Boa madrugada, gente? Tudo bom com vocês?
Olha, estou voltando para dar continuidade a essa história. Reconheço que é até um pouco chatinha de se ler. Sei que ninguém é muito interessado em ler histórias homossexuais, não é mesmo? É aquela coisa meio sem graça. Como já disse anteriormente não sou escrava de seguidores nem muito menos de redes sociais. O que eu quero aqui é falar somente de mim para mim mesma sem ter que deixar essas palavras guardadas em nuvem ou em arquivos fixos onde pessoas podem achar. E o que eu menos quero nesse mundo é que meu marido, minha filha e minha família descubram certas atitudes minhas.
Eu vi aqui nos comentários “livrePensar” que acredita que vem muita coisa boa na continuação.
Eu não sei se vem tantas coisas interessantes pelo seguinte. Quando vamos escrever um texto nos baseamos em memórias. Estas podem ser boas ou ruins. Quando a história foi boa em nossas vidas, as lembranças estão bem frescas, ativas e as reproduzimos quase que na íntegra. Há também um motivo muito usado por escritores que é fazer floreios em um texto para que ele seja visto com “outros olhos” que não os da realidade. Sem esses floreios o texto fica real. E a realidade nem sempre é instigante ou digna de ser assistida. Por tanto estou narrando a minha realidade sem floreios. Sem invenções. São lembranças.
Para quem não leu o primeiro capítulo, vou pôr aqui as últimas linhas para poder dar continuidade ao segundo capítulo.
(últimas linhas do primeiro capítulo)
“Bem, gente, assim começou aquela noite de segunda-feira. Eu fiz para ela um pouco de peixe com verduras que é a minha especialidade. Ela esquentou um bife e feijão e ficamos ali na cozinha por enquanto. Logo ela propôs que pegássemos os pratos e fôssemos para o jardim. Era uma “coisa” diferente para mim que levava o ritual do jantar muito a sério numa mesa. Todos calados. Jantando. Mas naquele momento tudo estava diferente.
Vou parar essa primeira parte por aqui e depois eu venho com a continuação”.
Agora vamos dar continuidade à segunda parte...
O ser humano é uma caixinha de surpresas. O mais comum é acharmos que o que acontece com o psicológico de outra pessoa é “pura frescura”. Se eu não me apaixono fácil, ninguém mais tem que apaixonar fácil; se eu choro por outra pessoa, todos tem que chorar; se eu uso a pessoa e jogo fora, todos tem que fazer o mesmo. Quem agir diferente é “frescura”, é fraqueza. Mas o ser humano não é bem assim.
Eu tinha conhecido Lídia pela manhã e daquele momento em diante eu não tinha conseguido mais tirá-la da minha cabeça. Se me perguntassem: por quê?... eu não sei... tanto é que eu quis ir na casa dela sem nem ao menos conhece-la... mesmo ela me maltratando desnecessariamente eu queria ficar pertinho dela. Me fazia bem... eu me sentia feliz junto dela e não me sentia assim ao lado do meu marido. Mas depois eu entendi o porquê de ela agir daquela maneira.
Naquele início de noite de segunda-feira pegamos os pratos, talheres, a garrafa de água e uma toalha que ela pegou sei lá por onde e fomos que nem duas loucas para o jardim. (na verdade a louca era ela. Eu estava apenas compactuando). Ela me levou para perto da piscina e nos sentamos no chão. Enquanto comíamos riamos de coisas à toa tipo que as estrelas estavam nos olhando. Agíamos como se fôssemos amigas de muito tempo. Ela juntou as comidas no mesmo prato e ficamos ali comendo a mesma comida. Ela me elogiava o tempo inteiro; às vezes fazia uma carícia no meu rosto. Punha comida na minha boca... eu repetia as gentilezas fazendo o mesmo com ela... às vezes tentando ajeitar os cabelos desalinhados dela e que o vento contribuía para que ficassem mais ainda. Em certo minuto ela rindo, afirmou:
- Você não é mesmo aquela ingrata. Agora eu tenho certeza.
