Na manhã seguinte, acordei cedo e recebi de meu tio um convite bastante inusitado. Ele queria que eu fosse com ele para o mercado, para comprar alguns novos escravos para trabalhos de peso.
- Meu pai parece empenhando em lhe trazer para os negócio da família - Rodolfo comentou, quando ficamos a sós no café.
- Não esperava menos de meu tio. Mas se ele pensas que vai me intimidar, terá de se contentar com a decepção.
Após o desejum, saimos eu e meu tio para o mercado do porto. Uma viagem longa, mas fomos animados e conversando trivialidades a princípio. Mas sabia bem que ele não conseguiria fugir do cerne da questão por muito tempo.
- Como falei contigo ontem, verás que o comércio está mais forte do que nunca. A diferença é que usamos códigos para não espormos demais a fatsa. Entende como é, não? - e riu - escravos de porte, nos chamamos de touros, mulheres para ama, galinhas e por aí vai.
Ele então me olhou e tentoi ponderar
- Sei que se apieda dessa gente, mas acredite Fábio, algumas tradições são melhores sendo mantidas. Não tens a crença de que estamos lidando com gente, não é mesmo?
Achei graça de seu eu último comentário.
- Se cresse nisso, então o olharia com olhos menos amigáveis, pois o senhor seria um sodomita e um adultero, uma vez que já fornicoi com vários desses.
Meu comentário saiu mais venenoso do que quis, e percebi em seu olhar de espanto. Preferi evitar o conflito, pelo menos a priori. Dei uma risada, como quem brinca, e continuei
- Achas que sou criança, tio. E não sei wue tu e meu pai se divertiam fornicando com os negrinhos e as negrinhas, como quem transa com cabritas? E se me lembro bem, o senhor tinha uma escrava de companhia, que vivia saindo de seu quarto as vésperas de minha viagem a Europa.
Ele corou e deu um tossida.
- Me julgas mal, tio. - continuei - Não falei o que falei ontem por questões filantrópicas. Não sou assim. Sou um homem da razão. Não torço pelo fim da escravidão, apenas o prevejo. Como quem prevê uma tormenta se avizinhando. Seria um hipócrita se pensasse o contrário, já que usufruo muito dos serviços desses homens e mulheres. Não sei o que a História nos reserva, mas sou grato de ter nascido do lado avantajado dela. Sei que se fosse em contrária situação, esses mesmos hoje escravos não hesitariam em me usar tal como os usamos. Li também, assim como o senhor, as cartas de Erasmo e sei bem que eles são em sua grande maioria prisioneiros de guerras que travam em suas próprias terras. E que se tivessem vencido, seriam eles a venderem seus irmãos para nós. Enfim. O mundo não é preto no branco.
Parei um instante e olhei pela janela da carruagem
- E o que pretendes então? - perguntou por fim.
- Eu já tenho meu planejamento. Esse é um dos motivos de ter vindo a cidade com o senhor. Tenho me correspondido com um amigo da cidade. E hoje vim ver o estabelecimento que servirá de consultório para mim.
Meu tio se surpreendeu, embora não muito. Afinal, nunca escondi meus sonhos de ninguém. Nem mesmo dele.
- Então vejo que a vida na fazenda não será mesmo para ti. - e riu - a cada dia que passa, tu se parece mais com Ivan. Deus, como sinto falta de meu irmão.
Neste instante, seus olhos brilharam com o prenúncio das lágrimas, algo que ele logo tratou de ocultar, pois como bom homem, não chorava. Meu tio era um homem forte, um pouco bruto apesar do sangue nobre. Dureza necessária a todo chefe de fazenda. Apenas em pequenos instantes, eu era capaz de ter um vislumbre de sua essência. Quando falava de meu pai, era sempre um destes momentos.
- Ele eras como tu. Tinha a aptidão aos negócios da fazenda, mas não o anseio. Dizia que iria ganhar o mundo, e teria conseguido se a doença não o tivesse arrancado dele tão prematuramente.
Pus a mão em seu ombro e sorri.
- Não se preocupe, tio. Não pretendo sair ao mundo. Uma vida simples de médico já me é o bastante. Uma família, filhos. É tudo o que peço. Não se livrará de mim tão facilmente.
Ele sorriu e eu também. E seguimos em silêncio o restante da viagem
Ao chegarmos, a primeira coisa que fiz foi liberar meu tio dos afazeres.
