Eai Casa do contos! Aqui é Del Rio, sei que passei um tempo sumido e como desculpas trouxe um conto novinho pra vocês. Caso queiram ver os meus primeiros contos e sugiro olharem o meu perfil pra verem os contos "Vida" que vão ter continuação no futuro. Já deixo avisado que podem dar suas opiniões, dicas e críticas. Obrigado pela atenção e até logo.
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Como eu posso contar minha história pra vocês ? Bom, eu quero avisar que não vai ser uma história de amor, desculpe decepcionar. Acho que vocês podem achar que é uma história só de vingança e como tudo que as pessoas fazem um dia volta pra elas mesmas, mas também não é sobre isso. Podem achar que eu seja um vilão e acreditem, eu não culpo vocês leitores, só espero que me vejam como herói em algum ponto. Obrigado por lerem até aqui e vamos ao conto.
Eu nasci numa cidadezinha da Bahia chamada Santalina que nem em mapas fica, vocês podem já ter passado por ela em algum ponto de uma estrada de chão próxima a Salvador. Morava numa casinha bem pequena, com buracos no telhado para as pingueiras da noite, portas que rangiam mais do que qualquer outra coisa e paredes repletas de rachaduras. Meus pais eram pessoas muito simples, minha mãe morreu ainda na minha infância e meu pai cuidou de me criou com o que o dinheiro de pesca podia trazer.
Meu pai sempre foi um homem muito rígido e conservador, ele nunca suportou mudanças e com o passar do tempo parecia ficar mais duro, afastado da realidade, escondido na ignorância. Eu por outro lado sempre fui ambicioso não no sentido ruim da palavra mas sim no melhor dos sentidos. Desde criança eu sempre fui teimoso, por mais inocente e até burrinho para algumas coisas, aprendi a cuidar de mim mesmo e confiar na minha comunidade assim como muitas outras crianças que moravam lá. No entanto elas pareciam estar felizes com a vida que tinham, não buscavam conhecer nada além dos limites do lugarejo, eu sonhava em sair daquele lugar e ir pra capital, estudar, poder dar uma vida melhor pro meu pai e por isso sempre me dediquei na escola. Eu sábia que uma hora do mundo ia me chamar e eu não poderia negar.
E assim vivia até uma parte da minha adolescência. Na época eu tinha 15 anos, era período de férias e eu passava as manhãs com meu pai na praia tentando conseguir o pescado pra vender. Já acostumava as mudanças no meu corpo, coxas engrossando, pés que mais pareciam barcos, pelos por toda a parte. Muitas aconteciam ao mesmo tempo e eu um menino pardo com a pele já queimada pelo sol, cabelo cacheado castanho, boca e nariz bem desproporcionais pro rosto, olhos castanhos e já começando a cultivar os músculos que nasciam em mim pelo corpo magro nem sequer ligava pra essas mudanças. Meu pai não falava sobre essas coisas comigo e como nada me fazia mal eu achava que estava tudo certo. A propósito meu nome é Gabriel.
Todos os peixes que pescamos naquela manhã iriam para uma pequena feira que cidadezinha tinha. Era com o dinheiro dessas vendas que meu pai conseguia comprar comida e manter a casa. Essa feirinha era o lugar onde eu passava momentos importantes do meu dia caçando jornais e livros que pudessem me dar mais informação e sabedoria, claro que as vezes que dava todo o dinheiro que tinha guardado mas valia a pena. Me lembro que depois de deixar meu pai com algums amigos vendendo o pescado eu me dirigi a venda do seu Otávio onde se vendia a maior parte das coisas que precisava comprar naquele dia.
- Opa seu Otávio! Bom dia
- Bom dia Gabriel, você e teu já voltaram da pescaria ?
