Espancada e currada em plena cozinha de sua própria casa, Leia se equilibrava com a ponta de um pé sobre a cadeira, o outro pé bem plantado no chão, e com as pontas dos dedinhos das mãos na pequena mesa da cozinha. A travesti empinava o bundão para seu comedor, e gemia, gritava, batia cabelo, e dava bundadas na direção do macho, no ritmo das pirocadas. Quem visse a cena juraria que a viada tava adorando a foda.
Não estava!
Leia sentia seu corpinho luxurioso, de sedutoras formas femininas, profanado pelo estuprador. Muito mais do que no fim de semana em que tinha sido usada pelo casal gay francês. Era uma curra. Um estupro. E ela tinha apanhado feio, no rosto.
Mas o estuprador acreditava que tinha domado a travesti. De pé, com a cueca e a bermuda presos nos pés, o bandido se agarrava aos quadris da viada com as duas mãos, para não perder o equilíbrio. A piroca, passeando pra dentro e pra fora do reto da boneca num ritmo frenético, era de Joacir, o vizinho pervertido de quem Leia e Verônica tinham nojo. E o nojento tinha acabado de deixar cair a faca de aço preto com que tinha acuado a sua presa.
Tudo o que Leia queria era que o canalha largasse a faca, para ela finalmente reagir. E ele tinha largado. Mas agora o verme segurava os quadris da boneca com força, com as duas mãos, e parecia estar perto de gozar. Seria difícil para a travesti se soltar e dar no canalha o golpe que tinha mentalizado. Arriscava até machucar o próprio cuzinho, porque a pica do monstro estava cravada nela. Mas foi a própria sensualidade extrema de Leia resolveu a situação.
Joacir não estava só com a manjuba dentro de Leia, agora em ritmo frenético, e pertinho de gozar. Ele estava completamente maravilhado pelo traveco, como ele mesmo chamava. Não se lembrava de ter pegado nenhuma mulher tão tesuda quanto aquele viado. E nunca tinha levado um boquete tão espetacular e intenso. O boiola tinha dado um trato gostosão em sua pica, cheio de chupadas, carinhos, lambidas, e tinha feito isso com maior cara de puta e sorrindo, gostando de verdade. A lenda que Joacir sempre tinha ouvido era verdadeira: boquete de viado era melhor do que de mulher.
E o momento depois do boquete, e antes da foda? Aquilo tinha sido muito louco de tanto tesão! Foi quando o fresco pegou a faca que Joacir então continuava segurando, levou até o próprio pescoço, e implorou pra ser arrombado. A cena do puto pedindo “me come... pelamordeDeus... depois tu faz o que quiser... me mata...” tinha sido dum tesão fudido! E além disso tudo, o viado gostava de apanhar, e tava completamente apaixonado por ele! E o jeito como a bicha gemia, gritava e se debatia, com ele arrombando o cu do boiola ainda mais, era a prova da paixão.
Nesse momento Joacir se achava a última coca-cola do deserto. Tinha certeza de que aquele traveco ia bater calçada pra ele, e lhe dar muito dinheiro. E ele, Joacir, ia fazer a quarentona gostosona da mãe do viado também se apaixonar por sua rola. Ia viver no bem-bom, comendo as duas putas e sendo sustentado por elas. E, putaquepariu, que rabo gostoso! Se o filho afeminado tinha aquele cuzão tesudo, imagina a mãe!
No momento exato em que Leia parou de gemer e gritar, pensando em como reagir depois de ter notado que a faca do estuprador tinha caído no chão, Joacir sentiu que ia gozar. A mente narcisista do monstro distorceu a realidade, e interpretou a imobilidade da bicha de seu jeito. Pareceu pra ele que o travesti também tinha sentido que seu novo dono ia gozar, e que por isso tinha parado de se mexer, esperando quietinho pela leitada do macho. Joacir sentiu-se acolhido. Sentiu que aquela fêmea-menino entendia seu corpo, seus desejos de macho, seu pau duro dentro dela, e assim sentindo ele gozou gritando.
- ÁÁÁÁÁÁRRRGH!