- Não se preocupe, deixa que cuido dos negócios aqui. Como o senhor mesmo falou, tenho talento aos negócios. E fique despreocupado que quando nos encontramos, estarei com os melhores escravos que seu dinheiro poderá comprar.
- Tem certeza disto? Saberá negociar nesse novo modelo?
- Seguramente. Divirta-se. Sei que tem amigos aqui. Mate a saudade e deixe o restante comigo.
Ele sorriu e eu logo saí para meus afazeres. Primeiramente, fui ver o lugar que serviria de consultório para mim, e gostei de tudo que vi: espaço, localização e um preço justo.
Depois, fui até o mercado onde encontrei outro velho amigo, Estevan, que estava pechinchando com uma senhora sobre a compra de uma ama de leite para seu filho.
- Lá estás a você vender quinquilharias para pobres senhoras - ironizei.
O vendedor se voltou para mim com ira nos olhos, mas logo sua raiva se esvaiu e um sorriso alegre surgiu em seu rosto.
- Fábio, seu pequeno bastardo. Que bons ventos lhe trazem aqui.
E nos abraçamos. Eu o cumprimentei e depois me voltei para a senhora.
- Desculpe esse jovem tolo. Apenas brinquei com um velho amigo e esqueci os bons modos. Não se deixe desanimar. Estevan tem as melhores galinhas deste lado do pacífico. Não importa qual seja, a senhora fará um excelente negócio.
Deixei os dois encerrarem as negociatas e aguardei. Ao terminar, Estevam veio ao meu encontro.
- O que tráz o menino de Londres aqui?
- Negócios pessoais, um favor a meu tio e também rever um velho amigo.
Sorrimos.
- Venha. Vamos beber.
Nos dirigimos a seu escritório e lá nos servimos de boa cerveja e enchemos aquela sala com uma boa conversa.
- Então, Fábio. Soube que está noivo. Então, se tudo der certo, irás enfim sossegar?
- Se tudo der ainda mais certo, não precisarei. - respondi, tomando de um gole. - Mas sim. Saí do Brasil noivo e pelo que tudo indica minhas promessas de casamento ainda estão valendo. Mas não estou morto, não ainda. Por isso também vim. Meu tio precisa de escravos fortes, para trabalho pesado.
- Para trabalho pesado? E para diversão? Algum interesse? - perguntou com malícia.
- Pretendo unir o útil ao agradável em minha empreitada. Tem algo para me mostrar?
Estevam sorriu, então se ergueu e foi até a porta. Chamou um negrinho que estava sentado olhando uns papéis na mesa.
- Tu. Tragas uns 4 touros da última remessa que chegou. Escolha os mais fortes.
O garoto saiu e ele voltou. Não demorou muito e logo o garoto estava de volta. O som das correntes arrastando denunciou a entrada do grupo. Todos de fato grandes e fortes, vestindo roupas de algodão surradas, cabeça baixa, mas expressões impossíveis.
- Muito bem, moleque. Agora saia - ordenou Estevam. - Então, o que acha? - perguntou a mim
Levantei, dei uma olhada rápida e já podia saber que ele tinha, mais uma vez, acertado. Todos fortes, com aparência de serem acostumados ao trabalho pesado. Segurei o rosto de um e o fiz me olhar. Seu olhar era firme, quase intimidador.
- Gostei desse - avaliei - ainda tem fogo nos olhos
E passei a mão em sua boca e examinei os dentes. Estava em boa saúde.
- Fala minha lingua? - falei com o escravo. Ele me olhou e ficou mudo. Sério.
- És surdo ou burro? - Perguntei e seu rosto logo se fechou - vejo que nem um nem outro - concluí - apenas me ignora. Mas tudo bem, já que fala minha língua, tire as vestes, quero avaliar seu tipo físico.
Mesmo desagradado, ele ergueu as mãos agrilhoadas e a levou as costas, onde puxou a blusa por trás e a retirou. Um belo tronco, já forte, sem pelos. Avaliei de cima a baixo.
- Tire o restante também. Quero. ver sua pele.
O escravo então puxou o cadarço da calca, afrouxando-a e a fazendo deslizar até os pés.
Olhei satisfeito para o corpo diante de mim. Segurei com delicadeza seu membro. Um pau grosso e pesado. Ele estremeceu ao meu toque, mas tentou disfarçar. O que não valeu de muito, pois o senti inchar entre meus dedos.
