada casa noturna, recém-inaugurada, que bombava entre a galera. Precisava me distrair com algo mais ameno do que o trabalho. Estávamos num grupinho equilibrado, três garotas e três caras. Um deles, um colega do escritório, por sinal um exemplar masculino de fazer qualquer garota ou gay perder a cabeça, um casal de amigos dos tempos da faculdade, e duas amigas minhas de longa data. Fazia tempo que eu não me divertia tanto com o jeito engraçado de ser das minhas amigas, com o piadista do colega da faculdade e, com o jeito leve de ser do colega do escritório. A noite prometia, e eu estava disposto a curti-la ao máximo.
- Você viu quem está aí? – perguntou meu colega de faculdade, quando notou a presença do César com outros caras encostados no balcão do bar.
- Você está brincando! Numa puta cidade desse tamanho, eu há tempos sem sair numa noitada e você vem me dizer que o César, justo o César, também está aqui. – respondi inconformado.
- Calma! Também não é para tanto! O lugar está bombando, virou ponto de encontro dos mais concorridos, o que você queria? Acontece! Depois, ele nem percebeu nossa presença. – retrucou meu amigo.
- Quem é esse tal de César? – questionou uma das minhas amigas, ao ver como meu humor havia mudado em segundos.
- Um sujeito que o Rafael derrotou brilhantemente no júri esta semana. – explicou o colega do escritório.
Como uma desgraça nunca vem sozinha, cerca de duas horas depois, o César me viu na pista de dança, embora eu tivesse me mantido no lado oposto ao do bar. Assim que me viu voltando para nossa mesa, veio ao meu encontro.
- Salve! O doutorzinho está comemorando a vitória! – exclamou, visivelmente alterado pelo álcool.
- Engano seu, César! Apenas me distraindo com os amigos, assim como você. – retruquei.
- Eu vim afogar as mágoas! Assumir que fui vencido por um viadinho! – sentenciou, mal conseguindo se manter em pé e, debruçando-se sobre o encosto de duas cadeiras para se sustentar.
- Talvez fosse melhor você pedir para um dos teus amigos te levar para casa. – aconselhei
- Vocês sabiam que esse viadinho preferiu dar o cu para um coroa ao invés de dar para mim? Conta para os teus amigos como aquele velhote te enrabava, conta, fingindo que te dava carona para a faculdade, quando era ele quem pedia carona no teu cu. Conta para eles como você me botou a nocaute com uma joelhada no saco, conta! – a expressão dele denotava uma fúria quase incontrolável.
- Você está bêbado, César! Se sóbrio você já não diz nada que preste, nesse estado só consegue dar vexame! Vá para casa que você ganha mais! – exclamei furioso, pois as mesas ao lado foram atraídas pelo linguajar chulo e alto dele.
- Eu não estou bêbado! Vem comigo até o bar, eu te pago uma bebida para comemorarmos a tua esperteza e o fato de você se entregar para o vovozinho tarado! Falando nele, por que ele não está aqui cuidando do que é dele? – ele tropeçava sobre a própria língua ao me insultar em alto e bom som, gingava sobre as pernas o que o fez repetidas vezes ir de encontro às costas do sujeito da mesa ao lado, que já estava ficando puto com o jeito que ele se intrometera no espaço exíguo que havia entre elas.
- Dá o fora, cara! Você está enchendo o saco! Se manda! – rosnou o sujeito, perdendo a paciência quando o César acertou, sem querer, a mão no ombro da garota que estava com ele, ao gesticular desengonçadamente os braços no ar.
- Vá se foder, filho da puta! – berrou o César. E, o quebra-pau começou.
Mesmo bêbado, o César colocou o cara no chão com dois golpes marciais. A garota começou a gritar, um amigo do sujeito que estava na mesa se levantou e, pegando uma cadeira, partiu para cima do César. Errou o golpe que, no entanto, espatifou tudo o que havia em cima da nossa mesa. A gritaria foi geral. Enquanto trocava socos com o amigo do sujeito estatelado no chão, dois seguranças da casa noturna vieram apartar a briga. Com um pouco mais de esforço e, levando alguns bons sopapos, em minutos o César os colocou em nocaute. Na confusão criada, alguns espertalhões começaram a abandonar o local sem pagar. A polícia foi chamada para conter o quebra-quebra. O César tinha sangue escorrendo pela cara furiosa, sua camisa estava rasgada, os amigos com os quais ele tinha vindo entraram na briga e ainda rolavam socos e agressões com clientes e funcionários da casa noturna. Eu precisava tirar o César de lá, ou ele iria parar numa delegacia assim que a polícia invadisse o lugar, pondo em risco sua carreira e sua reputação.
- Você está de gozação que vai ajudar esse desgraçado depois de tudo que ele te falou? – questionou uma das minhas amigas quando revelei minha intenção de tirar o César disfarçadamente dali no meio daquela confusão.
- Vou, vou ajudar sim! Sei que ele está errado, mas isso não justifica que fique com a carreira marcada por uma detenção por bebedeira e balburdia. – sentenciei decidido.
- Deixe que se foda! – exclamou o colega de faculdade.
- Não fale assim dele, Carlos! Você sabe que no fundo ele não é má pessoa! – argumentei
- Ele te atazanou todos os anos de faculdade! Vocês pareciam gato e cachorro de tanto que discutiam! – retrucou ele.
- O que não justifica eu virar as costas para ele num momento como esse! – revidei, me aproximando cautelosamente do César para não acabar levando um soco daquele titã descontrolado e, puxando-o disfarçadamente para fora do estabelecimento, sem que ninguém nos flagrasse em fuga em meio à confusão generalizada.
Com muito esforço arrastei-o até o carro. Ele se debatia e queria voltar para a briga, embora já não estivesse enxergando mais nada em sua frente, apenas inimigos a serem abatidos pela raiva que estava em seu peito sufocado. Sem saber direito o que fazer com ele quando finalmente consegui convencê-lo a entrar no carro, pois não sabia mais onde ele morava depois que os pais tinham se mudado para o litoral e a irmã se casado, resolvi levá-lo para a minha casa, a casa dos meus pais. No trajeto, sob o efeito da adrenalina que ainda circulava em suas veias e mantinha seu corpão em alerta, mas revirava seu estomago, ele se debruçou pela janela do carro e vomitou todo o conteúdo do estômago. Também continuava a repetir frases desconexas, nalgumas, me encarando, me insultava.
