Os batimentos cardíacos extremamente acelerados e falta de fôlego já estavam dando náuseas a André e Felipe, depois de correr por mais de uma hora sem parar. Os pés e pernas, especialmente abaixo do joelho, estavam ardentemente feridos pelos espinhos e tocos de madeira ocultos pelo breu da noite. Não queriam olhar para trás, a sensação de medo ainda os impulsionava ao próximo quilômetro, mesmo que seus corpos estivessem queimando os estoques reserva de energia. O suor se confundia com as lágrimas de medo assim como a falta de orientação espacial se fundia ao temor de serem pegos.
Já estavam tão mergulhados madrugada adentro que sequer tinham pensado em que horas eram. O único desejo era de achar um lugar seguro para se esconderem. Talvez o destino estivesse demonstrando um pouco de misericórdia quando, logo abaixo do morro onde haviam chegado com as últimas forças, vislumbraram uma gruta atrás da pequena cachoeira que dava graça ao Rio das Torres. A luz do luar, antes oculta, os agraciou com um breve aceno, suficiente para que encontrassem o caminho mais curto ao esconderijo.
Ali, ocultos pela queda d’água e seu barulho, André e Felipe puderam finalmente se recostar, diminuir o ritmo da respiração minuto a minuto, e, então, seus olhos se encontraram, assim como os pensamentos que pediam um banho nas águas geladas da cachoeira. Um filete de água, com queda mais branda que a principal, serviu de chuveiro para aqueles jovens cansados e fétidos. Não haviam notado, até então, o quanto o suor estava com cheiro forte. Lavaram suas roupas e as jogaram estendidas sobre as pedras, num lugar onde podiam secar com o vento da noite. As águas geladas, com brilho silvo do luar, pareciam trazer um pouco de vigor para eles. Ao contrário de situações normais em que um banho gelado deixa o corpo desperto, naquele dia os corpos relaxaram como já há algum tempo não faziam. A nudez entregue ao vento fazia com que arrepios percorrem o corpo, desde as pernas até o couro cabeludo. Havia paz.
Deitaram-se, ainda molhados, perto das roupas que haviam deixado numa pedra de superfície plana, que mais parecia uma tamborete, perto da parede da gruta. A tranquilidade, em crescendo, os fez perceber a respiração um do outro em meio ao barulho da água. Recostaram a cabeça um no outro e, num gesto puramente humano e natural, suas mãos passaram a acariciar os cabelos um do outro. Felipe tinha cabelos ruivos e ondulados, com olhos cor de mel profundamente marcantes. O corpo esguio e pele clara ressaltavam bem as sardas ternamente distribuídas pelas maçãs do rosto, ombros e costas. Alex, cujos cabelos tão pretos quanto podiam ser contrastavam com o azul turquesa de seus olhos, possuía mandíbula bem marcada, que lhe dava um ar de seriedade, bem apropriada ao porte físico, robusto, de largos ombros, busto definido e coxas torneadas.
Naquele momento, um sentia o outro. Sua pulsação, seu calor, sua respiração. Não havia nada ao seu redor. Apenas o outro. A luz do luar refletia nas águas diretamente em seus rostos, e assim eles se olharam. Um arrepio concomitante lhes tomou os braços, e suas mãos, numa sincronia quase ensaiada, levaram os rostos a se encontrar, e os lábios frios, então, se tocaram. Nenhum cansaço ou cortes que ardiam nas pernas foram lembrados naquele momento. Não havia nada para Felipe além de Alex, assim como para Alex nada mais restava além de Felipe.
As línguas disputavam espaço entre os lábios tão forte e suavemente contraídos. Só se deram conta de que estavam abraçados quando os dedos começaram a quase arranhar as costas mutuamente. Os membros já se tocaram, deslizando com facilidade graças ao líquido pré-gozo que abundava de ambos. As mãos percorriam seus corpos, como um cego lendo braile, reconhecendo cada parte, em detalhes, com toda intensidade e sem a menor pressa de acabar. As pernas lançadas uma sobre a outra deram o encaixe perfeito, e quem quer que aparecesse para os apartar falharia miseravelmente, pois naquele momento um era do outro e não se via onde um começa e o outro terminava. Receber leves mordidas na orelha faziam Alex sentir arrepios ainda mais visíveis. Felipe sabia exatamente como desarmá-lo.
Após vários minutos - quem sabe quantos? - Alex se ajeita de modo a deixar claro para Felipe para onde estavam indo. Felipe, sem jamais interromper os beijos, tateia a zona periférica do ânus de Alex, para sondar aonde iria e para relaxá-lo. Encostando o membro, Alex puxa o parceiro para mais perto, não querendo perder mais um minuto. O pênis desliza para dentro sem muita dificuldade, especialmente por conta do líquido pré-gozo ainda jorrando. Após centímetro por centímetro ter tudo dentro, ambos iniciam um coreografado movimento de vai e vem, tão sincronizado quanto a respiração de ambos. Os gemidos de prazer são abafados pelo som das águas, mas para eles era só o que se ouvia. Felipe conseguia sentir sua glande tocar a próstata de Alex, cujo pênis até latejava e doía levemente, tamanha ereção.
Não muito tempo depois, Alex urra como um animal, lançando gozo tão forte e longe que atingiu seu rosto e o de Felipe. Dez… não, doze jatos, entre cheios e ralos, cobriram seu corpo deitado sobre o chão. A contração de seu ânus durante o gozo foi tão forte, que tornou impossível Felipe se controlar, e cada jato quente que preenchia o corpo de Alex fazia com que ele se sentisse pleno.
Ainda dentro de Alex, Felipe se deita atrás dele, fazendo uma concha, envolvendo-o com braços e pernas. Ali, ainda sujos e ofegantes, não disseram nada. Apenas ficaram como estavam, como se tivessem esquecido de tudo que haviam passado. O sono logo lhes cobriu, e ali, encaixados, permaneceram pelo resto da noite.
Nos primeiros raios de sol, logo acordaram. Tomaram novamente um banho, vestiram suas roupas já secas. Rapidamente perceberam que a fome lhes era imensa e que deveriam sair sem demora em busca de alimento. Porém, algo os incomoda. A sensação de Alex em estar sendo observado logo foi confirmada por Felipe. Eram passos que estavam ouvindo? Estavam acuados na gruta. Para onde poderiam correr? Esconderam-se, num salto, atrás de uma pedra maior que ali havia. Não demorou muito para que pudessem descobrir que sua intuição estava correta...
(Ei, pessoal, este é o meu primeiro conto. Agradeço muito se deixarem um feedback para eu avaliar e decidir que rumo tomar na próxima parte.)