- Sim agorinha, ele ficou com por lá pela feira e eu vim pegar algumas coisas que ele pediu
- Ah sim! Tu me perdoe mas vou atender a moça ali e enquanto isso fale com Guizinho pra ver esse pode tê ajudar
Guizinho era o filho de deu Otávio, o garoto devia ter a minha idade se não mais velho e vivia se metendo em problemas com amigos meus por motivos bestas. Eu sempre tive noção que se Guizinho me pegasse ia me quebrar ao meio por ser bem alto e parrudo e por isso nunca procurei problemas com ele.
- Qual foi Gabriel ? Vai querer o que ?
- Vê se você têm arroz, farinha, feijão e pó de café por gentileza - Sorri guardando a lista com os itens
Ele se afastou do balcão e foi procurar os alimentos nas prateleiras, eu me virei para olhar a rua sendo enfeitada. Hoje séria o aniversário da cidade e todo ano o prefeito fazia uma grande festa só pra alimentar o povo e garantir votos pra próxima eleição. Eu sempre achei lindo as decorações, bandeirolas coloridas, um bolo gigantesco, muita bebida e alegria, meu pai não bebia o ano inteiro com exceção desse dia. Eu voltei a minha consciência quando escutei os barulhos batendo no balcão.
- Só não achei o café, tava em falta - Disse Gui pegando um caderninho - Vem cá Gabriel, tu vai no aniversário ?
- Ah, talvez já que alguém precisa olhar o meu pai em dias como hoje, mas por que a pergunta ? Você vai ?
- Tô pensando, sabe como é eu não curto ficar de rizinho por ai
- Talvez a gente se veja então - Coloquei as coisas na sacola, deixei o dinheiro no balcão e sai acenando sem resposta.
Depois disso eu andei mais um pouco pelo centro falando com as pessoas, vendo as decorações, olhando tudo que trariam de novo para a festa. Parei na frente da igreja para falar com Dona Lindaura, uma das freiras que cuidava da ingrejinha. Conversei com ela por algums minutos até que fomos interrompidos pela chegada do padre e seus coroinhas, entre eles um conhecido meu Bernado.
- Boa tarde seu padre, boa tarde gente - Disse isso levantando da escadaria na qual estava sentado e ficando lado a lado com a freira.
- Boa tarde Gabriel! Como vai seu pai, faz um tempo que não o vejo frequentando a paroquia
- Ah seu padre é que ele ultimamente tá muito ocupado m-mas eu posso tê dizer que logo ele vai voltar a frequentar haha
- Eu espero muito - Ele acentiu com a cabeça e entrou na igreja junto com Dona Lindaura e os coroinhas.
Eu estava prestes a seguir caminho quando a porta da igreja se abre e Bernado sai me chamando enquanto arruma a batina.
- Gabriel! Espere haha
- Oi Bernado, algum problema ?
- Não, nada - Ele levou os dedos até a cabeça e arrumou um fio que insistia em sair do lugar - Eu só queria saber se você quer me acompanhar hoje n-no aniversário, tomar algo haha eu vou estar com os outros meninos da paroquia e--
Eu olhei bem para o garoto nervoso na minha frente. Bernado não era como os meninos da cidade, ele era inteligente, tinha condições pra sair daquele lugarejo quando quizesse, gostava de ler e até ensaiava o seminário. Loirinho, olhos verdes escondidos num óculos fundo de garrafa, um queixo assimétrico com um furo no meio e espinhas ao redor das buchecas ver aquilo tudi como um charme.
- Eu adoraria.
- Ah claro...eu entendo - Ele ficou cabisbaixos na hora - Espera ai! O que ? Você aceita ? Nossa, obrigado Gabriel hahha
- Que isso, somos amigos isso é normal Ben. Eu devo aparecer umas 18:30 então não se apressa kkkkk
Ele abriu um sorriso, me abraçou jogando todo o calor do seu corpo contra o meu e entrou na igreja. Eu ri comigo mesmo e fui andando, Bernado era geralmente tão fechado que aquilo foi um grande proguesso. Eu não entendia direito na época o motivo da reação dele mad no futuro veria o sentimento por trás daquela animação.
