O quarto não era tão claustrofóbico quanto eu pensava e quando digo isso, estou me referindo a uma coisa que poderia muito bem ser melhor.
O quarto era um quadrado com um pouco de pelo menos 7 metros por 5, uma cama grande estava posta no fundo do quarto, uma janela que abria para o lado de fora e um ar condicionado central, e um armário de palete do outro lado do quarto, uma porta pequena que dava para o banheiro. Olhei a cara do zelador me encarando com desprezo.
“Vai ser isso para gente? - encarei o zelador.”
“Claro! Ou você quer o que? Esse é o último quarto da escola, ou vai ser isso ou vai ser jogado na floresta. - Dylan me encarou e sorriu debochado, ele era um senhor de meia, de cabelos grisalhos e olhos cinzas, ele tinha barba falha, sem cabelos na cabeça e sorriso amarelo, usava um uniforme cinza um macacão. - Entre e arrume tudo.”
“Arrumar o que? Que não tem nada. Só vou ter que colocar minhas coisas e o que? Uma rede? Porque a cama eu não vou dividir com Thyago. - Resmunguei muito ácido.”
“Realmente não vamos dividir, ou você dorme comigo ou dorme no chão. - Ele sorriu nem um pouco satisfeito com a ideia. - Dylan, vou trazer certas coisas para cá e você vai buscar, te dou uns trocados depois.”
“Trazendo minhas bebidas e meu cigarro, conversamos. - Ele encarou o rapaz e trocaram soquinhos.”
“Nem morto que vou dormir com você. A culpa de tudo isso é sua, então você vai dormir no chão, ou melhor, tem armadores de rede e você pode colocar. - Sorri e olhei para ele, Thyago encarou o quarto com as mãos na cintura.”
“Se vamos ficar juntos nessa, eu vou fazer algo que melhore esse quarto. - Ele me encarou e sorriu. - Bem, vou fazer isso como missão de paz, por enquanto. Não somos amigos e muito menos temos tempo para isso. Topa?”
Olhei desconfiado para Thiago e apertei a mão dele.
“Me de algumas ideias para arrumar o quarto. Preciso que me ajude a ter algo de bom dos dois aqui. - Thyago comecou a pensar.”
“O que você fez? Ou melhor o que alguem soube para você estar assim? - Perguntei sentando na cama, que céus precisamos de uma cama nova.”
Thyago não me olhou, nós éramos inimigos jurados de morte, mais por incrível que pareça, eu sabia quando algo frustrava ele, suas sobrancelhas sempre arqueava, ele sempre ficava inquieto, suas mãos não parava quieto. Como agora
“Somos inimigos jurados de morte desde do nono ano, te conheço senhor imbecil. - Resmunguei o fazendo me encarar. - Me conte. Não que isso vale a pena ouvir, mas gosto de pelo menos saber com quem vou ter que dividir o quarto e quais problemas podem me acarretar com a bagagem. Não quero meninas ou meninos aqui, muito menos para fazer seco e não vou sair daqui para ter seus prazeres.”
“Não vou fazer disso aqui um puteiro, pelo menos eu tenho a audácia em levar meus ficantes para um outro canto. Diferente de você com meu primo, que aposto que ele está perdendo muita coisa por causa de você! - Thyago se sentou no lado oposto em cima do palete construído Para ser um guarda-roupa.”
“Felipe? O que tem ele?”
Thyago soltou o ar e sorriu sarcasticamente, vendo minha preocupação e urgência nas palavras. Ele se deliciou.
“Felipe é cobrado demais pelos meus tio, sendo filho único, e nunca foi visto como nenhuma namorada ou namorado. Não que nossa família se importa com isso, eu mesmo já tive namorados. - Thyago se levantou e foi abrir a janela. - Felipe é ainda um lembrete que todos na família tem transtorno psicológicos e que todos precisamos de uma terapia urgente.”
“Disso concordamos, você principalmente com seus ataques de raiva, mudanças de humor e picos de tristeza em seus olhos. Mas parece um garoto com esquizofrenia e depressão. - Disso um pouco ácido aos ouvidos de Thyago.”
“Todos temos doenças e defeitos que amplificam isso no nosso dia a dia, então não vem se encher com graça, que você também me parece um garoto que sofre de Estocolmo, amando Felipe que não lhe ama, gostar de brigar comigo e aceitar a passar o ano grudado comigo nesse quarto. E sempre a dar bola para aqueles que não estão nem aí Nicolas, você me disse que me conhecer. - Ele sorriu seco. - Mas a verdade que te conheço muito mais, que sei seus movimentos e como as vezes é tão previsível que não ver o que está a sua frente. Era de se esperar coisas maiores para alguém com sua inteligência. Mas, sempre temos nossos fracassos pessoais.”