- Você é viado, Rafael! Um viado, filho da puta! Eu sempre quis te comer, quis meter nessa bundona gostosa do caralho! Mas, você preferiu o coroa. Você deixou o coroa te descabaçar, seu viado puto! Você nunca olhou para mim! Você nunca viu que eu estava a fim de você! Você é um merda, sabia Rafael? Um grandessíssimo de um merda viado! – despejou embrulhando as palavras.
- Está bem, eu sou tudo isso. Mas, agora, trate de ficar encostado no seu assento e pare de mexer no câmbio, você está me atrapalhando, e podemos acabar tendo um acidente. – adverti, afastando seu braço que interferia na minha condução.
- Eu quero morrer juntinho com você! Quero morrer engatado no seu cuzinho, Rafael!
- Pois eu não quero! E muito menos você, quando se recuperar desse porre. Portanto, fique quietinho aí! – exclamei com firmeza.
- Sim, senhor! – exclamou, levando atabalhoadamente a mão à testa e batendo continência.
O ar fresco e levemente frio da madrugada que entrou pela janela aberta do carro, deixou-o mais calmo. Ele se apoiou em mim quando chegamos em casa, embora ainda balbuciasse palavrões e insultos que mal se compreendia, pois a língua pesada o impedia de articular as palavras. Despi-o e enfiei-o sob o chuveiro. Havia um ferimento extenso aberto e sangrando em suas costas, assim como na testa, responsável pelo sangue que praticamente cobria seu rosto, outro no braço esquerdo e mais um corte profundo na mão direita. Embora tivesse detonado os outros caras, estava coberto de sequelas que levariam alguns bons dias antes de desaparecer. Fiz todos os curativos, enquanto ele me observava em silêncio. À medida que a adrenalina se dissipava em seu corpo, a estafa ia substituindo a prontidão dos músculos retesados, ele parecia exausto. Ajudei-o a se deitar na minha cama e me acomodei com um cobertor numa poltrona próxima à cama. Adormeci ouvindo os resmungos dele perdendo força, enquanto a madrugada avançava.
Na manhã seguinte, acordei moído, como se quem tivesse enchido a cara tivesse sido eu. Ele ressonava baixinho, todo esparramado na cama. Havia se desvencilhado das cobertas e seu corpão nu repousava sereno, a despeito de um feixe do sol, já alto, que banhava a cama. Meti-me no chuveiro para tirar aquela nhaca da curta noite mal dormida e, ao voltar para o quarto, o César havia acordado.
- E aí? Passou o porre? Que papelão, hein? – questionei, enquanto ele esfregava os olhos e tentava se localizar.
- Onde estamos?
- Na minha casa, oras! Não reconhece mais o lugar?
- Por que me trouxe para cá?
- Porque você estava quebrando toda a casa noturna e estava prestes a ser levado pela polícia para uma delegacia. – respondi
- Por culpa sua! – murmurou
- Até parece! Você é quem veio encher meu saco e arrumou toda a confusão. Pode se preparar, se tinha câmeras de segurança no lugar, você ainda pode responder a um inquérito por ter arrumado aquela briga e promovido o quebra-quebra. – adverti.
- Foda-se!
- Vamos ver se ainda fala assim quando isso interferir na sua carreira. – ponderei.
- Por que você me deixou pelado? Cadê as minhas roupas?
- Como é que queria que eu fizesse os curativos em você? Fora que da camisa não sobrou praticamente nada e, o restante está todo sujo de sangue.
- Você mexeu no meu pau?
- Vejo que está melhorando rápido! Não, eu não mexi no seu pau! Pode ficar tranquilo. – respondi.
- Eu duvido que você não tenha mexido no meu pau! Todo viado é chegado numa rola. – afirmou, procurando erguer-se, o que lhe causou dores pelo corpo e o fez gemer.
- Só que tem rolas das quais queremos passar batido!
- Você acha que a minha pica é bonita?
- Nem reparei nesse troço aí! – respondi de pronto. Ele não precisava saber que eu tinha ficado impressionado com a verga colossal dele; reta, grossa, com mais de dois terços da cabeçorra exposta pelo prepúcio retraído quando deliciosamente flácida e pesada como quando ele desmoronou na cama depois da ducha; com aquele sacão pendurado abaixo dela, contendo os bagos volumosos como se fossem os de um touro e, muito menos devia ter a menor desconfiança de que ambos tinham sido cuidadosa e delicadamente secados quando o enxuguei antes de acomodá-lo nos travesseiros. Jamais deveria desconfiar também, que eu o achava tremendamente atraente e sensual deitado nos meus lençóis, uma vez que isso o deixaria ainda mais convencido e arrogante.
- Você nunca olhou para mim! Azar o seu! – murmurou, observando enquanto eu me enxugava e vestia uma roupa. – Tua cama tem um cheiro gostoso! Tem o perfume da sua pele! – emendou, ao mesmo tempo em deixava escapar uns ‘ais’ ao se mexer.
- Está todo quebrado, não é? Isso sim é que é azar! Bem feito!
- Por que você cuidou de mim se me odeia tanto?
- Não te odeio! De onde você tirou uma bobagem dessas? Eu não podia deixar você lá para ser preso, podia? – retorqui.
- Eu quero transar com você! – exclamou, depois de ficar um tempo quieto me observando.
- Não quer, não! Isso é feito da bebedeira, rebote da ressaca! E, do jeito que você está nem com reza brava esse troço vai ficar duro! Portanto, trate de se recuperar para que eu possa te levar para casa. – revidei.
- Pega no meu pau e você vai ver se ele não fica duro! – devolveu ele.
- Vai sonhando! Não vou pegar em nada, esqueça! Você consegue levantar e descer para tomar um café antes de eu te levar para casa? – questionei.
- Sem roupa?
- Vou ver o que dá para fazer com a calça, mas a camisa já era! Temos que improvisar alguma coisa. Aliás, onde é que você está morando? Continua na casa que era dos teus pais? – inquiri.
- Não! Me mudei. Estou morando num apartamento perto da casa da Julia. Lembra da Julia, minha irmã? – revelou.
- Lembro, claro! Como ela está?
- Teve um menininho, meu sobrinho!
- Legal! Vamos eu te ajudo a levantar e vamos descer, você precisa colocar alguma coisa no estomago!
- Eu quero trepar com você!
- Para de falar besteira, César! Anda! Levanta! – ele me encarava de um jeito perturbador. Noutra situação eu talvez tomaria aquele rosto barbado nas mãos, o cobriria de beijos e me entregaria à sua volúpia. Mas, aquele não era o lugar e, nem o momento desse tipo de pensamento passar pela minha cabeça.
