No outro dia, ainda pela manhã, eu me despi, peguei uma toalha e fui para o banho. Eu abri o chuveiro e pude sentir aquela massa de água morna massageando minhas costas que pareciam bastante tensas. A reação da Giovana na noite anterior me fez refletir muito sobre o quanto devo ser aberta sobre minha vida intima com minha filha.
Quase que imediatamente eu ouvi duas batidas na porta do banheiro.
- Entra. - Eu falei.
Era a Gi, com uma toalha na mão e vestindo só uma camiseta e calcinha.
- Mãe, posso tomar banho com você? Como a gente fazia...
- Claro filha, entra!
Eu falei empolgada, afinal na noite anterior tinha ficado aquele clima estranho... E sobre os banhos juntas, esse foi um hábito bastante comum até pelo menos metade da adolescência. Era nosso momento de “meninas”, quase nosso “spa”, onde a gente aproveitava pra conversar, saber uma da vidinha da outra e antes que vocês pensem qualquer besteira, não havia nada de sexual nisso. Éramos mãe e filha apenas.
Ela se despiu também e obviamente o corpo dela já não tinha mais nada a ver com o corpo daquela época. Era uma mulher pronta, incrivelmente linda e que me enchia de orgulho.
Ela abriu a porta de vidro do box, eu saí de baixo da ducha, e deixei que ela se molhasse, ela deixou que a água a molhasse completamente e disparou:
- Eu pensei muito no que você me disse ontem quando chegou da casa da tia Josi. Mãe... Eu e a Talita, a gente não tem nada sério... Não vamos namorar, eu acho que nem quero namorar com uma menina... Ok, eu gosto de meninas, mas prefiro meninos...
Nesse ponto, enquanto ela dava grandes pausas no seu diálogo, medindo palavra por palavra, eu com meu extinto materno, já sabia exatamente onde aquilo ia dar. Então ela concluiu:
- A gente só gosta de se divertir... E esses dias falamos em talvez transar as duas com algum menino... – Ela deu uma longa pausa... Eu pensei “SABIA”. Era exatamente onde eu imaginei que ela chegaria. Esses papos no chuveiro eram sempre, ou pelo menos na maioria das vezes, papos difíceis ou polêmicos. Coisas que naquela época ela precisava da minha ajuda ou opinião e ali parecia ser o “confessionário” dela. Eu sentia que ali ela se sentia segura pra me contar as coisas.
- Minha filha... O mundo é de vocês! Façam isso, aproveitem! Vocês são jovens e devem aproveitar. Você sabe que eu e seu pai nunca tivemos um relacionamento tão romântico assim... Minha vida sexual com ele era uma merda! Hoje aos 40, eu consegui me libertar um pouco, sair do casulo! Não espere chegar os teus 40 pra aproveitar. – E como eu sempre falava. – Só não quero netinhos! Sou muito nova pra ter netos... Se cuidem em tudo que forem fazer!
Ela com um pouco de constrangimento e tirando a espuma de sabonete do corpo continuou:
- Pois é mãe... Mas olha, a gente não quer fazer isso combinado. Tipo, chamar o menino e dizer “Oi, quer transar com a gente?”... A gente queria que acontecesse algo de forma mais natural entende?
Mais uma vez, meu instinto materno ligou o alerta. Mas dessa vez eu mesma concluí por ela, evitando o constrangimento...
- Eu entendi Gi... Vocês querem minha autorização pra fazer alguma coisa aqui em casa... Certo?
- É... Isso...
Eu já estava do lado de fora do box, enrolada na toalha, ela desligou a água, pegou a toalha dela e começava a se secar.
- Claro minha filha. A casa é sua. Você já tem 18 anos, ela também... Somos todas adultas!
Ela abriu um sorriso e fez uma carinha de alívio. Eu me senti bem por isso. Aquilo abria as portas para que eu e minha filha fossemos cúmplices. Eu poderia ser mais aberta sobre minhas descobertas, poderia ter mais “amantes” em casa, sem muitos julgamentos, e o mesmo pra ela. Afinal, pra mim como mãe, era melhor ter ela “sob minhas asas”, do que não fazer ideia do que ela fazia na rua.
Era o início de uma cumplicidade que duraria um bom tempo.