- Por que só agora você se convenceu? – eu perguntei. Nos olhávamos dentro dos olhos.
- Por que ela jamais me tratou assim. Ela jamais compartilhou um momento tão íntimo e simples como este. Nunca tocou um dedo em mim. Isso acabou comigo, sabia?
- Você nunca a esqueceu? – eu limpei o cantinho da boca dela. Eu conseguia ver a felicidade disfarçada naquela jovem quando eu a tocava. Ela me olhava fixamente. Eu sentia que ela queria mais e mais... eu sentia a carência que ela tinha talvez de ser amada... de ser... não sei ao certo.
- Já. Mas isso é um segredo trancado dentro da minha alma. Me matando.
- Que segredo?
Ela olhou para todo o meu corpo como que me despindo.
- Estou falando com uma amiga ou com uma jornalista fria e sem coração? As pessoas são o que são. Já percebi que você tem o jornalismo no sangue. Se não fosse isso não teria vindo aqui depois de tudo. Mas você quis tirar a história a limpo não se importando se se magoaria ou se magoaria. Eu sou psicóloga. Me formei no que eu não queria... mas aprendi algumas coisas.
- Eu magoei você, Lídia? – perguntei. Botei um pouco da comida na boca dela, sorrindo. E ela botou macarrão na minha.
- Não. Mas dilacerada já fui pela beleza de alguém. Homens e mulheres lindos são caixas de problemas para quem se envolvem com eles.
- Tem beleza que machuca, Lídia. Tem beleza que edifica. Tem beleza que destrói. Estou como amiga aqui com você. – eu acariciei o rosto dela. Ela fechou os olhos para sentir a carícia.
- Por que está comigo aqui, amiga? – ela perguntou quase em um sussurro.
- Eu posso ir embora se quiser.
Ela deu uma gargalhada sonora.
- Acha que sou boba?
- Não é pelo dinheiro, Lídia, se é isso que quer dizer. Já negociei com a revendedora dos caminhões. Vão perdoar os juros.
- Não é isso, sua boba – ela sorria. – acha que sou boba de querer que você vá embora? Acha que vou desperdiçar a companhia de uma amiga linda que nem você? Carinhosa, sorridente, feliz, maravilhosa! Posso ser doida, como dizem, mas não sou burra.
- E que te lembra uma pessoa que te fez infeliz?
- Não. Eu separei o joio do trigo depois que um amigo me mandou aquele telefonema lá no quarto. Estou aqui com você, com a mulher mais bonita do mundo que me fez esquecer a minha ídola.
- A tal garota? – perguntei e levei o copo com água à boca dela.
- Gal Gadot.
Comecei a rir.
- Quem é? É a tal garota?
- Não, sua boba... a Mulher Maravilha.
Rimos que nem duas idiotas. Depois eu propus:
- De volta ao mundo real... quer me contar sobre a tal garota?
- Você vai querer mesmo saber?
- Sim. Divide comigo. Se abra. Chore se quiser. Grite. Eu posso te ajudar – ou pelo menos tentar – a desfazer essa mancha que ela deixou na sua alma.
- Eu nunca falei isso para ninguém. Isso estava adormecido até hoje pela manhã. Eu posso mesmo contar?
- Claro. Posso ficar aqui até meia-noite.
- Nunca vou esquecer esses momentos que estamos vivendo aqui hoje.
- Serão boas lembranças? – eu perguntei.
- Sim. E para você?
- Sim.
Juntamos os pratos do jantar e os embolamos naquele pano que servia de mesa. Como ali havia muitas árvores fomos para perto de uma. O vento era delicioso fazendo esvoaçar os nossos cabelos. Em volta da árvore havia um banco feito para os banhistas. Sentamos lado a lado.
- Fala para mim. Tudo. Não tenha vergonha. Não vou te julgar. Sou sua amiga. Não sou a jornalista.