Segui caminho pela rua de pedra que levava até minha casa quando no meio do caminho escuto uma gritaria. Me viro para trás e não percebo nada de anormal, volto meu olhar para o caminho quando novamente escuto os gritos, olho para trás mais uma vezes e levo uma supresa ao perceber Dona Chica uma senhora de 73 anos correndo atrás de Duca um dos filhos do meu vizinho. Duca segurava uma galinha e vinha em disparado na minha direção. Eu entrei em um beco pensando que assim poderia despistar ele mas recebi o efeito contrario. Duca se escondeu junto a mim com a galinha em mãos.
- Ai meu senhor, Duca larga essa galinha pelo amor de Deus!
- Fala baixo Gabriel! Hoje lá em casa vai ter galinha cozida e se eu não levar essa aqui quem vai pra panela sou eu
- Me deixa fora disso garoto! Você já vai fazer dezoito anos e parece uma criança
- Cala boca porra! Desse jeito dona Chica vai escutar
Eu e Duca estamos praticamente colocado frente a frente, eu que já estava suado do dia de pesca tive que aturar o cheiro terrível que o ladrãozinho exalava. Duca era um dos meus vizinhos na rua que morava, eu sábia que ele não tinha pai e a mãe vivia com má fama então nunca o tratei mal e nem fiz chacota com nada que ele poderia estar fazendo de errado. Assim como sua mãe ele tinha uma fama péssima como ladrão e tanto eu quanto meu pai já estavamos cansados de acordar com notícia de que ele dormiu na prisão da cidade só pra ter um corretivo. Duca era bem parecido comigo fisicamente, moreno de cabelo liso que chegava nos ombros, com olhos castanhos e um músculos bem evidentes no corpo o projeto de fora da lei vivia dando problema e agora não iria ser diferente.
Se passaram algums minutos e Dona Chica cansou de procurar pelo ladrão que roubou sua galinha. Ela então voltou pra casa chamando Duca pelo piores nomes possíveis. Eu e ele saímos do esconderijo com ele já dando uma forma de calar a galinha.
- Porra Biel, valeu ai viu
- Tudo bem Duca, só não se mete mais com essas coisas por favor kkkk
- Qual foi Biel, eu última vez tô te falando - Ele riu em tom de deboche - Mas se tu quiser ir lá pra casa depois eu vou curtir flw ?
- Eu só vou aparecer por que sua mãe é uma ótima cozinheira ok ?
Ele riu se virando logo após e indo embora na direção contraria. Eu olhei o meu vizinho problemático ir e pensei em quais loucuras ele ainda ia se meter por hoje. Voltei ao meu caminho que trilhava para chegar em casa já atravessando até o caminho que dividia o caminho de pedras com o chão de areia quando não notei uma das pedras soltas da rua e cai derrubando as compras no chão. Tentei pegar as coiasas o mais rápido que pude para não deixa-las ter contato com a areia até que percebi alguém se ajoelhando para me ajudar.
Eu levantei a cabeça e em um instante senti a minha respiração parar. Um rapaz alto de cabelos cortados no estilo militar, sobrancelhas grossas, rosto reto e queixo quadrado, ele tinha olhos escuros que me penetraram logo de cara e quando recobrei a consciência só consegui escutar a voz grossa dele dizendo algo que não dei ouvidos.
- Am ? Desculpe ? Eu tava distraído
- Eu perguntei se você morava por aqui - Disse ele me entregando as sacolas
- Moro. Minha casa é logo por ali
- É uma ótima vista, bem perto das dunas - Ele riu e me olhou - Quando eu morei na cidade nunca tinha vindo até esse lado antes, só com meu pai
- Ah, seu pai mora por aqui ? Ele é pescador como o resto do pessoal ? Eu posso conhecer haha
- Não, muito pelo contrario é...eu sou filho do prefeito haha
- Nossa me desculpa! Eu não sábia e você também não me avisou, agora tô aqui fazendo você perder tempo e....
