Era apenas mais um dia comum, fazer almoço, limpar a casa e esperar Ícaro que voltaria apenas às seis. Fui acender o forno do fogão quando percebi que o gás estava quase no fim. Torcia para conseguir concluir o almoço antes que o botijão secasse de vez porque eu detestava ter que parar o almoço no meio, vestir uma roupa decente e esperar que o seu Paulo trouxesse o gás.
mas não foi possível, apenas dois minutos após ter ligado o forno, o gás acabou, para meu desânimo. Vesti um vestido velho por cima da minha roupa íntima apenas para esconder a minha indecência e liguei para a mercearia do seu Paulo, senhor gentil que sempre fazia um esforço formidável para subir os quatro lances de escada com o botijão de treze quilos nos ombros.
Eu sempre tinha pena de ver o pobre homem se esforçar tanto e sempre lhe dava uma gorjeta na tentativa de compensar o excesso de degraus. Mas naquele dia, seu Paulo disse que não podia levar a encomenda.
— Recomendações médicas — disse ele, lamentando a desfeita. — Espere Elis, meu filho está chegando, vou ver se ele pode nos fazer o favor de levar o botijão até aí.
O telefone ficou mudo por um instante até que a voz rouca do seu Paulo voltou a falar.
— Sim, ele vai levar o gás. Em cinco minutos ele chega aí.
Aquelas palavras soavam como música nos meus ouvidos. Estava feliz por poder contar com a gentileza do seu Paulo, de outra forma, ia ter de esperar meu marido chegar cansado e lhe pedir para ir buscar um botijão na venda da esquina.
Em menos de cinco minutos, Paulinho apertou a campainha. Eram quatro enormes lances de escada até o quarto andar. Uma exercício e tanto até para ele que tinha o corpo treinado de academia e futebol.
Paulinho estava morto ao final da escadaria, mas ficou feliz quando me viu. Ele já me conhecia da academia, só não sabia que eu era a Elis, esposa de Ednardo.
Ele colocou o botijão no chão e me encarou.
— Eu não sabia que eram tantos degraus — disse ele.
— É uma subida e tanto — sorri. — Você pode me ajudar a trocar o gás, seu pai sempre faz isso por mim. Eu não consigo retirar o registro sozinha.
— Claro — disse ele — sempre faço o serviço completo.
O modo como ele me olhava me deixava bastante confusa. Pensei que talvez ele não tivesse notado que eu era casada, passei o dedo na aliança. Ele sorriu. Colocou o botijão no ombro e me seguiu.
Percebi que ele apreciava as minhas curvas enquanto vinha atrás de mim. Fiquei incomodada. Queria interromper aquela indecência imediatamente. Parei e abri caminho para o rapaz.
— Podes colocar ali — apontei.
Ele passou por mim e caminhou até o lado do fogão. Retirou o registro com extrema facilidade, depois realizou a troca.
Quando terminou, pegou o botijão seco e veio em minha direção. Parou bem perto de mim, senti o aroma do seu perfume. Abri espaço, mas ele não seguiu. Olhei para o lado como forma de indicar o caminho. Ele não se moveu. Não conseguia entender qual era a intenção daquilo. Seu corpo volumoso não permitia que eu saísse daquela situação. Ainda assim, forcei a passagem e senti a firmeza do seu corpo quando me lancei para fora do corredor.
Ele me acompanhou, colocou o botijão no chão e se aproximou perigosamente de mim.
— Vai à academia hoje? — Ele perguntou me olhando nos olhos.
Como assim, pensei. Que intimidade era aquela?
— Não sei. — Respondi secamente desejando me livrar daquela situação incômoda. Abri a porta e sai do caminho esperando que o rapaz passasse rapidamente para o lado de fora.
Mas ele se deteve. Não sei o que ele estava pensando, eu não queria saber. A única coisa que eu desejava profundamente era que ele saísse da minha casa o mais rápido possível, mas ele não saía.
De um modo atabalhoado e muito inesperado ele colou seus lábios nos meus e, quando percebi, a sua língua estava dentro da minha boca e as suas mãos subiam meu vestido, só pensava que a porta estava aberta e que algum vizinho poderia passar e ver alguma coisa. Mas antes que eu fizesse qualquer movimento a porta foi fechada.
Ele me imprensava contra a parede e passava a sua língua de um lado para o outro dentro da minha boca desenhando um oito. Meu vestido estava no chão e em um segundo meu sutiã estava em suas mãos. Eu sentia cheiro do seu perfume enquanto as suas mãos percorriam meu corpo. Eu queria continuar. Queria dar para ele ali, na minha sala. Queria ser fodida, mas nada daquilo estava certo. Eu era casada, certinha, só havia feito sexo com meu marido até então. Tinha que parar aquilo imediatamente.
Ele apertava a minha bunda com as suas mãos fortes. A calcinha já descia pelas minhas pernas. A minha boceta estava exposta à mercê da suas vontades.
— Pare, agora.
Enfim tive forças para interromper aquela loucura. Sai do seu raio de ação. Ele olhava meu corpo nu sem dizer palavra alguma. Protegi meus seios com um dos braços e me virei de costas.
— Quero que você vá embora, agora. Vá e não volte mais.
Ele recolheu o botijão de gás e se foi.
Eu me sentei numa cadeira e fiquei pensando no que havia acontecido. Ainda sentia a pressão do seu toque na minha pele, nos meus seios, a sua língua na minha boca. Senti que a minha boceta estava encharcada e desejei aquele homem.