Havia anos que meus pais não o viam, e foram condescendentes com a bebedeira dele, mais do que eu esperava. Eles gostavam dele, essa era a verdade. O Henrique voltava da caminhada matutina pelas ruas do bairro quando saí para levar o César para casa. Um encontro dos mais infelizes e inoportunos. Ambos se encararam como se fossem dois leões prontos a se enfrentar num duelo. O César saiba mais sobre o Henrique do que este dele. Não se dignou nem a cumprimenta-lo quando os apresentei.
- Henrique, este é o César! César, Henrique, meu vizinho! – primeiro pensei em acrescentar ao final da apresentação do César ao Henrique – meu namorado – mas, refleti bem e concluí que o César ia começar a me aporrinhar se eu me referisse a ele nesses termos. Contudo, acho que mesmo sem mencionar, foi assim que o Henrique entendeu a situação. Ótimo, pensei enquanto dirigia, ele vai se tocar que eu já estou em outra e me deixar em paz.
- Velho pilantra, filho da puta! – resmungou o César, quando pus o carro em movimento.
- Ele não é velho! É um quarentão bem enxuto e conservado! – retruquei, nem sei por que razão.
- Conservado é múmia embalsamada! Ele podia ser seu pai!
- Mas, não é!
- Como é que você pode dar o cu para um velhote desses? Só pode ser viadagem! – exclamou raivoso.
- Vai começar a me insultar outra vez? Agora que não está bêbado, sem saber do que está falando, eu te deixo no meio da rua e você se vira para chegar em casa. Não tenho que aturar seus desaforos! – revidei, mais enraivecido do que ele.
- Tá bom, desculpe! Escapou! Se você estava a fim de dar esse rabão, por que não deu para mim? – questionou
- Eu não estava a fim de dar como você afirma! Aconteceu! Eu era inexperiente, curioso, me envolvi, foi isso. Ele foi atencioso, cuidadoso, carinhoso, me ensinou muita coisa, além de sexo se você quiser saber.
- Não quero saber de nada!
- Enquanto você não sabe fazer outra coisa que não me xingar, provocar e brigar toda vez que levo a melhor sobre você. – acrescentei, pois estava certo que ele se comparava ao Henrique e, talvez até queria ter estado no lugar dele. Só de imaginar uma coisas dessas, agora que eu tinha visto aquele macho por inteiro e tão vulnerável como na noite anterior, me dava calafrios, e um tesão que não dava para ignorar.
- Culpa sua! Você me tira do sério! – revidou secamente, quando o fiz descer do carro diante do edifício onde morava. – Não vai subir? – questionou.
- Não! Tchau! Cuide-se!
- Obrigado! Obrigado, por tudo! – agradeceu, descendo com dificuldade do carro, por conta dos machucados. Parado na calçada, ele ficou me encarando, enquanto eu tomava coragem para deixá-lo.
- Ah! Só para lembrar! Sua pica é uma delícia! – ele riu, como eu havia imaginado que faria.
Meu final de semana positivamente não tinha começado bem. Além da noitada malsucedida de sábado com os amigos, que terminou como terminou; do encontro embaraçoso com o Henrique no domingo pela manhã quando levei o César para a casa dele; recebi uma ligação do Henrique pouco depois do almoço praticamente me intimando a encontrá-lo. Eu sabia que o assunto seria o encontro mal explicado da manhã, mas mesmo assim, topei ir ao encontro. Fomos a uma cafeteria não longe de casa. Ele já me aguardava quando entrei procurando por ele. Estava sentado numa mesa a um canto e os dedos da mão direita tamborilavam sobre o tampo, demonstrando a impaciência dele.
- Oi! – cumprimentei, tentando não me deixar abalar pelo olhar rancoroso que ele me lançou.
- Então resolveu se juntar ao garotão da cara estourada! O que foi aquilo, um quebra-pau no qual o moleque se meteu? Sim, pois só pode ter sido isso. Pela quantidade de músculos dá para ter uma ideia do tamanho do cérebro do bombadão. Fico espantado de que goste desse tipo! – sentenciou, numa sequência que mostrava o quanto ele tinha para desabafar.
- Terminou? E eu não sabia que você podia ser tão rancoroso. Para um homem maduro e equilibrado, me parece tão infantil quanto as atitudes do César. – retruquei.
- César! É esse o nome do bonitão, nem me dei ao trabalho de gravá-lo esta manhã. O pau dele deve ser bem gostoso para você se juntar a um sujeito como esse.
- Não vim aqui para discutir com você Henrique e, muito menos para ser ofendido ou dar explicações.
- Para que veio então?
- Para fazer você enxergar que o que houve entre nós acabou. Você foi muito importante na minha vida, não nego. Devo uma porção de coisas a você e sou grato por isso. Também te quero muito bem, afinal cheguei a gostar imensamente de você. Porém, você deve ser capaz de compreender que eu não podia passar a minha inteira sendo uma espécie de amante, de concubino de um homem casado. Você não acha que eu tenho o direito de amar e ser amado por alguém desimpedido? Alguém que possa construir uma vida em parceria comigo? – questionei.
- Você só me deixou por que esse moleque entrou para atrapalhar tudo!
- Não! Não é verdade! Eu resolvi pôr um fim no nosso relacionamento quando parti para o Rio de Janeiro por questões profissionais, e não amorosas! Te conhecendo como te conheço, sei que não ficou empatado esperando o meu retorno, mesmo sabendo que esse retorno podia nunca acontecer. Você não é homem de ficar sem alguém satisfazendo suas taras. E, arrisco até a dizer que teu novo caso é um garotão tão inexperiente quanto eu era. Estou certo? – ele desviou ligeiramente o olhar, eu tinha acertado na mosca.
- Isso não vem ao caso!
- E por que não? Por que era você que deveria me dar o fora e não o contrário?
- Eu não ia te dar o fora! Eu gosto de você, sempre gostei!
- Não foi o que você demonstrou pouco antes de nos separarmos. Você foi cruel e bruto comigo quando soube que eu aceitei o trabalho no Rio de Janeiro.
- Me senti traído!
- Mas, sabe que não o traí. Eu nunca te traí! Fui atrás da minha realização pessoal, isso não é uma traição.
- E como ficamos agora? Vai preferir o molecão?
- Não tenho nada com ele! Fomos colegas de faculdade, e ponto!
- Só que ele não pensa assim. Está na cara dele que quer te enrabar. – devolveu, como se estivesse certo disso. O que eu sabia que aconteceria inevitavelmente mais cedo ou mais tarde.
