Depois de eleito o meu patrão disse que os nossos encontros sexuais seriam em um motel em Bauru, teríamos mais conforto, segundo ele. Captei a mensagem: o vereador não queria mais correr riscos abusando de mim na garagem de sua casa.
— Eu ainda não tenho idade para entrar num motel.
— Não tem problema, o dono é um velho conhecido e me deve dinheiro e favores.
***
Na semana seguinte, em nossa segunda visita ao motel em Bauru, o coroa havia optado pelo pernoite. Precisei contar mais uma das minhas mentiras aos meus avós para poder dormir fora. Eu não queria nem imaginar a reação do vovô se ele soubesse que na verdade eu passaria a noite na cama com seu amigo, e mais uma vez seria obrigada a abrir minhas pernas pra ele. Aquela chantagem abusiva era a cruz que eu tinha que carregar, no entanto, ela tornou-se lucrativa após as eleições. Eu recebi um presente em nossa primeira vez no motel: um colar curto de prata com um pingente. Nesta segunda visita ele me deu uma tornozeleira também de prata. Ambos os presentes são semijoias e de baixo valor, mas pelo menos não são apenas bijuterias. Talvez a generosidade do coroa fosse por estar sentindo algum peso na consciência. Só não gostei é que ele deu a entender que me prendeu pelo pé e pelo pescoço. Estava me sentindo uma cadelinha.
Continuei fazendo a minha parte e procurei dar o meu melhor naquele encontro, tinha meus motivos pra isso. Fui carinhosa o presenteando com um boquete animal que o fez uivar de prazer ao gozar em minha boca. Fui envolvente tirando minha roupa e dançando sensualmente. Recebi seu aplauso por meu striptease bem sacana. Transformei-me na personagem mais fogosa e impetuosa ao sentar no seu pau e cavalgar subindo, descendo, rebolando, gemendo e gritando como uma insana. Ele gozou e ficou ofegante, mas seu pau continuava rígido que só. Eu continuei bancando a enlouquecida quicando, mexendo meus quadris sem parar e pedindo pra ele bater na minha bunda, me chamar de puta, vadia, vagabunda. O homem me obedecia, ele estava dominado. Senti que era a dona da situação e continuei imprimindo um ritmo exagerado àquela atividade sexual.
Por fim ele gozou novamente, era a segunda sem tirar de dentro e sem pausa para respirar. Percebi seu tremendo esforço para chegar nessa última gozada, o coroa estava passando mal. Só de sacanagem eu saí de cima dele e fiquei de quatro sobre a cama. Fiz cena implorando que me pegasse por trás.
— Vem amor, põe na minha bunda, por favor, veeem!
Ele fez uma expressão de dor, disse que precisava respirar um pouquinho e logo estaria bem. Virou pro lado. Aproveitei para ir ao banheiro.
Quando voltei minutos depois o tiozão estava dormindo. Em outros encontros eu teria achado ótimo, mas naquela noite havia planejado manter o coroa ativo por mais tempo, mesmo que para isso eu tivesse meu rabo arregaçado por aquele pau grosso.
Joguei-me na cama de propósito para ver se ele acordava… Nem se mexeu, tinha apagado mesmo. Ainda fiz algumas graças mexendo com o tio, mas nem cócegas ele estava sentindo. Eu adormeci também.
Já era dia quando acordei de um sonho em que o seu Reginaldo havia morrido. Ao olhar do lado… “Ai meu Deus! Que pesadelo. Este homem ainda está vivo!?”. Pensei desanimada ao vê-lo dormindo ao meu lado. Ainda estava pelado e descoberto. Chamei por ele uma, duas vezes e o traste nem resmungou mesmo após eu dar um tapinha na sua bunda. Sentei na cama e peguei em seu ombro o balançando. Putz! O homem estava tão pálido que até assustava. Dei outras chacoalhadas chamando por seu nome… Nada. Caralho, bateu um medo! “Será que o coroa morreu mesmo?”. Pensei sentindo um misto de preocupação e um alívio pela suposta libertação. Fiquei observando por um tempinho e percebi que ele não respirava. “Calma, Mila, muita calma!” Falei comigo mesma. Precisava manter a cabeça fria para fazer tudo como já havia planejado.
Depois de ter certeza de que ele bateu as botas, dei uma geral na suíte, me arrumei, e só então liguei para a recepção. Disse que precisava falar com o gerente. Depois que ele me atendeu eu solicitei a presença do dono do estabelecimento, comentei que o seu Reginaldo exigia a presença dele em caráter de urgência e só falaria se fosse com ele, pois era de extrema importância e muito particular. Educadamente insisti no meu pedido sem revelar a morte do homem. O gerente do motel foi o único que presenciou nossa entrada, em razão de não passarmos pela recepção, usamos a garagem privativa do proprietário. Fiquei aguardando a presença do chefe.
Quando ele chegou eu pedi que entrasse sozinho no quarto. O homem ficou transtornado ao constatar o óbito. A morte do seu Reginaldo em seu motel lhe traria um monte de problemas. E o seu estabelecimento poderia ser fechado se viesse a público que eu ainda não tinha 18 anos.
— Algum dos meus funcionários sabe sobre isso?
