Os primeiros raios solares da manhã rasgavam o manto enegrecido da noite, projetando sua luminosidade cintilante sobre a terra; na amurada do lado sul do castelo, Garth despencava em queda livre …, seria morte certa! Todavia, conjurando um feitiço ancestral, ele transmutou-se em uma enorme águia, abrindo as asas e batendo-as vigorosamente; em poucos segundos, a ave portentosa, desenhava um voo ascendente, rumando para os limites do reino.
E quando o sol já imperava imponente acima do horizonte, Garth vislumbrou as colunas de lanceiros avançando em direção ao reino; atrás deles vinham os cavaleiros sobre suas montarias de batalha que honravam a tradição animal de seus ancestrais trotando com patadas vigorosas. Não demorou para que o mago visse a liteira improvisada onde estava o corpo quase inerte do Rei Hagart. Mais uma vez, o mago desenhou um voo descendente até pousar sobre a liteira, retomando sua forma humana.
Ordenou que o séquito interrompesse sua jornada para que ele pudesse prestar socorro ao seu soberano. Nu, mas trazendo uma pequena bolsa de couro amarrada à cintura, dela retirou um emplastro, aplicando-o sobre a ferida aberta no dorso do monarca; enquanto ela agia, espumando e criando uma espécie de camada de proteção vegetal, Garth fez com que ele se levantasse para montar sua égua de batalha.
-Agora, corra! Corra como o vento! – sussurrou o mago no ouvido da montaria que, imediatamente, disparou em desabalada carreira.
Alguns dias depois, Hagart convalescia em seu leito real, ladeado pela esposa e também pela filha; sua recuperação vingava a olhos vistos e todos pareciam aliviados …, não fosse por um olhar de soslaio de Aline em direção ao mago que mantinha-se perfilado ao lado da porta do aposento.
-Eu não aguento mais! Você precisa fazer alguma coisa …, ainda hoje! – exigia a princesa Rhea confabulando com o mago em um pequeno salão anexo aos aposentos reais – Eu quero me entregar ao meu pai! Faça alguma coisa …, senão …
-Senão o que, garota arrogante! – interrompeu o mago com tom austero – Ousas ameaçar-me? A mim? Saiba que farei o que desejas …, mas, apenas quando for oportuno …, neste momento, teu pai ainda carece de cuidados …, e não quero mais ouvir tuas lamúrias!
Sem esperar por uma resposta, o mago afastou-se da princesa que permaneceu silente e pensativa; inesperadamente, um corvo sobrevoou a abóbada do pequeno salão, pousando ao lado dela e tomando sua forma humana; Sketi olhava para Rhea com uma expressão irônica, porém sem dizer uma palavra sequer.
-O que fazes aqui, seu inútil? – rosnou a princesa sem esconder sua irritação – Veio troçar de mim, foi? Ouviu o que teu mestre disse e veio me tripudiar?
-Tua impaciência somente se equipara à sua arrogância …, que triste! – respondeu ele em tom sarcástico – Bem, minha presença aqui deve-se a uma possibilidade de fornecer a ti uma ajuda em teu intento …, mas, já que não queres …
-Arre! Diga logo, seu monstrinho metido! – exigiu ela com tom irritado.
-Calma lá, princesinha …, tudo na vida tem um preço! – disse ele ainda com ironia – E o meu não é tão caro assim …
-Seu maldito! Estás a abusar da sorte! …, diga logo o que tens e o que queres em troca – vociferou Rhea ainda mais irritada.
-Conheço alguém que pode conseguir o que almejas – prosseguiu Sketi – É uma bruxa que mora na montanha negra, cuja reputação é temida até por Garth …, se há alguém que pode atender teu desejo …, seu nome é Sidônia!
-Hum, e como faço para ela vir até mim? – perguntou Rhea, procurando ocultar sua imensa curiosidade.
-Ahá! Não é assim que se faz! – respondeu Sketi em tom eufórico – Você precisa ir até ela!
-Você está louco? Como posso fazer isso? – devolveu ela já impregnada de fúria – Acha que uma dama como eu pode andar livremente …
-Dama? Não me faça de idiota! – disse Sketi com tom irônico – Bem …, para fazer isso, precisas aliciar o chefe da guarda palaciana …, ele bem conhece o caminho até lá.
-Entendo …, e o que queres tu em pagamento por essa informação – tornou a perguntar a princesa em tom enfadonho.
-Tu sabes que sou o que chamam de hermafrodita, não sabes? – comentou ele em prosseguimento – Pois então …, quero pertencer a Sêmet …
-O chefe da guarda? …, apenas isso? – indagou a princesa ainda curiosa.
-Sim! Apenas isso, mas quero que aconteça antes de tu peregrinar até a montanha – respondeu Sketi com tom ansioso.