- Deixe-o pensar o que quiser! No final das contas a decisão será minha e não dele. Quanto a você, podemos ser amigos, ou você vai me odiar pelo resto da vida?
- Não te odeio, nem tenho raiva, você me fez muito feliz e me satisfez como ninguém até agora conseguiu fazer. Acho que é esse o motivo de eu ter dificuldade de abrir mão de você. – revelou, mais branda e reconciliadoramente.
- Eu não esperava outra atitude de sua parte. – devolvi, junto com um sorriso doce.
Cheguei em casa desgastado. A conversa com o Henrique sugou as poucas forças que me restavam, e eu só queria terminar aquele domingo, relaxado diante de um filme tipo água com açúcar que não me obrigasse a exaurir meu cérebro com questões existenciais. Era o que eu estava fazendo com meu pai ao meu lado no sofá cochilando de tédio diante da historinha insossa que passava na tela da televisão, da minha mãe foleando uma revista e do meu cachorro enrodilhado nas minhas pernas quando entrou uma mensagem no meu celular. Ao abrir o Whatsapp lá estava a cara deformada pelo inchaço e hematomas do César – ESTOU MORRENDO, VOCÊ NÃO VEM TROCAR MEUS CURATIVOS? VAI ME DEIXAR MORRER À MINGUA - chantageou. Teclei imediatamente a resposta – VÁ PROCURAR UM PRONTO-SOCORRO, É LÁ QUE TROCAM CURATIVOS DE BÊBADOS – crente de isso seria o suficiente para ele me deixar em paz. Cinco minutos depois, o celular tocou.
- Vem me ajudar com esses curativos, o que custa?
- Tenha santa paciência, César! Depois de tudo o que você fez, ainda tem coragem de me pedir uma coisas dessas? Deixa de ser infantil! Troque-os você mesmo! – respondi exaltado
- Ah, é! Então me explica como é que eu alcanço as minhas costas, se mal posso me mexer? – retrucou. De fato, o ferimento mais extenso estava em suas costas e inalcançável.
- Na farmácia eles também trocam curativos!
- Não, não trocam, já tentei em três diferentes. Vem até aqui, droga! Não sei porque está sendo tão malvado comigo. – chantageou novamente.
- Eu, malvado? Tudo bem, eu vou! Mas, só dessa vez, entendeu? – conscientemente eu sabia que não seria assim, porém precisava me impor, até para mim mesmo, pois essa merda dessa briga na qual ele se envolveu parece que o deixou mais sensual aos meus olhos.
Ele veio abrir a porta descalço e enfiado numa calça de moletom amarrada bem abaixo do umbigo expondo o início de sua virilha forrada de pelos pubianos, nada mais. A cara estava péssima, pior ao vivo do que pelo celular. Extensas manchas arroxeadas tomavam seu tronco musculoso. Os curativos que eu colocara na véspera estavam manchados de sangue, especialmente o das costas e o do supercilio, atestando que os ferimentos ainda estavam ativos.
- Os caras fizeram um belo estrago, te arrebentaram. – afirmei, ao inspecionar as feridas.
- Garanto que estão em piores condições do que eu! – exclamou presunçoso. – O cara que me provocou não deu nem para o cheiro e, os seguranças ficaram aonde, me diga? Com as cabeças rachadas no chão, não foi? – o danado ainda se vangloriava do que tinha feito. Não admiti, mas ele realmente tinha se saído bem melhor do que os adversários.
- Ninguém te provocou! Você é que começou tudo, não se esqueça que eu estava lá e vi o que você aprontou. Portanto, não banque o santo!
- Você veio aqui para me criticar ou para me ajudar com os curativos? – era assim que ele costumava escapar pela tangente quando colocado contra a parede.
- Já me arrependi de ter vindo! Como foi que você se virou no banho com esses curativos?
- Não tomei banho! Estava esperando por você. Afirmou na cara de pau.
- Ah, só me faltava essa!
- Claro! Eu ia fazer isso sozinho de que jeito? Você não deu banho em mim ontem?
- Eu te enfiei debaixo da ducha para acabar com a sua bebedeira e para limpar o sangue, foi só isso. Anda! Vamos tirar esses esparadrapos e essas gazes e vá se lavar. – ordenei.
- Sozinho?
- Não! Com sua avó! Claro que é sozinho, você não está aleijado, só está arrebentado! – tripudiei.
- Eu vou te mostrar quem é que vai ficar arrebentado, seu viadinho debochado! – eu ri da cara enfurecida dele.
Acompanhei-o até o banheiro, afinal, vê-lo tomar banho podia ser mais do interessante, além de ser mais uma oportunidade de admirar aquela benga maravilhosa.
- Vai ficar aí fora? Fica mais fácil se você também entrar no box. – afirmou, investido de segundas intenções.
- Ah, tá! Até parece! Vire-se, vou ensaboar suas costas e, dê-se por feliz! O resto é por sua conta. – retorqui. Propositalmente, ele fez o máximo de água respingar em mim. Em minutos eu estava com as roupas praticamente tão molhadas quanto todo o corpão dele.
- Você está muito gostoso com a roupa molhada colada ao corpo! Entra aqui comigo, vai? – insistiu. Não cedi. Um descuido, uma cantada, uma fraquejada e eu sabia que ele ia enfiar aquele cacetão em mim e eu ia me desmanchar de tanto tesão.
Refiz os curativos com gazes e esparadrapos limpos, enquanto ele se entregava aos meus cuidados. Dava para sentir que ele estava gostando aquilo, tanto quanto eu. Mas, nenhum verbalizou o que estava sentindo, parecia ser desnecessário, uma vez que esses sentimentos estavam tão aflorados que podia-se sentir o clima de envolvimento pairando no ar.
- Meu pau está endurecendo! – exclamou, dando voz ao tesão que estava sentindo.
- E eu com isso?
- Você podia dar um trato nele também!
- Não, obrigado! – a tentação era enorme. Mas, para onde iria minha dignidade e reputação se eu cedesse tão facilmente?
- Não consigo sentir o perfume da sua pele sem ficar louco de vontade de transar com você. – sussurrou.
- Arrebentado desse jeito, aposto que nem uma punheta você aguenta! - devolvi
- Então experimenta! Eu sei que você está louco para pegar na minha vara. – asseverou audacioso.
- Não me diga? De onde você chegou a essa conclusão?
- Vamos parar com esse jogo de gato e rato! A gente se curte, você sabe disso! Deixa eu colocar meu pau nessa sua bundona gostosinha, deixa? – mansa e cautelosamente ele passou o braço pela minha cintura e me trouxe para perto de si.