Puxei a pele, revelando a cabeça.
- Estão todos muito limpos - Comentei com meu amigo.
- Nada como uma boa apresentação - agradeceu com reverência exagerada, típica de meu amigo.
Voltei a fitar o homem a minha frente e me suspreendi ao sentir a pressão de seu olhar em minha direção.
-Algo a comentar? - falei, ainda segurando seu membro e alisando a cabeça. Agora estava bastante duro
Mas ele não respondeu, me encarando sem muito respeito. Confesso que gostei daquilo.
- Deseja averiguar os demais ? - Estevan quis saber.
- Em breve. Não terminei com este aqui.
Então sem avisar nada , desci e pus o órgão em minha boca. Mal cabia de tão grosso, mas chupei com vontade. Lambi toda a cabeça sob o olhar atento do escravo. Percebi que os demais acompanhavam tudo com reservado interesse.
Só depois de satisfeito em experimentar, parei.
Foi quando o ouvi sua voz lançar uma frase que me encheu de surpresa.
- Vou empalar você, seu maricas.
Mas o que mais me surpreendeu, além do fato daquela frase ter sido dita em um inglês grosseiro, foi o tom claro de ameaça que ela representou. Tratava-se de um homem feroz.
O encarei de novo, visivelmente satisfeito e respondi, também em inglês:
- Vejo que fala bem o inglês, além de entender de português. É raro um escravo que saiba falar duas linguas.
Ele arregalou os olhos e eu acariciei seu rosto. Minha resposta havia dissipado um pouco de sua coragem, mas não totalmente,. Pois o negro ainda tinha o atrevimento de me encarar nos olhos.
- Não faça promessas as quais não será homem o bastante para cumprir depois - aconselhei.
Nada mais falou.
Cheguei mais perto, olho por olho.
- Tome cuidado, Fábio - Estevan alertou, um pouco tenso.
- Fique calmo - pedi, sem tirar os olhos do negro - Qual seu nome, escravo?
Ele não respondeu.
- Por acaso não te deram nome? Nem na sua terra, nem aqui?. Então posso chamar você do que eu quiser? - aticei e ele fechou a cara.
- Akin - disse seco, sem desviar o olhar.
- Muito bem, Akin - e beijei seus lábios, ele não respondeu. Massageei seu órgão, sentindo-o duro como rocha.
Alisei, com a ponta dos dedos sua barriga dura, seu peito volumoso, acariciando o rígido mamilo.
- Vamos ver se Akin é um homem de palavra - Desafiei. - Estevan, as chaves deste escravo, por favor
- Fábio... - alertou, bem sério.
- Agora - completei, intransigente. Estevan hesitou, então bufou e entregou a chave em minha mão.
Eu abri os grilhões que prendiam seus punhos e suas pernas, deixando-o nu e livre
- Espero que não seja burro de tentar algo. Sei o que está pensando, que é um homem forte e que poderia nos abater aqui. O que não é mentira. Mas até onde chegaria? Acha mesmo que passara mais que dois passos daquela porta sem ser alvejado?
Fiz silêncio e o olhei de cima a baixo. A musculatura bem definida, as pernas grossas. O rosto duro de um guerreiro e a lança ereta entre as pernas. Eu não podia mentir, sentia um pouco de medo. Mas aquele medo era o tempero a mais que compunha aquela deliciosa refeição.
- Talvez a vida de um escravo não valha a pena ser vivida. Mas a única que lhe apresenta no momento, e com a qual você ainda será capaz de dar algum sentido. Se sair por aquela porta como um rebelde, será apenas um rebelde morto. E nada mais.
Fui então tirando minhas roupas, sob o olhar tenso e atento de Estevan.
Nu, virei de costas para Akin, apoiando as mãos na mesa e me oferecendo como uma fêmea no cio.
Ele não se conteve. Voou em mim como um urso e me agarrou por trás com força. Envolvendo meu pescoço em seu braço musculoso. Parou, talvez avaliando se queria me penetrar ou me estrangular. Por sorte, foi a primeira opção.
- Tu pediste isso - e enfiou de uma vez sua poderosa lança.
Minhas pernas tremeram na hora, com o primeiro choque. Quase caí, mas fui bem amparado por Akin, que me agarrou pelos ombros e fincou novamente. Seu pau entrou fundo, me arrancando um gemido involuntário.
