Escrito por Santino Peixoto:
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K.leber:
Desculpa por ontem. Não devia ficar chateado. Esses teus colegas são ridículos.
Fênix:
Eu quem devia pedir desculpas. A gente teve uma tarde tão agradável. Tenho uma nova chance?
K.leber:
Quantas você precisar. Estou aqui para te defender e ajudar. Inclusive, quer dar uma volta hoje. A moto do meu primo está liberada.
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Moto? Meu Deus do céu. Odeio motos. Quando tirei minha carteira de motorista fracassei feio na categoria A. Não tenho coordenação para pilotar um velocípede, imagina uma moto. O Kleber parecia tão animado, então, acabei topando a aventura. Se eu morresse, pelo menos, seria ao lado dele.
Fui até um caixa eletrônico, não queria outro problema como a do dia anterior. Saquei algum dinheiro e voltei para arrumar minhas roupas. Enquanto escolhia o look perfeito, se é que existe um look perfeito para mim, tentava imaginar qual seria o passeio. Uma aventura pelas estradas do Ceará deve envolver sol, então, coloquei três frascos de protetor solar na mochila.
Para a ocasião, escolhi uma roupa leve. Uma camiseta que mostrava mais os meus braços do que eu gostaria. Uma bermuda folgada, caso fossemos tomar banho no mar e minhas havaianas pretas. Peguei também um chapéu estilo pescador (aquele com um pedaço de tecido na parte de trás) que vi na lojinha do resort, além de estiloso, ele protegia o meu pescoço.
Kleber mandou uma mensagem, já aguardava por mim na frente do resort. Abri a porta, olhei para os lados e não encontrei ninguém. A última coisa que precisava era de um colega infernal no meu pé. Nunca andei tão rápido na minha vida. Peguei o elevador e dei de cara com Elisa, uma das várias patricinhas do terceiro ano.
Se fosse chutar, falaria que a Elisa passou na fila da beleza umas cinco vezes. Desde sempre, ela foi disputada por todos os garotos héteros da escola. Ganhou o concurso Miss Simpatia umas quatro vezes. Acho que ser alta, ter os cabelos castanhos longos e cacheados, a silhueta de uma modelo e os olhos caramelos, são fatores que podem ajudar bastante em concursos de beleza.
Apesar de simpatizar com ela, a conversa não fluía. É ruim quando esbarramos com um conhecido, mas não temos assunto. Falamos sobre o clima, e também a respeito da festa que aconteceria de noite, mas um papo sem qualquer tipo de personalidade. A Elisa não era uma pessoa ruim, como a Emilly, Renan e Sérgio, mas durante os últimos cinco anos, simplesmente, não nos aproximamos.
Depois do momento constrangedor, saio do elevador meio que correndo, entretanto, esbarrei em Sérgio. Aguardei uma piada gordofóbica, mas ela não chegou, ao invés disso, ele olhou para mim e lágrimas brotaram de seus olhos cor de mel. Tentei falar alguma coisa, porém, vi Kleber através da porta de vidro. Como não ouvi nenhum tipo de provocação, apenas fugi.
Depois de dois encontros embaraçosos, finalmente, alcancei o meu objetivo. Kleber está tão bonitinho em cima da moto. Ok, acho que bonitinho não é a palavra certa, mas ele ficou fofo com o capacete na cabeça. A versão motoqueiro do Kleber pareceu mais sexy. Se é possível tal coisa.
Observei que ele tinha dificuldade para alcançar o chão, então, acendi o alerta dentro da minha cabeça. A moto é vermelha, alguns riscos na lataria mostram que é antiga. No guidão, fitas vermelhas e pretas, e claro, uma antena corta linha. Kleber virou e dá três tapinhas no banco do passageiro. Acho que é a deixa para pular na motoca.
Antes, ele entregou um capacete que é diferente do dele. Conhecido como capacete aberto, achei maravilhoso, pois, era bem mais arejado em comparação aos outros que já experimentei. O ponto negativo? A viseira estava quebrada, mas eu ia sobreviver.
— Você fica uma gracinha de capacete. Desculpa, mas esse era o único que tinha. — lamentou Kleber fazendo uma carinha de choro.
