Os dias foram passando com tranquilidade aparente, embora fosse dificil calar algumas idéias que vinham passando pela minha cabeça. Não falei com ninguém a respeito, nem mesmo Rodolfo, das sequelas que ficaram em minha mente após o incidente com o escravo e seus desdobramentos. Este, ao fim, foi poupado e suas feridas cuidadas, embora ele ainda fosse tratado de forma distinta dos demais, ficando isolado a maior parte do tempo. Mantinha sua residência própria, mas a mesma era trancada toda a noite por fora.
Nesse período, decidi então me dedicar aos cuidados da fazenda e acompanhei os trabalhos de meus novos escravos adquiridos. Todos respondiam prontamente aos comandos de Venâncio, e mesmo Akin, quem eu imaginei causar alguma tensão inicial, se mostrou solicito.
Devo dizer que aquilo me intrigou, pois embora obediente e disposto, seu olhar ainda não estava nem um pouco mais dócil.
Algo em mim dizia que ele não iria ficar lá muito tempo. Que estava tramando algo. E se isso lhe traria a liberdade ou a morte, só o tempo diria.
Tal suspeita foi alimentada conforme o observava e via a maneira como ele olhava a fazenda, as pessoas, os locais. Estava, de fato, fazendo um reconhecimento de todo o lugar, tentando achar suas fraquezas. Em um momento, numa manhã quente, nossos olhares se cruzaram e ambos percebemos o que se passava pela cabeça um do outro.
Eu sabia o que ele fazia e ele percebeu que eu havia descoberto seu plano. Ficou preocupado, me olhou estudado, cauteloso. Mas eu não falei nada com ele do assunto. Só após algumas horas, enquanto eu estava no estábulo dando cuidado a meu cavalo, que ele veio. Trazia uma escova.
- Mandaram eu cuidar dos cavalos - falou em tom neutro. Nem respeitoso, nem incomodado.
- Pode cuidar dos demais. Do meu, gosto de cuidar eu.
Ele então escolheu um ao meu lado e trabalhou em silêncio. Sentia seu olhar de tempos em tempos, como que me estudando.
- Então... O que achastes da fazenda?
- Muito boa, sinhô.
Aquele ar serviu não combinava em nada com ele.
- Ja traçou sua rota de fuga?
Ele engoliu seco.
- Não se preocupe. Não estou armando contra ti. Desejar a liberdade é natural a qualquer ser vivo. Não espere de mim apoio, mas não serei um empecilho, a menos que deseje me ferir no processo.
Ele não falou nada, tentando parecer o mais inocente que conseguiu.
Eu ri, achando graça de sua tentativa frustrada de me esconder algo.
- Diga, Akin. O que fazia nas suas terras? Digo, antes de ser mandado para o Brasil?
Ele ficou em silêncio, trabalhando. Pelo menos me ignorar combinava melhor com ele.
Então, depois de intermináveis minutos, ele falou:
- Era carpinteiro. Trabalhava numa aldeia.
- Hum... Podia jurar que era alguma forma de soldado. Tem um jeito tão feroz.
- Não gosto de guerras. Não gosto de violência. Sei me defender. E se precisar, vou atacar. Mas não gosto.
Sua voz carregava alguma dor.
- Você... Ainda tem família lá? - arrisquei, sem olhar para ele - se não quiser falar a respeito, fique a vontade. Não quero te forçar.
Acho que meu cuidado o surpreendeu. Não era comum um escravo ter qualquer direito de escolha. Acho que fiquei tanto tempo andando entre os homens livres que desaprendi a lidar com os em sua condição.
- Não temho mais. Perdi na guerra. Uma tribo nos atacou de noite. A aldeia estava indefesa. Minha mulher morreu, por sorte
Eu não entendi.
- Sorte?
- Se tivesse sido pega, não saberia dizer o que teria passado, pra quem teria sido vendida. Se é que teria sido vendida e não usada dentro da própria tribo. As mulheres sempre sofrem mais quando tem violência.
Eu ponderei o que ele disse e concordei.
- Sinto muito - disse, quase sem querer.
- Está fraquejando, Sinhozinho? - sibilou com malícia, talvez para tirar um pouco do peso da conversa.
Eu então ri e relaxei um pouco.
- Já me recuperei - informei e o olhei de cima a baixo. - As vezes tenho uma recaída e lembro que pedaços suculentos de carne como você são pessoas.
