Capítulo 5 – Rosas de Leite e de Sangue
Quando eu acordei eu estava no acampamento. Os outros haviam feito umas tendas improvisadas e tinha amanhecido até.
- Quanto tempo eu dormi?
- Umas 10 horas. Todos nós também descansamos. – Responde o Alexei.
Boris, Anastasia e a Yelena.
Um casal inteiro e metade de outro já havia se perdido.
Eu conto então o que aconteceu com o Boris, e pela primeira vez desde que chegamos ali eu deixo fluir a minha tristeza e medo e choro ao relatar o que ocorreu. Por mais que eu não conhecesse o quatro-olhos, ver um ser humano explodir na sua frente não é um evento que passa incólume por ninguém.
(Eu vou sentir falta do nerd do Boris)
- A conclusão que eu chego é que homens e mulheres podem ser tornar árvores brancas e servir de alimentação aos insetos, o motorista e a Ana são a prova disso. Só que as árvores vermelhas de reprodução são só as mulheres que conseguem ficar em um estado estável nessa forma. A Yelena conseguiu engravidar e dar a luz a uns ovos bizarros. Mas o Boris não tinha útero obviamente e portanto nenhuma forma de gestar a prole desses monstros, e por isso ele explodiu por inteiro.
- Meu Deus! Que horror! – Era a Irina abraçando o Alexei impressionada com o relato.
Depois de todos chorarem e processarem os acontecimentos dos últimos dias, eu passo a liderar (junto do Alexei) todos rumo ao norte.
- Pessoal, escutaram o que o Dimitri Molo-
- Shhh!!
Quase que o Alexei tinha dito o meu apelido, eu já estava ficando surpreso que tantos deles soubessem da história.
- Foi mal. Vocês escutaram o Dimitri. Não se aproximem de nenhum inseto branco. Não importa o tamanho.
- Isso aí – Complementa o Viktor – E se forem atacados por eles e não tiverem como escapar, deixem que eles mordam vocês e não injetam a gosma branca deles dentro de vocês, ainda mais se for um cara.
- Amor, nem brinca com isso. Vamos todos ficar bem. – Era a Lada falando (namorada dele), claramente ignorando o Boris para quem sabe poder avançar e manter uma parte da sua sanidade mental ali.
- Vamos subir a floresta e do outro lado tem outra cidade bem próxima. – Eu finalizo a conversa e a caminhada recomeça.
Pronto.
Eu não vou permitir mais vítimas hoje com estes insetos.
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E o avanço corre bem.
A floresta não era muito densa e estava um dia quente (o que para um russo só significava que a temperatura não seria tão abaixo de zero assim no norte).
E depois de mais um dia inteiro avançando por um terreno cada vez mais e mais íngreme, o nosso grupo se depara com um campo de flores brancas.
- Espera. Para todo mundo!
Eu olho desconfiado e fixo para o campo florido e pálido como a neve na minha frente. Os outros do grupo esbaram e mim e ficam sem entender. Como se eu fosse um velho na fila de um banco atrasando todos enquanto procurava o seu cartão de crédito na carteira.
- Dimitri, o que foi? São só flores brancas. Não são insetos.
- Mesmo assim. Isso é muito suspeito. Vamos contornar o campo de flores.
- Contornar? Esse campo deve ser quilométrico. Vai ser mais um dia de caminhada só para dar a volta nele. Quanto mais cedo chegarmos do outro lado, mais rápido traremos ajuda e iremos resgatar os que ficaram pra trás.
- Você não entende, Alexei! Eu não posso deixar que fiquem mais pessoas vitimadas por descuidos. Não depois do que eu vi com o Boris.
- E quem foi que te elegeu como líder do grupo? Estamos confiando em você porque você está no mesmo barco que a gente e sabe como ninguém lidar com situações extremas. Mas isso não quer dizer que vamos obedecer tudo que você fala. Eu não esqueci que você é o delinquente do nosso bairro. Dimitri, o Incendiário. Eu não preciso te escutar em nada. Irina, venha.
Alexei chama a sua namorada e os dois começam a atravessar o campo de flores brancas.