Joacir segurou os quadris de Leia com mais força ainda, e esporrou o mais fundo que pôde, enchendo o cu da bicha de porra quente. Deliciou-se vendo e ouvindo a travesti olhar pra ele sobre o ombro, sorrindo sensualmente. Escutou o viado gemer alto, pensando que gemia de prazer com a esporrada de seu macho, quando na verdade a boneca gemia de alívio, porque seu sofrimento tinha acabado! Depois, enquanto o tarado tirava a piroca de dentro do boiola, Joacir ainda ouviu o fresco agradecer a esporrada em seu cu:
- Delícia! Obrigada! Muito obrigada!
Joacir ia se afastar, pra trás, pra voltar a sentar na cadeira que ele tinha encostado na pia da cozinha. Eram só dois passos pra trás e ele nem ia se virar. Ia sentar e chamar seu viado recém conquistado pra continuar chupando sua rola, agora toda esporrada. Achava que a bicha merecia esse prêmio.
Foi aí que ele viu um movimento estranho na perna direita do traveco, até então apoiada sobre a outra cadeira, à sua frente.
Com a lentidão e elegância de uma bailarina se alongando antes de dançar, Leia ergueu a perna e a foi esticando lentamente para a sya direita, sempre com o pé em ponta. Joacir ficou olhando hipnotizado. As unhas do pé de Leia estavam feitas e pintadas, o pezinho esticado era uma graça, gordinho e feminino, e a perna toda, do tornozelo até a virilha, era grossa. Aquele viado tinha uma perna de mulher gostosa perfeita.
E de repente, numa fração de segundos, a perna do traveco sumiu de vista e o corpo todo da bicha fez um movimento esquisito e violento, que o tarado não entendeu, mas que era uma meia “estrela” pro lado oposto ao da perna levantada. E sem que Joacir entendesse, o pé que ele perdera de vista achou violentamente o lado esquerdo do rosto do estuprador!
O golpe não saiu perfeito como Leia queria, mas foi pior ainda pro vizinho pervertido, porque o osso do tornozelo de Leia, acelerado pelo giro, atingiu a têmpora do tarado e abriu o supercílio bem onde a sobrancelha terminava, fazendo jorrar sangue. Joacir foi ao chão absolutamente surpreso, por uma fração de segundos achando que o traveco tinha se desequilibrado e caído batendo nele por acidente. Afinal, o boiola tava apaixonado por sua pica!
Mas a continuidade do giro da travesti, em movimentos coerentes, demonstrou pro assaltante que a vítima reagia, e bem! Na segunda volta Leia pegou de passagem a cadeira em que tinha apoiado a perna e levantou. Queria partir o crânio daquele monstro e girou com toda a sua força pra que um dos pés da cadeira acertasse a cabeça do estuprador.
Mas Joacir, apesar de caído, já tinha entendido a situação e meio desajeitadamente aparou o golpe com um antebraço, levando ali uma pancada feia e dolorosa do pé da cadeira. Com a outra mão o tarado segurou a cadeira que Leia também segurava, e ele ficou caído, se debatendo e esperneando pra ver se acertava as pernas de Leia. Chegou a ganir da dor no braço e logo depois gritou furiosamente:
- Viado filhodaputa! Eu vô te...
Foram as últimas palavras que Joacir dirigiu a Leia. Apoiando todo o seu peso na cadeira que o pervertido agora segurava, a travesti saltou no ar e caiu com seus cerca de 70 quilos concentrados num só calcanhar, sobre as costelas do bandido. Leia tinha mirado no coração do canalha, bem no fim do externo, mas com o verme se debatendo o golpe caiu mais pro lado, e se ouviu um “crac” de osso se partindo.
Leia largou a cadeira, que caiu no chão, e saiu de cima de Joacir com a pressa de quem percebe que pisou em cocô. O agressor fazia movimentos de espasmo, revirava os olhos, e parecia que não conseguia respirar. Mas a boneca não parou! Era a sua vez!