- Não faz isso, César! Você só está querendo provar que metendo em mim é mais insigne do que eu, sempre foi assim! – exclamei, uma vez que ele sempre quis provar isso, desde que nos conhecemos.
- Vou te dizer o que penso a seu respeito. Você tem medo de mim, sempre teve, desde os tempos da faculdade. Tem medo por que sabe que vai se apaixonar por mim e, por isso, fica o tempo todo querendo provar que é melhor do que eu, de que é mais inteligente e capaz, de que não sucumbe à fraqueza de deixar que eu o possua, que eu enfie minha pica no seu cuzinho para se tornar meu refém. No fundo você sabe e quer que eu te domine, mas não aceita e nem admite que deseja isso. Foi o que te fez aceitar o assédio do seu vizinho, um cara mais velho, um cara cuja experiência você encarou como a de um professor, de um pai, que te ditasse as regras sem que isso significasse submissão. Afinal, você era o aluno e não o passivo que aceita o domínio de um macho. Por isso, sua bronca comigo. Eu não seria o professor, o mentor, eu era o macho que seu inconsciente queria e precisava manter a distância, pois eu era o macho que te provaria e te faria sentir a submissão que você negava a todo custo. – afirmou. Era duro aceitar, mas havia alguma verdade em suas palavras.
- E isso tudo você concluiu assim, do nada?
- Não! Cheguei a essa conclusão depois de muito pensar por que motivo você implicava tanto comigo.
- Eu não implicava com você. Era você quem implicava comigo! – revidei.
- Pode ter sido no começo, mas não é mais! Eu juro! Sou fissurado em você, acredite. Quero transar com você para você sentir o quanto eu gosto de você e, como quero cuidar de você pelo resto da minha vida. – eu me desvencilhei dele, assim que a vontade de juntar meus lábios aos dele começou a me atormentar. Não cheguei a dar um passo, ele me puxou de volta e colou sua boca à minha. Começava ali a nossa história, a história do nosso amor que, naquele momento, era apenas uma fagulha e, que vimos crescer e se tornar um incêndio que avassalou nossas existências dando a elas um sentido pleno.
Nada mais que eu argumentasse faria sentido diante da rola dura que vislumbrei assim que ele afastou a toalha de cima dela.
- Tire essas roupas molhadas e se deite aqui ao meu lado, eu preciso de você Rafael. – Nunca ouvi palavras tão doces saindo de sua boca, perturbadoramente doces. Fiz o que ele me pediu.
Ele soltou alguns gemidos quando rolou seu corpo pesado sobre o meu e, meus braços o envolveram. Acho que não havia um único pelo em seu corpo que não estivesse dolorido. Não íamos fazer sexo, era óbvio, com ele nessa condição. Embora o calor e a sensualidade da minha pele nua roçando na dele mantivesse aquele caralhão cada vez mais duro. Acolhi seu tesão com beijos carinhosos, longos e apaixonados beijos úmidos e lascivos.
- Esperei tanto por esse dia e justo agora não vou conseguir te comer! Parece piada! Ironia do destino! – exclamou, depois de tentar meter a verga entre as minhas nádegas, que havia apartado com a mão esquerda, uma vez que a direita estava detonada, sem lograr sucesso, pois o braço esquerdo também se mostrava imprestável para qualquer assanhamento.
- Isso é tão importante para você? Me enrabar? – questionei.
- É! É muito importante! Quero que saiba e tenha certeza de que posso cuidar de você. – respondeu frustrado.
- Eu sei que pode! Isso devia te bastar! Mas, se não bastar, talvez isso te convença. – retruquei, deslizando minha mão suavemente sobre a sua coxa até alcançar a virilha.
Ele me franqueou o acesso e eu peguei aquela rola pesada na mão, levando-a à boca, ao sedutor toque dos meus lábios úmidos ao redor da cabeçorra. Ele soltou um gemido e, junto dele, fluiu um fio espesso de pré-gozo translúcido. Eu o sorvi com tesão e carinho. Um néctar tão saborosamente excitante que fez meu cuzinho se revolver de desejo. Ele afagava meus cabelos enquanto eu o chupava devotamente. Sua rola era tão deliciosa quanto sua aparência viril sugeria. Eu a lambi por toda extensão, seguindo lentamente entre chupadinhas, mordiscadas e lambidas rumo ao sacão peludo. Inicialmente acariciei os bagos com as pontas dos dedos, o que o fez gemer e suspirar – TUAS MÃOS SÃO TÃO LEVES – abrindo mais as pernas para que eu tivesse acesso a tudo. Coloquei primeiro um dos culhões na boca e, ao mesmo tempo em que o sugava, minha língua o massageava com movimentos que me permitiam sentir sua consistência. Voltei à glande de onde minava o pré-gozo numa abundância profícua, fazendo-o escorrer sobre meu rosto e o sorvi para que não se perdesse. Depois, abocanhei o outro bago, repeti os afagos que dera ao primeiro ao som dos gemidos guturais do César.
- Você está acabando comigo! – ronronou, deixando o ar escapar por entre os dentes cerrados.
- Você não estava a fim de transar? Agora não está nem aguentando um boquete. – devolvi sarcástico.
- Juro que quando eu te pegar de jeito vou fazer você engolir essas provocações! – sentenciou.
- Eu estou pensando e com vontade de engolir outra coisa! – continuei provocando.
- Então fica aí que vou te dar o que está querendo, safado! – rosnou de volta
Mamei aquela jeba suculenta por mais alguns minutos, estimulando os testículos ingurgitados com carícias e pequenos apertões que o faziam gemer. Vi seu ventre se contraindo, ele ficando inquieto e mal aguentando minha língua deslizando sobre a glande já bastante sensível, antes de ele gozar. A porra saiu num jato tão forte e esbranquiçado que encheu minha boca, obrigando-me a cerrar os lábios e engolir o creme tépido e cheiroso. Mal tive tempo de engolir o primeiro e já o segundo voltou a encher minha boca. Num sufoco entre respirar e engolir aqueles jatos de porra, ele me encarava deliciado com a maneira como eu dava conta de me saciar com seu sumo viril.
- Caralho! Você está me mamando, sua putinha safada! Definitivamente está querendo acabar comigo! Engole o leitinho do teu macho, engole! – ordenou murmurando, movido por puro e incontrolável tesão, que o fazia despejar seu néctar em quantidades absurdas.
- Não era isso que você estava querendo? – questionei, ao terminar de lamber o restante da porra que estava na cabeçorra.