— Tudo bem. O importante é a proteção. — tenho costume de dizer coisas idiotas nos piores momentos, então, Kleber, só aceite.
Sou maior que o Kleber, em todos os sentidos, isso não é segredo para ninguém. Ao subir, senti ele se desequilibrar, mas não perdeu a pose. Algumas pessoas que transitavam na frente do resort olharam torto para a cena. Encostei em Kleber mais do que gostaria, tenho medo de alguma reação espontânea por parte do meu corpo.
— Preparado? — ele perguntou, soltando o guidão alcançando minhas mãos e colocando em volta de sua cintura. — Assim fica melhor.
— Puta merda. — pensei, tentando não apertar muito.
Minhas mãos tocam as entradas em V. Tenho uma ereção acidental, ainda bem que estou curvado. Kleber reclamou, pois, segundo ele, não estou segurando com força. Seguro com vontade, estamos parados ainda na frente do resort e as pessoas continuam transitando, rindo do gordo na moto.
— Podemos ir, por favor. — pedi dele, com os olhos fechados e apertando forte sua cintura.
Ao perceber meu incomodo, Kleber, partiu em direção a estrada principal. O vento no Ceará é muito forte, não consigo ficar com os olhos abertos para apreciar a viagem. Apoio minha cabeça no ombro dele. Que perfume cheiroso. Ele está usando uma regata amarela e um short estilo jogador de futebol, creio que deve ser do Vasco.
— Vamos nessa! — gritou Kleber, antes de acelerar a moto.
Cada curva que passamos é um pouco da minha vida que se vai. Brincadeira, o Kleber respeita todos os sinais e evita cortar os carros. Nos poucos momentos que consigo abrir os olhos, fico boquiaberto, o cenário é maravilhoso. O mar azul claro exibindo toda sua majestade, os coqueiros balançando com a força do vento e as pessoas se divertindo, aproveitando o céu sem nuvens.
Que dia maravilhoso. Continuava apertando a cintura de Kleber, vez ou outra, ficava fazendo carinho com os meus polegares. Eu não tenho culpa, eles tem vida própria. Nem sei se o Kleber está sentindo, ele presta atenção na estrada. Esse que é o ruim de "andar" em moto. Não conseguimos manter uma conversa. São 15 minutos solitário, apenas, "abusando" das entradas em V do Kleber.
De repente, a velocidade da moto vai diminuindo. E, finalmente, consegui abrir os olhos e estamos em uma praia. Só que existe muita vegetação no local. A brisa que bate é mais fresca. Ela tem o cheirinho característico do mar. O Kleber para a moto e, mais uma vez, quase desequilibra. Para salvar o dia coloquei o meu pé esquerdo para baixo e o ajudei.
— Não precisava. — ele protestou tirando o capacete.
— Deixa de ser marrento. — retruquei ainda segurando sua cintura, mas logo largo quando duas garotas passam e riem da situação.
— Enxeridas. — soltou Kleber, me fazendo rir.
— Então, não vai me apresentar o lugar? — pergunto descendo da moto e esticando as pernas.
— Tino, bem-vindo à praia do Barro Preto. — Kleber moveu o braço direito para a frente e pude ter um vislumbre do local.
— Que lindo. Caramba, o Ceará é um dos lugares mais lindos que conheci.
Realmente. Conhecer o Kleber me fez ter outra percepção do Ceará. Nunca na minha vida que exploraria a cidade daquela maneira tão rústica. Enquanto caminhávamos, ele explicava a história do lugar. A praia do Barro Preto era paradisíaca. Misturava o luxuoso e rústico. Na areia, a vegetação lutava para encontrar o seu lugar.
Alugamos um guarda-sol e sentamos para apreciar mais da praia. Estranhei o silêncio, pois, poucas pessoas transitavam. Segundo, Kleber, os turistas optavam por ficar perto do Beach Park, aquela região era mais frequentada pelos moradores de Aquiraz.
De repente, o Kleber tirou a blusa. Dessa vez, estou preparadíssimo com meus óculos escuros. Consigo admirar cada parte daquele corpo, e cara, que perfeição. Ele está suado, então, a cena fica um pouco mais sexy do que eu gostaria. O vento batia forte, mas o calor estava consumindo meu corpo.
