Em seu leito de morte, o clérigo moribundo resistia ao assédio do ceifador; precisava confessar seus pecados o mais depressa possível, antes que fosse tarde para seu espírito. O confessor designado estava a caminho, mas as chuvas e outras intempéries dificultavam sua chegada. Ao lado de seu catre onde Tristão respirava com dificuldade sentindo náuseas profundas que quase lhe tiravam o raciocínio, estava o noviço Paulo cuja aflição estava estampada em seu rosto.
Cansado de esperar e repleto de culpa, Tristão chamou Paulo para mais perto de si e disse-lhe que ele seria seu confessor; o jovem despreparado e inexperiente, sentiu um tremor em suas entranhas, mas ante o estado pré morte do superior, aquiesceu sem contrapor. E assim, Tristão deu início a sua confissão.
Nasci em uma família pobre no meio rural mais rústico; meu pai era ateu e minha mãe pagã convicta; tudo indicava que teria eu o mesmo destino de meus outros nove irmãos, condenado a uma vida sem futuro, trabalhando de sol a sol para um ganho minguado. Minha sorte foi reescrita quando um bispo passou pelo vilarejo e durante uma homilia, percebi seu olhar glutão sobre mim.
Naquela mesma semana, e sem autorização de meus pais, rumei em companhia dele para a cidade de Hipona; no início, tudo era uma estupenda novidade; teria me mantido no caminho da retidão e da fé, não fosse o fato de que aquele bispo era um devasso insano. Minha iniciação no meandros da luxúria deu-se pelas mãos dele. Nas vezes em que tomávamos banho, juntos ele elogiava meu corpo e dizia que eu era um belo rapaz …, e foi assim que senti sua mão acariciando meu membro que ficou duro!
Depois da mão, a boca dele me sugando avidamente, mostrou-me que a devassidão seria o meu caminho; estudando filosofia na universidade, deixei de lado aquele religioso impuro e desonesto, dedicando-me às delícias do sexo oposto. Alethea foi minha primeira experiência; era uma jovem serviçal do campus universitário, cuja beleza e sensualidade naturais enlouqueciam todos os machos ao seu redor. Valendo-me de minha lábia apreendida no ambiente devasso do convívio com religiosos conspurcados, fiz de tudo até levá-la para a cama.
E que mulher! Seus seios pequenos e firmes, cabiam em minhas mãos e logo foram sugados por minha boca sequiosa; usei-me de tudo que vira no bispado e levei Alethea às nuvens, lambendo e sugando seu sexo coberto por uma fina camada de pelos avermelhados, ouvindo-a gozar cada vez que minha língua esfregava seu clítoris hirto. E da mesma forma, fiz que ela saboreasse meu membro com sua boquinha inocente.
Alethea dedicou-se a me sugar com afinco, elogiando a grossura de minha ferramenta, e alternando longas lambidas com sugadas afoitas como se quisesse, realmente, extrair meu sêmen a força; e quando a penetrei, avançando com meu intruso em riste, rompendo seu hímen, ela gritou como se tomada por um acesso de loucura; passei a golpear com movimentos varonis, arrancando e enfiando o membro dentro da gruta quente e úmida, deliciando-me com os gozos sucessivos que vertiam um após o outro. E depois daquela noite, Alethea tornou-se companhia constante, desfrutando de minha cama e de meu torpe desejo.
Mesmo após assumir a cátedra de epistemologia na universidade, Alethea ainda me servia com todos os seus buracos; eram noites insólitas em que eu usufrui de sua vagina, de sua boca e de seu selinho que me foi por ela presenteado com afã.
Em uma manhã de inverno, pondo-se de quatro sobre a cama, ela gingou o corpo me chamando enquanto exibia seu traseiro, manifestando o desejo de ver-se currada por mim; avancei contra ela impiedosamente, segurando meu mastro rijo e arremetendo contra o pequeno orifício enrugado, rompendo-o de uma só vez; ela gritou e ainda tentou recuar, mas eu a impedi, avançando com o intruso grosso e rijo até o fim! Golpeei com tanto vigor, sem me importar com o que ela sentia, alheio aos seus gritos, reclamos e blasfêmias, parando apenas quando senti meu leite escoar para dentro de suas entranhas.
Todavia, ela não foi a única …, não dei trégua e nenhuma fêmea que se pusesse em meu caminho; fossem casadas, noivas, virgens ou putas, não importava! De pele branca, negra ou amarela, todas experimentavam o vigor do macho insaciável, levando-as para a cama noite após noite. Tornou-se quase uma compulsão; não podia ter minha cama vazia durante a noite, e sempre que a oportunidade surgia, eu partia para o doce embate.