Imediatamente, a princesa aquiesceu e passou a arquitetar um plano para atingir seu objetivo. Naquela noite, antes de se recolher, chamou Joyce e pediu a ela que chamasse Sêmet à sua presença o mais rápido possível, salientando que fosse ele até os seus aposentos. Curiosa como sempre, Joyce curvou-se em reverência, esperando que Rhea lhe desse uma explicação, o que redundou em uma sequência de berros histéricos que puseram a serviçal em fuga.
Assim que Sêmet se apresentou, Rhea confidenciou a ele seu intuito, comprometendo-se em uma paga em ouro, desde que aquele assunto ficasse apenas entre eles; o guerreiro, conhecedor dos desmandos da princesa não hesitou em aquiescer …, acertaram de viajar para o destino na manhã do dia seguinte; antes que ele se retirasse, Rhea ainda lhe fez uma exigência: que ele deveria deixar a porta de seu alojamento aberta naquela noite, pois receberia uma visita …, um tanto surpreso com a exigência e tendo em mente ainda o comportamento explosivo da princesa, acenou com a cabeça, retirando-se do quarto. Rhea, então, olhou para o vão abaixo do balcão onde Sketi estava escondido sob a forma de corvo e sorriu para ele, que, por sua vez, alçou voo em direção ao seu ansiado destino.
Com pequenos pulinhos e sempre protegido pela escuridão, Sketi foi ao alojamento do Sêmet e tomando a forma humana, entrou sorrateiramente; ao aproximar-se da cama de campanha do militar, Sketi ficou embasbacado com as formas bem torneadas de Sêmet; ele olhou para aquele corpo desnudo e musculoso, dando especial atenção ao apêndice masculino, cujas dimensões eram de impressionar.
Ajoelhado ao lado da cama, Sketi, sem usar as mãos, pousou a cabeça sobre o ventre de Sêmet, bem próximo de seu objetivo; de início, ele apenas lambeu a glande do membro que ainda repousava dormente sobre o ventre do guerreiro; mas, a medida em que avançava, chegando mesmo a envolvê-la com os lábios, Sketi vislumbrou o nascimento viril do macho.
Logo, o membro estava em riste, pulsando ansioso por mais; ainda sem o uso das mãos, Sketi tomou-o na boca, deliciando-se em sugá-lo e prender a glande entre os lábios; ainda hesitante, ele tomou aquele instrumento de prazer com uma das mãos, passando a lambê-lo e também sugá-lo com avidez …, e não tardou para que o guerreiro fosse acordado pela insinuante carícia oral.
Valendo-se de seu mimetismo, Sketi alterou seu aspecto físico e protegido pela penumbra vigente no alojamento, esperou para ver a reação de Sêmet; o guerreiro olhou para ele por alguns minutos, e quando Sketi fez menção de libertar seu membro, Sêmet segurou sua mão; o militar logo procuro pela boca do visitante e eles se beijaram longamente. Apenas quando Sketi subiu sobre ele roçando o membro com sua vagina, o guerreiro percebeu que também ele tinha um apêndice de bom tamanho e que também estava rijo.
Sketi temeu pela reação do soldado, porém surpreendeu-se ainda mais quando Sêmet segurou seu membro aplicando-lhe uma suave masturbação; vendo-se livre para agir, Sketi desceu sobre a tora rija do guerreiro, deixando-se preencher por aquele suculento volume de carne pulsante; Sketi passou a cavalgar seu parceiro com movimentos de sobe e desce cada vez mais rápidos e contundentes, recebendo em retribuição uma vigorosa masturbação que deixava a ambos em plenitude de êxtase.
Vez por outra, Sketi inclinava-se sobre Sêmet roubando-lhe beijos sempre quentes, molhados e profundos. Realizado, a entidade conjurada por Garth deixou que o desejo seguisse seu curso, saboreando cada segundo em que pertencia a Sêmet. Algum tempo depois Sêmet fez com que Sketi mudasse de posição; com seus braços e mãos fortes, ele segurou o parceiro como se ele nada pesasse, colocando-o sobre de quatro sobre a cama.
E o sexo avançou com o guerreiro posicionado atrás de Sketi, golpeando com força e ouvindo seu parceiro gemer de prazer; ao mesmo tempo em que usufruía de gozos provenientes de sua vagina, Sketi também se masturbava, aproveitando todas as possibilidades que lhe eram permitidas por sua natureza hermafrodita e também por seu desvario carnal …, de madrugada, muito depois de várias trocas de posições, suspiros, gemidos e gritos, Sêmet anunciou que estava próximo do gozo.
Sem perda de tempo, Sketi desvencilhou-se dele, pondo-se de joelhos e suplicando para que ele gozasse em sua boca; surpreso, mas também excitadíssimo, Sêmet atendeu ao pleito do parceiro; de pé na frente dele, o guerreiro, masturbou-se até ejacular, vertendo sua carga de sêmen sobre o rosto e peito de Sketi …, adormeceram abraçados.