Eu iria rebater, iria dizer que ele estava errado e matar sufocado essa tese, mas não consegui. Algo dentro de mim dizia que ele tinha razões em algumas coisas. Dylan bateu na porta do quarto e avisou.
“O carro está pronto, precisamos que vocês se mande agora. - Dylan disse tirando o cigarro da boca e voltando para o corredor.”
O primeiro destino que fomos, era a casa de Thyago. Ou a vila dos Wu, sim era uma vila. O casarão tinha um muro alto com trepadeira enfeitando todo o mesmo. A casa era uma vila, porque a central dela parecia um banco, com uma grande escada de mármore branco e colunas gregas antigas. Indo aos lados da casa, pequenas construções que se juntavam em fileira da direita e da esquerda, mas todas interligada para se forma apenas um U enorme.
A vila dos Wu era casas em estilo chinês antigo, seu formato era bonito e madeira usada para criar a mesma. Só apenas o centro da casa que mais parecia um banco.
O grande casarão eram em tons de vermelho, preto, azul e muitos detalhes da China. Parecia mas uma província da mesma.
Olhei bem sério Thyago e ele não me encarou, apenas ficou olhando para a casa. Mas parecia que aquilo estava vazio, com um ar de cemitério, calado e sinistro demais.
“Meu pai construiria isso por causa de minha mãe e fez um jardim enorme, como se fosse o jardim da babilônia por causa de meu irmão morto. - Ele se sentiu culpado de ter falado aquilo e fechou a cara de novo.”
“Dever ser bonito fazer isso por alguém que você ama. - Comentei ao ver que tínhamos parado.”
“Deve ser mesmo. Diz isso para o louco que vamos falar com ele. - Thyago saiu e me esperou no lado de fora do carro.”
Quando olhei bem para o senhor a minha frente, eu sabia que ele estava fudido. Em cima das escadas, estava um cara de óculos escuros, de cabelos cortados retos e barba por fazer. Seu maxilar era torto e ele tinha uma cicatriz que vinha de um ponto da sua testa até o queixo, ele usava camisa de punhos e calcas social com suspensorios. Ele estava ao lado de alguns caras e uma mulher que me encarou e sorriu para Thyago.
Ela conversou algo com o pai de Thyago e ele torceu o rosto em reprovação ao filho.
“Vou te salvar dessa, mesmo querendo te matar. - Cochichando para ele.”
“O que? Não preciso disso, Ícaro teve o que…”
Olho torto e firme para Thyago e ele engoliu em seco, peguei a mão dele e entrelacei seus dedos nos meus.
“Se eu te salvar, vou querer cinco mil reais na minha conta amanhã.”
Antes dele protestar algo, eu ouvi a voz do senhor Wu dizendo o nome de Thyago com desprezo.
“O bastardo voltou para casa. Bem, Taozi, está na hora de me contar o que devo fazer para meu filho que está sendo a vergonha da família. - O pai do menino muito menos deu bom dia, perguntou como ele está, ou etc. Bem, ele merece isso. Ele procurou tudo e estava me deliciando com tudo isso.”
Thyago se reverenciou para o pai e ficou naquela posição até o pai falar algo em chinês que deveria ser levante-se ou outra coisa.
Thyago o encarou e a mulher ao lado do pai sorriu de uma forma despretensiosa para Thyago, e meu tico e teco começaram a bater. Ela era bonita, seus cabelos eram loiros ondulados, ela tinha pernas grossas, deveria malhar, seus rosto era perfeitamente com maquiagem. Seus olhos eram como de gatos, e seus sorriso era uma linha debochada em seu rosto redondo.
“Vejo que ele trouxe um amigo, ou…”
“Prazer senhor Wu, sou o novo namorado do seu filho, me chamo Nicolas Santos.”
Thyago quase se engasgar com o que eu disse e logo sorriu de forma descontraída. Ele não iria dançar fora do ritmo, ele não era louco o bastante.
O pai de Thyago não disse nada e se virou, para entrar na casa. “Está esperando o que? Vamos entrar, e me conte mais sobre seu namorado, pequeno Wu.”
A garota sorriu e andou atrás do pai do garoto e alguns dos homens entraram juntos.
“Você e louco o que? Namorado? Não tinha outra coisa sei lá? - Disse Thyago chegando perto e dando menções para me beijar.”
“Estou salvado sua vida. E sei o que estou fazendo. E outra não estou fazendo isso de graça, você vai me pagar pelo serviço, sou mais inteligente que você Thyago. E vou te provar conquistando seu pai.”
A casa dos Wu era bonita é isso eu tinha que admitir, tudo em porcelana e tudo muito bem arrumado, me sentia um próprio senhor feudal nos tempos da China imperial. Os empregados usam roupas modernas, mas se reverenciavam quando Wu pai e Wu filho passavam.