- Sim, era! Mas, eu nunca pensei que você fosse aceitar. – exclamou, tão contente que parecia um garoto abobalhado.
- Espero que agora aquiete o facho! Você não estaria nessa situação se pensasse antes de fazer besteiras. – revidei.
- Se eu não tivesse feito o que eu fiz, você não estaria aqui comigo, cuidando de mim e me dando esse baita presentão! Nem acredito, parece que ainda estou nas nuvens, você chupou minha rola e engoliu minha porra, fantástico, maravilhoso! – continuou, eufórico.
- Bom, já está de bom tamanho! Sossega! Vê se se cuida! – aconselhei, me preparando para voltar para casa.
- Não vá, Rafael, por favor! Você está vendo meu estado, não estou legal, quem vai trocar os curativos amanhã? Quem vai dar banho em mim? Fica, vai. Só esta noite. – o safado se colocava na posição de vítima indefesa para chantagear meu coração de manteiga.
- Eu tenho que ir trabalhar amanhã! Pede para sua irmã, você não disse que ela mora aqui por perto? – respondi.
- E você quer que minha irmã me dê banho? Ela e, muito menos o marido dela vão concordar com isso. Fica, vai! Me dá essa força.
- Chantagista! Cara de pau! Não pense que não estou sacando a sua malandragem.
- Não estou dando uma de malandro, juro!
Fui para casa pegar o que precisava para enfrentar a segunda-feira no escritório, algumas roupas e, avisar meus pais que talvez passasse a semana fora, uma vez que eu não esperava uma melhora consistente no estado daquelas feridas em menos de duas semanas. Talvez, antes disso, o César já teria autonomia suficiente para cuidar novamente de si, mas era bom estar preparado. O desgraçado sabia como se colocar na posição de um cachorrão carente pedindo atenção e carinho e, eu era viado demais para perder a oportunidade de ter aquele corpão de macho todinho ao alcance das minhas mãos e, sabe-se lá mais do quê. No carro, já voltando para o apartamento do César para ficar à disposição dele, concluí que eu não era menos safado do que ele, que queria sentir aquele macho profundamente alojado em mim.
Ele vibrou quando me viu regressando, crente de que as iscas que havia lançado estavam capturando o resultado que ele esperava. Não vou facilitar as coisas para você, pensei com meus botões quando, usando apenas uma das minhas cuecas cavadas, me deitei ao lado dele na cama já tarde da noite. Detonado como ele estava, não teria condições de colocar aquele cacetão no meu cuzinho, o que seria uma tortura para ele, eu bem sabia. Mas, eu não ia dar moleza para ele. Que convivesse com o tesão insatisfeito por alguns dias para aprender a valorizar o carinho que eu lhe dedicava.
- Estou de pau duro! – sussurrou ele, pouco depois de nos ajeitarmos sob os lençóis.
- Que novidade! Trate de dormir que passa! – retruquei.
- Com você e essa bundona enfiada nessa cuequinha, impossível! – devolveu
- Então acho melhor eu só dar uma passada rápida por aqui amanhã. – sugeri.
- Não! Isso não! Estou todo moído, não dá para fazer nada sozinho.
- Então sossega! E, me deixe dormir, tenho um dia cheio amanhã.
Controlou-se por pouco mais de meia hora, depois disso, aconchegou-se a mim, encaixando minha bunda na sua virilha e passando um braço sobre a minha cintura. Fingi não perceber suas intenções, enquanto ele, muito sutilmente e, tão cuidadosamente quanto possível, para que não sentisse dor com os movimentos, me roçava a pica enrijecida na pele lisa das nádegas. Sacanagem minha? Certamente, mas isso o ensinaria a me dar valor.
Acordei com a bunda lambuzada pelo pré-gozo dele, pois a rola passara a noite encostada nos meus glúteos. Ele acordou quando eu voltava do banheiro, banhado, com a rala barba escanhoada e os cabelos ligeiramente úmidos. Ficou me observando enquanto eu me vestia para ir para o trabalho, passando a mão sobre a verga escandalosamente dura que saía por uma das pernas do short do pijama.
- Eu já te falei o quanto você é lindo? Fico com ciúmes só de pensar que os caras onde você trabalha vão te ter o dia todo ao lado deles, tendo as vistas preenchidas por esse corpão gostoso dentro desse terno. Você fica um tesão de terno, sabia? – disse ele, fazendo questão de chamar minha atenção para a mão impudica que acariciava a rola.
- Deixa de ser preguiçoso e levanta! Vou preparar rapidamente um café, pois já estou atrasado.
- Vem fazer um cafuné em mim, vem!
- Nem pensar! Não posso chegar tarde no escritório hoje, tenho um compromisso logo cedo. – avisei.
- Eu te amo, sabia! – exclamou, sentado à mesa do café tão despido quanto ao ter saído da cama, assim que me despedi dele.
- Eu até acredito, uma vez que está precisando da minha ajuda! Tchau! Até mais tarde! Trate de não fazer bobagens. – retruquei, sorrindo. Eu estava feliz, tremendamente feliz. Aquela cena singela do cotidiano, eu desejando um bom dia para o homem que amava, era um daqueles momentos em que se tem a certeza de ter conquistado a felicidade.
- O que eu poderia fazer todo lesado desse jeito? Parece que um trem passou por cima de mim. Tchau, amorzão! Vê se não olha para outro homem. – respondeu ele, também com um sorriso pleno de felicidade na cara deformada pelo inchaço e pelo hematoma multicolorido que cobria praticamente todo seu olho direito.
Bem! A essa altura, qualquer um dos leitores, já concluiu que aquela que era para ser uma única noite, se transformou, só em mais esse único dia, esse único dia virou só mais esta semana, e esta semana acabou virando um mês. As solicitações encarecidas dele, sempre acompanhadas daquela cara de cachorro sem dono, me faziam ficar, embora eu mesmo não tivesse vontade alguma de deixá-lo. Conviver com ele me mostrou um outro César, desmistificando aquele que eu havia criado na minha cabeça com o intuito de não cair na esparrela de me apaixonar por ele. À medida que se recuperava, o que aconteceu cerca de duas semanas depois da briga, e via suas forças retornarem junto com um tesão cada vez mais incontrolável pelo meu corpo que agora estava diariamente sob seu olhar libidinoso, ele foi se mostrando mais ousado. Ele me agarrava por qualquer coisa. Um leve vacilo ao passar perto dele era o suficiente para me ver em seus braços, para sentir sua boca procurando avidamente pela minha, para que sua mão sôfrega deslizasse por debaixo da minha cueca e agarrasse minhas nádegas. Eu já não via razão para resistir ao calor abrasador que vinha do corpo dele, do cacetão que endurecia assim que roçava nas minhas coxas e, do tesão avassalador que eu sentia nessas ocasiões. Para que protelar o que ambos tanto almejavam?
