Ramona in the Skies with Black Diamonds (RSBD) - Parte 1

Um conto erótico de Bruna Camila
Categoria: Heterossexual
Contém 3954 palavras
Data: 19/01/2021 16:44:20
Última revisão: 29/03/2023 18:50:45

Capítulo 1 – Another Brick in Wall

Bom, meu nome é Ramona e trabalho no Starbucks do Barra Shopping no Rio de Janeiro. Se você já passou lá das 9:00 às 17:00 e encontrou uma menina de cabelo verde e curto, no caso era euzinha.

Eu sou o que vocês mais leigos chamariam de uma jovem adolescente assexuada, nunca me envolvi sexualmente com ninguém. Eu já tenho 17 anos e ajudo a minha vó em casa trabalhando e ela nunca me pergunta sobre essas intimidades.

(Eu tenho uma pequena tatuagem em forma de uma lágrima negra, a fiz na época que estava com depressão e aprendendo a buscar ajuda)

Minha rotina era pegar o BRT das 7:45 na Estação Mato Alto e sentar em um banco cativo meu. Quem pega esse ônibus sabe como é complicado conseguir sentar, e já pensando nisso eu ficava na frente e havia sempre um atropelo e correria por lugares.

(Minha triste rotina)

E como eu sempre corria para um banco em meu cantinho, e este em particular era colado no final do carro principal do motorista, eu conseguia sentar sempre nele e me ziguezagueava leve e ligeira até o meu lugar sem ser pisoteada.

E daí em diante eu simplesmente ficava sentada e aproveitava minhas playlists no Spotify, músicas mais indies e grunges como No Surprises do Radiohead, Green Day e outras bandas similares. E a viagem sempre passava veloz e salpicada de tons cinzas e melancólicos.

E teria sido sempre assim.

Se essa parede não tivesse surgido no meu caminho.

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A primeira vez que eu notei era só um tijolinho nessa parede imaginária.

Eu só noto que eram as mesmas pessoas que estavam em pé e nos meus arredores.

Se eu não houvesse observado no dia anterior eu não teria verificado esse padrão claro e distinto. Com certeza não devia significar nada. Talvez esses homens (eram só homens de uns 30-40 anos) deviam ter uma parte cativa daquele transporte, assim como eu mesma tinha um.

Só que mesmo me tranquilizando internamente, se eu notei no dia seguinte foi exatamente por eu ter verificado a similaridade e isso ter me tirado da minha vibe distraída no meu headphone. Eram homens negros e pardos e que se posicionavam nas exatos mesmos lugares.

Agora eu estava escutando Karma Police, contudo não conseguia fechar os olhos e fingir que não havia visto o que eu vi. Eu me fingia de sonolenta e olhava de soslaio pra cima e para o homem do meu lado esquerdo, sentado e vestido com uma roupa social de escritório, meu ombro roçava no dele desse lado e no outro colava na divisória para a sanfona de junção com o outro carro do BRT.

E o que eu notava e distinguia era uma tensão e nervosismo entre eles. Uma espécie de expectativa e cumplicidade por uma espera que desembocaria em algo, e eu não sabia o que era.

Eles não falavam entre si e olhavam para seus respectivos aparelhos celulares. Quase como nem se conhecessem.

Mas se isso fosse verdade.

Porque eles ficavam exatamente no mesmo lugar?

Talvez apenas fossem zangões trabalhadores e que inconscientemente seguem o fluxo do capitalismo e ocupam sempre o mesmo lugar, até mesmo no deslocamento de casa pro trabalho e vice-versa. Meras engrenagens irracionais que se encaixam e giram os mesmos mecanismos sem nunca alterar sua velocidade ou sentido de giro na vida.

Talvez fosse só isso mesmo.

Só que existia outra possibilidade.

A de que eles estavam propositalmente se colocando alinhados e orbitando o meu lugar cativo onde eu sentava.

E se fosse isso, qual seria a intenção para tal atitude?

E pensar que poucos dias depois eu teria a resposta.