Leia deu uns três chutes fortes no rosto do agressor, aumentando o rasgo do supercílio e rachando nariz e boca do canalha. O monstro já quase nem reagia, mas a travesti ainda se apoiou na pia da cozinha para pisar com força nos colhões e no ventre do tarado, que só gemia de dor, sem conseguir respirar direito nem pra gritar.
Leia batia com raiva de fêmea violentada. Batia por ela, currada, por sua mãe, ameaçada, por sua avó, prostituída, e por um momento até mesmo sentiu que batia por todas as mulheres do mundo! Possessa, antes de cansar de bater pegou Joacir pelos pulsos e arrastou o corpo pra fora, pela porta por onde o canalha tinha entrado. Quadril e pernas do estuprador quicaram dolorosamente nos degraus que desciam da cozinha para a área cimentada dos fundos, e a boneca ouviu sair do corpo do tarado um suspiro fundo. Ela então largou o monstro, assustada, com medo que ele tivesse morrido. Mas se enganou.
De pé, nua, na penumbra da área externa dos fundos de casa, Leia prestava atenção em Joacir, querendo ver sinais de vida. E viu os olhos do cretino se abrirem. Ele quase não se mexia, mas o olhar que ele deu para o “seu viado” foi de um ódio mortal. Toda a preocupação da travesti, de que houvesse matado o sujeito, se dissipou com aquele olhar. Mesmo caído e sem falar, o monstro a ameaçava, e aquilo reacendeu sua raiva. Leia deu no rosto de seu algoz o que foi provavelmente o chute mais forte de sua vida. A cabeça de Joacir quicou pro lado, e até arrastou junto o corpo dele, sobre o chão de cimento áspero. O estuprador mal gemeu.
Leia se ajoelhou no peito do vagabundo, que já mal respirava, e viu os olhos dele se arregalarem de desespero, com a asfixia e dor na costela quebrada, provocadas pelo peso da travesti. Nenhum dos dois sabia, mas Joacir tinha também quebrado o antebraço com que aparara a cadeirada, e não o conseguia mover. Com o braço bom o canalha ainda tentou tirar a viada de cima de si, mas Leia com suas duas mãozinhas segurou o pulso dele, e torceu a mão do agressor pra trás até estalar feio, e soltou.
A travesti então segurou os cabelos sebosos do monstro com uma mão, levantando a cabeça dele, e com a outra apertou-lhe a garanta. A boneca sabia que tinha mãos pequenas e menos força nas mãos do que Gilda, mas ela não queria estrangular o canalha. Só segurar a garganta. Naquele instante Leia sentia o esperma do estuprador escorrer de seu cuzinho, e essa sensação, que em geral a excitava muito, agora só alimentava sua ira em fogo brando. Já mais calma, de tanto bater, ela conseguiu falar olhando seu algoz nos olhos.
- Se tu falar comigo, depois de hoje, eu te mato! Se tu olhar pra mim, eu te mato! Se tu der bom dia pra minha mãe, eu te mato! Entendeu? “VIADO BURRO!”
Joacir só piscou, apavorado e ficando roxo, e a própria Leia balançou a cabeça dele, num movimento de “sim”, e continuou:
- Eu não sou covarde que nem tu. Não preciso de faca pra te matar... Só preciso de faca pra cortar fora essa merda desse teu pau fracote. Aliás...
Leia lembrou de outras mulheres, e do boato de que Joacir já tinha estuprado uma menininha. Agora pensando na comunidade, ela emendou:
- Aliás... se tu currar alguém... menina, menino homem, mulher, velho... até porco... se tu currar alguém, eu vou atrás de tu e corto fora esse teu piru podre!... e se eu descobrir que é verdade que tu currou uma criancinha... eu entro no teu quarto de noite e te capo na tua cama!
Leia se levantou sentindo um alívio enorme. Sentia como se tivesse lavado não só sua alma, como as almas de todas as mulheres estupradas. Olhou pro traste como quem olha um monte de lixo, e mandou um “sai da minha casa” assustador de tão frio e calmo que foi.