- Viu? Eu disse que não era nada dema-
As flores se esticam como chicotes e prendem as pernas e os braços dele e da Irina. Alexei era o mais forte do nosso grupo e era um praticante de boxe na nossa cidade, ele tinha um apelido arrogante de Punho do Leão dado pelos amigos e tudo. Mas nem mesmo a força mais leonina dele parece que surtiu efeito naqueles ramos brancos e finos como barbantes de aço, tamanha a sua elasticidade e resistência.
- Alex!! Meu leão!! Me ajuda!! Não!!
As flores começam a puxar os dois para baixo, e como se o solo fosse feito só delas (como uma massa gosmenta de raízes alienígenas) eles são enterrados até a cintura no solo. Eu e o resto dos jovens sobreviventes ficamos só atrás vendo o que iria se desenrolar daquilo.
O nosso Leão ficou enterrado de cabeça pra cima (posição normal) com só a cintura e a parte superior do corpo pra fora.
E a garota Irina, a fêmea do nosso corajoso leão, ficou de cabeça pra baixo.
- Droga!!! Irina!!! Eu vou te tirar daí!!
As flores (que pareciam muito com rosas) começam a rasgar a pele dele com espinhos e a chupar o seu sangue.
Eu fico triste (e um pouco aliviado) porque eu sabia que agora ele não iria explodir e viraria uma simples árvore branca.
Dito e feito
Como uma enorme flor branca para guiar as menores, o Alexei floresce e vira uma enorme rosa cor de leite. Era bizarro porque cada transformação era diferente das outras, só agora eu reparava isso. Essas gosmas alienígenas parece que se combinavam com o DNA da vítima e faziam uma fusão (não sei explicar melhor, não tive biologia no ensino médio, mas via Dragon Ball). Tanto que cada ser era diferente, os filhotes da Yelena eram diferentes (os ovos), os insetos do busão e o do hotel entre si, até mesmo as flores brancas eram parte desse ‘’Ser’’ original (seja lá quem ele seja).
Só que a mina dele não tem o mesmo destino.
As rosas menores também rasgam as roupas dela.
E se enfiam na buceta dela (que estava virada para os céus, com as perninhas dela balançando em desespero). Eu não preciso nem comentar que a cara dela ainda estava enfiada dentro da terra.
- NÃO!! IRINA!! NÃO!!!
Os caules começam a bombear aquele esperma alien para dentro da buceta e do útero dela. E poucos minutos depois ela começa a ficar vermelha e a renascer como uma flor sangrenta naquele campo. A mudança dela também era diferente e bizarra, porque a base da raiz na terra foi o pescoço e o crânio dela. Enquanto era a região da virilha que se tornou a cabeça da flor, lábios vaginais se tornam pétalas e assim por diante.
E como todo mundo que se fodeu até agora porque não me escutou.
Com o Alexei não seria diferente.
- Dimitri!! Me ajuda aqui! Eu não quero ficar aqui vendo a minha namorada servir de puta de reprodução para estes monstros. Qual é, meu camarada!
- Agora eu sou seu amigo? Eu avisei você para não entrar. Eu não posso fazer mais nada. Você já está infectado a nível celular por estes seres alienígenas. Mesmo que eu solte vocês de alguma forma, os dois irão crescer e grudar em outras superfícies. Aguentem aí que é melhor. Se houver uma forma de reverter eu voltarei.
E dessa vez eu tinha certeza da inevitabilidade. Depois de presenciar aquele crescimento por tantas vezes eu já era quase um especialista em ataques de aliens. Eu tá tinha notado que não era na pele que nascia, como se fosse uma crosta de sujeira ou micose bacteriana. Não mesmo. Era a própria carne deles que virava aquilo. Eles não estavam sendo engolidos por árvores. Eram eles que estavam se tornando vegetais mutantes. A melhor maneira de poder resgatá-los era mexer neles o mínimo possível.
E a barriga da Irina (como eu já esperava que fosse acontecer também) começa a se expandir velozmente. Normalmente eu iria fugir já com os que sobraram. Mas dessa vez eu espero ali na frente com todos, quem sabe os ovos dela me dariam alguma informação útil de como proceder dali em diante.
Jackpot.
A Irina (ao dar a luz) expele de sua vagina (ou flor agora, era difícil precisar o que eu estava vendo) vários pólens pequenos como pelos ou poeira leve no ar, eram completamente diferentes dos ovos que tinham sido postos pela Yelena.
Pera aí.
Eles não parecem dentes de leão?
Droga.
- TODOS!!! CORRAM!!!
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