Akin não me olhava, mas mantinha o sorriso altivo no rosto.
- Pra vocês, senhores, somos carne, que vocês adoram saborear.
- Não nego. Mas gosto mesmo quando a carne também aprecia o momento. Como tu apreciou.
Akin engoliu seco.
- Fiz o que me foi obrigado.
- Sim. Mas isso não quer dizer que não tenha gostado, ou, que ainda goste - e indiquei seu volume que começava a despontar pela calça. - vejo que as lembranças estão desabrochando em sua mente.
Akin não disse nada, ainda envergonhado, tal como estava no dia em que me penetrou.
- Não fique assim. Também me animo ao lembrar de teu corpo nu em pelo. - brinquei, sabendo que aquilo o constrangia. - quando será que o verei assim, novamente?
- O senhor é o sinhô. Só tem que mandar - tentou parecer o mais impassível possível.
- Vou ter tu dentro de mim de novo. Mas quando tu quiser. Mandar é muito fácil, tira o divertimento. Acho mais divertido obrigar você a assumir que deseja montar em mim novamente.
Akin engoliu em seco.
Mas nossa conversa não pôde continuar, pois logo Rodolfo me chamou na entrada do estábulo.
- Venâncio me contou que estava aqui. Que tal uma cavalgada pela trilha, primo?
Vendo que minha conversa com Akin não renderia mais a partir dali, aceitei a sugestão:
- Excelente idéia. - e terminei de selar o meu.
Passei por Akin e apertei com força sua bunda.
- Espero que possamos nos divertir antes de você nos abandonar. - sussurrei ao seu ouvido.
Akin ajudou Rodolfo a selar o cavalo e juntos, fomos embora. Cavalgamos lentamente pela trilha da saída da fazenda, aproveitando o clima agradável daquela manhã. Chegamos próximos da cachoeira vizinha a nossas terras, e lá amarramos nossos cavalos e terminamos nossa trilha a pé.
O clima estava agradável e o lugar calma, mas Nos aproximando das águas, demos de cara com uma cena pitoresca.
Era um grupo composto por 5 jovens. Um deles imaginei ser filho de um senhor. Informação confirmada por Rodolfo. Era Vicente. Filho caçula do Coronel Juscelino. Os demais eram escravos. Todos jovens, na puberdade.
Estavam brincando de jogar água uns nos outros, nus em pelo. Estavam se divertindo. O vigor da juventude, num dos poucos momentos em que esses garotos se permitiam ser inocentes. Inocentes em certo ponto.
Dava para perceber quando saiam rapidamente da água, que a brincadeira causava grande eurofia e excitação. Seus órgãos duros balançavam despudoradamente cada vez que um deles saía da água, subia em uma pedra e voltava a saltar para o interior do rio. As agarracoes, encontrões e duelos de força estavam acordando aqueles garotos para sensações que acredito não terem ainda ciência do que se tratava, mas que em breve seus próprios corpos os conduziriam a experimentar. E levados pelo calor do momento a cada minuto da brincadeira, as coisas tornavam-se mais íntimas, abraços calorosos, tapas nas regiões trazeiras e até apertões nos órgãos uns dos outros eram comuns. Gestos esses disfarçados de uma brincadeira boba de supremacia masculina, mas que escondiam o desejo oculto desabrochando.
Tudo corria naturalmente, levados pela sintonia da natureza. E não tardou até o filho de Juscelino querer experimentar de forma precoce os seus direitos de propriedade, logo após uma discussão um tanto quanto mais acalorada.
Imponente, ele subiu em uma pedra, erguendo o pênis ereto na direção do joven escravo e mandou lhe chupar o órgão. O jovem escravo, demonstrando certo contragosto, talvez mais do que devia estar de fato sentindo, concordou, pondo o pênis de seu senhor na boca enquanto os outros olhavam, num misto de excitação e vergonha.
Tal reação dos demais me era bem conhecida, pois era a mesma partilhada por Akin e seus companheiros quando os usei na região do porto.
Era claro que a situação do cativo não era confortável, uma vez que a escolha tinha sido tirada de si, mas ao mesmo tempo, poder vivenciar determinadas experiência sobre a proteção da obrigação, fornecia potenciais formidáveis. Uma vez que sua masculinidade não era questionada, já que fazia por ordens e não por prazer. Além disso, ver o negrinho sugando o órgão de sei senhor também poderia fornecer outra experiência agradável. A de testemunhar abusos os quaos ja sofreu sem ser a vitima daquela vez.