Sentamo-nos juntinhas. Ombros colados. Eu não sabia identificar a sensação que aquela mulher me causava. Mas ela conseguia me dar a sensação de que ela estava dentro de mim. Eu me sentia tão bem perto dela que era como se eu a conhecesse de muitos anos. Quando o ombro dela tocou no meu eu senti uma sensação diferente. E durante os elogios que ela me fazia... o fato de ela querer estar perto de mim... talvez fosse carência de uma amizade... não sei.
- Sabe... assim que a vi me apaixonei – ela começou. – Era linda demais assim que nem você. Fiz de tudo para impressioná-la. Ficamos amigas. Mas a minha intenção não era só ser amiga. Em determinado momento me abri para ela e contei da minha paixão. Foi aí onde começou o “joguinho” dela. Ela não tinha muitos recursos financeiros e para agradá-la eu dava a ela o mundo que ela queria. Mas ela sabia driblar muito bem e convencer as pessoas. Foi logo no início do curso de psicologia. Ela sempre estava perto de mim, mas nunca deixou eu tocá-la. Sempre tinha uma desculpa plausível. Mas queria dinheiro, roupas... eu pagava um táxi contratado para leva-la e trazê-la para a faculdade todos os dias. Ela passou a andar como uma rainha. Eu pagava tudo. Eu amava satisfazê-la. Amava vê-la feliz, radiante... ela me manteve cega por cinco anos. Eu queria muito ficar com ela à sós... mas ela sempre dava um jeito de escapar.
- Era tanto amor assim, Li?
- Da minha parte sim. – ela olhou para mim e sorriu. Observou: - Gostei do “Li”
Sorrimos. Pedi que ela continuasse.
- Ao mesmo tempo ela também fazia juras de amor e dizia que estava procurando um jeitinho de ficarmos juntinhas... a sós... que eu não iria me arrepender. Mas sempre que ela me jurava amor também queria algo novo em troca. E eu totalmente louca de amor por ela. Quando eu cobrava alguma coisa dela, tipo me beijar pelos menos... ela dizia para eu não sufoca-la. Dizia que tudo tinha seu tempo e que não podia se expor... ameaçava me deixar... eu ficava louca... não queria perde-la. Eu ficava louca quando ela sumia e desligava o telefone... desse jeito ficamos por cinco longos anos. Eu morrendo aos poucos por ela. Se eu tinha algum problema, ela me deixava sozinha e só aparecia quando tudo estava resolvido.
- Mas você não estava sendo um tanto ingênua? – perguntei.
- Sim. Mas eu não via assim. Eu sempre achava que “amanhã” eu a teria comigo. Mas agora vem a parte pior. Quando o curso terminou eu a vi na cerimônia. Nem falou comigo. O tempo todo rindo com as amigas. Ela fingiu não me conhecer. Fiquei sem graça de ir lá e falar com ela. Ela saiu. Nem olhou para trás quando tudo terminou. Naquele momento eu senti uma dor dentro de mim. Um ódio de mim mesma e de todos naquele recinto. Mas ainda não foi tudo. Depois uma das amigas dela me disse que ela havia dito que não me suportava mais. A única coisa que vinha de mim que ela gostava era o conforto que eu proporcionava a ela. Mais uma punhalada. Fui para o meu apartamento e bebi que nem uma louca. Passei três dias sem comer, sem tomar banho... só chorando... aquela dor me consumindo... me matando... como alguém poderia ser tão cruel?
“Decidi tirar a história a limpo. Procurei o endereço dela e fui até lá. Uma casinha humilde de periferia. E ela me matou naquele dia. Falou comigo escondido. Perguntou o que eu queria e que eu fosse rápida pois não queria ser vista comigo. Eu só perguntei se era verdade o que a amiga dela me falara. Ela confirmou e disse mais: ‘você que é otária... investiu em mim porque quis. Eu jamais ficaria com outra mulher. Será que nunca percebeu?’ Dali por diante eu morri aos poucos a cada dia. Eu não merecia aquele desprezo. Aquelas palavras duras. Aquela ingratidão. Foi tudo perdido. Foi tudo errado. Ainda pensei que fosse uma brincadeira, mas não foi. Ela nunca mais me procurou. Ela me odiava realmente e só eu nunca vira.”