Não sei qual é a melhor parte do corpo de Kleber. Tá bom, a entrada em V no abdômen ganha, mas as coxas grossas dele eram um espetáculo à parte. As pernas do Kleber eram peludas, porém, os pelos acabavam na cintura, pois, na parte de cima, zero pelos. Outra coisa chamou minha atenção, ele tinha uma tornozeleira nas cores da bandeira de reggae, provavelmente, comprou em algum vendedor ambulante.
Confesso que fiquei perdido em pensamentos obscuros. Como disse, o Kleber despertava um lado diferente meu, o Santino safado, aquela sensação estava fora de controle. Volto a mim, quando ele estala os dedos e faz uma careta engraçada. Na mão esquerda, o Kleber segurava um protetor solar. Ele coloca o creme perto do rosto e sorri.
Entendi o recado e peguei o protetor solar das mãos dele. Ele levantou, ficou na minha frente, mas de costas, em seguida, agacha. Aplico um pouco da loção e começo a passar nele. A minha mão desliza suavemente nas costas do Kleber. Vejo algumas espinhas na altura do pescoço. Adorava aquelas imperfeições, mostrava que ele era real.
Deixei o protetor solar na areia e usei as duas mãos para espalhar o creme. Senti uma tensão nos ombros de Kleber, e também outra dentro das minhas partes baixas. Consigui passar o protetor de maneira uniforme, mas fiquei com as mãos todas melecadas, então, usei o que sobrou nos meus braços, mesmo passando o protetor no resort.
— Tino. — Kleber soltou sem virar para mim, ainda agachado.
— Oi?
— Você pode pegar a toalha para mim, por favor. — ele pediu sem graça.
Sim, sou lerdo. E, sim, não entendi o que havia acontecido. Peguei a toalha e passei para o Kleber que, rapidamente, amarrou na cintura. Ainda consigui ver um formato estranho, por esse motivo, virei o rosto assustado. Me conhecendo do jeito que conheço, devo ter ficado vermelho como um pimentão.
O Kleber sentou e cruzou as pernas. Ficamos em silêncio por alguns minutos. Não consegui manter contato visual, tipo, é humanamente impossível. Estou muito envergonhado e surpreso, afinal, minhas mãos mágicas deixaram o Kleber animado. Isso é inédito nos meus 18 anos de vida. Tenho vontade de sair gritando para o mundo, mas sei que isso séria ridículo. Me deixe sonhar, por favor.
— Tino, não sei o que aconteceu...
— Ei, relaxa. Tá tudo bem. Não é uma coisa de outro mundo. — tentei ser um bom amigo, mesmo sabendo que aquilo é coisa de outro mundo, ao menos, para mim.
Depois do incidente do protetor solar, decidimos dar um mergulho. De forma inconsciente, levantei da cadeira e tirei a camisa. Dobro com cuidado e coloco dentro da mochila. O Kleber trouxe um dispositivo bem interessante, uma espécie de baú para guardar pertences e enterrar areia.
— Vê se tem alguém olhando. — pediu Kleber, enquanto guarda nossos celulares e carteiras dentro da caixa.
— Não. Tem até pouca gente. — falou olhando em volta, agindo como estivesse guardando um tesouro.
— Ok. Já fui furtado em uma praia. Melhor evitar. — ele contau, dessa vez, enterrando a caixa na areia.
Interessante. Geralmente, nas viagens que faço, um cuidador fica responsáveis pelos nossos objetos pessoais. Acho legal conhecer mais do mundo real. Gosto do luxo, não vou mentir, mas aquela experiência com o Kleber estava me fazendo mudar vários conceitos. Crescer pode ser complicado, só que a cada nova etapa vencida, fico curioso para saber sobre a próxima.
Apostamos uma corrida até a água. Alerta de spoiler: me dou mal. Diferente da água do Beach Park, essa está gelada. O Kleber ri da minha situação, pois, acabei tropeçando e caio igual um pedaço de pedra no mar. Ele mergulhou do meu lado, sinto seu corpo passar bem perto, mas acabei o perdendo de vista.