Shownu era conhecido por ser um dos empresários que mais lugar no Brasil e no Exterior, com suas construções de casa sustentáveis e ambientalista. O pai de Thyago se sentou no sofá grande e pediu uma bebida e logo em seguida tirou os óculos, um grande olho leitoso se mostrou, ele estava cego do lado direito.
“Sua casa é muito bonita. - Comentei quebrando o gelo.”
“Minha casa era para ser uma construção em W mais saiu apenas um U gigante. Isso que dar mandar fazer outras pessoas o seu trabalho. - Ele tinha uma voz aguda demais para meu gosto. - Recebi a ligação do diretor um pouco mais cedo, e me der um bom motivo para não lhe matar agora.”
Ele ajeitou algo na cintura e não queria saber se aquilo poderia ser seu pau ou uma arma. Thyago estava tremendo e gago, ele não conseguia dizer nada. Deuses, ele não sabe nem mentir?
“Bem, a culpa de tudo isso foi um desesperado desentendimento, alguém tinha falado mal de Ícaro e Thyago foi tomar certas providências. Logo em seguida ele bateu no Irmao, porque não aceitar dele ser muito pacífico.”
Shownu ergue uma das sobrancelhas e quase pego a mania de Thyago de gaguejar.
“Não foi o que eu ouvires. Porque nao me conta o que aconteceu filho?!”
Aquilo não era uma pergunta e sim um ultimato. “Bem, pai, como Nicolás disse, eu tinha me explodido por causa de um rapaz que gritou com meu irmão, eu não deixaria isso sem retaliação, e também sobre Ícaro, ele precisa…”
“Ícaro está sob meus cuidados, como prometi a Thyago, eu sou o representante do Grêmio da escola, e estou colocando um ordem em bullying na escola. O que aconteceu com Ícaro não vai mais acontecer com ninguém, fora que senhor Shownu, estou controlando seu filho aqui.- Forcei um sorriso e tentei pensar em algo muito mais convincente do que isso.”
“Não foi isso que recebi de seu diretor. - Ele bebeu um pouco do líquido que tinha no copo. - Conheço como meu filho é e o relacionamento de como é com seu irmão.” Shownu encarou o filho com certo desprezo. “Eu avisei tanto a minha esposa que precisávamos criar nossos filhos melhores, mas ela nunca me ouviu. Agora tenho não tem mais minha esposa, não tenho mais meu filho e o que me sobrou? Dois garotos que não prestam muito para algo.”
“Shownu, eu sou seu filho. Seu filho de sangue, como meu irmão foi e ainda me trata como seu eu fosse um garoto de 4 anos fazendo besteira. Eu sou inteligente, e até a mais que você, já fiz meu nome naquela escola e tenho Contatos para trabalho. Eu faço tudo que você quer, e ainda por cima não é o bastante. Fora que você só trouxe Ícaro para essa casa so para trazer a lembrança de meu irmão de volta. - Thyago estava enfurecido. E eu precisava fazer algo, ou ia perder cinco mil reais.”
Respirei fundo e entrei na briga dos dois.
“Senhor Wu, com todo respeito. O que meu lindo namorado está dizendo ou tentando dizer é que ele tentou fazer de outra forma a salvação de Icaro. E ele pode ter um temperamento forte e isso eu conheço bem, mas ele está mudando. Não é mesmo Thyago? Está indo mais vezes na terapia e até eu estou o acompanhado. Felipe está fazendo terapia junto com ele.”
O olho bom de Shownu me encarou. Se deveria saber que Felipe era o gênio daquela geração e que até Shownu gostava do sobrinho, e queria no fundo que o filho fosse mais parecido com ele. Obediente e calmo, mas ele sabia que Thyago jamais seria assim.
“Ele me contou sobre a sua esposa, que Deus a tenha. - Anda mente, me ajuda aí. - Que ela sempre se cobrava e sempre queria o melhor para seus filhos e vejo muito nisso em Thyago, o rapaz só tem esses transtorno, porque se cobra. Cobra para ser perfeito como a mãe foi, como ela ensinou ele. Como até mesmo o senhor ensinou. Thyago apenas anda se cobrando mais ainda, eu tenho supervisionado suas idas a terapia e os remédios que ele tem comprado. Não queremos que ele surte, como foi no ano passado. - Eu sorri, ele olhou por milésimos de segundos de uma forma mais tranquila. Como ficasse preocupado com o filho.”
Shownu encarou o filho como se ele fosse um cachorro que foi jogado da mudança. Ele se levantou e pediu para que o filho fosse com ele, me deixando ali sentado naquele belo sofá e tomando meus belos drinks.