Ambos tinham tido uma semana atribulada no trabalho, eu inclusive tive que fazer uma pequena viagem de quatro dias para uma cidade do interior para acompanhar um cliente no fórum da cidade, o que me fez sonhar com a sexta-feira e o final de semana para recobrar as forças. O César voltou ao escritório assim que as sequelas em seu rosto se tornaram tão tênues que já não assustavam mais ninguém. Precisou correr atrás do prejuízo causado pelas duas semanas que ficou ausente, o que o fazia chegar em casa tarde da noite, pronto para desabar numa cama macia.
- Estou totalmente recuperado e com todas as minhas forças intactas e ociosas! – disse ele ligeira e circunstancialmente quando assistíamos a um telejornal internacional na TV, após o jantar.
- Que bom! Isso significa que já posso voltar para a minha casa! – exclamei, fingindo descaso.
- Ficou maluco! Sua casa agora é aqui, comigo! Nem pense em inventar moda! – revidou de pronto com certa indignação na voz.
- Você não acabou de dizer que está recuperado? Então, já não tenho mais o que fazer por aqui, missão cumprida.
- Tem uma porção de coisas para você fazer por aqui! Uma delas é essa. – apressou-se a afirmar, atirando seu peso sobre mim e me reclinando sobre o braço do sofá. Um beijo devasso com a língua dele lambendo a minha, e mãos que deslizavam angustiadas pelo meu corpo mostraram o que ele pretendia fazer para me persuadir a ficar. – Quero foder esse cuzinho! – a intensidade e, a determinação em sua voz chegavam a intimidar.
Eu estremeci, a hora havia chegado. Sonhar, imaginar, desejar algo com muito fervor é uma coisa. Ver essa coisa se materializar era outra. E, a materialização do que eu sonhava há tempos, veio sob a forma de duas picas, a minha e a dele, que se enrijeciam ligeiras à medida que nossos corpos se entrelaçavam cheios de tesão.
- Não vai ser aqui, não! Quero você na cama, na minha cama. O coroa pode ter te iniciado, mas sou eu quem vai te ensinar a satisfazer um macho exigente. – afiançou, tomando-me nos braços e caminhando comigo agarrado ao seu pescoço até o quarto.
No trajeto, senti a urgência dele quando seu dedo entrou no meu cuzinho, extraindo um gemido de minha boca, logo sufocado por mais um beijo, tão depravado quanto o dedo que atiçava minhas preguinhas. Nossas roupas voavam pelo ar na pressa de nos livrarmos delas, pois nossos corpos precisavam se tocar por inteiro, se fundir num só, para saciar o desejo no qual ardiam.
- Chupa meu cacete como fez naquele dia! Sonho sem parar em voltar a sentir sua boca carinhosa e macia mamando minha rola. – grunhiu ele, quando me largou na beira da cama.
Mal sabia ele a saudade que eu sentia daquela carne rija, pulsátil e quente na minha boca. Peguei a verga pesada na mão e lambi a cabeçorra que brotava do prepúcio à medida que enrijecia entre os meus dedos. Ele gemeu, agarrou meus cabelos e pronunciou meu nome, lenta e repetidas vezes, entregando-se ao prazer dos meus lábios afagando sua glande e sorvendo o sumo que a excitação o fazia produzir. O pré-gozo se mesclava à minha saliva, inundando minha garganta com os sabores másculos daquele homem que eu elegi como meu macho, quando meu coração o abrigou sorrateira e definitivamente. Trabalhei dedicadamente na rola por uns dez minutos, cobrindo toda sua extensão com toda espécie de afagos que minha língua e meus lábios eram capazes de proporcionar. Ele apenas grunhia e ronronava, contorcendo-se e adiando o gozo quando este estava prestes a explodir. Ao chupar um de seus testículos pentelhudos, ele chegou ao clímax. Afobadamente, segurou a pica rente à minha boca e ejaculou. Um jato potente atingiu meu rosto antes que eu pudesse abrir a boca e começar a engolir os que vieram na sequência. Seus dedos acariciavam meu rosto, enquanto seu olhar prazenteiro me encarava, observando apaixonadamente como eu engolia sua essência viril.
- Uma coisa eu preciso admitir, o velhote soube te doutrinar! E você aprendeu direitinho como satisfazer um macho. – balbuciou extasiado, ao me ver limpando seu cacete lambuzado de porra.
Ao terminar o boquete, levantei-me e voltei a enlaçá-lo pelo pescoço, gingando meu corpo de forma a roçá-lo no dele. Seus braços me envolveram e ele me apertou contra si, apossando-se de mim. Aos poucos, reclinou-me sobre a cama e, tomado de um tesão insano, começou a me chupar, iniciando pelo pescoço, descendo até os mamilos, onde mordeu e judiou dos meus biquinhos enrijecidos, caminhando com chupões e mordidas sobre meu ventre, até entrar no meio das minhas coxas, que ele havia aberto jogando minhas pernas sobre seus ombros. Socando um travesseiro debaixo das minhas ancas para suspende-las, viu meu reguinho liso se abrindo e, o brioco rosado desabrochar, inquieto, excitado, piscando sedutoramente em sua direção como que implorando para ser devassado. Soltei um gritinho quando a língua úmida dele deslizou sobre minha rosquinha anal. Meu corpo era avassalado por espasmos incontroláveis que o agitavam e o faziam tremer como se eu estivesse padecendo de uma febre doentia. Era o desejo incoercível de ter aquele homem dentro dele que o deixava tão subjugado ao poder daqueles espasmos. Para me provocar ainda mais, o César enfiou apenas a ponta do dedo no orificiozinho projetado e começou a movê-lo em círculos na portinha. Enquanto eu gemia alucinadamente, meus esfíncteres se contraíam tresloucadamente, mastigando aquele intruso indecoroso.
- Ai César! – gemi em êxtase, como se ao pronunciar seu nome, aquele tesão fervilhante que se apossara de mim, fosse abrandado de alguma maneira.
- O que tem o César? O que você quer do César? Fala para mim, fala amor! – sussurrou ele, voluptuoso e impudico.
- Entra em mim, querido! Entra em mim! – supliquei, erguendo a pelve para que meu cuzinho ficasse mais acessível e provocante.