- Eita kkkk você gosta de falar né ? Que nada rapaz, acabei de voltar da capital e resolvi dar uma visitada por aqui, aproveitar que esse é o aniversário da cidade e matar a saudades. Aliás, me chamo Henrique e você ?
- Gabriel haha é um prazer - Estendo a mão
- O prazer é todo meu de verdade haha
- Mas só por curiosidade, como você pode ser filho do prefeito se eu conheço todos eles desde que nasci ? - Disse num tom de brincadeira ainda olhando ele fixamente
- Talvez seja por que eu sou o mais velho ? Eu fui embora daqui quando criança pra estudar por lá e acabei morando mesmo, mas eu posso saber qual o motivo do interesse ?
- Oxe, nenhum - Me virei e olhei pra ele - É que sou um pouco curioso e você parece ser interessante kkkkk
- Você também parece ser bem interessante - Ele se aproximou - Se você for pra festa de aniversário hoje, quem sabe seja a minha vez de te fazer uma pergunta
- Talvez - Fui andando sem olhar pra trás - EU ESPERO QUE VOCÊ ME PERGUNTE VIU ?
Olhei para trás e vi Henrique já distante de mim porém ao me escutar gritando fez um sinal de que sim e continuou, eu ri e fui caminhando até minha casa em silêncio o resto do caminho. Chegando lá coloquei as coisas na cozinha simples que tínhamos em casa, fui guardando tudo e lembrando de Henrique com um sentimento estranho. Nunca tinha tido algo assim por ninguém, era tão diferente, me dava medo, mas me dava paz ao mesmo tempo. Tinha acontecido algo estrnho mas eu queria ver até onde aquele sentimento me levaria.
Em casa eu fiz o que sempre fazia naquelas tardes insuportavelmente quentes. Me deitei na minha cama e observei o sol se despedir silenciosamente como fazia todos os dias. Era bom ficar sozinho ali, me fazia pensar, lembrar e saber o que fazer no futuro. Escolhi minha roupa para o aniversário da cidade e fui preparar algo para quando meu pai chegasse. Sábia que quando ele demorava assim era por que já tinha bebido todas e agora só ia comer algo e dormir. Desde pequeno cuidei do meu pai nesses momentos que nem ele sábia o que fazer. Era nossa forma de mostrar que mesmo evelhecendo ainda nos amavamos e ainda nos respeitavamos.
Fui até o banheiro pequeno e apertado que tinhamos e me lavei daquele dia cheio de surpresas. Deixei o sabonete levar qualquer resquício de indecisão e incerteza e vesti minha roupa depois de me sacar bem rápido. Optei por uma camisa branca abotoada e um short surrado que depois de anos ainda era estimado por mim. Coloquei sapato que quase nunca usava por medo de estragar e sentei na mesa de casa esperando meu pai chegar. Assim me tornei uma estátua por algumas horas até ele chegar com um sorriso de orelha a orelha.
- Você vai ficar bem certo ? - Perguntei um pouco em dúvida
- Eu sou seu pai, não o contrário - Ela balançou a mão no ar um pouco nervoso - Vai lá dançar e fazer não sei o que
- Vou pedir pra Dona Maria dar um olhada em você daqui algumas horas viu ?
- Vai logo menino!
Sorri pra ele saindo de casa e indo em direção a rua de areia que se cruzava com a rua asfaltada. Acenei para minhas vizinhas já senhoras que preparavam suas netas pra comemoração no centro, me ofereci para levar algumas delas mas no final acabei indo sozinho pelo caminho.
Aquela noite parecia mais brilhante que as outras, as estrelas dançavam mo céu como nunca vi e o chão parecia ter se limpado só para que pudesse caminhar por ele. Onde morava sempre levei fama de afeminado mas aquilo parecia ser um sinal de Deus para que pudesse ser eu mesmo e como não recusaria nada que o universo tivesse me dado eu acatei o pedido do céu e fui não caminhando, mas sim desfilando pela rua escura que passava diariamente para ir de um lugar a outro. Eu não sábia o que me esparava no aniversário da cidade, só sábia que aquela ia ser a minha noite.