O pequeno senhor se divertia, enfiando seu órgão o maximo que podia dentro da garganta do outro. Hora ou outra o fazendo se engasgar.
Olhava para os coleguinhas como um macjo alfa olha para o restante da matilha. Em outraa circunstâncias, os jovens negros teriam currado o abusado senhor, mas todos ali estavam mais do que acostumados a seus lugares nesse mundo. Mesmo tão jovens, conheciam o peso da tradição.
O jovem senhor estava altivo, de pé sobre a pedra, nu, exibindo seu órgão que era devorado pelo negrinho. Já o jovem submetido, conservava ele também seu bastão ereto, sinal de que minha intuição inicial se acertava e tal condição, por mais destituida de controle que fosse, ainda era capaz de lhe gerar algum tipo de prazer. Os outros, atentos e um tanto tensos, ansiavam e temiam a hora que fossem escolhidos.
- De quatro agora, quero lhe usar. - Ordenou para o que já lhe agradava com a boca
O jovem, sem escolha, subiu nas pedras e se pos na posição ordenada, sendo penetrado como uma cabra no cio. O coito correu fácil, sinal de que a bunda em questão já recebera a visita de outros homens no passado. O pequeno senhor penetrava com força, mais por desejo de se exibir do que outra coisa.
O gozo veio logo, depositando toda sua semente no corpo do escravo.
Oa demais foram saindo da água, ainda se conservando excitados, sentaram nas pedras ao redor, ou na aeria, alguns mais timidos, tocando seus próprios órgãos com pudor. Era como se todos já soubessem de cor o roteiro e aguardassem o próximo ato da peça que se desenvolvia.
- Vez de vocês - Anunicou então o jovem e aquele parecia ser o momento que os demais garotos realmente aguardavam.
O jovem senhor saiu e deixou o escravo de quatro, a disposição. Então, os jovens correram para garantir sua posição. Uma breve luta teve como vencedor o mais forte deles, que foi o primeiro a montar em seu prêmio. Dando fortes estocadas no garoto.
Creio que aquele foi, de certa forma, o momento esperado para descontar parte da violência sofrida pelos meninos, uma vez que davam poderosos encontrões nas nádegas do que deveria ser um companheiro de vida. Comendo não apenas com prazer, mas também com certa dose de fúria. Incrível como sempre há hierarquia, mesmo entre os que estão em um mesmo lugar de poder.
Um a um, eles foram despejando seu leite nele, que gemia com liberdade e recebia de bom grado a judiação. Uns ele recebia com o ânus, outros com a boca.
Tudo sob o auspicios do jovem senhor, que se tocava sentado a beira do rio.
Longe dali, eu e Rodolfo observavamos tudo. Não com cobiça ou peversão. Mas com nostalgia.
- Há poucos anos, éramos nos dois nessa cachoeira - comentei.
- Sim. Foi aqui onde comecei a olhar teu corpo com outros olhos. Senti repulsa a princípio, mas não conegui mais tirar da cabeca.
-Acho que essa parte da propriedade deve ter algum tipo de feitiço, que nos atiça a sermos livres.- ele completou.
- Ou é apenas a condição humana. Buscar o prazer, onde ele estiver - retifiquei com calma.
Rodolfo riu, enquanto observavamos os jovens que, satisfeitos, voltavam a se banhar.
- Engraçado - ele comentou - pois lembro que em nosso tempo, éramos mais comedidos, com o medo de sermos pegos. Eles ficaram ali o tempo todo, sem sequer olhar em torno. Nós, por outro lado, viviamos com medo de sermos pego. Terão os tempos mudado?
- Duvido - respondo de imediato - nossa condição era diferente. Eramos dois senhores, dois homens livres. Nossa união era e ainda é uma perversão. Já eles, são escravos. Isso não choca nossa sociedade. Nossos pais faziam isso, e nossos avós, nunca foi problema.
Rodolfo pensou e então acenou afirmativamente.