Mergulhei. Dentro da água, o mundo ganha uma nova pespectiva. Usei esse tempo de solidão para me acostumar com a temperatura. Voltei para a superfície quando o gosto do salgado do mar entrou na minha boca.
Ao contrário de mim, o Kleber não para quieto. Ele deve adorar o mar, pois, mergulha e emerge várias vezes. Uma onda enorme quebrou e o trouxe para perto de mim.
Rimos um para o outro. O Kleber se aproximou e passou suas pernas na minha cintura. Confesso que fiquei assustado com a atitude. Seu corpo está colocado ao meu. Ficamos nos olhando, sinto meus lábios tremerem, não sei se é o frio ou o medo. Tento não ficar alegre demais, juro que luto para contra meus instintos.
— Eu... — tentei manter um diálogo, mas ficou impossível com a boca dele centímetros perto da minha.
— Eu posso te beijar? — ele perguntou, antes de tocar no meu rosto.
Não consigui responder, apenas balançei a cabeça igual um idiota. Eu não sou BV (boca virgem), na terceira série dei um beijo na Tereza. Um beijo de língua. Depois fui saber que tinha sido mais um plano do Sérgio para infernizar minha vida. Ah, tá. A Tereza estava com caxumba, então, ganhei um prêmio pelo primeiro beijo.
O beijo do Kleber é quente e tem gosto de sal. Não consigo controlar o tremor nos meus lábios, o frio é demais. Apesar do medo, tentei aproveitar a experiência ao máximo. O Kleber estava com os braços em volta do meu pescoço, enquanto, eu passava as mãos em suas costas, lutando contra o balanço das ondas.
Devido ao beijo caliente, acabamos esquecendo o mundo ao nosso redor. Então, senti alguma coisa pressionando minha barriga, no mesmo momento, em que Kleber intensificou os beijos e começou a machucar. Infelizmente, precisei tomar uma atitude (merda) e afasto o Kleber. Usei até um pouco de força, pois, ele não queria sair de perto.
— Desculpa. — pedi, sem conseguir manter contato visual.
— Tudo bem. Eu me excedi. Eu que peço desculpas, mas... uau. — ele soltou.
Como uma criança de cinco anos que sou, mergulhei. Sim, fiquei com vergonha e mergulhei para evitar olhar para o Kleber. Só que não sou a Ariel, não consigui passar mais do que alguns segundos de baixo da água. Quando retornei para superficie, o Kleber olhava para mim e balançava a cabeça.
— Você poderia ser menos adorável, Tino. — ele disse passando a mão na minha cabeça e bagunçando meus cabelos.
— Desculpa. Eu não estou acostumado com essas coisas.
— Pois fique sabendo, Santino. Que esse foi um dos melhores beijos que dei. — Kleber afirmou, provavelmente, mentindo para me fazer sentir melhor.
Passamos uma tarde agradável. Na companhia do Kleber, qualquer programa se tornava uma aventura. Desbravamos todas as partes da Praia do Barro Preto, incluindo, umas formações rochosas belíssimas. Nem preciso falar do pôr do sol daquele lugar. O céu ficou completamente laranja, algumas aves voavam pelo céu, pareciam brincar no vento.
Sentamos na areia para assistir ao espetáculo da natureza. O Kleber reclama do efeito do sal no cabelo e coloca o chapéu, mas eu não concordo. Ele é lindo de qualquer jeito. Apesar de ser um pouco mais alto do que o Kleber, junto toda coragem do mundo e coloco minha cabeça em seu ombro. Cara, que dia perfeito.
Na volta, venho abraçado com o Kleber e faço carinho em suas entradas V, pois, agora me sentia merecedor de fazer aquilo. Nem o frio da estrada atrapalhou o meu momento. Ele para a moto na entrada do resort e vejo alguns colegas indo para o salão de festa. Naquela noite, aconteceria a última festa, uma espécie de baile de formatura.
— Ei. Quer ser meu par hoje? — perguntei parado de frente para o Kleber.
— Não sei. Acho que não faço o estilo da sua escola. — comentou Kleber, tirando o capacete e colocando no colo.
— Por favor. Esse dia está sendo perfeito. Juro que tem muita bebida boa. - pedi fazendo cara de cachorro perdido.
— Tá bom, Tino. Mas não tenho uma roupa legal.