E quando ouvi a frase “estou grávida”, minha pergunta, rude e ofensiva, era sempre a mesma: “Tens certeza que é meu?”. É bem verdade que algumas coletei alguns infortúnios ao longo do caminho como suicídios, ameaças de maridos traídos, críticas de colegas e reprovação social …, porém, tudo isso era menor quando diante de mim desfilava uma fêmea desnuda oferecendo-se sem pudor.
Minha vida seguiria esse caminho de devassidão e esbórnia ilimitadas, não fosse o surgimento de uma mulher especial …, seu nome era Mônica …, era uma freira! Sua beleza era tão cativante que apenas olhar para ela surtia um efeito imediato de excitação desenfreada. Eu a queria mais que tudo! Infelizmente, Mônica era uma beata fervorosa que jamais desviava-se do caminho da retidão …, e foi por ela que me converti, ordenando-me frade apenas para ficar ao lado dela.
Foi um início conturbado, em que me vi obrigado a participar de todas as vigílias e orações em que ela estava presente, sonhando com sua nudez, e homenageando-a com centenas de masturbações frenéticas e solitárias, recolhido em minha cela durante a noite, chegando ao ponto em que apenas uma vez não era suficiente …, eu precisava conquistar aquela fêmea para mim!
Sem muitas opções, vi-me na iminência de utilizar um recurso desonesto e mais que impuro; uma tarde, após uma vigília e antes do jantar, chamei Mônica em particular, dizendo que precisava lhe contar uma coisa que me preocupava e que dizia respeito a ela; como nossa proximidade já não era mais algo incomum, ela aquiesceu sem esconder sua aflição com minhas palavras; sugeri que nos encontrássemos na pequena capela destinada ao suplício dos sofredores após o jantar.
No horário combinado, lá estava ela, ajoelhada na escadaria do pequeno altar central, orando compenetrada. Aproximei-me com cuidado e me pus de joelhos ao seu lado, esperando que ela findasse suas orações.
-Frade Tristão, por favor, me diga o que te aflige em relação a mim? – perguntou ela, com tom aflito assim que terminou de orar.
-Tenho a sensação de que o demônio ronda teu corpo, irmã! – respondi com tom solene – ele te espreita …, ele quer fazer de ti sua escrava …
-Como pode isso? De onde veio essa tua intuição? – tornou ela a questionar ainda mais ansiosa – Tens certeza disso?
-Lamentavelmente sim, irmã – respondi em tom irresignado – Mas, para tua sorte, também intui uma maneira de expulsá-lo para longe de ti …, se me permitires …, posso ajudar-te!
Mônica mostrou-se muito hesitante, receando que meu gesto pudesse ser mal interpretado por quem visse ou ouvisse algo; tranquilizei-a afirmando que poderíamos tratar desse pequeno transtorno com todo o sigilo possível …, sugeri, então, que ela me encontrasse em minha cela durante a madrugada. Imediatamente, ela reagiu em contestação dizendo que isso, além de impossível, era por demais perigosa.
Minha mente ardilosa não tardou em encontrar uma solução para o problema; lembrei-me de uma sala reservada em que o bispo e seus próceres burgueses reuniam-se para sessões de depravação com fornicações de jovens, bebida e fumo; apresentei-lhe a solução garantindo que o lugar, além de seguro, estava situado em um retiro pouco acessível. Temerosa, mas muito mais preocupada com sua saúde espiritual, Mônica acabou por aceitar. Pactuamos para a noite seguinte.
Saí no encalço de um pajem servil e lhe propus um acordo; em troca de algumas moedas de ouro ele me asseguraria acesso ao local e total privacidade. O rapaz, um vassalo esquelético com olhar arguto, aceitou, condicionando apenas que almeja espiar as escondidas o que lá aconteceria …, relutante, aquiesci.
Na noite seguinte, levei uma pequena tina de metal, balde com água, uns galhos de erva de São João e uma vara flexível de olmo, preparando o cenário para a defloração de Mônica; ela chegou ao local arfante e apreensiva. Expliquei-lhe como faria o banimento do demônio e ordenei que se despisse; ao vê-la nua, senti arrepios correrem por minha pele. A beleza daquela mulher era algo do outro mundo! Seus seios fartos e firmes, coroados por mamilos salientes e circundados por aureolas róseas despertavam um desejo atroz de sugá-los sem limitações.
O ventre perfeito, como esculpido por um artista meticuloso ornava um ventre insinuante com um pequeno chumaço de pelos protegendo a vulva proeminente que parecia arfar no mesmo ritmo da respiração da fêmea …, suas pernas bem torneadas e suas nádegas roliças encerravam um esboço feito pelo universo com dedicado esmero.