Mas Joacir não conseguia se mexer. A travesti então, com uma força que nem sabia que tinha, pegou aquele corpo e empurrou, primeiro pro muro e depois sobre o muro, fazendo o vizinho se ralar todo e então cair na área da própria casa, todo mole como um saco de batatas. Leia olhou por cima do muro até ver que o canalha respirava, e marchou pra dentro de casa com altivez.
Mas a serenidade de ter passado sua curra a limpo durou só até a boneca entrar na cozinha e fechar a porta. Fechar aquela porta foi muito simbólico para ela, e também seria para sua mãe.
A porta dos fundos da casa de Leia e da mãe ficava sempre aberta. No entardecer, e à noite, entrava uma brisa boa ali. Mas a partir daquela noite ela e a mãe passariam a deixar sempre trancadas a porta dos fundos e as janelas dos quartos. E foi só Leia trancar a porta que suas pernas começaram a tremer. O sangue quente da reação e a eletricidade da vingança passavam, a adrenalina sumia, e a frágil travesti de 16 anos se revelava. Leia começou a chorar e ia sentar no chão ali mesmo, mas pisou numa das poças do sangue de Joacir, derramado no chão da cozinha.
Assustada com o sangue, Leia correu pro banheiro pra tomar um banho e lavar de seu corpo a experiência horrível pela qual passara. E foi aí que ela tomou o pior choque da noite.
Até então a travesti achava que seu olho esquerdo estava roxo e um pouco inchado. O hematoma latejava e doía, e a boneca sentia tudo pesado, como se o olho fosse fechar. Mas quando se olhou no espelho ela deu um grito de mágoa e desandou a chorar. Estava deformada. Da pálpebra até a bochecha seu lindo rostinho redondo era um calombo só, do lado esquerdo. Um calombo muito inchado e roxo. O sentimento imediato da bonequinha foi desespero. Parecia que ela nunca mais seria bonita novamente.
Leia gritou, chorou, se controlou, tomou banho, chorou de novo, e só depois de muito tempo conseguiu ir para seu quarto e vestir calcinha e camisola. Pensou em tomar uma água com açúcar, pra acalmar, mas ao ir pra cozinha viu as próprias pegadas de sangue, da porta dos fundos até o banheiro, e não teve coragem. Ficou na sala, sentada no sofá chorando mansinho, abraçando os próprios joelhos e apertando uma toalha de rosto contra o hematoma.
A travesti sabia que precisava de ajuda. Agora pensando com mais calma, Leia tinha medo de que Joacir morresse, e ela fosse presa. E não podia envolver a mãe de jeito nenhum. A ideia dela, Leia, ir presa, era horrível. Mas a ideia de Verônica ir presa também, por culpa sua, era ainda pior. Tinha que limpar aquilo tudo, apagar as provas. Mas não tinha coragem de mexer no sangue. Em sua cabecinha só tinha uma pessoa no mundo que a podia ajudar. Não era hora de orgulho, nem de estratégia de sedução, nem de medo de ser vista deformada.
Era hora de ligar pra Gil.
Gil já estava naquela fase que ele tanto tinha desejado, de permanecer no exército, depois do serviço militar. Tinha um prazo de seis meses para estudar e se preparar para o concurso da escola de sargentos, e ele quase não dormia mais no quartel. Leia o achou em casa, mas foi Gilda quem atendeu ao telefone. Era umas oito e meia da noite.
- Alô?
- Gilda... é Leia...
- Num vai me dizer que tu vai furar comigo amanhã.
- Chama Gil pra mim...
- Amiga, tu sabe que é disso que...
Leia gritou com desespero na voz, e começou a chorar:
- É UMA EMERGÊNCIA, GILDA! CHAMA GIL PRA....
Leia caiu no choro e o descontrole da travesti alarmou Gilda. A amiga trans não era de fazer essas encenações. Algo de grave tinha acontecido.
- Amiga! O que que aconteceu?
Leia, já descontrolada, respondeu gritando e chorando:
- FUI CURRADA, GILDA! CURRADA!... (choro)... E ME BATERAM! ME BATERAM MUITO! TO COM O ROSTO... (muito choro)
- Meu Deus! Onde que foi isso?
