3 ANOS DEPOIS
Aah, desisti de contar os 3 anos ouvindo o NÃO de Lucas.Aaa, vou pular pra parte boa logo, me deixe. Não quero sofrer de novo.
Esses três anos, serviu pra nos aproximarmos como amigos, amigos que sentiam ciúmes um do outro pra Carai, mas amigos. Foi anos que Lucas e eu trabalhamos a questão da sexualidade ,a aceitação aconteceu aos pouco.Depois daquele dia do banheiro, nunca mais tínhamos ficado juntos. Ficávamos com mulheres, eu com alguns homens. O QUE? Tinha que aprender. Treinei muito por sinal, sempre fui pimbão. Me deixe, todo mundo tem passado. Mas conversávamos todos os dias e sempre nos víamos na saída da escola. Sempre esperava ele sair, trocavamos olhares e cada um ia pro seu canto. Foi anos que mesmo que não estávamos fisicamente juntos, nos ligamos intelectualmente e amorosamente. Eu amava ele, aprendi a amar a bondade, empatia e fé dele, mesmo seu jeito orgulhoso de ser.
Descobri que ele tinha ambições e que ao contar as minhas ambições de crescer ele nunca ria, nem julgava só me ajudava a criar estratégias. Sempre falando " Tem tudo pra dá certo Carlinhos ".Foi os anos que ensinaram pra ele que eu me mostrava forte, mas era facilmente magoado. Que ele percebeu que o sentimento, ciúmes, era frequente quando o assunto era ele. Mas não era exatamente ciúmes, era cuidado.Foi nesses anos que ele se negava a ceder e permitir que ficássemos, que nos apaixonamos, que crescia a vontade de ficarmos juntos. Claro que foi anos que sofremos muito, o medo da intolerância, a vergonha por está em pecado, como a instituição religiosa insistia sempre em falar, a insegurança. Esses anos foram anos que começamos a traçar planos e projetos. Foi os anos em que eu decidi que eu iria me jogar no amor do Lucas, e que quando eu chegasse no céu eu me acertaria pessoalmente com Deus.
E quando decidi isso, decidi que ia ter que fazer um ultimato para Lucas. Era o tempo dele decidir, se iria embarcar nessa comigo, ou me deixaria livre para ir pro outros caminhos. Lembro que fiz uma oração implorando, para que dessa vez a resposta dele fosse SIM, e ele fosse meu e DEUS ME AMA tanto que ouviu.
LUCAS
Hoje teria um Show ao vivo no bar oratório, estava animado para ir. Era quase certeza que Carlinhos estaria, assim poderia vê-lo. Acho que minha vida se resumia a esperar pelos momentos que iria o vê em algum lugar, mesmo que raramente conversávamos, eu gostava de está no mesmo lugar que ele. Exceto, quando ele estava ficando com alguém, eu sentia uma dor enorme no meu coração, vontade de chorar e de bate nele, depois que eu percebi que eu sentia isso, eu parei de ficar com as meninas perto dele, e acho que ele estava observando isso, porque também parou de ficar com meninas na minha frente. Tem dias que só de conversar no msn com ele já mata a saudades e me deixa feliz, hoje não era esse dia, a saudade dele estava machucando. Eu queria tanto deixar o medo de lado e aceitar quando ele pedia pra ficar comigo, mas eu não conseguia. Eu morria de medo de um dia ele se cansar de correr atrás, meu coração apertava só de pensar nisso.Eu estava inquieto, ele sumiu o dia inteiro e era raro ele não me mandar msg durante o dia. — Babal, quem vai no Oratório hoje? - Perguntei gritando pro meu irmão.
— Todo mundo, vai tá bacana demais hoje. -Respondeu sem responder o que eu queria.
Me arrumei e estava pronto, fui olhar pela milésima vez se ele tinha me enviado msg, e a resposta era não. Meu coração até bateu descompassado por uns momentos, será que ele cansou de esperar? —Por favor Deus, por favor. Faça com que ele não tenha desistido de mim. - Eu orei, essa parte do "pecado" eu já superei, Deus não teria me feito assim, para Ele me desprezar. O que me mantinha amarrado era o medo da reação das pessoas, de Voinha. Afastei esses sentimentos e chamei Babal, estava ansioso pra ir.
Chegando lá estava lotado, e estava tocando calcinha preta, já fiquei animado. Entrei olhando ao redor, procurando ele. Quando chegamos na mesa, estava Maxsuel, Roninho, Verinha, Bubu e uns meninos que não lembrava o nome. Todo mundo tomando cerveja, não me fiz de rogado, peguei uma. Apesar que Carlinhos me olha com uma cara de julgamento quando me vê beber muito. Mas, uma cervejinha só não faz mal. Estava conversando com os meninos, quando sinto alguém atrás de mim.