Fi-la sentar-se sobre a tina e banhei-a com água que afirmei ser benta, depois esfreguei o chumaço de erva e por fim surrei-a com a vara, tomando o cuidado de não machucar; levei-a para a cama, abri suas pernas e mergulhei meu rosto entre elas, saboreando sua gruta quente que ao contato de minha língua irreverente logo ficou úmida, não demorando a verter como consequência dos primeiros orgasmos.
-O que é isso? Meu Deus! Estou mijando em ti, Tristão – lamentou-se ela em desespero – Ah! Que coisa é essa? O que fazes comigo?
-Aquieta-te minha prenda! – respondi entre sugadas e lambidas – O que sentes é o prazer divino banindo o demônio para longe de ti! Não hesites!
Enquanto degustava aquela iguaria divinal, percebi a presença do pajem escondido entre penumbras e supus que estaria a manipular seu membro de modo insano o que me fez rir interiormente; após uma longa sessão de prazer oral, vi que era chegada a hora de aprimorar ainda mais o banimento de Mônica. Fiquei de pé e me despi ante os olhos estupefatos da freira que guardava em seu rosto uma expressão de êxtase, desejo e ansiedade.
-O que vais fazer, Tristão? – perguntou ela com tom trêmulo quase a balbuciar – Vais me fazer mal?
-Não, minha querida! – respondi, escondendo a ironia – Vou acabar com o demônio e fazer-te livre de todo o pecado!
Subi sobre ela e meti meu membro dentro de sua gruta, que de tão apertada, exigiu de mim ainda mais esforço; quando rompi o selo himenal, Mônica gritou, obrigando-me a tapar sua boca com a mão abafando sua exasperação; passei a golpear com intensidade, sentindo o corpo daquela mulher me pertencer como jamais sentira antes …, havia algo em Mônica que me cativava, arrebatando meu equilíbrio que não se limitava apenas ao desejo carnal, indo muito mais além.
Sob a batuta do macho, ela usufruiu de tantos gozos ininterruptos que chegava-lhe a faltar o ar, arfando, gemendo e me abraçando carinhosamente. Não me rendi ao cansaço, muito menos ao esforço que fustigava meu corpo e meus sentidos e após levar aquela cópula ao seu limite, senti que o inevitável estava por acontecer …, grunhi como animal enquanto ejaculava, preenchendo a gruta de Mônica com minha carga de macho. Desabei sobre ela; ambos respirávamos com dificuldade.
-Ah! Uh! Obrigado, Tristão …, obrigado por tudo! – balbuciou Mônica em meu ouvido com tom de gratidão – Não apenas me livraste de um mal maior, como concedeu-me a realização de um sonho!
A partir daquela noite, nos tornamos amantes ocultos e com o passar do tempo, Mônica descobriu que o que fazíamos nada tinha a ver com banimento …, mesmo assim, ela se entregou a mim …, todas as noites, nos encontrávamos no mesmo lugar e copulávamos como animais entregues à luxúria; ensinei-a como saborear meu membro, despejando, ao final, minha carga de sêmen em sua boca! Convenci a ela das delícias do sexo anal, e ela entregou a mim seu selo virginal, que tive imenso prazer em romper entre gritos e gemidos ensandecidos; por vezes eu brincava com sua vagina, dedilhando-a com afinco e esmero, extraindo gozos e mais gozos, até que ela beirasse o desfalecimento.
E por conta disso, algo inédito aconteceu: nos apaixonamos! O que podia ser uma dádiva ou uma desgraça …, apenas o tempo poderia confirmar. Infelizmente, o inevitável veio a nos atingir; o pajem, aquele desgraçado, entregou-nos ao bispo que valeu-se disso para me chantagear, exigindo que eu oferecesse Mônica aos seus sortilégios devassos.
Me neguei, mesmo ao saber que ela estava grávida! O bispo ameaçou-me de separar mãe e filho, o que era inconcebível, mesmo para um devasso ímpio como eu! Lutei, mas não venci. Mônica deu a luz ao meu único filho que jamais conheci, e depois foi enviada a um hospício onde veio a falecer de tristeza. Meu maior pecado foi apaixonar-me uma única vez! E isso fez de mim o que sou hoje: fraco e moribundo e vazio! …, eis minha confissão …, agora, parto em paz comigo mesmo e com o Pai Eterno …
Nesse instante, o noviço não consegui mais conter suas lágrimas e correu para fora da cela do religioso, ajoelhando-se no corredor e chorando copiosamente; foi acolhido por frades que acompanhavam o confessor que finalmente chegara …, todavia, era tarde demais …, Tristão falecera …, e seu confessor fora aquele jovem noviço inexperiente que ainda chorava e soluçava apoiado por seus irmãos. O que eles não sabiam é que Paulo, o noviço, era o filho que Tristão jamais conhecera …, o filho desconhecido que tornou-se o confessor da alma de seu pai!