Três, quatro, cinco, seis fincadas. Todas poderosas. Cravadas como punhais em meu corpo. Era claro o intuito de me machucar, mas que não chegaram sequer perto da intenção. Meu próprio órgão verteu sêmen na última estocada. Quando Akin enfiou fundo e ejaculou dentro de mim, urrando como um animal.
Estevan estava empinado na cadeira, olhando tudo com olhos sedentos
- Tu - apontou para outro escravo - vá no lugar dele.
Outro escravo foi solto e se achegou, sem sequer fingir descontentamento com a ordem, ou qualquer tipo de orgulho ferido. Arriou a própria calça e começou a meter.
Trinquei os dentes. Esperando alguma judiação, mas o calvário havia sido menor que imaginava.
Após ter sido praticamente alargado pelo membro de Akin, aquele desafio foi fácil. O jovem escravo fudeu bem. Me dando bom prazer até a hora em que ele mesmo gozou. Até lá, me diverti olhando os demais escravos, todos atentos e ansiosos. Procurando comedir a ansia que estavam sentindo. O desejo de se verem ordenados a ser os próximos a satisfazer as perversões deste jovem fidalgo.
Os membros rígidos faziam volume na calça de linho. Mesmo um tecido pesado como aquele não resistia ao vigor daqueles homens e despontavam a frente como barracas armadas na planície.
Mas seus desejos foram frustrados, pois o próprio Estevan se anunciou como próximo e saltou da cadeira Veio até mim ao final do segundo escravo, apertou forte minhas nádegas, admirando meu corpo nú.
- Queria apenas assistir, mas não consigo vendo tu todo arrebitado desta forma.
Estevan alisou minhas costas, enquanto me sodomiza. Mais carinhoso que os cativos, embora pretendesse ser bruto como seus antecessores. Alisou meu corpo, chegando até meu órgão, que naquele momento vertia o liquido espesso.
Aproveitei e olhei para Akin e encontrei a sombra do homem tão corajoso de outrora. Ele estava acuado no canto, encolhido, acompanhando tudo com a expressão de vergonha.
Mas não era apenas sso. Não era apenas vergonha. Era talvez... Derrota? Sim... Ele julgou que me derrubaria em meu próprio jogo, mas saiu frustrado. Pobre Akin, não imaginava a incalculável experiência que eu tive, com homens dos mais diversos confins do mundo. Eu não seria subjugado assim tão fácil.
Enquanto era cavalgado por Estevan, sorri para ele, mostrando com o olhar que estava muito satisfeito com seu desempenho. O senti se empinar, como quem tenta reestabelecer o controle de si mesmo. Percebi também uma reação em seu órgão até então mole, que foi inchando novamente. Ele o tampou, como quem esconde uma vergonha íntima.
Eu sorri novamente e ele me olhou pelo canto do olho. Ainda envergonhado. Acenei afirmativamente, tentando passar a mensagem de que não havia problema. Tudo bem ele ter gostado mais do que queria.
Quando Estevan gozou, suas pernas tremeram involuntariamente.
- Pelos céus, rapaz. Como podes ter uma anca tão saborosa. Perdi as contas de quantos já provei, mas nenhuma se iguala a tua. É um crime não ter nascido mulher.
Ri bastante e me ajeitei, minhas costas começavam a doer por manter tanto tempo aquela postura.
- Por hoje chega, estou satisfeito. - anunciei
Não pude deixar de me sentir lisonjeado, ao ver a decepção no rosto dos escravos que não tiveram a oportunidade de se aventurar
- Gostei deste grupo. Homens fortes e parecem acostumados ao trabalho pesado. Na fazenda terei mais tempo de os conhecer mais a fundo. Mas já sei que se foram recomendados por tu, não irão decepcionar.
Estevan, caído na cadeira, ainda nu, bebeu de mais um gole e concordou.
- Sabe, velho amigo, que só trabalho com o que há de melhor. Vou preparar os documentos e, vocês, retirem-se. Sairão com o senhor Fábio em poucos minutos.
Os escravos sairam, dois deles devem ter esquecido que estavam desagrilhoados. Akin olhou para trás antes de sair e me olhou nos olhos. Eu mantive o olhar firme. Alguma coisa nele me atraia. Sentia o fogo em seus olhos, a força. Era sem dúvidas um homem forjado. Daqueles que não se dobravam tão facilmente. Gostava desses. Gostava muito