Capítulo 37
Bruno depositava toda a sua satisfação na tarefa de redigir a matéria sobre a prisão de Gustavo. Sentia-se preenchido com o sentimento de vingança. E isso o satisfazia.
Contudo, o que o incomodava era o fato de Gustavo ter tido o privilégio de ficar numa cela especial por ter diploma de ensino superior. Bruno desejou que o pai sofresse numa cela repleta de bandidos furiosos e fedidos fazendo justiça por suas vítimas.
Com a prisão do pai, Bruno sentiu-se seguro de visitar Jonas no hospital.
Durante os dias que se passaram, Bruno se torturara com o sentimento de culpa pelo ocorrido a Jonas. E temia que Gustavo pudesse fazer uma nova tentativa de prejudicar o homem que ele ama para atingí-lo.
Naquele momento, decidiu ceder à vontade de matar a saudade do seu grande amor.
Foi ao hospital levando um buquê de rosas brancas.
Porém, para o seu desagrado, encontrou com Jorge próximo a porta, aguardando a saída de Olívia para que pudesse visitar o filho.
Ao vê Bruno se aproximar, depositou sobre o jornalista um olhar condenador, torcendo a boca, expressando nojo.
Bruno sentiu o coração bater mais forte. Temia que Jorge iniciasse uma briga.
_ Você é muito cara de pau de aparecer por aqui, sendo que foi o bandido do seu pai que quase matou o meu filho.
Bruno encostou as costas na parede, segurando o buquê arriado para baixo. Evitou olhar nos olhos do sogro.
_ O seu pai merece morrer! Ele desgraçou a vida da minha filha e você a do meu filho. Aliás, era você que convidava a Gabriela para ir na sua casa. Você era isca para o seu pai tarado.
Bruno se afastou para ir embora e não ouvir mais as acusações de Jorge. Contudo, no meio do caminho foi dominado por uma raiva que se converteu em coragem.
Deu meia volta, retornando à presença de Jorge. Ergueu a cabeça e o fitou no fundo dos olhos.
_ Escute aqui. Eu não vou mais permitir que nem você e nem ninguém me acuse desses absurdos.
_ Ah, deixe de...
_ Cale a boca que eu não terminei! Você vomitou as suas acusações estapafúrdias na minha cara, agora vai me ouvir sim!
Eu nunca fui o responsável pelas merdas que o dito meu pai fez ou faz. Eu não sou ele. E não vou aceitar ser responsabilizado por nada que não seja eu que tenha feito.
E se você ou a sua filha permanecerem com essas calúnias, eu não vou me importar de mover um processo judicial contra vocês. Então, pense muito bem no que vai dizer daqui pra frente.
Jorge se viu sem palavras, pois não esperava essa atitude vinda de Bruno.
_ E para finalizar, pode começar a se acostumar olhar para esse rostinho aqui._ Bruno dizia dando leves tapinhas na sua face_ Porque você ainda o verá muito. Você querendo ou não, eu sou o seu genro. Você vai ter que conviver com isso, o que deve ser um sacrifício para um homofóbico como você.
Olívia saiu do quarto. Olhou séria para Bruno e disse:
_ O meu irmão quer que você entre agora.
_ Mas eu cheguei primeiro!
_ Mas o Jonas disse que quer ver o namorado primeiro, pai.
Bruno entrou tentando manter em oculto o sorriso que desejara expressar. Mas ao vê Jonas deitado na cama com o ombro enfaixado, pálido e sorrindo por vê-lo, recordou do dia em que ele fora baleado, da sua expressão de dor no chão de asfalto, com o sangue jorrando sentiu uma vontade imensa de chorar.
Correu até a cama, se atirando em seus braços e permanecendo num abraço amoroso.
_ Minha vida, eu estava morrendo de saudades! Eu tive tanto medo de te perder. Ah, como eu te amo!
_ Eu também te amo muito, meu bem. Pensei que não quisesse mais me ver.
Bruno encheu o rosto de Jonas de beijo, terminando na boca.
_ Por que você não veio antes? Eu senti tanto a sua falta._ Jonas perguntou acariciando o rosto de Bruno, o olhando com ternura.
_ Eu tive muito medo.
_ Medo de quê?
_ Dele tentar alguma coisa. Mas, graças a Deus ele está onde deve está.
_ Eu tô acompanhando o caso, tanto pela mídia, quanto pelo meu advogado. A sua mãe esteve aqui algumas vezes e eu sempre perguntava por você. Não dá para ficar sem o meu bebezinho.
_ Isso não vai mais acontecer. Nunca mais. Eu sempre te amei e sempre sofri todas as vezes que fui obrigado a me afastar de você.
_ Eu fui muito filho da puta com a história do Matheus. Foi um canalha tanto com ele quanto contigo. Vocês não mereciam. Me perdoe?
Bruno o beijou.
_ Eu não quero mais viver sob a sombra do passado. Eu decidi que vou ser feliz e isso não é opcional. Queira Gustavo ou não. Ele não tem mais poder sobre a minha vida. Acabou!
_ Nossa! O meu menino está mais forte, mais decido. Gostei de vê. Agora além de te amar, sinto orgulho do homem foda que você se tornou.
_ Acho bom mesmo, pois será com este homem foda que você passará o resto dos seus dias.
Jonas sorriu arqueando a sobrancelha. Bruno segurou a mão do namorado.
_ Meu amor, você poderia me fazer homem mais feliz deste mundo?
_ Te fazer feliz é o meu maior propósito de vida.
Bruno depositou as flores na cama e retirou do bolso da calça uma caixinha preta. Abriu-a revelando um par de alianças.
_ Amor, quer me dar a honra de casar comigo?
Jonas gargalhou surpreso.
_ Ah, como eu te amo, caralho!
Jonas o abraçou forte e o beijou.
_ É lógico que eu quero me casar contigo! E o mais rápido possível, com direito a lua de mel em Paris, meu tudinho.
Eles trocaram as alianças e se beijaram em seguida.