Capítulo 27
O rapaz levantou do chão tentando conter o sangue do nariz com as mãos, enquanto Rafael tentava segurar Jonas.
_ Por você não me disse que tinha namorado, Matheus?
_ Porque eu não tenho. Esse aí é um louco! Doente!
_ Papelão ridículo da sua parte vim até aqui no meu bar com esse babaca para me provocar.
_ E qual é o problema, hein? Isto aqui é um lugar público. Nós somos clientes e você deveria nos servir e não nos agredir.
_ Matheus, por favor, não piore as coisas. Vamos nos acalmar e conversar lá dentro. Tá todo mundo olhando._ pediu Rafael.
As pessoas em volta olhavam, umas espantadas e outras rindo.
_ Eu não tenho nada para conversar com vocês. Aliás, vou processar esta espelunca por agressão ao cliente.
_ Você é um ridículo mesmo. Como se atreve a vir aqui me provocar? Vocês estão achando que eu sou algum palhaço?
_ Olha cara, eu não quero confusão._ disse o rapaz assustado.
_ Não quer confusão e veio no meu bar para pegar o meu namorado?
_ Eu já disse que não sou mais o seu namorado. É incrível como você não tem vergonha na cara. Me traiu com o meu próprio primo e ainda se acha no direito de me cobrar alguma coisa.
Matheus não havia comentado sobre Jonas para o rapaz e por isso ele se sentiu usado pelo menino.
_ Vocês resolvem a situação de vocês aí, que tô fora.
O rapaz saiu correndo.
_ Ivan, espere!
Matheus tentou ir atrás, mas Jonas o segurou.
_ Aonde você pensa que vai? Vamos conversar.
Matheus arrancou o seu braço da mão de Jonas.
_ Eu não tenho nada para conversar com você. Tu nunca mais olhe na minha cara e muito menos me dirija a palavra.
_ Se você não quisesse falar comigo ou me vê não teria vindo aqui me fazer ciúmes. E vamos combinar que nem teve a decência de fazer isso com um cara pelo menos apresentável.
_ Ele é muito melhor do que você. Muito mais homem na cama. Não deixa a desejar em nada, já de você não posso dizer o mesmo.
_ Você sempre gostou. Gemia e gozava pra caralho.
Matheus deu uma gargalhada.
_ É feio mentir, Jonas. Eu estava cego de amor, por isso me sujeitava a transar com um cara que fodia mal. Mas não há problemas. Eu vou dar pra geral desta cidade para correr atrás do prejuízo.
Jonas ficou furioso com essas palavras de Matheus e tentou agredi-lo. Mas foi detido por Rafael.
_ Jonas, já chega!
Matheus balançava os ombros e cabeça , cruzando os braços para provocar.
_ É bravinha ela. Quer pagar de machão. Quero vê se homem na cama.
_ Você é um despeitado isso sim. No fundo está morrendo de raiva porque eu comi o Bruno. Você pode falar o que quiser. O Bruno mesmo não reclama.
Jonas havia perdido a racionalidade. Só pensava em devolver as ofensas. Contudo, não era a sua masculinidade questionada por Matheus que o irritava e sim o fato de Matheus está com outro homem. Isso o feria por dentro.
O loiro ficou extremamente ofendido com a citação de Bruno na briga. Sentiu tanto ódio de Jonas, que quebrou uma garrafa de cerveja na quina da mesa e partiu para cima de Jonas.
_ Desgraçado! Traíra, filho da puta!
Os seguranças o deteu, o segurando e retirando a garrafa.
_ Me solta!
_ Ficou com raivinha, Matheus? É bom provocar né?
_ Eu te odeio, Jonas. Não sei como um dia pude gostar de você, seu nojento.
_ Você ainda gosta. E gosta muito. Caso contrário estaria ligando o foda-se pra mim. Mas não, veio até aqui me provocar ciúmes e aproveitar para me vê. _ Jonas disse sorrindo._ Mas tudo bem, amorzinho. Eu também gosto de você.
_ Me solta! _ Matheus disse se debatendo nos braços do segurança.
_ Pode soltar ele.
O segurança obedeceu o patrão. Jorge veio da cozinha.
_ Mas que porra é essa que está acontecendo aqui?
_ Você vai me pagar! Você e o seu amante! _ Matheus ameaçou Jonas apontando o dedo indicador.
_ Eu sei que isso é saudade da minha rola. Mas não precisa fazer isso para chamar atenção, é só ligar que vou correndo.
_ Vai pra puta que te pariu, cafajeste!
Matheus saiu do bar revoltado e o sorriso cínico de Jonas se converteu numa expressão séria.
_ O que vocês estão olhando? O show acabou.
_ Quem diria, hein meu filho. Quando você descobriu que eu tinha duas famílias, você ficou todo revoltado. Agora tá aí namorando dois.
_ Vai a merda, pai!