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Capítulo 2 – LSD

Eu me ajeito no meio das pessoas que se acumulavam na frente de onde os vidros do BRT abriam e espero. Eu usualmente só pegava o BRT quando tinha a prioridade de estar avançada para poder sentar, e isso me obrigava a ter que deixar passar um ou dois até eu poder estar na vanguarda da fila (que na hora do embarque ninguém respeitaria).

E porque eu tinha esse trabalho todo?

Simples.

Para evitar ficar em pé e algum tarado me apalpar.

(Eu nunca vou ficar em pé e dá chance pra isso)

Eu não era a garota mais bonita do mundo, era pequena e meus seios eram médios e firmes e eu não tinha lá aquele bumbum de cavaluda de academia. Eu era só uma geek com um visual meio punk, nirvanesco e gótico. Eu era só uma menina de cabelo curto verde e uma lágrima tatuada no meu olho esquerdo. Mas meu visual pseudo-subversiva com certeza atraía a atenção de doentes e depravados que deviam pensar em mim como uma novinha rebelde de família desestruturada e que topa tudo.

E no dia posterior ao que eu finalmente notei a parede (seja lá a quantos meses eles já faziam aquilo), minha cisma não havia se arrefecido.

E quando eu estava na frente da fila eu viro para uma senhora do meu lado e digo.

- Moça, pode guardar meu lugar? Eu vou comprar um salgado e volto rapidinho.

- Claro, minha criança. Vai lá. Saco vazio não para em pé.

Eu nem estava com fome.

A minha ideia era tentar ler a reação dos homens que compunham essa parede imaginária. Eu já havia memorizado a fisionomia deles e eu os estava rastreando enquanto saía da fila.

Na mosca.

Enquanto eu me desvencilhava na ida do bolo de pessoas e na volta com um joelho e uma coca lata, só algumas pessoas ficaram disfarçadamente me olhando e controlando a minha localização.

Eram exatamente os homens-tijolo que me cercavam na hora que eu sentava.

- Tudo bem, minha filha? Você deve estar fraca se não tomou café da manhã.

- Não. Eu estou bem.

A senhora falou isso pra mim porque eu comia o joelho (bem massudo infelizmente) na frente da fila com as mãos trêmulas ao entender (ou pensar entender) o que estava acontecendo.

E o BRT é anunciado na tela superior do plataforma e a agitação clássica e costumeira começa.

Eu terminava de engolir o salgado e bebia 1/3 da lata para não derramar com o movimento da dança das cadeiras por um lugar sentado.

E como todo dia eu consigo sambar na frente e correr para o meu assento.

E tão certo como o nascer do sol, os tijolos humanos negros e morenos se assentam a minha volta em pé.

Com um nervosismo grande e crescente, só aplacado momentaneamente por um enorme auto controle, eu respiro fundo e vou escolhendo as minhas músicas no aplicativo.

Vamos de LSD.

E eu coloco Lucy in the Sky with Diamonds dos Beatles e tento me acalmar.

‘’Look for the girl with the sun in her eyes’’.

‘’And she’s gone.’’

Era uma canção que eu adorava e brincava com a sigla de seu nome, LSD. A letra evocava céus coloridos e viagens alucinógenas que talvez pudessem ser poesias abstratas ou efeitos da droga.

E os homens negros, os tijolos humanos, dão pequenos passinhos e colam mais ainda um no outro. Eu conseguia até pitorescamente imaginar um cimento os assentando ali e os unindo permanentemente.

‘’Ah.’’

‘’Lucy in the sky with diamonds.’’

E minha cabeça gira de nervosismo e eu sinto como se eu mesma tivesse dropado um doce. As visões fractais de céus e diamantes e aquela muralha de negões a minha volta vai se misturando como um suco esquizofrênico que estava sendo preparado, mexido e batido dentro do meu peito.

‘’The girl with the kaleidoscope eyes.’’

‘’Ah.’’

‘’Lucy in the sky...’’

Sky.

Céu.

E eu finalmente entendi o que eles estavam fazendo.

Os negões circundantes estavam fazendo uma muralha e tapando a visão de todos do BRT.

