Tá, não sei exatamente como começar essa história, pensando bem nisso, como alguém não sabe começar a contar a própria história? Afinal, tudo isso é sobre mim, ou nós.Não vou me descrever fisicamente, porque acho muito mais gostoso quando você leitor cria minha imagem, baseando-se em seus conceitos pré definidos.Sendo sincero, não sei como tou conseguindo digitar esse texto, porque diabos ninguém falou que o primeiro dia em uma porra de uma faculdade é tão asssutador?? Quando escolhi um curso totalmente diferente para os padrões da minha bolha social, não achei que seria tão ruim, não conhecer absolutamente ninguém neste prédio.
Sentado aqui mesa da lanchonete, é interessante analisar os grupos sociais que se formam, os héteros que arrotam whey protein, as meninas que em 5 em 5 minutos sacam o iphone para tirar uma selfie igual a anterior e os outros grupos que de alguma maneira não se encaixam nos padrões anteriores.
Enquanto um suco horrível desce minha garganta, percebo uma menina de cabelos encaracolados rosa do meu lado, lendo “As vantagens de ser invisível”.
- A gente aceita o amor que acha que merece. Digo sorrindo de lado pelo o mini susto que ela toma.
- Mentira, que nesse antro de futilidade, tem alguém com cultura pop o suficiente para prolongar uma boa conversa? Ela diz enquanto conserta seu óculos incrível estilo o do squirtle do Pokémon, só que de grau.
- Eu acho que sim, prazer Santiago, aliás o squirtle é meu Pokémon favorito.
- O QUE??? Cara, você é tudoo! Aah e meu nome é Beatriz mas me chama de Bea.
Engatamos logo de cara uma conversa super afiada e divertida, ao mesmo tempo que tínhamos vários assuntos em comum, havia também pontos discordantes e por isso na minha opinião foi tão leve e natural. As 3 horas que passamos juntos foram um verdadeiro estalo, no meio de uma discussão sobre como o Jão é o cantor mais lindo e perfeito da atualidade ( julgue a fã de twitter) quando aquela merda de suco bateu na bexiga, dei uma clássica cruzada de perna para segurar melhor a necessidade.
- A Lady Elizabeth sabe que o banheiro dessa joça é no corredor do segundo andar, né?
- Oh, parto agora, depois do constrangimento direcionada ao meu corpo imaculado.
Sorrio em um claro deboche mútuo e sigo em direção as coordenadas passadas, calmamente observo o prédio de 5 andares totalmente preenchido por grafites maravilhosos de releituras de obras famosas, fico impressionado com o talento do pessoal de arquitetura e de design, que pelo que eu entendi foi um grande trabalho de TCC, a grandiosa reforma da Universidade Batiatus, subo as escadas espirais rapidamente e me dirijo ao primeiro reservado que encontro, quando abro vejo um cara sarado com uma fina cicatriz que começava em cima de sua orelha esquerda e parava na metade de sua bochecha, de pernas abertas enquanto um cara super magro e com óculos de garra sugava seu pau de uma forma um tanto desesperada. Reviro os olhos, enquanto o rosto do cara passa de susto para um mini surto, enquanto o outro, enfim estava ocupado. Fecho a porta rapidamente e vou para o reservado do lado, suspiro de impaciência, sério universo ? No primeiro dia ? Saio, lavo minhas mãos numa velocidade assustadora, quando sou prensado contra parede e o rosto bruto e duro do cara da cicatriz solta uma lufada de ar quente no meu, vejo o carinha mirrado com o olho roxo sair e ouço o trinco girar. OBRIGADO UNIVERSO FILHA DE UMA PUTA, reviro os olhos quando ele bufa mais uma vez.
- Tá achando que sou palhaço? Ele rosna numa voz incrivelmente grava
- Olha cara, eu já entendi que tu é um machão discreto, que ama uma mamada no reservado mas sem que ninguém saiba e meio que caguei? Cheguei aqui hoje, não quero treta ou nada, vou sair daqui e fechou blz!?
- ME RESPEITA PORRA!
Vejo seu punho vir em minha direção, seguro e me livro facilmente da parede, enquanto lanço seu corpo por cima do meu ombro, ouço somente um grande estrondo do seu corpo contra o chão. Meu professor ficaria embasbacado com meu perfeito Ippon Seoi Nage, abaixo calmamente e sussurro em seu ouvido:
- Não levante a voz para mim ou me toque sem consentimento.
Ao mesmo tempo que os meus passos rápidos ecoam, minha mente mergulha em um grande mix de barulho. Quem era aquele cara? Que porra eu fiz na vida passada para que isso aconteça? PORRA.