- AQUI! AQUI NÃO! NA COZINHA! NA COZINHA DA MAM... (choro)... CHAMA GIL...
Leia não conseguia mais falar. Gritar com Gilda de certa forma tinha soltado as travas, e ela chorou muito. Já desligou o telefone chorando convulsivamente. Não se arrependia de ter chamado Gil, porque queria poupar a mãe. E também não queria que o padrasto André, ou Gilda, ou qualquer outro, soubessem de tudo. Quanto menos pessoas se envolvessem, melhor. Mas achava que aquilo seria o fim de qualquer coisa pra além da amizade, entre ela e Gil. Gil era um cavalheiro, nisso ela podia confiar. Ia ajudar a ajeitar tudo e a protegeria. Mas o rapaz não ia querer mais nada com ela, com aquele rosto deformado. Naquele momento ela achava que nunca mais seria bonita, ou que fosse de novo, um dia, ter um namorado.
Dez minutos depois Leia escutou a moto de Gil chegar, e ela se levantou rápido pra abrir a porta. Mas seu rosto doía a cada passada, e ela teve que se conter. Abriu segurando a toalha contra o machucado, e os dois se viram.
Era a primeira vez que Leia e Gil se viam, em meses, desde quando Gil tinha dito a ela que “queria dar um tempo”, ali mesmo, naquela calçada.
Para Leia, que olhava Gil com um olho só, o macho estava lindo. Parecia mais maduro, mais forte, e tinha uma expressão de compaixão e preocupação para com a viada, que a comoveu. O rapaz não tinha nem pegado capacete, e nem mesmo um calçado. Estava de bermuda, sem camiseta e de chinelos, denunciando a pressa com que tinha saído de casa.
Já para Gil sua boneca estava ainda mais gostosa do que ele se lembrava. Leia havia emagrecido um pouco, mas parecia que só tinha perdido barriga, e as coxas grossas e os seios sobressaíam mais do que antes. Logo de cara Gil se preocupou com o rosto da viada, coberto pela mãozinha com toalha, mas não teve tempo de perguntar nada. Ainda com a porta de casa aberta, e com um monte de gente olhando, a travesti adolescente, só de camisola de alcinha e calcinha, se atirou no colo de seu homem, escondendo no corpo do macho
o lado do rosto machucado.
Leia chorou sentidamente no peito peludo e suado de Gil, enquanto o rapaz fechava a porta de aço da sala e a acalmava dizendo “tá tudo bem... tá tudo bem... passou...” O soldado teve a sensibilidade de sentar com Leia no sofá, e não perguntar nada, apesar de sua raiva pelo estuprador desconhecido, e pela ignorância dos fatos. Depois de um bom tempo, com a travesti mais calma, Gil foi mudando a cabeça dela de posição carinhosamente, e pediu com muito cuidado:
- Deixa ver teu olho...
Leia fez que não com a cabeça, com uma carinha muito triste. Gil insistiu e aos poucos foi afastando a toalha do rostinho da viada. A travesti viu na expressão de susto e de compaixão do macho, o horror que a visão de seus hematomas provocava, e ganiu como um cachorro, voltando a ocultar o lado machucado no peito de seu antigo namorado:
- Úuuuuu... eu tô horrível... eu nunca mais vou ser bonita...
- Shiiiii... calma... tá só inchado... isso passa... deixa eu ver direito...
Gil já tinha tido um cursinho de primeiros socorros, no exército, e examinou com cuidado o machucado. Não tinha nenhum borrão de sangue no olho, o que era bom. E em todo o hematoma não havia nenhum corte ou ruptura de tecido. Se nenhum osso da face tivesse sido lesado, aquilo não seria grave. Mas Leia não falava direito, apesar de não ter nenhum machucado ou corte nos lábios.
- Tu não tá falando direito. Eles te machucaram a boca? Quebrou algum dente? Cortou a língua?
- “Ele”... era só um...