E com um medo renovado eu vejo que era um bloqueio perfeito dos céus e dos passageiros externos à situação. Na minha frente os homens de ascendência africana eram altos e estavam colados ombro a ombro e dos lados não havia visibilidade. Era uma meia lua de homens negros quarentões e trintões e ninguém de fora podia me ver.

‘’Picture yourself on a train in a station.’’

‘’With plasticine porters with looking glass ties.’’

Glass!

Eu viro rápido para o vidro de trás do banco e vejo através da janela o céu semi nublado naquela manhã.

Mas não durou muito tempo.

O BRT entrou no túnel dinamitado a anos e construído na Grota Funda para facilitar o trajeto, antes o ônibus (eu pegava o 854) tinha que subir a serra e demorava mais para chegar no Recreio.

‘’Lucy in the sky with diamonds.’’

‘’Ah.’’

‘’That grow so incredibly high.’’

E quanto tudo fica escuro e eu perco o meu céu, alguma coisa grande e pesada desaba no meu rosto.

(Mas o que é isso eclipsando meu céu?)

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Capítulo 3 – Novo Capuccino

Era uma...

Rola?

As aulas de anatomia humana que eu lia em um supletivo eram muito diferentes da realidade. As apostilas toscas com os esquemas de sistema reprodutor masculino nunca poderiam ter me preparado para aquilo.

Porque agora havia um pedaço de carne preta enorme descansando no meu rosto.

A situação era tão absurda que eu jurei que ia gritar ou algo assim.

Só que eu não faço nada.

Nadinha.

E no escuro eu sinto aquele pênis gigantesco roçando no meu rostinho, as músicas dos álbuns tocavam e eu só escutava o ribombar rítmico do meu coração nos meus ouvidos. Aquela rola não tinha nem dono. Eu sabia que era da muralha de homens, mas eu não sabia de qual deles era. A piroca era tão grande que o saco tocava meus lábios e eu sentia o arco do meu headphone sendo cutucado por algo, que obviamente seria a cabeça do pau.

Eu devia ser meio vadia sem saber.

Porque eu inclinei a cabeça pra trás receptivamente, ao invés de estar com pavor ou medo do pênis dele (seja lá quem fosse dentre eles). Talvez eu estivesse inconscientemente preocupada que o membro ereto dele deslizasse e o homem fosse querer mais que só uma rolada na cara. No final eu inclinei a minha face uns 30 º e transformei a minha cara em uma rampa perfeita para aquele pauzão africano deslizar a vontade.

- Ah... Ah... Ah...

Eu dou uns gemidinhos como os interlúdios melódicos da Lucy do The Beatles. O ar estava ficando pesado e meu rosto molhado de suor. Era a minha cara que produzia o sal e me encharcava facialmente de excitação e tesão contido? Ou rolas transpiravam? Era um universo de experimentação pueril com o desconhecido que me deixava extasiada e me atolava de uma volúpia inebriante e lascívia sufocante.

Uns dedos (ou do senhor da rola ou de algum outro tijolo afro tarado) passa a fazer um carinho na minha cabeça. Era algo bem leve nas pontinhas laterais perto das minhas orelhas, como se o dono já conhecesse essa parte do meu cabelo e já estivesse louco de vontade a anos para tocar assim em minhas mechas cor de grama fresca.

A minha boca aberta e arfando leve passa a fechar involuntariamente para beijar as bolas e o corpo do pênis gigantesco desse negro.

(Por que isso é tão gostoso...)

E foi nesse estado quase de transe que a minha boca buscava abocanhadas no salame do moço em pé como uma especiaria exótica da África.

Até que o último beijo foi no ar.

Aí em um estalo para fora da hipnose peniana eu acordo como um estouro de uma bolha de sabão e não tinha mais nada para o selinho.

Eu olho para o lado do avanço do carro e vejo a luz da abertura ao ar livre se aproximando. Eu vou então processando que o negão cronometrou o assédio para durar o tempo necessário, deixando uma gordura de tempo de túnel para queimar com o ato de guardar o pau na calça e ainda sobrar.