— Não senhor, não contei nem pro gerente, pois eu sei que o assunto é delicado. Por isso insisti que viesse.
— Você fez bem.
Ele me deu instruções que eu concordei plenamente, já que me tiraria daquela treta.
Primeiro eu o ajudaria a vestir o morto, o levaríamos até a garagem da suíte e o colocaríamos deitado no banco de trás do carro em que viemos. Eu iria com ele na frente.
O próximo passo foi seguirmos com o carro até uma rua secundária, distante e sem movimento.
Lá chegando, nós colocamos o cadáver do seu Reginaldo no banco do motorista, pareceria que ele passou mal enquanto dirigia. Antes de sairmos fora ele me deu um pano e juntos limpamos todas as partes que poderiam ter nossas impressões digitais. Já havíamos feito o mesmo no quarto, inclusive, eu também havia feito isso antes dele chegar, mas não comentei nada.
— Lembre-se, moça, você nunca esteve no meu motel — disse ele.
Depois caminhamos de volta à avenida principal. Ele disse que eu teria que caminhar uns quinze minutos e chegaria a um posto de serviços. Lá eu conseguiria um táxi que me levaria para Brotas. Era para eu agir como se nada tivesse acontecido. Ele nem precisava falar isso, pensei.
O homem seguiu em sentido contrário ao meu.
Dentro do táxi, a caminho de casa, recordei meus últimos momentos com o seu Reginaldo: assim que pegamos a estrada em sentido à Bauru, fingi parecer-me animada com a noitada.
— A gente vai se divertir a noite toda, né?
— Claro, anjinho, e lá você pode dar seus gritos à vontade.
Disse pra ele que seria bom uma bebida leve pra gente passar a noite.
— Eu sei fazer o melhor mojito que você já provou.
Ele disse que nunca havia provado nenhum. “Não sabe o que está perdendo”, falei. Expliquei que era saboroso por conter rum, porém não era forte, pois tinha duas partes de água com gás. O convenci a parar em um mercado para comprarmos uma garrafa de rum branco, água com gás, açúcar e limão. Já tinha comigo um pouco de hortelã que peguei na horta da vovó.
Semanas antes eu havia flagrado o seu Reginaldo tomando as pílulas azuizinhas minutos antes de termos relações sexuais. Ele tem pressão alta, mas isso não ajudou a livrar-me dele inserindo uma dose extra das pílulas em sua bebida. Eu já tinha feito a tentativa sem sucesso. No entanto, fui informada que doses elevadas de um elemento ativo dos estimulantes sexuais vendidos pela internet, contendo a mistura de substâncias perigosas, o deixaria propenso a sofrer um infarto.
Da outra vez que tentei com as pílulas azuis, eu havia moído duas e coloquei o pó em sua bebida, mas não foi o suficiente para abater o coroa. E deu ruim: o danado ficou mais ativo e minha bunda é quem sofreu as consequências naquele dia.
Desta vez eu trouxera comigo um tubinho do pó chinês. Coloquei tudo em seu primeiro mojito preparado por mim. Somado ao estimulante que provavelmente ele tomou antes, e o desgaste obtido com nossa transa de alto impacto, foi como uma bomba implodindo em seu organismo.
***
Tive o meu primeiro encontro com o pai do Lucas, após a morte do seu Reginaldo, somente dias depois do enterro que não demorou a acontecer, pois a investigação sobre a causa da morte foi rápida e constataram como infarto. “Acho que todo mundo estava com pressa de livrar-se daquele tirano. Esta turma deveria me agradecer”, pensei. Foi só então que tive a oportunidade de contar ao meu cúmplice toda a história do meu último encontro com o meu falecido patrão, e com detalhes. Deduzi que o seu Durval estava tentando achar alguma falha minha.
Relatei que mandei descarga abaixo tudo que foi possível e que poderia comprometer-me. A seguir lavei muito bem com água e sabão os copos e também o tubinho do pó chinês que ele havia me dado dois dias antes. Fiz uma limpeza geral na suíte. Só então liguei para a recepção.
— Ainda bem que não precisei fazer um exame de corpo de delito, pois tinha porra daquele nojento até no meu estômago.
Ele não achou graça.
Eu continuei:
— Levei comigo o restante das coisas que havia trazido para o motel. Discretamente joguei fora o tubinho e tudo mais no caminho de volta pra casa.
— Ótimo, menina, você é inteligente.
Sobre o celular do homem eu falei que já havia tentado fuçar nele anteriormente lá na loja, em razão do homem ter dito que guardava na nuvem as imagens de sexo que tive com meu padrasto. Porém tinha um PIN para liberar o acesso, então não consegui ver nada. Ele não levou o celular pro motel nem desta vez e nem da outra, então não tive uma nova oportunidade — expliquei.
— Maravilha, acho que você seria uma excelente assessora. Pensarei com carinho assim que tomar posse em janeiro.
Fim… Por enquanto.
Este conto faz parte de uma sequência de cinco outros contos que já postei aqui. Para um entendimento maior sobre tudo que rolou anteriormente, recomendo a leitura dos contos abaixo:
1– No Banco do Simca Chambord
2 – Maldito Simca Chambord
3 – Um Texto Explosivo
4 – No Escurinho do Comitê Eleitoral
5 – Reunião Erótica e um Plano Secreto