No caminho pra casa de Leia, com o sangue quente da notícia, Gil tinha imaginado que a curra tinha sido em local de prostituição, e por um bando de estupradores. De modo algum ele culpava Leia pela violação, mas ainda não acreditava que tinha acontecido na casa da travesti. E agora ele ficou surpreso de ser só um, o agressor. Por enquanto, porém, se dedicava a consolar a boneca.
- Tá... mas e tua boca?
Leia olhava pra baixo e examinava a própria boca por dentro, com a língua, enquanto tocava delicadamente o hematoma por fora, com a ponta dos dedos. Falou, ainda sem abrir muito os lábios:
- Tem nada fora do lugar não. É que repuxa... e dói aqui... quando eu falo.
- Bora acabar essa dor. Onde que tua mãe guarda remédios?
- Uma caixinha... na portinha debaixo... da mesa de cabeceira dela.
Gil pegou no lugar indicado uma cartela de novalgina. Sabia que funcionava, porque tinha usado numa extração de siso. Saiu do quarto de Verônica para a cozinha, em busca de um copo d’água, e só então viu os sinais de luta. Primeiro notou as pegadas ensanguentadas de Leia, entre a cozinha e o banheiro. E depois viu as duas cadeiras caídas, a toalhinha da pequena mesa de quatro lugares jogada no chão com o vasinho de flores de plástico, e as poças de sangue, ao pé da pia e em frente à porta dos fundos fechada. Leia falava a verdade! Tinha sido currada na cozinha da própria casa.
A primeira reação de Gil foi voltar correndo pra acolher Leia ainda mais. O rosto da travesti tava muito inchado, mas não tinha laceração nenhuma. Aquele sangue todo devia ser de outro machucado, que a bichinha tava escondendo dele.
- Tu se cortou na briga. Onde foi?
- Me cortei, não.
- Espia, aprendi isso num cursinho, no quartel. Com sangue quente a gente nem sente. Tu deve ter sangrado, e a gente tem que ver, pra cuidar do ferimento.
Leia deu um risinho doído, lisonjeada com a atenção de Gil e falou impensadamente:
- Ái, Amor! Tô ferida, nã...
A travesti estancou a fala, meio assustada com o próprio ato falho. Gil tinha “pedido um tempo”, mas já faziam uns dois meses, e ela sabia que eles tinham terminado, apesar de o amar muito. Ela tinha chamado ele como amigo. Pediu desculpas, constrangida, e com uma carinha sincera de tristeza:
- Eu... desculpa... não devia te chamar de “amor”... é o hábito...
Foi um daqueles momentos em que a vida dá um tabefe na cara da gente, pra revelar o que realmente importa. E isso ficou muito claro na cabeça de Gil, naquele segundo. Os ciúmes que ele tinha, a prostituição de Leia, a vaidade dele, as mentiras e traições dela, os preconceitos dos outros... nada disso importava de verdade. Na sua frente, pegando o copo d’água e a pílula que ele tinha trazido, estava a sua viadinha, que ele tinha moldado. A criatura com quem ele se realizava sexualmente, jovem, linda, inteligente e gostosa. E que estava frágil como nunca, ferida no corpo e na alma, e precisando dele como nunca.
Gil esperou a travesti tomar a pílula de novalgina e então levantou o rosto da viadinha pelo queixo, com cuidado, deu-lhe um beijo de estalinho nos lábios, e falou olhando nos olhos, de pertinho:
- Tu é que é o meu amor. A mulher da minha vida. O resto não interessa.
As lágrimas brotaram nos olhos de Leia, e ela não acreditava no que ouvia. Seu homem a chamava de “mulher”! Mais do que isso! Seu homem a chamava de “mulher da sua vida”! Mais do que isso, ainda! Seu homem tinha voltado!
Os dois só não se beijaram loucamente por causa do machucado da viada. Mas se abraçaram e se esfregaram com amor e desejo, até que a preocupação do macho com sua viadinha o fez parar, já de pau duro dentro da bermuda. Léia tava pálida, se tremia toda, e estava visivelmente estressada. Gil lembrou de ter visto na caixinha de remédios de Verônica uma cartela de valeriana. Sua mãe, Dona Mara, era professora e tomava até duas de uma vez só, pra conseguir dormir nas épocas de correção de provas,. Propôs aquilo, e Leia concordou e tomou duas pílulas de valeriana.