E fora dele se descortina o outro lado e o BRT segue pela Avenida das Américas como se nada tivesse acontecido. Tudo estava igual. A única diferença era o meu rosto estranhamente pingando suor naquele tempo nublado de uns 23 ºC.

Meio que saber que um deles esfregou a poucos segundos atrás a linguiça preta no meu rosto fez com que eu perdesse a timidez e olhasse mais abertamente para eles.

E, em um exercício mental, eu olho para a virilha vestida de cada um dos trabalhadores negros que coletivamente meio que me escolheram como alvo. E pensar que estes desconhecidos levaram ao final a ideia e um deles consumou seus planos com uma boa esfregada de rola na minha cara e eu beijei um pouco em retribuição a piroca negra bem avantajada. Eu estava tentando adivinhar por curiosidade quem foi que fez isso. Um deles tinha o zíper da calça não totalmente puxada até o topo, o que usava uma calça jeans e camisa de loja de marca, com certeza um vendedor de loja no Barra Shopping e que descia no ponto final na Alvorada também. Só por isso eu elejo esse (que me parecia ser o mais jovem, devia estar nas alturas dos 35 anos) como o dono do pauzão.

Eu não sou uma jovem idiota. Posso não ter tido muitas oportunidades de formação escolar e acadêmica, pelo que aconteceu com os meus pais. Mas eu sabia juntar um ponto ao outro e ser lógica.

Eu entendia que eles repetiriam isso no dia seguinte.

E com essa sensação de certeza de que nos dias futuros eu teria um rola preta roçando na minha cara diariamente, eu os observo descendo cada um nos seus respectivos pontos para seus respectivos trabalhos em suas respectivas rotinas.

E a viagem segue até o ponto final e eu desço com as pernas leves e um pouco bambas.

Que vontade que o dia seguinte comece logo.

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- Miguel Pereira!

- Oi, sou eu.

- Aqui está o seu Frappuccino Mocha Grande e seu donut de Nutella. Bom apetite.

Eu estava servindo cafés e doces no meu trabalho nesse dia mais tarde como sempre em mais um expediente de labuta no Starbucks, aquele com uma entrada no shopping e outra pelo estacionamento com uma sacada e mesas ao ar livre.

(Tenho certeza de que vocês conhecem onde eu trabalho)

Mas eu não conseguia tirar da minha lembrança aquele pênis colossal e preto que pousou na minha cabeça como uma grande mamba negra. Eu nem tinha visto ela direito (dada a falta de luz) e só pude sentir seu cheiro e provar seu gosto com meus lábios que tateavam o escuro.

- Felipe Alves, seu Cold Brew.

E cada chocolate ou bebida marrom e doce me invadia de uma fome que eu nunca conheci. Todos os tons verdes de onde eu trabalhava me lembravam do carinho no meu cabelo. E toda a miríade de preto e cores amadeiradas dos cafés, chocolates e derivados só me faziam pensar naquele pênis incrível, em como ele também deveria ser gostoso, doce e caramelado a níveis que o meu melhor café Mocha Branco ou Capuccino Chocolate nunca chegariam sequer perto de competir com aquele chocolate africano que se esparramou sobre o meu rosto pálido e prestes a soltar seu chantily e...

- Ramona? Oi?

Eu estava com um colega do caixa me cutucando e me fazendo acordar para o meu trabalho. Eu estava absorta e alguns pedidos estavam se acumulando.

- Sim, desculpa. Larissa, Baunilha Latte pronto.

(Esse é o seu pedido?)

Eu ainda não sabia quais novos sabores aquele grupo do BRT me faria experimentar.

Mas com certeza eu irei me deliciar com todo o cardápio que for oferecido.

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Capítulo 4 - SLAP

E eu estava certa.

De manhã no Mato Alto eu encontro aquele grupo de tijolos pervertidos na plataforma. Eles estavam animados e mais descarados do que nunca. Chegando ao ponto de ficarem juntos e me cercando antes do carro do BRT chegar.

Correria padrão e eu sento no meu lugar. Aquele que os negros já estavam esperando que eu ocupasse.