- Sabe que nunca havia pensado nisso? De fato vim aqui outras vezes com escravos meus. Fodi Isaque algumas vezes nesta mesma cachoeira e nunca me ocorreu de me preocupar de ser pego. Achei que se devia ao fato de já ser homem adulto, mas não... De fato ainda sou forçado a esconder as coisas que faço contigo, diferente de com Isaque, que todos sabem me divertir quando solicito.
Olhei a calça de Rodolfo e admirei seu volume. Despretensiosamente, o peguei e massageei. Meu primo me olhou e sorriu, mas não fez qualquer outra reação, me deixando livre.
Pus seu órgão pra fora e o cheirei, sentindo o doce aroma do garanhão. O pus na boca, mas não o engoli todo. Primeiro, usei minha lingua para massagear bem a cabeça. Enquanto isso, ia apertando meu com meus lábios, sem usar os dentes
Rodolfo percebeu de imediato haver algo distindo e estranho, mas nada falou. Abriu a boca, com o olhar vago e interrogativo, como quem tivesse dificuldades em entender a raiz daquele novo prazer que estava sentindo.
Mas tão estranhamento não durou. Logo sua voz comecou a se soltar e os gemidos ganharem o mundo. Ele segurou minha cabeça, parecendo não saber se me puxava ou empurrava. Eu sabia bem o misto de agonia e prazer que minha língua era capaz de causar, quando bem aplicada.
Rodolfo se arrastou para trás, como que fugindo, mas eu o segui e não larguei seu órgão. Meu primo se contorcia e se segurava, pois se gemesse alto, chamaria a atenção dos garotos.
- Pelos céus, primo. Que diabos é isso?
Eu não falei e continuei chupando. Sugando o órgão que agora era totalmente engolido.
- Onde aprendestes isso? Ah meu pai... Jesus - ele olhava para o alto, como quem implora por misericórdia. Segurando minha cabeça e prendendo ao seu corpo. Sofrendo de prazer, mas disposto a morrer dele se necessário.
O gozo veio, l inundou minha boca e eu continuei, transformando seus gemidos em lamentos. Agora tentou me empurrar, mas não foi capaz.
- Pare, por favor. Estás sensivel. Ohhhh. - implorou.
Eu parei, mas só depois de o fazer se contorcer mais um pouco.
Quando parei, limpei um fina linha que me escorria pelo queixo. Rodolfo me encarava perplexo, como se me visse pela primeira vez.
- Com quem aprendestes a fazer isso? O diabo em pessoa? Nunca perdi o controle desta forma.
Eu ri.
- Não. Com uma cortesã em Manchester. Ela foi uma grande amiga e me ensinou muito sobre o corpo masculino e feminino.
- Tu não cansas de surpreender.
Sorrimos e ficamos em silêncio, apreciando o momento.
Então, chegou a hora de eu tratar de um assunto menos prazeroso.
- Soube da descoberta do quilombo? - perguntei, sem prévio aviso e Rodolfo suspirou.
- Sim - respondeu simplesmente, mas com o semblante um pouco mais pesado.
- Como acha que vai acontecer? - perguntei.
- Como sempre aconteceu.
- Entendo - e olhei para meus próprios pés, pensando em nada em particular.
- Parece triste - observou
- Pensativo. Será meu tio ou Justinio quem tomara a frente da expedição?
Rodolfo ficou em silêncio e eu sabia a resposta.
Outrora, há dois anos atrás, Rodolfo tinha participado de uma dessas empreitadas. Seu pai o fez ir, acreditando ser um momento importante na vida de um homem. Eu estava já na Europa àquela altura. Lembro ainda na carta de 13 páginas que ele me escreveu, relatando o ocorrido.
Aquilo mecheu com ele. Mecheu comigo também, apesar de saber que ele ainda me poupava das piores partes.
- Você me perdoaria se eu fizesse algo para atrapalhar a expedição? - perguntei com sinceridade. Direto.
- Não te amaria se fizesse o oposto, pois saberia que não eras tu.
Sorrimos sem trocar olhar, então, saímos, pegamos os cavalos e fomos embora.E voltando a fazenda, minha mente, pensando em mil coisas, de repente foi trazida de volta àquela fazenda ao ver quem nos esperava na volta.
Eram duas mulheres, sentadas no banco da varanda, conversando animadamente. Minha tia se levantou rápido ao me ver, acompanhada da outra dama
- Fabio, olha quem chegastes.
- Carmen... - balbuciei, ao olhar para ela após tantos anos.