Ele se posicionou de joelhos e apontou o caralhão bem no centro do buraquinho travesso. Uma estocada bruta e certeira meteu a cabeçorra na fenda estreita e eu gritei, ao sentir minha carne se rasgando para deixar aquela coisa imensa entrar. Com a verga na mão para garantir que ela não escapasse daquele casulo úmido e, observando atento como ele se contraiu para aprisionar sua glande, o César constatou o estrago que havia feito, ao ver surgirem as gotas rubras e rutilantes fluindo das preguinhas rompidas. Ele não esperava por isso, o fato de eu não ser mais virgem, havia afastado completamente de suas esperanças a chance de isso acontecer. Um pouco atordoado e indeciso pelo que seus olhos contemplavam, ele ficou uns minutos sem ação. Continuar a enfiar seu caralhão naquele brioco apertado, ou dar a oportunidade do meu cu se acostumar com o tamanho daquilo que o estava invadindo. Eu havia suspenso a respiração quando o senti apontando o cacete contra meu cuzinho, pois sabia o quanto aquele momento inicial era dolorido e penoso. Montículos do lençol, amassados pelas minhas mãos cerradas, que estava debaixo de mim, serviam de sustento e de único apoio do qual eu tanto necessitava para suportar a irrupção daquele cacete gigantesco no meu rabo. Ao voltar a inspirar lentamente o ar retomando minha respiração, abri um sorriso na direção dele.
Ah, meu Rafinha! O que está acontecendo agora? – questionou hesitando por algum tempo, entre a vontade de me enrabar de vez e, a comichão do meu cuzinho chuchando a cabeçorra de sua pica.
- Está acontecendo que eu te amo mais do que tudo nessa vida! – exclamei, num balbuciar sensual e condescendente. Ele meteu o caralhão no meu cu, deslizando-o até sentir que só lhe restava o sacão pelo lado de fora daquele ninho acolhedor.
Cheguei a pensar que não ia aguentar quando aquele tronco maçudo abria caminho por minhas entranhas, devastando tudo que encontrava pela frente. Gemi, gani e alguns gritos esganiçados afloraram à minha boca. No entanto, poder aconchegar aquele macho no mais íntimo do meu corpo, superou qualquer dor que acompanhava esse desejo. O César se debruçou sobre mim, tomando meu tronco em seus braços enquanto sua pelve não parava de se mover cadenciadamente, fazendo o cacetão deslizar num vaivém prazeroso que nos levava paulatinamente a usufruir do mais puro e afetuoso amor. Eu havia trazido seu rosto para perto do meu e o beijava continuamente, apenas trocando o lugar onde os depositava carinhosamente. Minha musculatura anal mastigava, tresloucada, a verga dele, o que foi me levando a um estágio de satisfação tão intenso, que o gozo foi a única opção para transbordar aquele prazer. As esporradas saiam no mesmo ritmo em que ele estocava profundamente meu púbis.
- Está tão gostoso assim que já está gozando, Rafinha? – indagou, ao perceber que eu lambuzava meu ventre, entre gemidos de prazer. – Teu macho está te transformando na femeazinha dele, está? – inquiriu, aumentando o ritmo das estocadas. – Fala para mim que você é minha femeazinha, fala!
- Amo você César! Amo meu macho! – balbuciei.
- Espero a tanto tempo por essas palavras pronunciadas por seus lábios. Sou um homem feliz! Sou seu homem, meu amor! – exclamou por entre os sons que emitia e, que vinham roucos e controlados do fundo de seu peito, uma vez que sua jeba não padecia das mesmas dores que o coito impunha ao meu cuzinho.
- Me beija, amorzão! – pedi, precisando de sua boca quente e saborosa para poder suportar seu destempero.
Menos de um minuto depois que seus lábios tocaram os meus, o tesão o descontrolou. A necessidade fulminante de gozar o atingiu como um soco, obrigando sua pelve a se retesar, o movimento imposto a sua verga se tornou mais lento, fez seu baixo ventre se contrair juntamente com o sacão ingurgitado, expelindo incontrolavelmente o esperma produzido em seus testículos. Tive o cuzinho inundado de porra, que escorria com dificuldade de tão espessa e pegajosa. Os sons que ele emitia agora não tinham mais aquela discrição controlada, eram uivos guturais de um prazer primal, experimentado pela primeira vez, naquela intensidade, durante uma cópula.
- Caralho de tesão! Que foda é essa? Nunca gozei tanto numa foda! – exclamava, maravilhado com o que sentia.
Nem o cu detonado me impediu de seduzi-lo; pois, seu esperma formigando no meu rabo não me aquietava, o que nos levou a transar mais duas vezes, intercalando os coitos com cochiladas que avançaram madrugada adentro. Quando senti o esperma quente escorrendo dentro de mim, compreendi que o César personificava tudo aquilo que eu procurava para dar sentido à minha vida. Encontrá-lo não significou apenas ter achado um parceiro de vida, significou a própria justificativa da minha existência e da minha felicidade.
Os primeiros meses de nossa vida conjugal não estavam sendo fáceis. O César havia sido criado num ambiente dominado pela hegemonia masculina, onde quem sempre ditava as regras era o macho da casa. Tirar isso de sua personalidade se mostrou algo trabalhoso e muitas vezes desgastante. Ele entendia a minha passividade na cama como uma submissão que podia ser transposta para qualquer outra situação e, quando na prática cotidiana isso não acontecia como ele esperava, virava o bicho. Ele achou que, a partir do momento em que me deixei enrabar, cessariam os questionamentos e a forma como eu o afrontava, como tinha sido a regra até então. Como isso não aconteceu, ele esperneou, querendo me obrigar a aceitar sua dominação tanto na cama quanto em tudo o mais. Houve momentos em que pensei em atirar a toalha e desistir de tudo, mas o amor que sentia por ele me dizia que eu precisava ter paciência para tirar dele todos aqueles resquícios de uma educação machista. No começo, quando brigávamos, o que acontecia com frequência, ele chegava a passar uma semana sem falar comigo, com a cara emburrada e aquela pose de macho desafiado; com o tempo, além das discussões diminuírem consideravelmente, ele já não passava mais do que algumas horas de cara feia, antes de vir se esfregar em mim como um gato a procura de carinho e perdão. Estava tão apaixonado por mim e, me amava tão intensamente que nada valia o risco de me perder. Ainda estamos nos amoldando um ao outro. A vida tem nos mostrado que somos melhores juntos, que nossas diferenças desaparecem quanto estamos engatados fazendo amor carnal e instintivamente, que a compreensão mútua nasce desse amor que se consolida dia após dia.