A viagem segue e eu guardo o meu headphone e fico sentada olhando pra frente. O volume na calça deles subia como um foguete tentando decolar e sendo impedido só pelas roupas do dia a dia de trabalho de cada um.

E o túnel se aproximava.

Eu já respirava fundo e controlava a excitação e nervosismo. Eu sabia o que iria acontecer, porém eu estava até mais apreensiva do que o normal de ontem.

E quando aquele BRT começa a atravessar aquele morro pelas suas entranhas rochosas, eu inclino a cabeça e espero.

E novamente um pênis duro, grosso e comprido choca-se com o meu rosto com um baque forte e com um som até alto. Quem andou de BRT sabe que a Grota Funda é bem asfaltada e bem iluminada com led, o que torna outros sons não usuais mais identificáveis.

E ao invés de roçar o negão passa a bater com seu pau na minha cara.

Slap.

Slap slap slap.

Eu nunca havia tomado uma surra de piroca (por me auto intitular assexual eu nem entendia esses termos direito) e eu estava experimentando em primeira mão agora. O som era como o de um tapa sendo repetido. O ruído do motor a combustão, dos rolamentos e rodas e toda a parafernália mecânica interna do busão talvez não fosse o suficiente para disfarçar o espancamento de rola preta que eu estava tomando. Eu tinha medo de que o escuro e talvez alguém com uma audição mais atenta e aguçada escutasse o som do pirocão negro batendo no rosto de uma atendente branquinha e de cabelo verde do Starbucks.

Só pelas porradas eu sentia meu rosto arder e inchar (eu tenho alergia de contato). A rola era mais pesada que a última. Então os negros estavam claramente revezando quem ficaria com o prêmio de abusar da novinha no busão naquele dia.

Uma mão com unhas grandes de um possível descaso começa e acariciar o meu rosto.

Que fofinho...

Ele vai mexer no meu cabelo e-

SLAP.

Eu tenho literalmente os pensamentos interrompidos como se fosse uma ideia audita ou uma frase dita de fato. Porque a mão que acariciava o meu rosto dá um tapão enorme na minha bochecha direita que meu cérebro se desnorteia e os meus pensamentos chacoalham.

Slap. SLAP.

E o negro não para.

Era tapa mais fraco com a pirocada e um mais forte com a mão. O braço direito devia estar delegado a segurar a base do pênis e o despencar das alturas no meu rosto depois de içá-lo como uma bola preta de ferro fundido para derrubar prédios antigos. E o braço esquerdo servia de chicote de força e momentum para desferir sequências pesadíssimas de tapões na minha face.

Eu me abaixo e o próximo tapa acerta minha têmpora com cabelo e abafa o som. E a rola vai na testa.

Uma outra mão (a do negro sentado) puxa o meu cabelo como uma crina esverdeada de uma égua rebelde e desobediente até levantar o meu rosto a força.

(Trate de levantar esse rostinho)

Slap.

SLAP.

A mão e a rola voltam a me surrar e eu começo a lacrimejar. O túnel ontem foi excitante e passou rápido. E agora parecia que ele tinha a duração do ano de 2020 inteiro. Agora eu estava completamente mal e me sentindo violentada e indefesa, como normalmente se espera em uma situação de abuso explícito.

E o túnel acaba.

Dessa vez o assédio só para na hora da luminosidade solar invadir o carro (sem planejamento de tempo prévio) e eu vejo o negro guardando seu pau todo feliz e sorridente.

Meus lábios estavam retesados em um beijo cerrado de fúria e meus olhos marejados. Eu estava com raiva, ultrajada, triste e humilhada ao mesmo tempo.

(Ramona’s face IRL)

E a viagem segue até a Alvorada e eu espero todos descerem e levanto só depois. Meu intuito era impedir que notassem o meu estado enquanto eu me recompunha, sabendo que o meu rosto estava vermelho e visível de algo que aconteceu; fora que definitivamente alguém devia ter escutado e precisado que vinha de onde ‘’a menina do cabelo verde’’ sentava.