— O tema é "Havaí, aí vamos nós". Brega, eu sei. Não fiz parte do comitê de formatura. — falei demais por causa do nervosismo. — Me encontra aqui em 15 minutos.
— Tudo bem. Eu te mando uma mensagem quando chegar.
Senhor, obrigado. Sei que sempre duvidei da sua existência, mas obrigado pela graça alcançada. Caramba. Beijei um cara gostoso e ele ficou excitado por estar comigo. Fiquei assistindo o Kleber ir embora e suspirei forte. Quando virei, esbarrei em Natan que, surpreendentemente, está sem o seu capacho, Sérgio.
— O rolha de poço está namorando. — provocou Renan tentando pegar no meu cabelo, mas levando um pescotapa de Emilly, que parecia uma dançarina de hula hula.
— Sério que você vai abandonar o seu melhor amigo? — ela perguntou, aparentemente, irritada.
— Cara, ele não quer sair do quarto. O professor está tentando uma passagem, mas o aeroporto está fechado. — ele tentou se explicar para patricinha.
— O que houve? — questionei, tentando me livrar dos dois.
— Cara, você não soube, Santino? — questionou Natan, pela primeira vez, me chamando pelo nome.
— O quê?
— A mãe do Sérgio morreu. — ele conta fazendo uma expressão triste.
— Ela... morreu...
Eu sou muito idiota. Pensar que Deus estaria ao meu lado. Nunca fui religioso, na verdade, ninguém me ensinou a gostar de religião. Quer dizer...
MANAUS — HOSPITAL DO CÂNCER - DUAS SEMANAS ATRÁS
— Com licença. — pedi, antes de entrar na ala de quimioterapia do hospital F-Cecon de Manaus.
— Pode entrar, meu amor. — disse Carla, presa a uma das máquinas de quimioterapia.
— O Sérgio não veio de novo? — perguntei, tentando não parecer chateado com a situação.
— Tino. Senta aqui. — ela pediu batendo no encosto da poltrona ao seu lado.
— Carla. Eu conversei com o médico e... — tentando segurar às lágrimas. — Você já falou para ele?
— Santino. Eu sei que o meu filho não é a pessoa mais fácil do mundo. Mas muito dessa carapaça que ele criou foi uma forma de se proteger. — Carla tentava encontrar motivos para o comportamento do filho.
— Pra fazer cuecão ele não precisa de carapaça. — reclamei igual uma criança mimada.
— Santino. Queria tanto que fosse diferente. No meu mundo ideal, eu não teria esse maldito câncer. Você e o Sérgio seriam melhores amigos. Você é um menino tão doce. Desculpa, o comportamento do meu filho babaca.
— A culpa não é sua. Você é a mãe que eu sempre sonhei ter, Carla. — falei chorando.
— Oh, meu amor. Não fica assim. — Carla me abraçou.
AQUIRAZ - RESORT DO BEACH PARK
Fiquei um bom tempo na frente do quarto de Sérgio. Tentava achar palavras que funcionassem para a situação. Sim, eu conhecia a mãe dele. Talvez, ele nem soubesse da nossa aproximação. Respirei fundo e dei três batidas na porta. Não demorou muito e Sérgio apareceu. Nem parecia o mesmo garoto intimidador do dia anterior.
Seus olhos estavam vermelhos e o nariz também. A gente se olhou por alguns segundos, então, ele andou na minha direção e me deu um forte abraço. Às lágrimas foram impossíveis de segurar. Por partes, entedia a dor dele. Afinal, na minha vida, a Carla foi uma pessoa importante.
— Eu não sei o que fazer, Santino. — Quase não entendi por causa da sua voz embargada.
— Posso ficar com você? — perguntei, limpando às lágrimas dele.
— Todo mundo me abandonou. Eu não tenho escolha. Tenho?
— Sérgio. Eu preciso te contar uma coisa.
Infelizmente, o meu dia perfeito foi para o espaço. Enquanto conversava com o Sérgio, o meu celular vibrava. Eu acabei esquecendo completamente do Kleber. Ele me esperava na frente do resort, mas para saber o que aconteceu. Bem, vocês vão ter que escutar a versão dele da história. Até a próxima.