Jonas correu para o estacionamento e acendeu um cigarro. Estava fora de si de tanto ciúme.
_ Que merda! Porra!_ gritou chutando o carro.
Na manhã seguinte, Olivia, ainda sonolenta se espantou ao vê a mãe acordada sentada no sofá olhando para a janela da casa. Seu olhar estava vago e a mulher estava pensativa.
Lúcia não tinha o hábito de acordar cedo. Muito pelo contrário, ela odiava. Para Lúcia o dia só começava depois das onze horas da manhã.
_ Deu formigas na sua cama, mãe?
_ Filha, eu preciso mandar uma mensagem para a sua tia Carmem, mas o meu celular deu pau. Não quer funcionar de jeito nenhum. Você poderia me emprestar o seu?
_ Tudo bem. Mas seja rápida, senão eu vou me atrasar para ir à faculdade.
A mulher entregou o celular a mãe, desbloqueando e foi tomar banho.
Lúcia procurou pelo número de Bruno e anotou no próprio celular, que ela havia mentido que escangalhou. Mandou uma mensagem para a irmã Carmem para manter a farsa.
Gustavo se preparava para ir almoçar. Estava exausto por causa do calor e dos problemas da administração do colégio. Ficou aborrecido com a sua secretária que interrompeu a sua passagem.
_ Seu Gustavo, tem uma mulher aí fora querendo falar com o senhor.
_ Se ela quiser que espere. Diga que já fui almoçar.
_ Mas ela disse que era urgente. Era sobre a Gabriela López.
Gustavo arregalou os olhos. Sentiu a raiva dominar o seu corpo.
_ Mande a mulher ir até o meu escritório.
Gustavo retornou ao escritório. Andava de um lado para o outro para aliviar a ansiedade.
Lúcia entrou sorrindo, retirando os óculos escuros.
_ Quanto tempo, hein Gustavo.
_ O que você quer?
_ É assim que você recebe uma velha amiga? Cadê o café? O abraço? Afinal, faz oito anos que não nos vemos.
_ Eu não tenho tempo a perder. Me diz logo o que você quer.
Lúcia sentou na cadeira de Gustavo e começou a girar sentada.
_ Eu não tenho dinheiro. Já dei o suficiente.
_ Ah, não minta pra mim, seu danadinho. Eu vi o seu carro novo e a sua escola vai indo muito bem. Mas eu não vim falar somente sobre isso. Vou direito ao ponto. O seu filho voltou a ter um caso com o meu. E você, Gustavo, ficou de afastar os dois de uma vez por todas.
_ Eu cumpri com a minha parte. Não tenho culpa se eles voltaram.
_ Mas você é a única pessoa que pode desfazer isso. Eu não sei que método usou há oito anos, mas funcionou. Quero que faça novamente, mas que desta vez seja eficiente.
Gustavo pôs as pontas dos dedos no nariz e fez os olhos. Estava farto de ser chantagiado por Lúcia. Olhou para o pescoço da mulher, e num momento de devaneio, imaginou-se apertando-o com as próprias mãos, vendo a mulher sufocar até vê a vida ir embora do seu corpo.
Contudo, o colégio estava cheio de gente e seria difícil se livrar do corpo.
_ Espero que não falhe desta vez ou todo mundo vai saber o que você fez com a minha filha.
Gustavo arregalou os olhos e socou a mesa.
_ Não adianta dar chiliques! Eu fiz a minha parte. Nem o pai dos meus filhos soube o que você fez. E você foi um incompetente para executar uma tarefa tão simples?! Por que não mandou o Bruno para fora do país?
' Eu tenho os diários de Gabriela e as cartas que você enviou pra ela. A Gabriela era uma menina e você um homem. Era o professor dela. Mesmo que o crime já descreveu, isso seria muito ruim para a imagem da sua escola. Ainda mais pelos traumas que deixou na menina, fazendo com que ela tirasse a própria vida. '
_ Eu te paguei muito bem na época. Te dei a porra do dinheiro que me pediu. Até quando vai me perturbar com essa história?
_ Separe o Bruno do Jonas. E me faça um cheque de dez mil reais. Isso vai segurar o meu silêncio por um bom tempo.
Gustavo pegou o talão de cheques e assinou. Jogou no rosto de Lúcia.
_ Eu não tenho contato com o Bruno. Você tem algum endereço ou telefone em que eu possa falar com ele?
Lúcia entregou o número num papelzinho dobrado.
_ Aqui está. Você tem uma semana.
_ Espero que depois de eu resolver isso, você nunca mais me procure.
Lúcia olhou para o cheque sorrindo.
_ Foi um prazer fazer negócios contigo.
A mulher saiu e Gustavo fechou a porta com força. Abriu a gaveta e retirou o revólver calibre trinta e oito.
_ Eu já estou de saco cheio dessa história de Gabriela. Está na hora de acabar com isso de uma vez por todas.