Bem sem graça eu saio e vou andando devagar para o meu trabalho, minha alergia era forte mais se eu não coçasse talvez ela reduzisse a níveis aceitáveis.

- Acho que eu me precipitei em dar essa intimidade a eles. Amanhã isso tem que parar.

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Eu me chamo Eduardo e sou o gerente regional de algumas unidades do Starbucks no eixo carioca da Barra da Tijuca, São Conrado, Ipanema e afins. Eu estava visitando a unidade do Barra Shopping hoje.

- Deixa eu ver a fixação do Alvará dos Bombeiros. Lembrem que por lei ele tem que estar visível para inspeção de todos e até dos consumidores.

- Sim, Eduardo.

E nessas visitas planejadas eu verificava a padronização de equipamentos, inspeções sanitárias, a parte financeira e o fechamento de caixa. Era uma rotina básica que eu fazia e depois de um dia ali presencialmente com a equipe para sentir o clima operacional, eu compilava os relatórios de SLA e outros de performance e subia isso para os meus superiores corporativos.

Bom.

Deixando essa bobeira técnica de lado, eu gostava de passar nessa unidade por um motivo bem específico.

Tem essa menina que atende e serve os drinks lá. Nome dela é Ramona. Nossa. Haha. Que garota linda. Ela tem um cabelo verde e um rosto branco e delicado, daqueles que homem nenhum sequer encostou o dedo mindinho em suas bochechas. Ela era visualmente uma hipster meio moderninha na minha cabeça e que faria um excelente casal comigo. Haha. Eu imagino.

(Eu serei o primeiro homem a tocar nessa esmeralda)

- Ramona, está tudo bem?

- Sim. Tudo ótimo.

Mas hoje ela estava com o rosto todo vermelho. Como se tivesse sido esbofeteada em uma briga inglesa de tapas da alta aristocracia, onde só o outro lado podia bater e ela não.

- Se for algum problema pessoal. Pode tirar o dia de folga. Não estou te favorecendo nem nada. Haha. É que você sempre bate o ponto cedo demais e está criando um banco de horas tão grande que daqui a pouco até o próprio RH vai me obrigar a ter dar alguns dias de descanso. Hahaha.

Eu tinha essa mania de falar algo e meio que dar uma risada nervosa no final. Como se eu precisasse quebrar o gelo de algo. Haha. Talvez eu tenha visto The Office demais e me pensasse em um chefe mais amigo e descolado com brincadeiras. Seria eu um Michael Scott? Quem sabe. Haha.

- É só uma alergia. Vai passar.

- Se você diz. Melhoras, Ramona. Qualquer coisa estou aqui.

E o mais esquisito era que algumas dessas marcas empoladas e rubras de irritação no rosto dela eram colunares, como estrias vermelhas verticais. Como se tivessem a acertado com um bambu grosso na cara até ela ficar assim.

Que seja.

Uma menina cult e alternativa como essa não é qualquer uma e que ficaria com um proletariado ralé comum.

Definitivamente ela será a minha futura esposa! Haha!

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Nesse Patreon acima eu escrevo em PDF com fotos e ilustrações; faço trabalhos encomendados; converso com meus leitores; aceito ideias e sugestões de temas por votações; traduzo quadrinhos diversos; e até mesmo estou agora gravando alguns áudios de prévia dos capítulos (https://www.4shared.com/music/EmQG4VLAiq/O_Banho_da_Satisfao.html?)

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Comentários

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Ótimo texto. O detalhamento da rotina da personagem, os locais, as linhas de BRT, até detalhes do dia a dia carioca ( chamar italiano de joelho RS) fazem toda a situação de abuso ainda mais perturbadora.

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Patreon é de moeda estrangeiro.

Mas no caso pode ser pelo Picpay e e os mesmo ficam no Discord (que é uma espécie de Skype pra gamer)

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Terá sim. Única diferença é só a questão de horário. Mas sim. Será públicado integralmente

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Esse é o meu mais novo trabalho. Espero que gostem. Para mais via Patreon a obra já está até quase finalizada! Beijos!

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