Ela começou a chorar como uma criança. Eu a abracei.
- Chore... chore muito... bota para fora esse ódio... vai te fazer bem... você vai ficar muito melhor. Não tenha vergonha.
Ela me abraçava com força. Com muita força. Estava transpirando muito. Será que a pressão dela estava baixando? Em meio ao choro ela disse-me que tamanha fora a vergonha que sentira de todos. Disse-me que tinha a sensação de que todos a estavam olhando e rindo dela. Não falara mais com nenhuma daquelas pessoas da faculdade e nunca mais tivera outra mulher. Nunca mais tocara ou fora tocada por uma pessoa do mesmo sexo. Tudo havia perdido o sentido. Sentia ódio pelas pessoas. Vivia a maior parte do tempo sozinha. Por esse mesmo motivo passara a se dedicar ao animais. Adorava cavalos. Disse-me ainda que depois de um tempo envolvera-se com um homem e estava de casamento marcado e, por sinal, seria no final daquela mesma semana. Seria no sábado! No próximo sábado!
Quando ela se recompôs, eu perguntei:
- Você acha que vai ser feliz, Li?
- Sim. Pretendo ter filhos; ter uma vida normal.
- E quanto às mulheres? Você tem raiva delas agora?
Ela sorriu. Ajeitou os cabelos.
- Eu sou bi. Sinto prazer com homem e com mulher.
- Não respondeu à minha pergunta, Li.
- Sim... vou ser feliz, sim.
- Nunca mais ficará com uma mulher?
Ela me olhou dentro dos olhos. Em silêncio. Um silêncio profundo.
- Se essa mulher surgir... – ela se levantou, andou pelo jardim e depois olhou para mim. – Meu sonho sempre foi ser atriz. Vou representar para você. Você é jornalista. Julgue-me. Me atire no centro deste coliseu. Abra as grades... solte os leões e deixe que eles me devorem.
- Está exagerando, Li.
Ela começou a falar em tom teatral. Gesticulava. Sei que ela estava imaginando as árvores como sendo a plateia. Seus gestos eram suaves... rítmicos... eu estava encantada. Tudo o que ela fazia me encantava. Ela começou:
- Senhores... não me entregarei! – Ela olhou-me. – Viu, princesa? O público está em silêncio! – seus movimentos teatrais agora eram abertos. Os braços e o rosto levantados para o céu. – quando estive só, não fiquei só! Tive a companhia de Dante todas as noites; Agostinho; Hugo... viajei por longínquas terras com Gulliver; pelos mares remotos com Verne; visitei as senzalas dos escravos e viajei no navio negreiro de Alves. Oh, meu grande amigo Camões, companheiro de todas as noites... me ensinaram tantas coisas e me tiraram da vontade imensurável de sair desta vida. Agora entendo que, como Daniel, sairei deste coliseu com vida! Seus leões não me verão. Eu sou maior. Soltem os leões! – Ela olhou-me e fez uma reverência. – Vem, princesa. Vem aqui comigo. Enfrenta os leões junto comigo?
Sem pensar saí daquele banco e, louca também, corri para ela e nos abraçamos. O mais importante é que como se fôssemos homem e mulher ela me beijou na boca. Um beijo longo, tépido que foi retribuído por mim. Girávamos lentamente em círculos... e na minha mente estávamos realmente sendo vistos por centenas de pessoas que estavam em silêncio, naquele coliseu romano, estupefatas vendo um beijo de língua entre duas mulheres. Meu corpo parecia pegar fogo. Eu me sentia queimando de desejo por dentro. Aquele corpo feminino estava me acendendo, me enlouquecendo... ela me apertava com força... explorava meu corpo numa loucura inexplicável!
Quando paramos respirei forte. Um beijo que me faltou o ar.