Cheguei no parque central já acenando pra todos, brincava com as crianças e ria com os idosos. Sempre foi da minha natureza see gentil todos mas aquilo parecia ser algo transbordando de mim. Fui tranquilo até um banquinho que os mais velhos sentavam para jogar dominó e observei o céu estrelado que um dia só tinha visto em fotos de Van Gohg e outros artistas. Derrepente alguém se senta ao meu lado, era ninguém menos que Bernado com um saco de pipoca em mãos.
- Toma, achei que você não vinha
- "Pois" então achou errado Ben, agora senta ai e vamo esperar o pessoal chegar pra pegar o bolo
- Você só pensa em comida Gabriel ?
- Não, também penso em como foi legal da sua parte me trazer comida hahaha acho que comprovei sua tese
- Que você é guloso ?
- Isso e que foi uma ótima ideia ter me convidado
Ele sorriu e quando estava prestes a se aproximar em sinto um empurrão pro lado e vejo Bernado cair no chão, ele logo se levanta se limpando. Eu olho pro meu lado direito do banco e vejo Duca morrendo de rir com a queda do coroinha.
- Porra loirinho! Tomou um quedão viu hahahajahah
- Pera ai que vou chamar dona Chica pra tê bater pela galinha - Bato nele rindo
- Qual foi Biel ? Vai descarar é ?
- Eu acho que o Gabriel devia fazer isso mesmo, seu...seu... - Bernado diz se sentando do meu esquerdo ficando bem colado a mim
- Ele não é nem maluco! E outra, tenta fazer alguma coisa ai pra você ver o que não faço com você na frente de todo mundo
- Duca ? Você é maluco é ? - Disse batendo na testa dele
Ele volta a rir e rouba algumas pipocas do saco de Bernado que demostrou estar extremamente desconfortavel com a situação. Eu alternava entre falar algo inteligente com Bernado e dar uma bronca em Duca até sentir uma pressão maior no banco na parte de trás. Olhei para cima e percebi que Gui tinha se sentado conosco.
- Nossa Gui! Nem vi que era você hahah pensei que não vinha
- Eu decidi vir de última hora, sabe como é eu já não curto muito ficar colado com ninguém
- E nem ia poder né baleia ? Pra você ficar colado com alguém ia precisar engolir a pessoa...se bem que já deve ter engolido duas pra tá assim - Soltou Duca rindo de Gui que logo se levantou para iniciar uma confusão com Duca
- Duca se você não calar a boca quem vai quebrar o pau em você não e nem o Gui e nem Ben. Sou eu!
- Epa epa epa, ninguém mais aceita brincadeira nesse lugar não é ? Não digo mais nada
- Melhor! - Pego o saco de pipoca da mão de Duca e ofereço pra Gui - Quer um pouco Gui ?
- Essa dai é capaz de engolir o saco com papel e tudo hahaha
Todos olhamos pro Duca que dessa vez não escapa e toma um soco no braço de todos nós. Todos bem leves mas deixamos o recado pra ele. Nesse meio tempo eu levo mais uma supresa. Henrique aparece como se tivesse saindo de um filme e fica frente a frente conosco.
- Posso roubar ele de vocês um pouco ? - Ele olha para os meninos que ficam calados olhando pra ele
- Já volto gente!
Me levanto arrumando o short no fundo e vou com ele caminhando pela feirinha até uma parte afastada que ficava na frente da igreja onde quase ninguém estava no momento. Olho para ele sob a luz do luar e penso em como ele é bonito e em como aquilo era diferente para mim.
- Aqueles são seu amigos ?
