Dentre os diversos jogos a que nos dedicávamos naquele verão, a bolinha de gude era para mim uma verdadeira paixão. Paixão não correspondida. Porque, como jogávamos “pra valer”, eu vivia perdendo as minhas preciosas bolinhas e precisava pedir dinheiro ao meu pai para adquiri-las no comércio. Nem sempre ele dava. E me repreendia por perder sempre no jogo. “Vê se aprende a jogar!”
Ao contrário de mim, Jorge, o mais velho dos garotos que participavam da brincadeira, sempre ganhava. E tinha um vaso cheio de bolinhas coloridas, que me fascinaram, quando ele me levou ao seu quarto, na parte de baixo da casa construída num declive do terreno.
Eu tinha perdido todas as minhas.
— Quer ganhar algumas? — perguntou ele.
Pelo seu tom de voz, pressenti que lá vinha sacanagem. E sacanagem era coisa a que eu era habituado desde cedo, quando morava em outro bairro, onde as brincadeiras sexuais haviam evoluído do esfrega-esfrega para o sexo oral e anal. (Qualquer dia conto essa parte da história.) Ao dizer que sim, eu sabia estar concordando com a condição que veio logo a seguir.
— Ganha duas bolinhas se bater uma pra mim.
Não hesitei. Sentado em sua cama, segurei com firmeza a pica que ele me apresentou e me pus a masturbá-lo com o conhecimento que eu tinha do assunto. “Está bom assim?” eu perguntava. Ele respondia que sim. Até que ele gozou, esparramando seu esperma em meu peito. Sorte que eu estava sem camisa.
Limpando-me com a toalha que ele pôs em minha mão, saí saltitando de alegria para voltar ao jogo, onde logo perdi as duas merecidas bolinhas.
Ele assistia da janela, enxugando os cabelos de um banho recém-tomado.
Fui até ele.
— Já sei — disse ele. — Quer mais bolinhas, né?
Novamente lá estávamos os dois em seu quarto. Eu, na mesma posição. Ele, em pé à minha frente, livrou-se da toalha que trazia cingida à cintura. Então, acariciando e admirando a bela pica de pele branca e glande rosada, fiz a minha proposta:
— Quantas ganho se eu chupar?
— Quatro! — entusiasmou-se.
— É pouco — contrapus colocando na boca seu pau recendendo a sabonete.
Fazia tempo que eu não chupava, achei uma delícia. Dando-lhe uma mostra do grande prazer que o aguardava, aumentei o prêmio.
— Por dez bolinhas, eu continuo — propus.
Ele concordou e gemeu de prazer enquanto eu me esmerava, usando toda a técnica adquirida com meus iniciadores no outro bairro. Deslizava a pica por meus lábios e língua, indo fundo, até sentir os pentelhos de Jorge titilarem meu nariz. Ao gozar, ele emitiu um grunhido resultante do enorme prazer que eu lhe proporcionava.
Engolindo todo o seu leitinho, observei o pênis reluzente da minha saliva, achei que era a sua primeira vez. Perguntei.
— É — confirmou. — Nunca ninguém tinha me chupado.
— Já comeu um cuzinho? — inquiri.
— Assim... de enfiar mesmo, ainda não — respondeu.
— Amanhã eu te dou — disse eu. — Mas em troca de vinte bolinhas.
Novamente no jogo, novamente perdi tudo.
Mas não me preocupei.
No dia seguinte, por volta das cinco da tarde, banho tomado, vestido de bermuda, passei pela rapaziada que jogava, fui ao seu encontro. Ele estava à janela, ansioso.
No quarto, ele logo se desnudou, mostrando a pica dura, que peguei e acariciei com a satisfação que o ato me proporcionava. Em seguida, fiquei também nu e me deitei na cama de bruços. Pernas bem abertas, senti seu peso sobre mim e a dureza que procurava às cegas meu orifício. Recordei as primeiras vezes, a dor inicial, a satisfação final.
Eu queria a penetração.
Mas Jorge, inexperiente, precisou de ajuda.
Estendendo o braço, segurei seu pau, coloquei-o na posição certa. Jorge forcejou, meu cuzinho se abriu, o pau entrou deliciosamente. Entrou todo. Gemi de bem-estar.
— Está doendo? — perguntou.
— Não...
Ele deixou o membro inerte uns poucos instantes, a fim de usufruir as doces sensações de tê-lo todo alojado em minhas carnes macias, depois se pôs a movimentá-lo. Eu ronronava de satisfação. Como era bom!
Mas o bom dura pouco. Após algumas idas e vindas, a pica inchou e Jorge gozou com um curto gemido. “Fica um pouco assim”, pedi quando ele fez menção de se retirar. Porque era maravilhoso sentir dentro de mim aquela carne sensível que, finalmente, deslizou para fora, amolecida.
Quando cheguei em casa, as bolinhas de gude tilintando nos bolsos, meu pai comentou:
— Então hoje você ganhou no jogo?
— Aprendi a jogar — respondiEste relato foi revisado por Érika. Leia seus livros, assinados por L. Nobling, no link seguinte:
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