Gil insistiu em examinar todo o corpinho de Leia, em busca da fonte daquele sangue todo. Era preocupação sincera, mas aquilo também o deixava de pau teso. Leia, porém, ainda tinha certo medo de ser tocada. A travesti disse que ainda se sentia suja do estuprador, e receava “sujar” Gil. Por isso falou que antes precisava tomar outro banho, apesar de ainda cheirar a sabonete, do banho recém tomado. Era efeito do estupro.
Leia adorou o cuidado com que Gil a levou para o banheiro e a despiu. E ao rever os peitinhos e bundão de sua boneca, Gil quis logo brincar. Seu pau ficou no máximo de dureza, e ele despiu bermuda e cueca e entrou junto com sua viadinha no pequeno box. Mas antes de qualquer sacanagem, o namorado zeloso deu um bom banho em Leia, examinando com minúcia todo o corpo da viadinha, com direito a dedadas ensaboadas no cuzinho da travesti, que a fizeram começar a gemer.
Leia instintivamente ficou de frente pra parede, apoiando os braços cruzados nos azulejos, e a cabeça nos braços, oferecendo o bundão para seu homem. Por um momento o rapaz pensou no cuzinho de Léia. Não havia nenhum outro ferimento, e o sangue no chão da cozinha só podia ter saído dali. Pensando nisso, Gil se ajoelhou no box, e com cuidado arreganhou a olhota que ele mais tinha comido na vida. Examinou de pertinho, lavou, dedou de novo, agora olhando, e não achou nada, nenhuma fissura. Com pena daquele cuzinho violentado, deu umas linguadas que fizeram Leia gemer alto, e se levantou.
Gil encaixou a rola no rego de Leia, e ficou sarrando, enquanto acariciava os peitinhos da boneca. Roçando a barba por fazer na nuca molhada da viada, perguntou suavemente:
- Tu quer? Será que a gente já pode?
A novalgina ainda não tinha produzido efeito, e o rosto de Leia ainda latejava. Mas aquele era seu homem, que voltava pra ela, e ela mesma já esfregava as nádegas na piroca de Gil, aquela pica linda, de cabeça lilás, que mudara sua vida e que ela amava e desejava acima de todas as outras rolas do mundo. Leia podia morrer, ali no box, que ainda assim diria “sim” praquela jeba!
- Quero! Quero muito!
Gil flexionou os joelhos se abaixando um pouco, e Leia empinou mais o bundão, pra facilitar. Muita gente não sabe, mas a água, seja no chuveiro ou na piscina, não ajuda em nada, e a piroca de Gil abriu caminho meio aos trancos, no cuzinho de Leia. Mas logo tinha entrado toda e a boneca ia do inferno da curra ao céu de ser comida por seu homem, seu macho, seu dono, o pau de sua vida!
- Aaahhh... Gil... que gostoso! Que saudade! Aiiinnnhhh...
Tinha sido alargada meio bruscamente, por causa da água, mas aquela era a jeba que a podia alargar sempre que quisesse, a qualquer hora, e em qualquer lugar. Aquelas mãos grandes e fortes, que apertavam seus quadris com força, eram de Gil. As coxas peludas e molhadas, que se esfregavam em suas coxonas lisinhas, eram de Gil. E o saco depilado e pesado, que espancava as gordas popinhas de sua bunda no ritmo da foda, era de Gil. Aquele era o seu lugar, recebendo dentro de si seu homem, e ela não trocaria aquele momento por nada!
Gil segurava as ancas de Leia com sua pegada forte, e metia em ritmo de gozo. Nenhum dos dois tinha cabeça pra fazerem uma foda estudada, de joguinhos e idas e vindas. Cada um tinha uma fome de dois meses pelo outro, e em menos de cinco minutos de pirocadas alucinantes, Gil gozou urrando muito alto!
Estavam juntos, de novo!