- Acho que sim, eu não sei direito haha
- Olha, vocês parecem ser bem maduros hahah eu não era assim na idade de vocês
- Ah sim! Você já é um senhorzinho de bengalas
- Não! Eu tenho 21 no máximo sou um senhorzinho que precisa daquelas bengalas com bolinhas de ténis hahahahah
- Isso não é pior ? Hahahah - Disse batendo contra o peito dele, só que para minha supresa ele segurou minha mão bem no meio de seu peito
- Eu não sei, sinceramente eu não tô sabendo de muita coisa hoje...
- Já eu tô descobrindo muita coiss hoje
- Olha, eu não sei se é contra a lei ou o que vão fazer se me virem fazendo isso! Só que eu preciso saber de uma coisa
Nesse momento ele me puxou até os fundos da igreja, meu coração estava acelerado e sentia como se algo muito importante fosse acontecer ali. Eu me preparei pra tudo, olhei para ele me guiando até aquele local e comecei a sentir me coração bater a cada segundo mais forte. Henrique me segurou pela cintura e coloca meu corpo contra o dele, ele colocou a mão no meu rosto e rio descrente do que ia fazer.
- Você acredita em amor a primeira vista ?
- Talvez eu comece a acreditar agora - Rebati
Ele rio e foi lentamente levando minha boca até a sua, eu não relutei, apenas me entreguei a situação e fui deixando aquele homem que tinha conhecido a menos de 24hrs me conduzir com a língua. Henrique foi invadindo minha boca e quebrando todas as barreiras que poderia ter criado. Seus lábios foram se juntando com os meus e selando algo muito maior que um beijo em sí, eu fui deixando ele me mostrar o que queria fazer e perdi total a noção do que aconteceu depois que meus olhos se fecharam e minha pele entrou em contato com sua barba rala. Ele soltou nossos lábios e me encarou, eu não disse nada, apenas olhei fixamente para ele em uma mistura de choque com emoção, a maior emoção que tinha sentido naquele momento.
- Sabe qual a pior parte ? Eu gostei! E quero muito repetir, então pronto ou não lá vou eu - Ele me disse sem deixar tempo para que reagisse
Ele agarrou meu rosto colocado nossos lábios um no outro e le invadindo com sua língua. Eu não entendia nada de beijo e apenas deixei ele fazer o que tivesse vontade, ele colocou as mãos na minha cintura e roçou seu corpo contra o meu, eu apenas respirei e fui vendo aquele homem tomar meu corpo em apenas um beijo. Pra completar a situação perfeita os fogos da praça começaram a se revelar no céu estourando e pintando as estrelas com diversas cores. Henrique me soltou, me olhou e riu.
- Eu preciso ir...meu pai já soltou os fogos hahaha mas, eu curti muito viu e antes de ir embora me procura! Eu nem sei o que dizer agora
Ele soltou minhas mãos e foi sumindo na população festejando no aniversário. Eu fiquei lá um pouco confuso, um pouco eufórico, um pouco feliz e muito...muito completo.
Henrique's pov
O garoto de cabelos cortados no estilo militar caminhava pela multidão pensando no beijo que tinha dado no garoto. Ele riu consigo mesmo e ao olhar pra o lado viu os três amigos do menino parados olhando para ele. Ele os ignorou e foi caminhando lentamente até uma tenda onde sua família estava bebendo e conversando com muitas pessoas da cidadezinha que vinham agradecer por tudo que tinham conseguido na festa.
Henrique apenas foi caminhando até seu pai, ele pegou um guardanapo e passou entre os lábios como se estivesse limpando o sabor mais amarho3que já teve o desprazer de colocar na boca. Ele encarou seu pai, pegou uma taça com bebida e começou a conversar com ele.
- Fiz o que você pediu. Finalmente ter um filho bichinha tê ajudou não é papai ?
- Não banque o puro agora garoto. O pai daquele menino tem algo que eu quero e cabe a você conseguir.
- Pode deixar! Ele tá na minha mão ou devo dizer...na minha boca ? Hahahaha
Ambos brindaram e riram o resto da noite dos planos que pai e filho tinham criado.