- Vem, Li, vamos fugir dos leões.
Eu a puxei pelo braço e a levei para a borda da piscina. Ela deu uma gargalhada sonora.
- Você me salvou dos leões!
- É, salvei. Salvei, sim e salvaria de novo... e de novo... e de novo...
Ela sentou na borda da piscina com as pernas imersas na água. Ajeitou os cabelos com movimentos suaves e depois segurou-me na mão. Gentilmente ela se achegou mais a mim e senti-me envolvida pelo seu abraço quente. Confesso que eu estava com muito medo do desfecho de tudo o que poderia vir a acontecer. Eu pensava rápido. Eu perguntava para mim mesma o que estava acontecendo; por que eu estava deixando-me seduzir por uma mulher? Por que eu gostara tanto daquele beijo? Eu podia ainda sentir o gosto da boca dela! O que eu estava fazendo ali? Ali não era o meu lugar! Estava tudo errado. Muito errado. Eu não era lésbica. Eu não tinha nenhum sentimento por outras mulheres. Meu Deus! Eu era casada. Eu tinha uma filha...
Com um suave movimento sua boca vinha se aproximando da minha outra vez. Meu coração estava acelerado. Eu me desvencilhei dela... me levantei e saí correndo em direção ao meu carro. Ela correu atrás de mim, dizendo:
- Espera! Desculpa. Por favor, desculpa.
Eu não consegui achar o carro. Corri em direção a casa até que ela me segurou por trás. Eu estava ofegante.
- Me solta, Li. Eu não posso ser o que você procura. Esquece esse beijo. Esquece que me viu hoje. Me esquece, por favor. Onde está meu carro?
- Não era pra ser assim – ela disse... e me soltou. – posso deixar você ir... mas nunca mais vou esquecer você. Vem, seu carro está no lado de lá.
Ela me levou até o carro.
- Desculpa, Li. Desculpa por tudo.
- Você parece que viu um fantasma. – ela não deixou eu abrir a porta do carro. – Você está muito nervosa. Eu também estou. No entanto já é tarde e não vou deixar a mulher mais linda do mundo se aventurar sozinha a essa hora.
- Tudo bem, Li. É perto. Eu vou sozinha.
- Acha que vou mesmo deixar você ir sozinha? Você não me conhece. Eu já estraguei tudo, não me custa estragar todo o resto. Me dê a chave. Amanhã de manhã eu mando deixar o carro lá na sua empresa.
- Não, Li. Obrigada por se preocupar. Eu sou casada.
- Então eu vou com você no carro.
- E para você voltar? Você é mulher que nem eu. É perigoso para você também.
- Já enfrentei tantas coisas nessa vida – ela deu uma gargalhada. – você acha que andar de madrugada sozinha para mim é problema? Vamos nessa. Vou com você e não se fala mais nisso. Prometo que não tocarei em um só fio de cabelo seu.
Entramos no carro. Por incrível que pudesse parecer eu me senti muito mais segura com ela ao meu lado. Não trocamos nem uma palavra durante o trajeto. Quando cheguei na minha casa que é em um condomínio fechado, entramos. Minha filha estava acordada. Ficou nos olhando e só depois perguntou:
- Mãe?! A senhora está bem?
- Ela está ótima – disse ela tomando a dianteira da conversa. Respirei aliviada.
- Desculpa, filha. Eu encontrei a Li no caminho e... já é tarde... ela vai dormir no quarto de hóspedes.
- Eu? – perguntou a Li olhando para mim sem entender nada.
- Sim. É tarde.
Eu chamei a minha filha para nos acompanhar e a levamos para o quarto onde ela dormiria. Ela se acomodou na cama, sem jeito. Minha filha foi pegar toalha para ela.
- Mesmo que nunca mais queira me ver... me deste uma das mais lindas noites da minha vida. – foi o que a Li disse-me quase num sussurro... no exato momento em que minha filha entrou no quarto com a toalha.
- Que noite a senhora deu à moça, mamãe?
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